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oraes. Oestudo da populagionos livros didaticos de geo: ———— fe, (Tese de doutoramento) Departamento de Geografia, ACIDADEE AS FORMAS DO COMERCIO Silvana Maria Pintawdl® a palavra-ohjeto e a representa Sa 8: série Mestrado). Faculdade de As formas do comércio varejista nas cidades e também os padres de sua localizacdo urbana vém sofrendo modificagoes através do tempo. A anflise das formas comerciais, cuja nature- za é social, bem como a de suas transformagoes, que tém dura- Ges desiguais, revelam-nos contradig6es internas das categorias espago e tempo materializados em objetos sociais. A hist6ria da cidade, particularmente sob 0 capitalismo, de- monstra que ela ganhou e perdeu vérias fungdes ao longo do seu desenvolvimento. Até o século XIX, de um modo geral, a cidade viveu impregnada pelo campo c suas atividades; depoi industrializagao, tornou-se um lugar onde a concentragio de ati- ropostas de e i vidades fabris foi mesmo indicativa do desenvolvimento da so- eee eee ciedade; porém, as condigdes de produgio continuaram a se transformar ¢ este tiltimo quartel do século xx presencia 0 que se tem denominado de “desindustrializagao da cidade”, ou seja, a ia deixa as metrdpoles, as cidades, em diregio a locais que, de qualquer maneira, esto préximos, é bem verdade, pois a elas se ligam por via terrestre, maritima ou aérea (inclusive por satélites), Mas as atividades comerciais e de servigos, embora « Professoraassistente, doutora do Departamento de Planejamento Regional do stituto de Geociéneias e Ciéncias Exatas da Universidade Estadual Paulista, sp, campus de Rio Claro (SP), 143 com transformagées, permanecem ali, pois siio constitutivas do modo de vida urbano e, portanto, da forma urbana, mesmo quan- do aparecem em locais como as rodo entendemos que a anilise do comércio permite uma methor compreensao do espago urbano, na medida em que comér elemen- wicamente. Ihas implicam conseqiiéncias metodoldgicas. Desde logo concordamos com Roncayolo (1996, p. 31), quando escreve que “o tema é em si mesmo parcial, mas pode. pelas relagdes supostas ou descobertas, revelar bem mais que ele mesmo e ordenar uma reflexdo mais o estudo € necessairio, se considerarmos que a atividacdle comerci pertence a esséncia do urbano e seu aprofundamento nos permit tum melhor conhecimento desse espago ¢ da vida na cidade. E por que ws formas? Porque a forma, qualquer que seja ela, implica um espago. Segundo Focillon (1988, p. 31): ‘As formas no (so) seu proprio esquema ou a sua representagio desen- abstracto da so, Uma forma pode conservar a mesma medida, mas muda de qualida- de segundo a matéria, o instrumento e a mao. Ainda que 0 autor esteja fazendo referéncia a forma da obra de arte, sua reflexdo € pertinente para a consideracio de qualquer coisa produzida pelo homem — a cidade, por exemplo, que io de uma forma implica concepgao ¢ uma técnica ize materialmente e essa € uma razio da vida forma, pois, segundo Focillon (1993), 0 prinefpio de toda téeni- ca nfo € a inércia, mas a agdio. A forma espacial tem uma “ingr- 44 cia dinamica” (expressdo cunhada por Milton Santos) e é condi- do de reprodugao da sociedade. Para Roncayolo (1996, p. 35) exercem novas forgas. Mas, raramente, moda dos a orporavam Facil se decompae dificilmentee se incorpora mais dificilmente em espagos respondend a E nesse sentido que o autor explica as tensdes presentes no espaco urbano atual, que no se configuram como auténomas em. relagdo aquelas que dividem a sociedade, porém so espectficas no seu objeto. Assim é que o surgimento de uma forma © aparecimento concomitante de diferentes possibilida ‘ura, mesmo porque a forma se significa, enquanto o signo signi- fica e a imagem representa o objeto (Focillon, 1988). Por outra parte, a escolha das formas comerciais para andli- se, na perspectiva da geografia criti da estrutura e Fungo dela conforme Lefebvre (1983, p. 162). Porém, as formas comes sio, antes de mais nada, formas sociais: so as relagdes sociais que produzem as formas que, ao mesmo tempo, ensejam relagdes sociais, Analisar as formas comerciais, que so formas espaci hist6ricas, permite-nos a verificago das diferencas presentes no Conjunto urbano, o entendimento das distingdes que se delineiam entre espacos sociais, Em suma, coletivamente, as formas comer- ciais do ensejo 2 andlise das diferengas, Entendemos, ainda, que 0 questionamento das formas comer- ciais permite-nos determinar os limites dentro dos quais podemos fazer uso desse tema para a compreensio do espaco urbano, Para pensarmos sobre essas questdes, vamos tomar 0 exemplo de So Paulo, cidade da qual devemos ressaltar dois aspectos que, centre outros, tém de ser considerados para a compreensio da atual megal6pole paulista: 0 tamanho que ela atingiu e a velocidade com que 0 fez. Os dados a seguir so expressivos para ilustré-los: 145 Crescimento da populagio de Sie Paulo 1907/1996 rea municipal Grea metropolitana 286.000 579.033 1.060.120 1.337.644 2.198.096 3.709.111 5.931.600 8,100,000* 8.493.598, 12.719.072 9.480.427 15.199.423 9.839.436 16,546,406 Fonte: Associagdo dos Gedgrafos Brasileiros,1958, vol. Il, e censos da Fundagao 1868. * 0 nimero & aproxi ‘Silo Paulo) foi s dados apontados acima ja siio indicativos de que ¢ no século xx que So Paulo cresce, porém nao poderfamos deixar de mencionar ainda a sua posigio estratégica: liga-se ao porto de Santos e a todo o territ6rio nacional por uma rede viria que per- mite a convergéncia para essa aglomeragiio urbana, Além disso, So Paulo foi o locus da génese do processo de industrializagZo no Brasil, que se iniciou por volta dos anos 80 do século X:x, cujo sustentéculo foi o processo de acumulagio pro- porcionado pelas lavouras de café. Pode-se afirmar que a cidade praticamente se configura junto com a industrializagio. Considerada como a quinta maior aglomeracio urbana do mundo, a regio metropolitana de Sao Paulo € hoje composta pelo municipio da capital e por mais 38 municfpios vizinhos, que ‘ocupam uma drea de 8.051 km*.' ‘Um erescimento de tais proporgdes e processado com tanta rapidez.significou profundas alteragbes nesse espago, que, en- 146 quanto produto da sociedade, se transformou na principal aglo- meracio urbana do Brasil, fazendo parte também da rede mun- dial de metrépoles. Enquanto base de reprodugao da sociedade, a metrpole paulista ofereceu condigdes para o surgimento de um novo cotidiano para os seus habitantes. Quando analisamos 0 equipamento comercial da cidade de ‘Sao Paulo, podemos constatar a presenga de diversos tipos de comércio, que surgiram em diferentes fases do desenvolvimento da sociedade e que, como “sobreviventes”, convivem nos es 0s € partilham deles com os habitantes de Sao Paulo, Os diferentes tipos de estabelecimentos comerciais que encontramos so representativos das transformagdes que, no decurso do século xx, ocorreram na produgao dessa sociedade e, particularmente, na producdo de mercadorias. As mudangas esto inscritas no espaco urbano de Sao Paulo e © padrio de localiza- do dos diversos tipos de lojas comerciais é indicativo de tais transformagées, No inicio do século xx, surgiram as primeiras lojas varejis- tas de grandes dimensGes — grandes lojas ou lojas de departa- ia filiais de grupos internacionais que se dedicavam a importagao e exportacio de mereadorias. Eram ojas que j4 se organizavam de modo a concentrar espacial ¢ finane grande quantidade de produtos, mas que nao se m de técnicas de venda em massa como suas matrizes, até os anos 30. Fruto do liberalismo, essas grandes lojas tomavam 0 fluxo de mereadoria mais répido. Tais lojas se loca- lizavam no centro da cidade (hoje ainda encontramos, por exem- plo, 0 Mappin, fundada em 1913), que era o lugar para onde os habitantes da cidade se dirigiam quando queriam fazer suas com- pras, Também se encontravam no centro da cidade lojas que ven- sanal, que abasteciam setores da populagio com menor poder aquisitivo. Quanto ao abastecimento de géneros alimenticios, a cidade contava com lojas importadoras (a produgao agi sileira nao era suficiente para o abastecimento do mercado intet no), mercado municipal e feiras-livres. 147 Até 0 final dos anos 20, a inckistria era quase uma atividade complementar da agricultura, produzindo bens de consumo popular. Mas, a partir da crise de 1929, ocorreram modificagées na base econdmica, jf que a exportagdo do café nfo gerava mais divisas suficientes para comprar, no exterior, os produtos neces- sérios para o consumo interno, A partir dos anos 30, ocorreu uma reorientagao da indiistria com vistas ao abastecimento do merca- do interno: As modifieagdes no plano do setor produtivo foram acompa- nhadas de outras no comércio varejista, que entre os anos 30 e 50, ainda mantendo a localizago no centro da cidade, passou a a composigo: as lojas populares, izagdo das grandes lojas. Cabe lembrar que a populagio lumentou mui fodo, chegando a crescer mais de 100% entre 1934 € 1950, 0 que se traduziu num aumento em questo, mesmo com a implantago de subcentros comerciais em diferentes bairros, onde se instalaram também algumas lojas de departamentos, devido ao crescimento populacional e econdmi- co de Sio Paulo, que se fez acompanhat pela expansio territorial da cidade: © consumidorse abastecia, porexemplo, de produtos pereciveis no sub- centro —um coméreio de vizinhanga—e, para adquirirobjetos de eon sumo mais raros, ele ia a0 centro da cidade. O padro territorial de ntagdo do comércio varejista que se constata na cidade de Sio 148, anos deste sécul Paulo nos primeiros cin como mancha-de-6leo; na maioria dos casos, eram pequ capita ‘gradual e, porisso 1s (Pintaudi, 1989, p.97). ‘mesmo as transformagdes do lugar foram Até os anos 40, a drea central da cidade ocupava um espaco (0c foi na sua drea de expansio que, nos anos 50, foram construidas no andar térreo de prédios destinados a escrit6rios, ou mesmo a moradias, as galerias comerciais, que permitiram 0 aumento do ntimero de pequenas butiques, pois os lugares livres jé se tomayam raros no centro. Esses espagos que szio ao mesmo tem po privados e pablicos, unindo ruas do centro da cidade, permane- cem até hoje; porém so poucas as lojas que guardam vestigios dos produtos de luxo, que eram vendidos em algumas dessas galerias, pois a maioria delas tem, para os consumidores de alto poder aqui- sitivo que as deixaram de freqiientar, um ar decadente, indicando que foram apropriadas pelos novos freqiientadores do centro urba- no (Pintaudi, 1989: Com 0 intuito de fazer frente aos problemas colocados para centro da cidade partir dosanos 50, particularmente como aumen- to do ntimero de veiculos em circulagao na drea central pelas ruas estreitas, o poder piiblico atuou no sentidode ci a partir de 1976 foram sendo fechadas & algumas ruas do chamado centro velho da cidade, operago que depois foi estendida também ao centro novo (onde se galerias comerciais), com actiagdo dos chamadk de pedestres cujo objetivo era permitir o flanau, o olh: Porém isso nao trouxe de volta os antigos compraciores e quem pas- sahoje por aquelas ruas, em um dia de trabalho, no consegue adn raras vitrines, ja que € levado a andar, empu nos caminhos deixados livres pelosambulantes. Och cioambulante, por sua vez, €indicativo de trinsi trese, no centro de Sao Paulo, sua presengaér Noentanto, € perigoso classi em vista que hd uma enorme variagi se diferenci 0 s6 pela forma de pr re esses comerciantes, que jedade das mercadorias ¢ 149) do ramo de coméreio (chegando mesmo a exis das), como também pela “propriedade do ponto”, na rua em que se estabelecem, 0 que os diferencia de uma parte dos ambulantes que efetivamente deambulam, carregando nos bragos os produtos que oferecem, Trata-se de uma atividade extremamente hierarquizadae que, numa sociedade em que grande ntimero de pessoas no encon- traemprego, se torna um meio de garantira sobrevivencia, esta tam- bém muito diferenciada entre eles. ‘A partir de meados dos anos 50, o centro da cidade de Sto Paulo foi sendo, paulatinamente, abandonado por seus antigos fre- giientadores, em favor de éreas comerciais situadas em bairros mais afastados, e apropriado por novos. A mudanga jé vinha se desenhando, mas € nesse momento que se torna mais visivel em alguns subdistritos populosos ou mesmo em ruas como aAugusta, que se desenvolveu como um prolongamento do centro da cidade em directo aos bairros residenciais de mais alto poder aquisitivo. porém, de um desdobramento de filiais de lojas do cen- {ro que, junto com pequenas lojas de vizinhanga e de abastecimen- pereciveis, formavam um pequeno centro comercial ‘empresa estrangcira, © a i papel nesse processo, m de contribuir para a conce reando o carter do nosso crescimento ec idstrias ‘onde se encontra a metrépole de Sao Paulo, que recebeu tais indiis- trias. Paralelamente cresceu o ntimero de lojas comerciais (37%), provocando uma maior concorréneia entre os estabelecimentos, 0 ‘que fez aumentar a propaganda de pregos e a expansiio do sistema de crédito (Pintaudi, 1989, p.98). 150 aceitacdo imediata nem significou, logo de inicio, para a rede de abastecimento da cidade, que cresci porém, passados os primeiros dez anos de um cr 0 de estabelecimento comerci: estratos deren esses empreendimentos comerciais se capitalizaram rapi ¢, num segundo momento, se expandiram por toda a metrépole & para além dela, Alids, os grandes capitais nfo se interessaram pelo setor logo de inicio, Os primeiros a se instalarem souberam mul bem escolhera localizagao de suas lojas, que pouco a pouco, fe sendo compradas pelos grandes capitais interessados no setor: ‘Arede de abastecimento de géneros perectveis, anterio talacao dos supermercados, softeu grande reducio. No década de 70, as quitandas, por exemplo, distribufdas por toda a de 5 a 6 mil estabelecimentos, nente {das a 1.790 unidades em 1977. Tal fato se explica nao $6 pela concorréncia imposta pelos supermercados, mas tam- ‘bém pelo perfodo de crise iniciado em meados dos anos 70 ¢ que centralizagio do capi- pensar a tendéncia de queda da taxa de lucro, ram de um certo poder sobre o mercado, de modo a formular uma politica de pregos que garantisse a margem de Incro sem aumentar (O supermercado significou concentracio financeira e territo- rial, porque passou a concentrar, sob a propriedade de um tinico Jo de e legumes) ¢ a mercearia (produtos de limpeza e géneros cios nao pereciveit im Além disso, a expansdo dos supermercados também se deveu adois outros fatores fundamentais que foram a geladeira e 0 auto- mével. O aperfeigoamento da reftigeracio destinada ao lar, bem como a produgio em massa de refrigeradores e sua conseqilente redugio de prego, permitiu que as pessoas pudessem realizar 0 ibastecimento em casa de géneros alimenticios pereciveis por perfodos mais longos (uma semana e até mais). Por sua vez, 0 auto- mével, que a partir de meados da década de 60 passou a ser adqui- rido pelos estratos de rendimentos médios da populagio, deu maior autonomia aos seus proprietirios, liberando-os das compras res es do bairro, Nesse momento, ampliou-se 0 ntimero de m também um segundo automével ¢ quem ‘comegou a fazer uso do segundo veiculo da familia foi a mulher, organizadora do cotidiano da unidade familiar. Com 0 automével, ela teve a chance de ampliar territorialmente o raio de alcance dos membros da familia dentro de um mesmo perfodo de tempo. O ‘espago passou, entéio, a serconcebido de acordo com as pressées do automével (Lefebvre, 1991, p.110), certamente um dos principais responsdveis pela redefiniedo do local de compra. Nesse momen- to, coincidentemente, expandiram-se os supermercados. E preciso ainda destacar que foi também nesse momento que as mulheres passaram a integrar o mereado de trabalho numa maior proporsiio, ‘que determinou mudangas nos habitos de consumo. Oshipermercados, cm menormimero, dadas as suas caracteris- ticas e dimens6es, passaram a ser implantados no espago metropo- joapa nais dos tios Tieté e Pinheiros, o que permitiu um acesso mais facil supermercados, vinha de distncias maiores se abastecer ali. Em 1995, esses estabelecimentos chegavam a 15 no muniespio da capi- talea3 emoutros municfpios da regio metropolitana. As 18 unida- des encontravam-se divididas entre 5 grandes empresas, sendo que 10 das lojas pertenciam & rede Carrefour, de capital francés. A expansiio dos hipermercados verificou-se a partir de 1986, pois até essa data apenas 5 estavam em funcionamento, 2 70, ocorreu nao s6 a chegada dos hipermercados, iniciou a expansiio dos shopping centers. O pr que somente dez anos depois apareceu na metrépole o segundo shopping. O perfodo de maior expansio desses centros, Paulo, ocorreu nos anos 80 (6 coincidente com a expansiio dos sdes ainda modestas, se comparadas as dos origi canos, os shopping centers foram construidos para atender a uma populacdio de altos rendimentos, o que na década de 80 se trad ‘emi cerca de 20% da populagiio economicamente ativa, que em 1986 detinha 64% da renda nacional, somando 20 milhoes de bra- sileiros, em grande parte lox no Sudeste, particularmente em Sao Paulo. Alémdisso, os shopping centerssurgiramem wm momentoem queaeconomia brasileira se desenvolyiacom a ormagiio de mono- pélios e eles representaram a mesma tendéncia no plano das ativi- dades do setor varejista, que anteriormente nao possufa nenhum poder sobre 0 mercado, exceto os grandes estabelecimentos como supermercadose grandes lojas, Destacamos ainda que o volume de recursos financeiros necessdrios para a concretizagio de um empreendimento como esse contou muitas vezes, no Brasil, como apoio de bancos pibblicos, o que se explica em parte pelo fato de que arecuperagiio do capital empregado nesse ramo permitia um retor ‘noampliado muito mais répido (cinco anos), enquanto na inddisti exam necessérios dez anos. Por isso mesmo, grandes cay yoltaram para o setor e suas origens ndo sao especificas para nenhum setor econdmico em particular (Pintaudi, 1989). No que dizrespeito Mocalizagao, esses empreendimento requerem acirculagao de um grande mimero de pessoas e precisam de grandes terrenos e de vias de acesso fécil, implantaram-se em Sao Paulo, preferencialmente, ao longo das vias ma dost ieté e Pinheiros. As vias expressas, que somam 47 km, construfdas na década de 60,€ im setores da cidade até entio distantes, além de permi- 2580 fil a rodovias que conduzem ao Norte ¢ 20 Sul do nhém ao interior do Estado de Stio Paulo, Por outro lado, is passaram a ser ocupadas ndio s6 por indstrias, empresas de cométcio atacadista e de servigos que demandavam grandes dreas srandes empresas de supermercados ¢ hiper- 0s (..),centros empresariais ede servigos e reas de lazer (Pin- 1989, p. 125). mente, os shopping centers promoveram a valoriza- fo das dreas proximas, ou melhor, das areas da vizinhanga que ¢ganharam um novo valor, Como os shopping centers dametipole paulista esto localizados dentro da malha urbana, a sua implanta- do emalguns casos implicou mudangas bastante significativas na ampliagZo de ruas, nas desapropriagdes de terrenos ocupados, 0 que deu oportunidade & especulagao imobilidria. Em suma, a pre~ senga dos shopping centers promoveua valorizacio das areas vizi- nhas a eles, fazendo uma reorganizagao das atividades que até entao se desenvolviam al ‘Quanto & concorréncia que se estabeleceu no setor comer os shopping implicaram uma mudanga bastante significativa no padro de consumo, a partir do momento em que comegaram a ser aceitos pelo priblico paulista e comecaram a se expandir. Eles nao n uma competicao entre si, mas também com os demais tipos de estabelecimentos comerciais. Ose passaram a exigir s, arifes), ambiente agradével e muito conforto para are das compras. Algumas grandes lojas sofreram novas mudangas para atender as exigéncias do mercado e procuraram integrar o mix dos shopping centers na qualidade de lojas-Ancora, ou criar marcas propriasnosegmento de roupas, porexemplo, colocando uma buti- {que como outra qualquer. Agora que os shopping centers so parte integrante da paisagem metropolitana paulista, torna-se grande a concorréncia entre os lojistas e o comércio tradicional de rua, o que vem determinando reformulag6es no setor. ‘Umaa das mudangas, que no podemos deixar de mencionar, € a presenga das franquias, sistema que atua por meio de parceria 154 entre o franqueadore o franqueado ese desenvolvea da expansio de redes de distribuigao e servigos, en ancoradas na forga das marcas e nos padres de const os anos 60, passandoa ser mais divulgado ea ganharadeptos dos anos 80, com a crise econdmi e abaixa qualificagdo do mercado varejista” (Ortigoza, 1996, p. 62). Em 1995, existiam 968 franquias ¢ os franqueados chegavam 27.679, sendo que o Brasil, em 1993, jéera o terceiro pafsdo mundo em ntimero de unidades franqueadas instaladas. Quanto & localiza- do, a preferéncia é pelo Sudeste do Brasil, farmente So Paulo, por todas as condigGes, jé conhecidas, que se reiinem nesse cespago (entre as quais a grande concentrago populacional ¢ maior massa de dinheiro em circulagao). O padro de implantagaio do equipamento comercial apresen- tado pela metrpole de Sao Paulo ¢ indicativo de que 0 seu espaco 6 fruto de transformagGes ocorridas na forma de (re)productio dessa sociedade, que, a partir da segunda metade do século xx, ‘guarda muita semelhanca com o que vem ocorrendo em outros cespagos também mundializados. Com 0 exemplo da metrpole paulista, ainda que e procuramos destacar o lugar e o momento em que as diferentes for- aatencdo para duas questoes: a da centralidade e a da cotidianida- de, Sobre a centralidade, conquanto se afigure um prinefpio cons titutivo no plano do espaco urbano, é preciso destaci mente, que a troca de produtos sempre esteve asso ram situagdes estratégicas. Em outras palavras, cial sempre demandou centralidade, o que também sign tempo determinado. A determinagiio do tempo é mais complexae 0 tempo do cotidiano que torna complexo o tempo histérico (a Jonga duragio) numa rede necesséria e diffeil de discernir Conforme Lefebvre (1991, p. 73), novo, dealguns anos parnes,é seqiiéncias daindustriaiza- ma sociedad dominada pela joe deproprie- ssse fim. A cidade explode, engquanto a urbanizagiio se estende, o que per Ihante empresa. A cibernet dispositivos eficazes, reconstituigio de uma vida urbana de acordo.com adequado (centros de decisio, circulagiio e informagao a servigo do pader) Como vimos, a partir da disseminagao do uso do automével, © centro da cidade foi colocado em questo pelos habitantes da metrpole. Antes de mais nada, o centro se pulverizou, provocan- do uma reorganizagao da cidade, com o surgimento de centros especializados — de compras, de decisao, financeiros. A proximi- dade entre diferentes atividades do chamado setor tercisrio no cen- tro da cidade deixa de ser necessaria (ao menos para uma parte da popu ‘bana), j4 que é 0 automével que as aproxima e no mais a calgada, Além disso, a rede de transportes de massa, espe- cialmente mets, permitiu que o periférico se aproximasse do que é central (qualquer centro) em questdo de minutos. Lembrai porexemplo, que 0s shopping centers se tomaram um lugar central para uma parte da sociedade brasileira, ‘Tal como a nova centralidade, a cotidianidade ganhou novos contornos atualmente. A partir da pulverizacio e especializagao dos espagos da cidade unidos pelo automévele pelo metr6, oshabi- tantes das metrépoles passaram a selecionar o espago, segundo s possibilidades, habitos ¢ desejos. A atividade comercial sem- pre envolveu algo mais do que 0 simples ato de comprare vender e se constitui num elemento de integracdio de relagdes soci belecidas no cotidiano. Por se apresentar concentrado no centro da 156 idade, mes dade comercial atrafa para Id pessoas de todos os estratos sociais que, de alguma maneira, estavam em contato. Quando o espago do centro da cidade se transfo gar se romperame, com isso, as relagGes tornaram-se mais fré- irem referencial simbé- lico, o que une as pessoas e o distingue dos novos centros. Porém, a integrago da sociedade modema se faz via mercado. A ideologia é a da mercadoria (a sociedade moderna reduz tudo a0 consumo, inclusive 0 ideol6gico). A concepco do mundo é aquela veiculada pela publicidade da mercadoria ¢ os hipermercados ¢ shopping centers so os lugares que melhor traduzemanovacentra- lidade para a troca de mereadorias. O que se observa com relagdio aos espagos comerciais mais antigos, como o dos mercados piibli- cos, € uma tendéncia de sujeicaio desses espacos ao novo momento econémico, caso contrario nao sobreviveriam por muito tempo. rem tudo (ainda) possa ser reduzido a esfera econémica, Assim, os espagos comerciais cada vez mais so 0 produto de uma alta racionalidade na gestio do grande capital ea condigiio de existéneia de um cotidiano pro; empresas. Por tudo isso, pensamos que os conceitos de centralidade e de cotidianidade sao importantes instrumentos para 0 desenvolvi- mento de um pensamento geogrifico critico sobre 0 comércio urbano. ‘Além desses conceitos que consideramos centrais, outros mais contribuem para formar o encadeamento necessério de uma con- cepcaio teérica, quais sejam a concentragao do capital, o mundial, 0 al, o Estado, quese articulam para acompreensao do tema —as formas do comércio; a mercadoria é ontro tema que deve merecer a nossa atengao, pois ela é a materializagao do valor no mado, a exemplo das grandes 157 modo de produgao capitalista e a sua realizagiio faz.a sociedade se reproduzir. O estudo das formas do comércio (0 que implica o seu movi- ‘mento) nos permite compreender e explicitarumanova articulago espaco-tempoc tal articulagdo im tinta, No decurso do século xx, observamos grandes t ‘ges nas formas comerciais que determinaram novas centralida- novos espacos do cotidiano, enfim, uma nova paisagem As diferentes formas comerciais presentes na atualidade apontam claramente a existéncia de um jogo de forgas entre elas. Desvendar essas quest6es ¢ nossa tarefa. me original esten ts supposées ou découverte, ré réflexion plus générale (1995, p-31) Paragueseten) 8 tem 10.991 km 4, pp.15I-155. 1988 ndo moderna. So Paulo: A FOCILLON, Henri. vida das, LEFEVRE, Henri A vida cotidin 1991 158 eografia —Organizagio RoNcAYOLO, Marel. Les gran grande Sao rmércio vari Us, 1989, p.156. (Doutorado.em geo~ -e modernidaale nas eidades colaura « Leip n® Apresentacao.. fisica e as relagbes sociedade-natureza no mundo tropical José Bueno Conti. A geografia fisica e as mudancas aml Relevo h ‘0: planaltos, planicies e depressies Jurandyr Luciano Sanches ROSS ssnssnsssranesvescees A geografia agraria e as transformacées territoriais reeentes no campo brasileiro Ariovaldo Umbelino de Oliveira A geografia: pesquisa ¢ ensino Nidia Nacib Pontuschka sis A cidade e as formas do comércio Silvana Maria Pintaudi... O lugar e a producio do cotidiano Amélia Luisa Damiani (0 consumo do espaco 1a Fani Alessandri Carlos. Regidio e geografia. A nocio de gidio no pensamento geografico Sundra Lencio

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