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Atualidades/Actualities

PADRÕES MÍNIMOS DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE — UM


PROJETO PIONEIRO*

Marilyn Rice**
Nelly Martins Ferreira Candeias***

RICE, M. & CANDEIAS, N.M.F. Padrões mínimos da prática da educação em saúde — Um projeto
pioneiro. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 23:347-53, 1989.

RESUMO: Expõe-se alguns dos benefícios alcançados nos dois últimos anos (1987/1988) em decor-
rência dos resultados do estudo da definição do papel de especialistas em Educação em Saúde. A
OPAS/OMS procurou identificar um local onde se pudesse definir, em termos concretos e operacionais,
as responsabilidades básicas e áreas de ação dos profissionais responsáveis por ações educativas apropria-
das para o sistema de saúde. Coube à Faculdade de Saúde Pública (área de Educação em Saúde) da Uni-
versidade de São Paulo a realização do mencionado estudo.
DESCRITORES: Educação em saúde, normas.

A SITUAÇÃO NAS AMÉRICAS tunidades de emprego mais vantajosas, atendi-


mento médico mais centralizado e alguns recur-
Há um número crescente de pessoas migran- sos destinados ao auto-cuidado e à promoção
do para os centros urbanos e deles emigrando de saúde, a infra-estrutura urbana é precária
em busca de outras áreas geográficas. Em 1970, para satisfazer uma demanda de tão rápido
este fenômeno chegou a atingir 47,4% da popu- crescimento.
lação na América Latina e no Caribe. Em 1980 Desta forma, há uma taxa crescente de de-
alcançou 62,3% da população. Tendendo a semprego e um número cada vez maior de indi-
persistir, estima-se que o valor chegue a 78,5% víduos que dependem dos serviços estatais.
no ano 2000. A cidade do México reflete clara- Reage-se contra esta situação, mostrando ten-
mente o fenômeno da explosão urbana, com sões individuais e sociais, violência, delinqüên-
uma população já ultrapassando 18 milhões de cia juvenil, abuso de drogas e problemas men-
habitantes. tais. Mães solteiras ou famílias em que o casal
Além disso, por motivos políticos, muitas trabalha em tempo integral, fora de casa, são
pessoas abandonam seus países de origem sem fatos extremamente comuns, fazendo com que
terem quaisquer qualificações profissionais ou as crianças fiquem sozinhas em casa sem ne-
treinamento, em busca de emprego nas metró- nhum apoio para seu desenvolvimento físico ou
poles. Não raramente, surgem favelas nas gran- psicossocial. Além da elevada freqüência de
des cidades, gerando problemas de saúde mui- gestações, registra-se um número significativo
tas vezes alarmantes. de abortos ilegais, assim como um aumento das
Este rápido crescimento urbano prende-se doenças sexualmente transmitidas.
também ao aumento das taxas de natalidade e a Torna-se cada vez mais problemático, às ins-
mudanças nas estruturas demográficas da po- tituições ligadas à saúde, atender a demanda
pulação como, por exemplo, redução nas taxas crescente das necessidades em nível de assistên-
de mortalidade e aumento na esperança de vi- cia primária. Na maioria dos países da América
da. Conseqüentemente, observa-se um número Latina e do Caribe, onde grande parte da popu-
crescente de indivíduos improdutivos na Re- lação recorre a serviços de saúde governamen-
gião, nos grupos etários com menos de 15 e tais, são cada vez menores os recursos destina-
mais de 65 anos. dos ao setor saúde. Forçados a pagar dívidas
Embora os centros urbanos ofereçam opor- externas e a investir no setor produtivo, os go-

* Apresentado na Conferência "Padrões Mínimos da Prática da Educação em Saúde". Itu, São Paulo, Brasil, maio,
1987.
** Regional Advisor in Health Education. Pan American Sanitary Bureau — PAHO/WHO — 525 twenth third Street —
N.W. — Washington, D.C. — 20037 — USA
*** Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo — Av. Dr.
Arnaldo, 715 — 01255 — São Paulo, SP — Brasil.
vemos têm reduzido gradativamente os recur- to, pudessem se transformar em agentes interes-
sos financeiros destinados à saúde. sados em promover seu próprio desenvolvimen-
to, em vez de representarem apenas meros re-
ceptores passivos da ajuda veiculada por ou-
A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO tros, muitas vezes até desnecessária. Não se de-
DO ATENDIMENTO MÉDICO-SANITÁRIO seja, portanto, que os indivíduos aceitem passi-
vamente determinadas soluções — mais do que
Nesta última década, o conceito de educação isso, torna-se necessário que adquiram a capa-
em saúde, relacionado ao atendimento médi- cidade de auto-analisar-se, identificando possí-
co-sanitário, sofreu significativa alteração. Em veis soluções e selecionando a que lhes parece
1977, durante a IV Reunião dos Ministros das mais conveniente. Ao mesmo tempo, é preciso
Américas8, discutiu-se exaustivamente o concei- que a comunidade se torne receptiva no que
to de participação comunitária, como instru- respeita à aprendizagem de novas formas de
mento capaz de ampliar os serviços de saúde. comportamento. Por outro lado, espera-se que
Considerou-se que a participação comunitária o sistema formal de atendimento médico sanitá-
poderia levar ao desenvolvimento de habilida- rio seja responsável por explicações e aconse-
des e à transformação de pessoas em função de lhamentos, sendo capaz de veicular clara infor-
suas próprias necessidades, esperando-se que mação quanto às conseqüências favoráveis e
pudessem assim ter mais responsabilidade e ze- desfavoráveis de possíveis soluções.
lo em relação à própria saúde. Implícito neste Em 1980, durante as Discussões Técnicas da
conceito encontra-se a proposta de um diálogo Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)4,
permanente e contínuo entre o pessoal da saúde na XVII Reunião do Conselho Diretor, os Mi-
e a comunidade. nistros das Américas reconheceram a necessida-
Nessa mesma reunião, atribuiu-se à "partici- des de aceitar novos enfoques e de propor no-
pação " várias características, tais como ser ati- vas estratégias para integrar a educação e a par-
va, consciente, responsável, deliberada, organi- ticipação comunitária nas atividades da assis-
zada e contínua. Para ampliar a possibilidade tência primária em saúde. Além disto, mostra-
de participação comunitária, como componen- ram a necessidade de mudanças e de ajustamen-
te essencial nos programas de saúde, identifica- to nas estruturas vigentes dos serviços de saúde,
ram-se três condições: 1) políticas de saúde fa- recorrendo ao raciocínio político que funda-
voráveis à participação popular nos programas menta teórica e praticamente a participação co-
de saúde, com instrumentos e mecanismos, in- munitária. Essas recomendações basearam-se
cluindo a participação comunitária na imple- em estudo realizado em todos os países da re-
mentação de várias fases; legislação, apoiando gião nos quais, é interessante observar, se utili-
a participação comunitária e as condições para zavam métodos tradicionais e passivos de edu-
que a comunidade possa ter acesso adequado a cação em saúde tais como, por exemplo, comu-
recursos humanos, materiais e financeiros; 2) nicação de massa, recursos audiovisuais, foto-
coordenação intersetorial (setor formal e setor novelas, aulas didáticas e palestras em centros
informal) com os grupos comunitários a fim de de saúde, escolas, igrejas e outros centros co-
que possam identificar suas necessidades, pro- munitários. Em alguns países, a comunidade
blemas e soluções; 3) fortalecimento do relacio- participava de forma mais ativa mediante estra-
namento entre o sistema formal de saúde e a co- tégias ligadas ao teatro, canções, feiras, dias da
munidade, fundamentado no diálogo franco e saúde e dinâmica de grupo.
na troca de informações, assim como na descri- Entre os fatores que sustentavam a educação
ção transparente de determinada situação; tal comunitária, o estudo mencionou a existência
como percebida por ambos os setores. de políticas e normas para trabalhar com a co-
Em 1978, na primeira Conferência Interna- munidade, atitudes favoráveis por parte do pes-
cional sobre Assistência Primária em Saúde9, os soal da saúde em seus contatos com a comuni-
países reconheceram o direito e a responsabili- dade, apoio de toda uma equipe de saúde traba-
dade que os indivíduos têm de planejar e imple- lhando conjuntamente, resolução concreta de
mentar seus próprios serviços de atendimento, problemas locais, manutenção do pessoal de
afirmando que a educação relacionada a pro- saúde em programas e respeito pelo sistema or-
blemas de saúde, assim como as condições para ganizacional da comunidade tradicional.
preveni-los ou controlá-los, deveria constituir o Entre os fatores com influência negativa em
primeiro dos oito elementos essenciais na estra- termos da participação comunitária, o estudo
tégia da assistência primária de saúde. Os indi- identificou: enfoque curativo tradicional, em
víduos deveriam conhecer melhor suas próprias detrimento da prevenção, no sistema de atendi-
condições de saúde, de modo que, a partir dis- mento médico-sanitário; falta de integração dos
membros da comunidade com a equipe de saú- mento e treinamento relativos a problemas de
de; ausência de enfoques multisetoriais; ceticis- saúde, razão pela qual se torna necessário fun-
mo por parte do pessoal quanto à proposta de damentar as idéias e opiniões dos membros da
trabalhar conjuntamente com a comunidade e, comunidade com dados econômicos, de saúde,
finalmente, falta de pessoal qualificado para científicos e sócio-demográficos.
promover atividades comunitárias na área de
educação em saúde.
Em 1982, a Comissão Técnica de Novos En- O DESAFIO
foques da Educação em Saúde na Assistência
Primária da Saúde 10 , da Organização Mundial Tendo em vista estas observações, a OPAS/
de Saúde (OMS), recomendou que o educador OMS tem-se empenhado em fornecer orienta-
de saúde passe a ser aluno e facilitador e os ção a respeito dos conceitos, muitas vezes ambí-
membros da comunidade sejam professores e guos, de educação em saúde e de participação
também alunos. À comunidade cabe ensinar comunitária. Apesar disto, é preciso reconhe-
aos educadores de saúde, sua "cultura da saú- cer, os princípios inerentes quase nunca indi-
de", suas crenças e como atuam na área da saú- cam a operacionalização da prática que contri-
de — onde buscam tratamento e qual sua per- bui para que o pessoal da saúde torne efetiva e
cepção em situações relacionadas à saúde. Aos real esta participação comunitária. Recente-
educadores de saúde cabe garantir um diálogo mente, têm-se observado novos movimentos re-
construtivo com os membros da comunidade, lacionados à educação em saúde que criaram
para que estes possam identificar soluções cul- sérias preocupações aos profissionais a nível lo-
turalmente apropriadas. Em decorrência disto, cal.
novos papéis estão emergindo para os educado- Por exemplo, em novembro de 1986, reali-
res de saúde, exigindo novas formas e novos en- zou-se uma Reunião Internacional para a Pro-
foques de treinamento para que possam, como moção da Saúde12, em Ottawa, que produziu o
profissionais, cumprir estas responsabilidades. documento intitulado "A Carta de Ottawa para
Em 1983, durante as Discussões Técnicas da Promoção da Saúde". Esta carta refere-se a um
Assembléia Mundial da OMS11, os Ministros da novo conceito da saúde pública e, embora enfa-
Saúde discutiram o tópico "Novas Políticas de tize o fortalecimento da ação comunitária para
Ação para a Educação em Saúde na Assistência o desenvolvimento das habilidades pessoais da
Primária da Saúde". Nessa ocasião, enfati- população, não se refere à educação em saúde.
zou-se a mudança de ênfase na educação em Os princípios da Carta são genéricos, não in-
saúde: do planejamento central para o planeja- cluindo orientação técnica. Além disso, ao refe-
mento local; da ênfase em doenças específicas rir-se à necessidade de reconhecer a responsabi-
para a ênfase em diversos objetivos; das habili- lidade dos outros setores em relação à saúde,
dades específicas para uma visão mais global da acaba por se esquecer das responsabilidades
educação, como instrumento capaz de solucio- inerentes ao próprio setor saúde. Na Carta de
nar problemas de saúde; finalmente, da ênfase Ottawa parece estar implícito que basta habili-
em mudanças do comportamento individual tar a comunidade para que, em decorrência, os
para a preocupação com fatores organizacio- indivíduos deixem de necessitar do sistema de
nais, econômicos e ambientais que promovam saúde, a não ser em casos de emergência. Pode
estilos saudáveis de vida, assim como ação polí- ser até que isto seja eventualmente viável em
tica capaz de contribuir para alcançar tais obje- países altamente desenvolvidos, mas é irrealista
tivos. em países com os tipos de problemas de saúde
A OMS optou pelo termo "envolvimento co- típicos da América Latina. Torna-se pois neces-
munitário" em vez de participação comunitária sário definir os conceitos de promoção da saú-
por reconhecer que não basta apenas contar de, no próprio contexto, de forma prática e
com a participação passiva da comunidade. É operacional.
preciso criar mecanismos que garantam o en- Outra situação que vem preocupando os edu-
volvimento ativo dos indivíduos, tornando-os cadores de saúde na América Latina é a disposi-
responsáveis por suas próprias decisões e capa- ção freqüente de realizar campanhas contra
zes de desenvolver atividades conjuntas com os doenças específicas, fundamentadas estas na
profissionais da saúde. utilização exclusiva dos meios de comunicação
A educação em saúde, portanto, deveria fo- de massa. Muitas pessoas acreditam, errada-
calizar ações comunitárias factíveis e práticas, mente, que programas de educação em saúde se
que possam realmente ser alcançadas no con- limitem apenas à produção e distribuição de
texto de situações locais. É preciso reconhecer material escrito e de audiovisuais. Julgam que,
que a comunidade nem sempre tem conheci- apenas com esse enfoque, serão capazes de mu-
dar o comportamento dos indivíduos e de alte- dramáticos e promovem programas que, ao me-
rar suas práticas tradicionais em saúde, o que nos aparentemente, parecem ter resultados con-
de fato já se sabe, não ocorre. cretos. É claro que, para quem ocupa esse tipo
O que tem acontecido, quanto muito, é que de posição por período curto ou transitório, re-
especialistas devidamente treinados em comuni- presentam resultados excelentes e desejáveis.
cação passaram a utilizar o "social marketing" Contudo, para os técnicos que realmente se
para "vender" produtos, como vacinas ou sais preocupam com mudanças de saúde a longo
orais para reidratação ou comportamentos co- prazo, torna-se necessário que estes enfoques
mo aleitamento natural. Lamentavelmente, a sejam associados com métodos de comunicação
maioria da população latino-americana não es- interpessoal e, mais do que isso, com processos
tá devidamente treinada para utilizar essa meto- de planejamento técnico mais exigentes.
dologia, acabando por adulterá-la. Embora es- A OPAS/OMS reconhece que a educação em
te enfoque tenha início em pesquisas realizadas saúde e a participação comunitária, como uma
junto à população-alvo ("focus group"), esta de suas formas de intervenção, precisa se trans-
não tem possibilidade de expressar sua opinião formar em fato regular do sistema de atendi-
a respeito dos comportamentos propostos ou mento da saúde, ou seja, precisa tornar-se per-
dos produtos que estão sendo promovidos ou manente. Para que a educação em saúde seja
vendidos. Sendo assim, vale reiterar, não tem a bem sucedida precisa contar com técnicos alta-
oportunidade de expressar como percebem seus mente qualificados, por treinamento, que pos-
próprios problemas de saúde, nem muito me- sam garantir a implementação das melhores so-
nos suas prioridades e soluções. Quer isso dizer luções e procedimentos possíveis, orientando
que não se tem acesso à nenhuma retroalimen- também outros profissionais da saúde quanto
tação quanto à compreensão da mensagem às ações com mais probabilidade de êxito. Sa-
transmitida e nem se sabe se esta de fato corres- be-se que há uma imensa necessidade de treina-
ponde ao objetivo definido pelo programa. mento dos indivíduos envolvidos na prática da
Nestes termos, o problema mais grave é o fato educação, quanto a metodologias de planeja-
de muitos profissionais da saúde, alguns deles mento, educação e comunicação, implementa-
em posições de grande influência, acreditarem ção, supervisão, administração, acompanha-
que seja esta a missão da educação em saúde. mento e avaliação, etapas necessárias ao pro-
Em decorrência disto, observa-se maior núme- cesso educativo. Também torna-se necessário
ro de programas e de recursos nacionais pren- perceber como se deve aplicar essas técnicas e
dendo-se a um enfoque simplista e tecnicamen- metodologias, de acordo com as peculiaridades
te ingênuo. do ambiente e da população-alvo.
Essas campanhas de massa, por um lado,
mobilizam enorme quantidade de recursos fi-
nanceiros enquanto que, por outro, imobilizam
totalmente a equipe de saúde que, nessas cir- ÁREA DE ESTUDO — SÃO PAULO
cunstâncias, precisa se dedicar integralmente à
campanha, interrompendo os serviços de saúde Com essas preocupações em mente, a OPAS/
regularmente prestados. Resta perguntar: qual OMS procurou identificar um local onde se pu-
é o custo dessa interrupção em termos de outras desse definir, em termos concretos e operacio-
doenças que deixam de ser tratadas? Além dis- nais, as responsabilidades básicas e áreas de
so, já se sabe que de fato a população não está ação das pessoas responsáveis por ações educa-
mudando seu comportamento, mas apenas rea- tivas inerentes ao sistema de saúde. A Faculda-
gindo a um estimulo temporário, razão pela de de Saúde Pública da Universidade de São
qual o novo comportamento não se mantém. A Paulo (FSP/USP) foi selecionada por várias ra-
avaliação da rapidez da aprendizagem e do pe- zões:
ríodo de retenção da informação de um "social
marketing" sobre sais de reidratação oral, em 1. Os Recursos Regionais da OPAS para a edu-
um programa de Honduras 5 , mostrou que, no cação em saúde são limitados e, por isso, in-
momento em que os meios de comunicação fo- suficientes para satisfazer às necessidades
ram interrompidos, a população esqueceu rapi- expressas oficialmente sob a forma de pro-
damente a informação. postas. Sendo assim, torna-se essencial uma
Não obstante, o enfoque de "social market- cuidadosa seleção nas áreas e atividades
ing" tem-se tornado muito popular entre pes- apoiadas por aquela instituição de forma
soas que ocupam posições de destaque e altos que possa, proporcionar efeito multiplica-
cargos políticos porque são de alta visibilidade, dor. Sentiu-se que, nesses termos, a FSP/
despertam a atenção para assuntos socialmente USP apresentava rara potencialidade.
2. Reconheceu-se que o Estado de São Paulo dos, utilizar os resultados do estudo como
reflete os problemas da América Latina no conteúdo permanente de ensino e objeto de
que diz respeito aos aspectos econômicos, pesquisa, assim como em programas de edu-
sociais e demográficos anteriormente referi- cação continuada nas Secretarias de Saúde
dos — sendo assim, pode-se ¡supor, com cer- do Estado e da Prefeitura. Este aspecto foi
ta segurança, que os resultados da experiên- da maior importância em termos da aspira-
cia em São Paulo se aplicarão no futuro ção de continuidade e de permanência do
próximo a outros países da América Latina. trabalho a ser realizado.
3. Vários países da América Latina deram iní-
cio ao processo da descentralização dos ser- PADRÕES MÍNIMOS DA PRÁTICA EDUCATIVA
viços de saúde. A OPAS está apoiando, cada
vez mais, a realização de estudos a nivel lo- A busca da definição dos padrões mínimos
cal com vistas a alcançar resultados mais só- da prática educativa teve origem em trabalho
lidos do ponto de vista operacional. Com as realizado no Hospital Universitário da Univer-
recomendações da VIII Conferência da Saú- sidade de São Paulo, quando se sentiu que, pela
de, o Sistema Unificado e Descentralizado e primeira vez, sem uma séria discussão a este
as Ações Integradas de Saúde contribuíram respeito, tornar-se-ia impossível propor logica-
para transformar o Estado de São Paulo em mente as atividades educativas a serem aí im-
um modelo para a região no que diz respeito plantadas. A questão básica era, pois, a formu-
à definição operacional da educação em saú- lação clara das atividades educativas essenciais
de e à descrição dos papéis dos profissionais a serem desenvolvidas nos diversos programas,
em um sistema de saúde fundamentado no sem o que não se poderia propor uma avaliação
processo da descentralização. em nível local.
4. Considerando-se a ampla rede de educado- Foi esta aspiração técnica que, discutida em
res de saúde existentes no Estado de São nível internacional com especialistas de educa-
Paulo 1,2 , o que torna o Brasil um país "sui ção em saúde da OPAS/OMS, levou a uma tro-
generis"* na América Latina, reconheceu-se ca de informações que acabou por divulgar im-
que a infra-estrutura existente oferece um portante estudo desenvolvido nos Estados Uni-
ambiente real, favorável à verificação do dos com o título "The Role Delineation Project
processo inovador, representado pelos "Pa- for Health Education". O estudo teve início em
drões Mínimos da Prática Educativa". 1978 levando à publicação do documento "A
5. Julgou-se essencial existir um compromisso Guide for the Development of Competency —
político para que se pudesse incorporar a based Curricula for Entry Level Health Educa-
educação em saúde e, mais especificamente, tors"6. O documento reflete discussões, em ní-
a estratégia da participação comunitária nos vel nacional, que envolveram especialistas em
serviços de atendimento médico-sanitário educação em saúde, em vários ambientes e em
com êxito e de forma mais permanente. diversas áreas de intervenção técnica. Concomi-
Além disso, ponderou-se que o Estado e a tantemente, organizaram-se grupos de trabalho
Prefeitura de São Paulo já apresentavam, para que, ao compreenderem o sentido desse es-
oficialmente, o compromisso político neces- tudo, pudessem utilizar o documento da forma
sário à promoção desse tipo de atividades, mais conveniente. O documento inicial foi re-
criando um vínculo entre o pessoal da saúde visto, passando a denominar-se "A Framework
e a comunidade nas áreas de educação em for Development of Competency — based Cur-
saúde, nas dimensões de auto-cuidado co- ricula for Entry Level Health Educators"7.
munitário, auto-responsabilidade, promo- Foi esta última versão que fundamentou o es-
ção da saúde e prevenção, aspectos típicos tudo realizado em São Paulo. Este apresentava
dessa área de conhecimento. uma diferença essencial em sua intenção — não
6. A área de Educação em Saúde da FSP/USP se dirigia apenas ao corpo docente na área da
é o único local da América Latina onde exis- Educação em Saúde, como ocorreu nos Estados
te um sólido compromisso já histórico de na- Unidos, mas, mais ,do que isso, visava a atingir
tureza universitária. Desta forma poderá, no também profissionais das redes de atendimento
futuro próximo, mediante a contribuição de das Secretarias de Saúde, no caso, do Estado e
docentes/pesquisadores altamente capacita- do Município de São Paulo.

* O curso de Educação em Saúde teve início em 1925, no Instituto de Higiene, atual Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo. Nas Secretarias de Saúde do Estado e do Município de São Paulo existem cargos específicos
para educadores de saúde, tendo estes persistido através dos tempos, apesar das mudanças que ocorreram
gradativamente no sistema de saúde.
O estudo realizado nos Estados Unidos e que do especialista em educação em saúde em São
mobilizou grande parte da força de trabalho, Paulo, durante e apesar das profundas mudan-
acadêmica entre outras, levou à identificação ças que têm acompanhado o processo de des-
de sete responsabilidades inerentes à prática centralização e de unificação dos serviços de
educativa, tornando possível definir competên- saúde implícito na Reforma Sanitária e em ter-
cias, subcompetências e objetivos a elas ineren- mos da 8.a Conferência Nacional da Saúde no
tes. Do ponto de vista técnico, o que se procu- Brasil.
rou com o projeto de São Paulo foi verificar a O corpo docente na área da Educação em
pertinência daquelas responsabilidades, compe- Saúde reconheceu o valor de incluir as respon-
tências e subcompetências, nas redes de atendi- sabilidades, competências e subcompetências
mento do Estado e da Prefeitura de São Paulo. do especialista nas discussões que fundamen-
A pergunta fundamental que norteou este tam o Curso de Especialização em Saúde Públi-
trabalho foi pois a seguinte: existe convergência ca da FSP/USP, opção educação em saúde.
ou divergência, e em que grau, na atuação téc- Finalmente, a divulgação das responsabilida-
nica dos especialistas em educação em saúde des, competências e subcompetências incluídas
nos Estados Unidos e no Brasil? O estudo mos- no Documento referido 6 e posteriormente dis-
trou que, de fato, a estrutura descrita no Docu- cutidas no estudo realizado nas Secretarias de
mento acima referido ajustava-se perfeitamente Saúde do Estado e da Prefeitura de São Paulo
à realidade técnica da prática educativa nos aumentaram a visibilidade do especialista e fi-
programas de saúde pública no país. zeram com que os profissionais da saúde, em
nível local, pudessem compreender melhor a
CONSIDERAÇÕES FINAIS prática educativa.
Evidentemente não se esgota aqui a discussão
Não se propõe aqui discutir os resultados fi- sobre as peculiaridades operacionais dos educa-
nais do estudo realizado na FSP/USP, que será dores de saúde em São Paulo. Não obstante, é
oportunamente publicado, porém expor breve- justo reconhecer que representa, do ponto de
mente alguns dos benefícios alcançados nos úl- vista histórico, importante passo em direção
timos dois anos. ao futuro desta complexa prática da saúde pú-
Foi possível fazer um diagnóstico do papel blica.

RICE, M. & CANDEIAS, N.M.F. [Minimum standards for the practice of health education. A pioneer
project]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 23:347-53, 1989.

ABSTRACT: PAHO/WHO sought an institution which could be asked to prepare a definition — in


concrete, operational terms — of the basic responsibilities and areas of activity of the health professionals
in charge of the educational actions appropriate to the health system. The School of Public Health
(Health Education area) of the University of S. Paulo accepted this responsibitily for the study of the de-
finition of the health educator's role. This article sets out some of the positive results which have arisen,
as a result of that study, over the two last years.
KEYWORDS: Health education, standards.

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