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Fisicalidade
Os dilogos fsicos poderiam ser tambm chamados de dilogos
corporais. Chamo de "fsicos" porque h toda uma nfase na
fisicalidade das trocas, dos contatos e contgios estabelecidos entre
os participantes desses "dilogos". O termo ainda coloca-nos diante e dentro - daquilo que est emergindo no nosso espao de atuao,
envolvendo a qualidade de nossa ateno, nossos impulsos e
relacionamento com o outro, o espao e o tempo.
No caso da prtica-pensamento em tela, estamos no mbito do
chamado Teatro Fsico. E que pode ser visto nas perspectivas de um
teatro performativo ou ps-dramtico. Os dilogos fsicos colocam
toda sua carga naquilo que Lcia Romano, na obra dedicada ao Teatro
Fsico, chama de corpo manifesto e materialidade cnica. Trata-se
tambm de um teatro de fluxos pulsionais, para utilizar um termo de
Patrice Pavis. E que se inspira na ideia de uma "arte de no
interpretar como poesia corprea do ator", conforme desenvolvido
por Renato Ferracini, no livro homnimo.
No se trata de uma oposio entre teatro do corpo e teatro de texto.
Mas, sim, qual a concepo de texto que se tem em mos e, ainda,
como se trabalha com esse texto. Sim, pois como mostrou Marco de
Marinis, cabe distinguir dois tipos de prticas: entre teatro de texto
(que procuraria interpretar um texto prvio, ou que o construiria, mas
cuja encenao se deduziria do mesmo) e teatro com textos (que
podem ser escritos para teatro ou no, como contos, poesia, imagens,
pesquisa antropolgica, memrias pessoais etc.) e cuja referncia o
teatro ps-dramtico.
Alm disso, este um plano de criao e pesquisa que desconsidera
as fronteiras entre teatro e dana. Elas podem se desmanchar ou
apenas flutuar. No campo da dana contempornea, por exemplo, cito
o trabalho de Daniel Lepkoff (physical dialogues) cujas contribuies
so muito fecundas para esse tipo de pesquisa. E o que ele diz
poderia servir de guia para essa fisicalidade emergente: "We observe,
we feel, and we act. We create our own images and construct our own
understandings."
No entanto, o exerccio em tela inspira-se principalmente no Teatro
Fsico. Uma entrada que se d mediante improvisao e composio,
estrutura (de aes) e variao (incorporao de rudos, acasos,