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de modo distribuído
AUGUSTO DE FRANCO
Por outro lado, enquanto a CI-CI 2010 está sendo organizada de modo
predominantemente centralizado, com um comitê organizador - do qual
faço parte, como articulador do Comitê Científico - instalado há quase um
ano e um engajamento institucional forte agora na reta final da sua
promoção, financiamento, apoio infra-estrutural e logístico e divulgação, a
CIRS - partindo das condições iniciais previamente reunidas que mencionei
acima - não tem nada disso.
A CIRS não tem um cartaz, um folheto, um site oficial, nem mesmo uma
marca (logo). E não tem verba para fazer qualquer coisa, sequer um crachá
e uma pasta para entregar ao participante. Quer dizer, não tinha nada
disso. Agora já tem algumas coisas que foram ofertadas ou reunidas, de
modo colaborativo, pelas pessoas que se engajaram voluntariamente na sua
promoção.
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pessoa - respeitadas as condições iniciais - pode se apropriar da CIRS e
promovê-la como se fosse sua: pode inventar uma logo, publicar um folheto
ou um cartaz, fazer um banner e pendurá-lo onde bem entender, captar
patrocínio para divulgação ou prestação de outros serviços etc. Qualquer
empresa ou organização pode associar sua marca à CIRS, divulgando-a nas
peças de comunicação que veicular. E nada disso precisa ser combinado
como ninguém, nem mesmo relatado para algum centro logístico ou
coordenador.
É claro que tudo isso está sendo muito facilitado pelo fato de a CIRS ocorrer
na constelação da CI-CI 2010, que já se preocupou com algumas dessas
coisas que dizem respeito à logística e à infra-estrutura. Mas não com
todas. E haverá uma parcela ponderável de pessoas que participará da CIRS
mas não estará inscrita na CI-CI 2010. Pessoas que vão retribuir com a sua
importantíssima presença e não com a taxa de inscrição. E pessoas que vão
se auto-organizar.
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Mas será que, em uma sociedade em rede, tudo não
deveria ser assim mesmo?
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Alguns fazem isso conscientemente, em troca do emprego ou da
contratação. Argumentam que se não obedecerem e fizerem a vontade dos
chefes, perderão a remuneração sem a qual não terão como viver. Mas dá
no mesmo. Se, para sobreviver, uma pessoa precisa castrar suas
potencialidades, então tal sobrevivência não poderá ser digna. Um trabalho
que deixe de promover o desenvolvimento humano de quem trabalha não
pode ser digno.
Cada um que percebe esse problema que proponha o que achar melhor
para resolver o problema. Não há uma solução. Quando houver uma
solução ela será o resultado de uma confluência de miríades de inputs.
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Se não é possível mudar de uma vez a prática das organizações
hierárquicas, então deverá haver uma transição. Uma transição da
organização hierárquica para a organização em rede.
Temos que fazer o contrário do que diz aquele velho adágio sindical
autoritário: "Manda quem banca". Agora o lema deve ser “Não-manda
quem banca: todos se coordenam para alcançar um objetivo
compartilhado”.
Todos esses, aos quais me referi acima, devem, se quiserem, expressar por
quaisquer meios suas opiniões sobre os temas que estarão em discussão no
evento e não apenas servir de escada para a divulgação das opiniões de
alguns, como as daqueles que pagam seus salários ou suas remunerações.
Tais opiniões devem ser veiculadas nos meios de comunicação utilizados
para convocar, preparar ou realizar o evento.