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Ensaios_— SERIE MINIATURA_— _N. 48 A. D. SERTILLANGES, O. P. 0 WTO MODERKO DA ClENCI Q AGUIAR & SOUZA LIDA. LAVRARIA CPeaptaso- EDITORA “A ciéncia sé é o que deve ser nas naturezas fortes. Em raras mdos ela é um cetro; nas outras ndo passa dum cetro de bébo”. O PERIGO DO PENSAMENTO Téda a gente conhece o triste fim da Grécia. Esse pais tinha descoberto as maravi- Thas da inteligéncia humana e tinha-se eleva- do a um grau de pureza e plenitude que cons- titui, a nossos olhos, um verdadeiro milagre. Uma vez vencida pela Macedénia, e depois por Roma, a Grécia deixou-se em seguida arrastar para uma lenta e humilhante decadéncia. Nu- merosas sdo as causas desta grande queda, mas n&o se pode negar que a intelectualidade em excesso, que caracterizava o temperamen- to grego, com as suas conseqiiéncias, a verti- 6 A. D. SERTILLANGES, O, P. gem da discusséo, 0 formalismo e a desagre- gagdo moral e social foram a razio mais pro- funda dessa queda, Na Europa moderna, onde a heranca da Grécia se espathou mais ou menos por todos os povos, ha um cujas afinidades com ela so notavelmente acentuadas. Ha um pais que ama a inteligéncia, sutil e harmoniosa, se- nhora da beleza e da vida, e cujos sucessos raais felizes, em todos os campos, tém muitos pontos de contacto com os da Hélada antiga EF’ um pais que, durante dois séculos e meio, tem feito da razao o valor supremo, e Jne tem prestado, sob o nomie de Filosofia, e depois sob o nome de Ciéncia, um verdadeiro culto, che- gando a coloca-la sébre os altares das suas igrejas, e que quis, sistematicamente. confer- mar com ela sua politica e a sua educacao. Sake-se que éste pais, a Franca, se vé hoje a bragos com uma derrubada que lhe causa pas- mo, e cuja profundidade ainda nao mediu bem. Ha quern negue 0 perigo dessa derrocada, apoiando-se na vitalidade da cultura que ain- da la floresce. Mas os espiritos lucidos nao se deixar iludir até ésse ponto. Sabe perfeita- O MITO MODERNO DA Cl&NciA 7 mente que, quando a Grécia foi vencida por Filipe da Macedonia, tinha Aristoteles e De- méstenes, e que um artista desconhecido es- culpia nessa ocasiao a Vénus de Milo. Sabem também que, quando Roma triunfou, a Gré- cia possuia ainda Arquimedes e Polibio e que, ainda depois, possuiu alguns dos seus grary des homens e vroduziu muitas das suas obras primas. Poderia ser essa também a sorte da Franca e haveria muitos que se contentariam cout isso, Mas a alma dum povo é o seu moral e a cultura é apenas um fruto désse mesmo mo- ral. E o espetaculo do moral atual da Franca confrange 0 coracéo daqueles que conhecem a grandeza secular déste pais e que ainda o amam. O aniquilamento da vontade, a impre- vidéncia, o desleixo, o aviltamento dos costu- mes e dos caracteres, a vaidade e o prazer, tanto no povo como nas classes superiores, sao sintomas da mesma gravidade. As rausas morais nao se encontram submetidas 4s mes- mas alternativas que os supostos acasos da guerra. Estes acabam por se voltar no sentido 8 A. D. SERTILLANGES, O. P. das férgas que os utilizam, e uns perdem mesmo as vitérias, ao passo que outros ga- nham as derrotas. Somos, portanto, levados a procurar sa- ber se n&o havera uma verdadeira relagaéo de causa para efeito entre éste intelectualismo e esta derrocada, relagaéo essa que seja valida para todos os tempos e para todos os povos. Dar-se-& 0 caso de que, por um encadeamento progressivo e fatal, o culto da inteligéncia pura traz consigo a abstracao critica, a divi- sao, o formalismo e o desinterésse do egoismo, para vir a terminar numa desmoralizacao, que nao é apenas escandalo requintado, como pretende André Gide ou um nada poéetico, como quer Paul Valéry, mas sim — é necessa- rio dizé-lo — a mais baixa e abjecta vulgari- dade, um desmoronamento e uma escravidaio? Por outras palavras: o exercicio do espirito, desde que seja elevado ao maximo ,contera em si um germen de morte, funesto para todo aquéle que com éle se embriaga? Rousseau, Nietzsche, e até alguns psicdlogos “cientifi- cos”, assim o sustentaram. E’ preciso estudar a fundo esta questao, da qual depende o fu- O MITO MODERNO DA CIENCIA 9 turo da Franca. Ha, na verdade, um declive falal por onde o espirito arrasta os sé€res vi- vos, individuos e sociedades, de tal forma que lhes seja impossivel sairem désse al1smo? Podemos, a tal respeito, citar uma decla- racao extremamente curiosa do mais fervoroso apéstolo da Religiao da Ciéncia. Ernest Re- nan, que em 1848 escrevia o seguinte: “A Franca representa eminentemente o periodo analitico, revolucionario, profano e irreligioso da humanidade. Pode ser que um dia éste pais, tendo cumprido a sua missao, venha a tornar-se um obstaculo ao progresso da mes- ma humanidade e desapareca, porque as mis- sdes sAo inteiramente distintas. Aquéle que faz a analise, faz a sintese. A cada um esta reservado o seu papel: tal é a licao da Histé- ria” (1). O pais destinado a realizar a sintese — Renan no-lo diz no mesmo capitulo — éa Alemanha. Seriam proféticas estas palavras? Confrontemos com isto o que se diz nou- tra pagina, aparecida em novembro de 1940, no primeiro numero da Nowvelle Revue Frun- (1) L’Avenir de la Science, pag. 318. 10 A. D. SERTILLANGES, O. P. ¢aise, publicado depois da ccupagao. O prin- cipal animador da literatura “moderna”, An- dré Gide, consciente da obra dissolvente a que éle mesmo presidira, longe de renegar essa obra e persistindo na sua atitude, ao mesmo tempo clarividente, logica e cinica (trés ca- racteristicas muito helénicas), declara: ‘“Acu- Sa-se hoje a nossa literatura... Acusam-na de ter trabalhado para nos enfraquecer as ener- gias. N&éo seria mais prudente reconhecer que toda a literatura avaneada, seja ela qual for, tende a esgotar aquilo que a produziu? A flor da civilizagao desenvolve-se e murcha a custa da planta que a essa civilizagao se da, se aban- dona e se sacrifica. Se fésse mais florescente, a Alemanha teria sido menos forte”. A FILOSOFIA DO “AVANCADO” Por tras da fatalidade admitida por esta maneira de pensar de Renan e de Gide, desco- bre-se uma filosofia implicita, admitida a priori, que € preciso elucidar. No ultimo texto citado ha uma palavra que convém frisar e que pode dar origem a longas meditacdes: © MITO MODERNO DA CIENCLA il avancado., Trata-se de uma palavra poderosa- mente equivoca, com aquela ambigiiidade que caracteriza e realca téda a obra de Gide. Avaneado quer dizer desenvolvido, emaranha- do, ja talvez com uns laivos de decomposigao. Esta palavra supde também o privilégio da qualidade o que é ja uma bela burla. Homero, Mcliére, Mozart e muitos outros sao avanca- dos? Mas as referéncias de tal artista nao re- montam além do século XIX! No fundo, tra- ta-se duma tese filosdfica. Avangar é ultra- passar, estar para além no espaco e no tempo e nessa espécie de corrida em que imagina- mos os homens lancados, aquéle que esta a frente passa por superior e melhor. Para um moderno torna-se isso uma coisa evidente, sem aque seja necessidade de a discutir. E a tal respeito, esta nocéio de avancado é verda- deiramente simplista (2). (2) Pensamos primeiramente empregar aqui a palavra primaria, para designar aquela submissao a idéias e conhecimentos que cegam os espiritos que ainda nado se desenvolveram suficientemente. Mas esta palavra designa também um dos trés graus do nosso ensino. E, se é verdade que muitas vézes, no periodo moderno, o ensino primario enfermou désse mal, tal fato esta longe de ser geral. Existem 12 A. D, SERTILLANGES, O. P. Um autor que Gide diz apreciar, Charles Péguy, precisava essa nogaéo, em térmos vigo- rosos, ha mais de trinta anos: “As teorias modernas, pelo contrario, julgam-se sutis e dizem-se avangadas. Esta é a grande palavra de tédas as demagogias politicas e cientificas (Situations, pag. 15). Depois alinharam tam- bém as demagogias literarias e artisticas. M. Valéry foi quem nos veio dizer: “Sob pena de nulidade, de desprézo e de aborrecimentos, yvemo-nos obrigados a ser sempre avancgados nas artes, nos costumes, na politica e nas idéias”. (E’ o proprio Valéry quem sublinha a palavra avancados). muitos professéres primarios que, devido ao seu contacto com a vida e com as realidades terrenas e humanas, adquiriram uma sensatez e uma ver- dadeira sutileza de espirito. Estas qualidades, pelo contrario, faltam a muitos representantes do en- sino secundario e superior, assim como a muitos burgueses e intelectuais, que séo verdadeiros “pri- marios” despidos de complexidade, Sabe-se, por outro lado, que Pierre Lasserre, notavel pensador, tinha combatido vivamente, numa das suas ulti- mas obras, aquilo que éle chamava “os primarios de direito”, procurando desenvolver esta nocdo. Como, porém, a sua tentativa foi um pouco posta de lado, achamos preferivel abstermo-nos de tal térmos, que é inadequado e pode dar lugar a con- fuses. O MITO MODERNO DA CIENCIA 13 Este contacto estabelecido entre aquilo que é equivoco e o simplismo nao é, alias, mero acidente; é, pelo contrario, a nota fun- damental de toda uma filosofia intelectua- lista. Os literatos como Gide importam-se pou- co com o aspecto técnicamente filosdfico; mas nem por isso deixam de existir, em cada épo- ca, certas circunstancias resultantes duma atmosfera intelectual que determina ao mes- mo tempo o pensamento, a arte, a moral e a maneira de agir dos homens. Assim sucedeu na Grécia antiga, pelo que diz respeito aos so- fismas e a Euripedes. Quanto as civilisacées antigas ou muito afastadas, procura-se ainda esclarecer esta tendéncia geral e imanente. Para os paises mais proximos de nos, a tarefa torna-se mais dificil por causa da complexida- de da civilizagéo de que muito poucos podem abranger no seu conjunto, bem como por mo- tivo do aspecto caracteristicamente especiali- zado que tomou o pensamento puro da filoso- fia ocidental, ficando assim separados da vida. No entanto, a palavra avancado coloca-nos em frente de um estado de alma completo e 14 A. D, SERTILLANGES, O. P. organizado e num sistema de idéias regido sor leis préprias. Essa palavra encerra uma filosofia, num sentido muito mais extenso do que © que Ihe dao os especialistas, e que nos parece ser necessario restituir a ésse magni- fico térmo antigo, tio cheio outrora de forte humanidade. Esta atmosfera intelectual, que dominou a cultura francesa moderna, aparece caracte- rizada pela supremacia da ciéncia, mas enca- vada sob a forma mais geral de espirito critico que Ihe deu a sua origem, e que a envolve e justifica. E’, portanto, entre os pensadores nao especificamente cientificos que Ihe deve- mos ir procurar 0 modélo e o ideal. Podemos -~ assim o cremos —- marcar-lhes os limites, com suficiente exatidéo, entre duas obras ca- pitais, pouco conhecidas do grande publico, mas que representam os eixos maiores do es- pirito moderno. DOIS EVANGELHOS DA CIENCIA L’ Avenir de la Science de Renan é, a nosso ver, o livro em que, pela primeira vez, aparece, © MITO MODERNO DA CIENCIA 15 discretamente e a intervalos, mas sugerindo uma visio do mundo, a palavra “avangado” (3). Ali se encontra, segundo as préprias pa- lavras de Renan, a doutrina dos “verdadeiros avancados, aquéles que est&o penetrados da santidade da humanidade”. Notemos que em- bora o titulo seja muito popular, a obra em si ~- um grosso volume de 441 paginas in 8.°, escrito em 1848 e sé publicado em 1890 — es- capa a todos os géneros, é pouco literaria e nao tem sido muito lida. No entanto, marca o momento preciso em que o século XIX to- mou nitidamente consciéncia da sua vocagao. (Todos os séculos tem andado muito atrasa- dos no calendario). Essa obra contém a intui- c&o profunda, e por vézes genial, de todos os problemas essenciais que nos preocupam, de mistura com os miaiores erros, 0 que é j4 em si muito caracteristico do espirito moderno. Pode-se dizer que Renan, dai por diante, nao voltou a encontrar a plenitude e a fér¢a filo- sofica désse primeiro jato do seu pensamente (3) Littré ignora o sentido da palavra avangado. 16 A. D. SERTILLANGES, O. P. (4). Uma das suas mais espantosas intuicdes é a seguinte: “Escusamos de ter saudades da sintese; a andlise 6 alguma coisa de mais avancado e corresponde a um estado mais ci- entifico do espirito humano (5). Esta fixacao da inteligéncia sébre a andlise, que se encarna na ciéncia, é precisamente a conclusao de téda a obra do mais “avancado” dos fildsofos contemporaneos, Léon Brunschvicg. Este au- tor, no térmo do seu livro capital, Le Progrés de la Conscience dans la Philosophie Occiden- tale, define a verdadeira filosofia como “a participacao na reducaéo da multiplicidade a unidade, segundo o processo da analise conti- nua”, e vé na “sensibilidade para a verdade, desenvolvida pelo progresso da ciéncia”, “o (4) Notemos que o prefacio de 1890 mantém as idéias essenciais do livro. “A minha religiéo é sempre o progresso da razdo, isto é, da ciéncia” (pég. VID. O tom politico, muito diferente, de La Reforme Intelectuelle et Morale nao pode dar ilusado sébre o pensamento de Renan. A aristocracia, preconi- zada por éle neste ensaio, deve ser formada pela doutrina de L’Avenir de la Science, que foi sem- pre a de Renan. G) Pag. 209. Tédas as nossas citacdes de Renan, salvo indicacéo contraria, ndo tiradas de L’Avenir de la Science. O MITO MODERNO DA CIENCIA 17 resultado mais precioso e mais raro da civili- zacaéo ocidental” (pags. 797, 788). Este livro pode ser considerado como a obra em que a filosofia critica francesa encontra o expoente maximo da sua expressao. Inclui no raciona- lismo os elementos que lhe eram assimila- veis do “bergsonismo” e representa, na ver- dade, segundo a confisséo geral dos fildésofos, a tese atual mais completa do intelectualismo puro, Esta obra, aparecida em 1927, parece marcar o ponto culminante, no século XX, do movimento que estamos a estudar. E’ cer- to que teve apenas uma restrita influéncia sé- bre o publico, devido ao seu aspecto técnico de dificil compreensdo e, por isso, sd accessivel aqueles que eram filésofos de profisséo. No entanto, é ali que temos de ir buscar os deva- neios mais curiosos e triunfantes, assim como as mais embriagadoras e fantasticas sinfonias dum espirito puro que, impetuoso, procura re- construir a humanidade. Dos dois livros que acabamos de citar, 0 primeiro, isto é, L’Avenir de la Science, obra dum espirito infinitamente mais culto e mais humano do que o segundo, apresenta a gé- 16 A. D. SERTILLANGES. ©. 1 nese, a stimula cintilante, confusa e¢ ambigua de tédas as tendéncias modernas, 20 passo que o segundo, obra dum fildsofo na verda- deira acepcdo da palavra, é a extrema conclu- sao do primeiro, acabando num fio de tal te- nuidaae e duma acuidade de tal maneira nua que 0 nosso espirito é levado a lancar-se num vacuo aterrador. Apesar de todas as suas diferencas, um traco comum nos dois autores autoriza-nos a reuni-los. Ha, no mais intimo das suas refle. x0es, um altar perante o qual se prostram o fildlogo e o filosofo. E’ o altar da Ciéncia, Esse fato da-nos a conhecer que 0 culto da ciéncia nao é, nem essencial nem inicialmen- te derivado da propria ciéncia. Houve, sem duvida, sAbios ilustres que praticaram o refe- rido culto, como aconteceu com Berthelot, vainlevé, Langevin e outros, mas a sua CO?h tribuicaéo capital para a difusio entre o pu- blico, é, no seu impulso inicial, bastante me- diocre. Este culto é, primitivamente, obra de filésofos, porque é ja de per si uma filosofia © MITO MODERNO DA CIENCIA 19 © DOGMATISMO CRiTICO Apenas ésse fato explica a férca e a pro- fundeza déste movimento, as dedicacées que ele encontrou ro génio francés, a influéncia que teve sobre a nossa civilizacao e também o seu persistente desenvolvimento. De fato, se o quisermos ligar ao cientismo, palavra que nao foi empregada senao pelos seus adversa- yios, isto é, a uma concep¢ao limitada exclu- sivamente & ciéncia, naéo teremos meio de ex- plicar a sua esséncia nem a sua duracgéo. Ora, se pretendermos combaté-lo, teremos primei- ramente de o compreender. Foi por causa da falta desta visdo larga do problema qu2 ‘édas as condenacées que cairam stbre o cientismo, a partir de Brunetiére, nZo sé nfo produzi- ram o efeito desejado, mas também nfo im- pediram que éle se continuasse a desenvol- ver e 9 agrayar, Facilmente se verifies qe as principais representantes déste movimento foram os primeiros a formular, cada um por sua vez, declaragées tendentes a prever o seu “espivito largo”. Renan declara: “O nosso ra- cionalismo nao é esse morgi2... ineapaz de 20 A. D. SERTILLANGES, O. P. compreender as coisas do coracao e da ima- ginacdo que o século XVIII inaugurou... nao € a filosofia positivista de Augusto Comte” (pag. 656). De igual forma, a obra inteira de Brunschvicg é, acima de tudo, uma critica das concepedes dogmaticas e formalistas do sé- culo XIX. Berthelot referiu-se a “essas afirmacdes absolutas a que a ciéncia moderna deixara de aspirar” (6); Painlevé exclamou: Ah! meus senhores eu protesto contra a confusdo entre ciéncia e positivismo” (7), e Langevin conde- nou também o mecanismo. Desta maneira nunca teria havido verdadeiro cientismo! No entanto, existe, senado uma doutrina, pelo menos uma atitude critica especifica, pelo que diz respeito 4 realidade e & vida, que inelui o culto da ciéncia. Renan definiu-a perfeitamente quando proclamou: “Nds so- mos dogmaticos criticos” (pag. 445). Nesta expresso, “critico” marca o exercicio da ra- zao tal como cla se manifesta em particular (6) Science et Morale, pag. 14. (7) Paroles et Kerits, pag. 25. © MITO MODERNO DA CIENCIA 21 para a ciéncia. Quanto a “dogmatico”, a pala- vra € hoje, sem duvida, mal vista; o proprio Renan, no seu prefacio de 1890, julga o livro da sua mocidade demasiadamente ‘“dogmati- co”. Mas, no fundo, ésse térmo que Renan opée a “céptico” significa apenas: afirmacdo forte dum valor, iste é, em resumo, teoria, fi- iosofia. Supremacia da razao analitica como fonte da ciéncia eis ao que conduz, em defi- nitivo, esta filosofia. E, apesar de toda a suti- leza das idéias de Brunschvicg, o seu resul- tado final nao é diferente quando nos acon- selha a “irmos da analise cientifica para a sintese filosdfica’”’ (8), ou a realizarmos ‘“o regresso & filosofia propriamente cientifica” (9), ou ainda quando localiza o seu ideal nas “comunicacoes mais claras e mais sutis das relagdes puramente intelectuais” (10). O ESPACO VITAL DA CIENCIA Partindo déste ponto de vista fundamen- tal, podemos compreender as equivaléncias (8) Le Progrés dela Conseience, pag. 641. (9) L'Orientation actuelle des Sciences, pag. 6. (10) De la connaissance de svi, pag. 144. 22 A. D. SERTILLANGES, O. P. extremamente interessantes que Renan esta- belece, sem qualquer método aparente, pelas paginas macigas de l’Avenir de la Science. Logo de entrada, segundo o seu modo de ver, a ciéncia e a filosofia estao confundidas: “dou o nome de ciéncia aquilo a que vulgarmente se filosofia” (pag. 91). “A filosofia nao é uma ciéncia a parte: é um lado de tédas as ci- éneias” (pag. 154), Em seguida, a ciéncia identifica-se com o conhecimento: “A ciéncia © u unica maneira legitima de conhecer” (pég. 91). “A ciéncia, isto é, o exercicio regu- lar do espirito humanc...” (pag. 92). Além Gisso, ela 6 ainda a razao:

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