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Relatório Técnico

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa”


Araçuaí - MG
Janeiro / Fevereiro / Março
2004

1- Introdução:

A partir da avaliação anual do SIMAVE (Sistema Mineiro de Avaliação da Educação) e do CAED


(Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação) em 2003, mostrando o nível da alfabetização
nas escolas públicas como crítica e insuficiente, por causa dos baixos resultados alcançados pelas
crianças e adolescentes de Araçuaí que freqüentam as escolas municipais é que resolvemos – em
caráter de urgência, urgentíssima - implantar, em toda rede educacional, o projeto “U.T.I.
Educacional”.

Acreditamos que só após uma intervenção positiva no cerne do sistema educacional vigente, isto é, nas
práticas educativas diárias praticadas nas salas de aula da rede pública de educação, poderemos
construir os caminhos para, a curto e médio prazos, sair da situação de “UTI” e construir a travessia
para se chegar à Araçuaí: “Cidade Educativa”, objetivo final deste projeto.

Como os lados de uma mesma moeda, teremos a fase UTI Educacional, atuando na urgência do
atendimento educacional para evitar a “morte-cívica” ou “morte-cidadã” crianças e jovens causadas
pelo analfabetismo e a fase Cidade Educativa, construindo caminhos, alternativas e processos sólidos
de aprendizagem para todos meninos e jovens do município.
Para compor este desenho estratégico e orientar nosso processo de intervenção, construímos uma rede
de processos e intervenções pedagógicas, articulada e integrada que nos garantirá o

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alcance dos objetivos deste projeto: transformar Araçuaí de UTI Educacional em Cidade Educativa.

Este conjunto de ações estratégicas é fruto da experiência acumulada pelo CPCD em seus 20 anos de
atuação sistemática nos campos da educação popular e do desenvolvimento comunitário:

♦ 1 - Utilização de Tecnologias Comunitárias de Aprendizagem;


♦ 2 - Formação de Agentes Comunitários de Educação;
♦ 3 - Disseminação do Bornal de Livros;
♦ 4 - Formação de Mães-Cuidadoras;
♦ 5 - Disseminação do Bornal de Jogos;
♦ 6 - Formação de Educadores Sociais;
♦ 7 - Implementação do Empório Solidário;
♦ 8 - Construção Banco de Alimentos de Araçuaí S/A – Solidariedade e Autonomia;
♦ 9 - Implantação do Banco da Solidariedade;
♦ 10- Adequação da Infra-estrutura básica;
♦ 11- Implementação da Residência Social Universitária;
♦ 12 -Expansão do Banco do Livro de Araçuaí S/A – Solidariedade e Autonomia;
♦ 13 -Implantação do Cinema dos Meninos de Araçuaí;
♦ 14 -Construção de Escolas Municipais Estratégicas.

Deste conjunto de ações educacionais e programáticas as dez (10) primeiras constituem o desenho
inicial e estão sendo desenvolvidas simultaneamente. As quatro (4) últimas foram incluídas para
compor o tecido educacional sobre o qual as diversas comunidades de aprendizagem vão construir
suas práticas, tanto as da UTI quanto as da Cidade Educativa.

Neste relatório estamos relatando e analisando as ações educacionais e programáticas (1 a 10)


desenvolvidas de janeiro à março de 2004.
Para realizar esta estratégia, o município foi dividido em nove (9) micro-regiões educacionais ou
núcleos, obedecendo a organização geo-político-cultural já existente em torno das escolas nucleadas e
comunidades afins.

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Este relatório apresenta como este processo de implantação do Projeto está se dando em torno dos
núcleos. Em cada uma dessas unidades comunitárias de aprendizagem está surgindo uma série
diversificada de pontos luminosos com a missão de alfabetizar crianças, incluir os jovens e produzir
cidadania para todos. A somatória destes pontos luminosos, com certeza, será a disponibilização de
um feixe de luz e de sinergia educacional e transformadora gerada nas comunidades, a partir de
recursos internos e externos agregados, visando educar bem e dignamente todos os meninos e
meninas de Araçuaí.

2 - Construção dos Planos de Trabalho e Avaliação - PTAs

Os PTAs fazem parte das tecnologias de planejamento construídas pelo CPCD para garantir o alcance
dos objetivos propostos e o controle e monitoramento dos instrumentos de avaliação qualitativa de
seus projetos.
Durante o mês de fevereiro nos concentramos na construção dos PTAs de cada uma das dez (10)
ações estratégicas propostas pelo projeto, envolvendo os diversos atores e protagonistas na definição e
apropriação dos objetivos, objetos e suas dimensões, na formulação de perguntas orientadoras e
construção de um rol de atividades, técnicas e dinâmicas de trabalho pertinentes e nos indicadores de
impactos, processos e produtos qualitativos e quantitativos destas ações.

Neste processo foram mobilizadas e envolvidas a equipe técnica do CPCD e da Secretaria Municipal
de Educação, além dos membros dos Conselhos de Direitos e Tutelar da Criança e Adolescente, do
Conselho de Desenvolvimento Social e do Conselho de Desenvolvimento Sustentado de Araçuaí, no
sentido de promover os alinhamentos conceituais e operacionais necessários através do diálogo,
amadurecimento e aprendizado coletivo sobre o projeto, suas implicações e impactos na alfabetização
das crianças e jovens e na educação integral para todos.
A cada ação estratégica disseminamos mais os ideais do projeto, aprofundamos melhor os assuntos
específicos, analisamos as dúvidas que eram e ainda são muitas, mas que estão começando a dar
lugar as possíveis soluções, a um novo olhar sobre a realidade, às sugestões concretas, tecendo uma
estrutura que faça de cada comunidade, verdadeiramente, uma comunidade de aprendizagem.

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À medida que estas ações vão se tornando mais claras para os educadores, pais e alunos das escolas,
mais introjetadas e metabolizadas na comunidade e nos diversos segmentos sociais de Araçuaí, mais
reforçam os ideais que norteiam o Projeto Araçuaí: de UTI Educacional à Cidade Educativa. Isto pode
ser observado pela quantidade de enriquecimentos que o projeto inicial vem tendo, ampliando o leque
de potencialidades e possibilidades substantivas para o alcance dos objetivos propostos. O resultado
disso foi a incorporação de quatro (4) novas ações estratégicas às dez (10) previstas inicialmente e do
surgimento de uma série de tecnologias educacionais de mobilização e participação comunitárias.

Sabemos onde e como queremos ir e o que alcançar e assim como “o caminho se faz ao caminhar”,
novos caminhos estão surgindo de acordo com os impactos e desdobramentos das ações
implementadas. Alguns caminhos ainda nem existem e precisam de ser abertos, outros foram
ampliados, mas todos já alimentam a nossa pauta de utopias (“do não feito ainda”) em prol da
alfabetização com qualidade, educação integral e cidadania plena para todos os meninos e meninas
de Araçuaí, por isso foram incorporados ao desenho inicial do projeto.

3 - Comunidades de Aprendizagem

“É necessário toda a aldeia para educar uma criança”. Esta foi a maior lição que aprendemos com os
velhos educadores da longínqua Namalima, região da Nampula, em Moçambique

O principal fundamento deste projeto é mobilizar todos os segmentos sociais da comunidade para
assumir para si o compromisso com a melhor educação para cada uma de suas crianças e jovens.
Por isso concentramos nesta primeira fase do projeto nossos esforços nesta convocação e mobilização
de todos os segmentos sociais e pessoas (mães, pais e jovens) para contribuirem substantivamente
para a alfabetização das crianças dentro e fora das escolas, garantindo-lhes o aprendizado da leitura,
o domínio da escrita e das 04 operações básicas, como condição “sine qua non” para uma vida
cidadã .

Durante o mês de fevereiro/2004, investimos nos cinco (5) maiores núcleos: Malhada Preta, Córrego
da Velha, Olinto Ramalho, Bois e Gema, onde estão as escolas municipais nucleadas São Vicente,

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Joaquim Viana Gonçalves, Olinto Ramalho, Felícia Esteves Borges e Irmã Maria Gema,
respectivamente.

Tivemos a participação de 345 pessoas destas comunidades, sendo que muitos eram representantes
das associações e das instituições comunitárias, que já desenvolvem algum trabalho na região.

Conversamos sobre nossa proposta de trabalho, o que é o projeto, o porquê da sua existência, como
poderia ser a participação da comunidade e detalhamos as todas as ações estratégicas a serem
desenvolvidas, principalmente aquelas que vão requerer maior envolvimento e compromisso das
pessoas da comunidade, a formação dos Agentes Comunitários de Educação e das Mães-Cuidadoras,
que realizarão atividades dentro e fora da escola.

Para ter certeza que a comunidade já tinha conhecimento da proposta e iria apoiá-la, colocamos
como primeiro desafio, nunca mais fechar as escolas rurais ou parar as atividades na(s) semana(s) em
que os professores estivessem na cidade participando de alguma formação ou capacitação.

O resultado foi a formatação de uma proposta de co-responsabilidade, denominada de “semana na


escola”, envolvendo as pessoas da comunidade e os técnicos do CPCD e da SME, no sentido assumir a
escola nesses períodos, com atividades pedagógicas diferenciadas, fazendo uso do repertório sócio-
cultural de conhecimentos, habilidades e atitudes disponíveis na região/comunidade, transformando-as
assim em estratégias de geração e promoção da aprendizagem.

Num primeiro momento, alguns pais não acreditavam que eram capazes de fazer isso, ficaram tímidos
e receosos, porque seria a primeira vez que entrariam na escola de seus filhos como professores, mas
pouco-a-pouco concordaram e acabaram entusiasmados com a idéia.

A timidez e o medo foram dando espaço para opiniões, sugestões e alternativas para o funcionamento
pleno da escola. Os pais começaram a se interessar pela proposta do trabalho, demonstrado pela
preocupação com a situação dos filhos que encontram dificuldades na aprendizagem; questionaram,
esclareceram dúvidas e contaram “causos” de suas épocas, falaram do pouco tempo de estudo que
tiveram e das dificuldades que enfrentavam para estudar.

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E assim começa, mineiramente, o processo de apropriação das escolas pelas comunidades, comendo
pelas beiradas para não queimar a língua, compartilhando o nosso objetivo e fazendo-o seu, firmando
parceria e compromisso para podermos fazer do período de UTI, um tempo curto mas necessário, vital
para a saúde educativa de todos os meninos e meninas de Araçuaí.

O segundo encontro nessas comunidades foi com as pessoas voluntárias que iam fazer o trabalho nas
escolas. Montamos o cronograma das atividades que oficina ou curso iriam coordenar e os dias que
estariam na escola. As atividades sugeridas foram as mais variadas como jogos e brincadeiras,
contação de história, música, tecelagem, roda de batuque, remédios caseiros, visitas orientadas,
discussões abertas, etc.

Todas as atividades tiveram como foco o aprimoramento da leitura e da escrita, o domínio das quatro
operações básicas da matemática e as ações de domínio da comunidade, compondo as possibilidades
de aprendizagem.

As aprendizagens foram surgindo ao ritmo de cada núcleo e comunidade, de forma orientada mas
não predeterminada, quase espontânea e em perfeita harmonia entre os interesses das crianças e
alunos e os desejos e sonhos dos pais e técnicos envolvidos.
A participação dos pais foi aumentando a cada dia, progressivamente, em alguns períodos contamos
com a presença de mais 20 pais envolvidos nas atividades escolares.

Se de um lado a participação comunitária mostrou-se um extraordinário recursos pedagógico e um


campo fértil para expansão de todas as ações do projeto, pudemos também comprovar a situação
verdadeiramente caótica do sistema escolar: crianças na 5ª série que quase não conseguem ler o que
escrevem e jovens da 8ª série ainda semi analfabetos.
Os relatos a seguir apresentam, em linhas gerais, o que aconteceu em cada núcleo, sem detalhamento
rígido da ação estratégica desenvolvida, uma vez que elas se misturavam neste processo intencional de
provocação de “confusão pedagógica”, porque queríamos mostrar que educação é algo plural e que
acontece todas as vezes que duas ou mais pessoas estabelecem relações de aprendizagem para e
entre elas, não importando se professor formado ou pai analfabeto.

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4.0 - Tecnologias Comunitárias de Aprendizagem

Neste capítulo descrevemos como se deram as múltiplas e diversas formas de convívio, experimentos e
interações entre escolas-e-comunidades. Para isso, foram utilizadas tantas estratégias quantas
necessárias para quebrar a dicotomia escola-comunidade, de espaços isolados em espaços
fundamentais para propiciar aprendizagens e oportunidades de formação integral das crianças e
jovens de Araçuaí.

No total foram realizadas 18 tecnologias comunitárias de aprendizagem, criadas e adaptadas pela


equipe e que estão presentes e diluídas nos processos vivenciados em cada um dos núcleos
comunitários e escolares, alvo de nosso trabalho.

4.0.1 - Núcleo Olinto Ramalho

A Escola Municipal Olinto Ramalho, abrange 08 comunidades rurais e está localizada a 25 km da


séde, sendo o núcleo mais próximo da cidade. A escola possui o maior número de alunos (385), sendo
composta de 08 turmas pela manhã e 07 turmas à tarde, provisoriamente, pois algumas salas não
comportam o número de alunos, havendo necessidade de dividir as turmas.

A participação da comunidade foi muito positiva. Pudemos contar com participação de 22 pais,
homens e mulheres, todos os dias dentro da escola. Alguns chegaram a coordenar as oficinas, mas a
maioria preferiu colaborar com as oficinas e atividades que já estavam sendo realizadas se misturando
com os alunos.

Entre as atividades, merece destaque as visitas dos alunos às casas da comunidade. Ali descobriram
pessoas e talentos como Seu Ornelindo, dono de um bananal, Dona Nonô, que fia e tece, a Ponte do
Setúbal e a Casinha da Brinquedoteca, que é fruto do trabalho realizado pela Associar nas
comunidades com materiais reciclados.

As nossas experiências de aprendizagem, foram muito amplas, desde como conhecer o processo de
uma plantação de banana, calcular o tempo de molhar, adubar, colher, conhecer quando existe

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alguma doença, à experimentar uma roda do fiar, saber sobre o algodão, como descaroçar, em que
época plantar, conversar sobre a preservação da natureza, a importância das águas, descobrir o que é
luz e o que é energia, o que isso interfere no desenvolvimento da nossa região, porque não vem
fábricas para cá, saber como aproveitar melhor o que se tem, contar quantas coisas a gente conhece,
o que se pode fazer com uma garrafa plástica que iria para o lixo, etc. Sem falar das enriquecedoras
histórias de vidas, onde as pessoas relatavam seu passado, sua infância e chegavam a até se
emocionar com a presença das crianças e dos adolescentes, como foi o caso do Sr. Ornelindo, que
tem uma trajetória de mendigo, passando fome, à produtor de bananas e vencedor.

Na Escola Olinto Ramalho trabalhamos com os adolescentes utilizando os jogos do Bornal da Paz
(tecnologia de educação criada pelo CPCD que utiliza jogos e brinquedos para discutir e aprender
ética, respeito, cidadania, sexualidade, etc) e as discussões foram muito ricas. Houve muita
informação, questionamentos e sugestões. Vários jogos foram reproduzidos para permanecer na
escola.

Com as crianças das quatro últimas séries usamos jogos de aprendizagem do Bornal de Jogos. No
início, algumas chegavam a ficar tímidas, com medo de errar alguma conta ou palavra. Enquanto iam
jogando, começaram a se encantar e os que não sabiam, os colegas ajudavam. Os jogos chamaram
atenção de todos, como dizem as crianças, “é mais fácil de aprender”, o legal é que cada jogo
ganhou várias formas de jogar.
Para as crianças e adolescentes o fato mais surpreendente era a presença e a participação das mães
às vezes ensinando e outras aprendendo também junto com eles. O que colaborou para tornar as
discussões muito mais produtivas e construtivas para todos.

Com os adolescentes, em geral, mais rebeldes e questionadores, tivemos receio da reação deles, se
sentiriam vergonha ou não se interessariam, mas pelo contrário, o jogo foi a forma eficaz de
aproximação e de maior interação entre eles, melhor, mais aberta e de confiança.

A oficina com a tinta de terra (tecnologia comunitária de aprendizagem desenvolvida pelo Projeto
Fabriquetas do CPCD) foi realizada com a 8ª série e a 1ª série o que resultou na construção de painéis
e desenhos por toda a escola. Os alunos puderam se sentir, de fato, donos e responsáveis pela escola
onde estudam. No início, tivemos um impacto da descrença dos adolescentes e dos funcionários da

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escola, “não vai dar certo”. Iniciamos o trabalho com a pesquisa e com o recolhimento de terra de
cores diferentes. Foi escolhido o local onde pintaríamos: o corredor da escola. Colocamos a mão na
massa, o susto foi substituído pela admiração. As cantineiras que brigaram porque estava sujando o
espaço que estava limpo, agora queriam que fossem pintar a cozinha. Ao terminar, as pessoas
pareciam não acreditar que aquilo que era terra tinha virado tinta. As pessoas pegavam na parede
para ver se a tinta soltava na mão.
Dias depois, passando em uma das comunidades que a escola atende, tivemos uma surpresa: o Bar,
na beira da estrada, pintado com tinta de terra, como na escola e escrito com tinta de carvão, “Bar do
Quelé”. Foi impressionante e maravilhoso ver que os adolescentes estão levando para dentro da
comunidade o que aprendem na escola e quem sabe mudando para melhor e mais bonito os diversos
espaços sociais onde vivem.

O Bornal de Livros (tecnologia de estímulo do gosto pela leitura) trabalhou de várias maneiras, usando
livros diversos, contação de histórias individuais e por grupos. As crianças não têm o hábito da leitura
(e para nossa surpresa e frustração a maioria dos professores também não), por isso alguns
procuravam o livro mais fino e menor. Tivemos outras histórias, com a participação das mães. No
intervalo de uma história e outra, surgiam vários assuntos que foram a preguiça, inveja, amizade e
outros.
Acreditamos que começamos a lançar uma sementinha com essa provocação mostrando que a leitura
pode ser algo prazeroso e que aprendemos muito com ela.
Vários moradores mais antigos na comunidade Olinto Ramalho nos ajudaram resgatar alguns
costumes que já estavam quase esquecidos como as cantigas de roda e os batuques. A criançada teve
a oportunidade de aprender várias dessas cantigas de roda, batuques e a dançá-las. As mães também
puderam aprender muitos versos com as crianças, que não se cansavam de jogá-los. A festa como
instrumento de aprendizagem.

Através da construção dos jogos (rabo de cometa, para–queda) e da confecção de flores, trabalhamos
com matemática, coordenação motora, ciências e geografia, também discutimos sobre clima, tempo e
espaço. As crianças ficaram fascinadas em aprender fazendo brinquedo e o melhor era que assim elas
teriam também um brinquedo.
Uma variedade de atividades foi realizada nesta escola, envolvendo alunos de várias classes.
Queríamos descobrir algo que era do interesse dos jovens e como fazê-lo de forma diferenciada,

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criativa, lúdica e integradora. Desta forma, realizamos várias gincanas, incluindo construção de
poesias, redações e conhecimentos de português e matemática, entre outros. O futebol amarrado e
solidário permitiu-nos trabalhar com criatividade e números, respeito e alegria, igualdade e
cooperação.

Ao final deste primeiro momento, a comunidade pôde perceber concretamente que a escola, aliás
qualquer escola, é muito mais que um espaço limitado ao repasse de algumas informações, mais um
“locus” privilegiado de aprendizagem de todas as coisas necessárias e demandadas pelas pessoas que
a freqüentam, a ocupam e a realizam.

4.0.2 - Núcleo da Malhada Preta

Neste núcleo está localizada a Escola Municipal São Vicente, a 48 km da cidade. Devido ao péssimo
estado das estradas, principalmente nesta época de chuvas, o acesso se torna difícil e perigoso. A
escola abrange 06 comunidades com cerca de 177 alunos, sendo 04 turmas pela manhã e 04 turmas
a tarde.

A comunidade é muito ativa e participativa. A maioria das atividades foi coordenada pelos próprias
pais. Tivemos em média a presença e a participação de 17 pessoas da comunidade diariamente
dentro da escola.

Por causa das chuvas, não foi possível realizar muitas saídas com as crianças. Apenas duas. Primeiro
foi na “Bica”, uma nascente que fica próximo à escola. O trajeto foi divertido, as pessoas falavam dos
seus gostos e sonhos, na volta, o lixo pelo caminho foi motivo de recolhimento e de discussão.
No outro passeio fomos colher algumas folhas de coqueiro, para aprender a fazer vassouras. Na
verdade o interesse dos adolescentes não estava nas vassouras, mas sim no passeio. Aproveitamos o
útil e o agradável. Através destes passeios, tivemos a oportunidade de conhecer melhor os
adolescentes, saber quais são seus sonhos e suas expectativas. Durante nossas conversas tomamos
conhecimento de que a maioria dos jovens que estavam ali presentes, em abril vai para o corte de
cana em São Paulo. Vamos fazer todo esforço para que isto não aconteça com esses jovens.

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(Infelizmente não conseguimos evitar esta leva de milhares de jovens e homens para o corte de cana,
atividade esta que é, infelizmente, uma das mais concretas alternativas de “futuro” para a maioria dos
habitantes do Vale do Jequitinhonha).

Juntos com alguns adolescentes conseguimos 02 tipos de terra com cores diferentes e a tabatinga.
Fizemos alguns desenhos para escolher 03 que pintaríamos nas paredes. Os escolhidos foram: o
batuque, a cantiga de roda e a colheita do pequi, fruta típica da região.
Todos da escola se encantaram e elogiaram as pinturas, algumas crianças, estão até com planos de
fazer pinturas nas suas casas.

Foi muito especial o trabalho de contação de história na comunidade Malhada Preta. O Sr. Zezé das
Tesouras – voluntário da comunidade - esteve presente conosco 02 dias em horários diferentes.
Juntamos todas as turmas, tanto crianças quanto adolescentes, que pareciam estar hipnotizados com
as histórias. O Sr. Zezé chorava, ria com a maior facilidade e o seu repertório de histórias é imenso.
Após cada história havia um tempo para que as pessoas tirassem dela o aprendizado para sua vida.

Um grupo de adolescentes demonstrou muito interesse em aprender a tocar violão e apareceram 03


pessoas da comunidade como voluntários para ensinar. Foram momentos muito bons. Os
adolescentes aprenderam um pouco as notas musicais e já estão tocando sozinhos. Além dessas
pessoas tivemos a presença de outros músicos na escola que foram ajudar, tocando cavaquinho e
sanfona.

O mais legal nesses dias foi perceber que apesar do transporte escolar estar quebrado e funcionando
apenas os carros terceirizados, o que acabava atrasando muito o início das atividades e então
fazíamos uma roda de viola, cantávamos e nos divertíamos muito até que todos chegassem, mas todos
chegavam. Praticamente não houve ausência dos alunos.

Fomos com as crianças e os adolescentes para a cozinha da escola, onde as mães nos ensinaram a
fazer queijo, requeijão, doce de leite e a “pedra preta baiana”, remédio caseiro feito com osso de boi
e que serve para cortar o veneno da picada de escorpião e cobra.
Cada receita tinha todo o ritual de aprender e copiar, saber qual o ponto, o tempo que gasta em cada
etapa da receita, qual a quantidade certa dos ingredientes, o que podia ou não acrescentar, etc.

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As mães nos deram uma oficina completa de fiação e tecelagem de algodão. Reconstruíram todo o
processo desde o início; primeiro descaroçaram o algodão, depois ensinaram a bater o algodão no
arco. À medida que as crianças iam terminando de descaroçar, iam também se revezando no arco.
Com poucos fusos, começamos aprender a fiar. O interessante foi ver que, no início, as mães
priorizavam ensinar as meninas e tinham medo dos meninos não gostarem e ainda diziam “mas isso é
mesmo coisa para menina aprender!”. Quando viram o interesse dos meninos ficaram muito mais
empolgadas e tentavam incentivá-los, “é isso mesmo, nós temos que aprender de tudo!”

As mães encontraram os seus próprios argumentos para não deixar que os adolescentes se
desinteressassem e/ou desistissem do fiar. Uma delas usou o blai blaid (brinquedo da moda), dizendo
que menino que sabe jogar blai blaid, sabia fiar, que é a mesma coisa.
Foram momentos agradáveis de aprendizagem, descontração e bate papo também. Muitas mães
contaram histórias sobre sua época de infância e seus casos de vida e sonhos.
Neste mesmo caminho surgiram as atividades com o crochê, fuxico e toalha de pauzinho que
chamaram muita a atenção das adolescentes que ficaram empolgadas em estar aprendendo estes
trabalhos manuais. As mães e jovens também demonstraram grande satisfação em estar ensinando.
Enquanto faziam as atividades, elas falavam sobre o seu modo de viver, os costumes das suas famílias,
as suas expectativas de vida, as opiniões sobre namoro e casamento.

4.0.3 - Núcleo da Gema

A Escola Municipal Irmã Maria Gema, está localizada a 38 km da séde e atende cerca de 217 crianças
e adolescentes divididos em 5 turmas no período da manhã e 5 no período da tarde, fazendo parte de
seu núcleo 09 comunidades.

As pessoas que se envolveram no trabalho colaboraram muito nas oficinas, mas a maioria preferiu
participar e não coordenar. Ainda predomina o medo do novo, o receio de assumir o seu papel de
protagonista na comunidade, mas isso vai mudar. Pudemos contar com 18 pessoas da comunidade
que se revezaram durante a semana.

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Na Escola Irmã Maria Gema o jogo pedagógico foi uma das atividades que mais chamou a atenção
das crianças e adolescentes, tanto os jogos de aprendizagem, como os do Bornal da Paz. Os jogos
tiveram uma repercussão muito grande entre eles, favorecendo o entrosamento e a exposição de suas
histórias com tranqüilidade e respeito mútuo..

Muitas vezes, os jogos eram adaptados pelos próprios jogadores que davam sugestões para incluir
outros temas de interesse ou criavam novas regras e formas para utilizar o mesmo jogo.

Aos adolescentes interessava mais os jogos de aprendizagem com os conteúdos do ensino


fundamental, português, matemática, ciências, etc; alguns alunos encontraram dificuldades em
solucionar questões relacionadas aos conteúdos escolares, mas, mesmo assim, não desistiam de jogar,
um ajudava o outro e todos participaram, aprendendo juntos.

Os momentos de contação de histórias na Gema foram muito agradáveis, pois tivemos a participação
de muitas pessoas da comunidade que relatavam fatos de sua infância e “causos” que aprenderam
com seus pais e avôs.
Um fato merece destaque. A maioria das histórias contadas pelas mães eram muito tristes, falavam de
mortes, assassinatos e miséria. Falam de um mundo sombrio. Contra ele, teremos que investir no lado
luminoso das histórias vistas e vividas nesta comunidade. Este vai ser um dos objetivos estratégicos dos
Agentes Comunitários de Educação e das Mães-Cuidadoras, em processo de formação e capacitação
técnica, para atuar nesta comunidade.

Como atividade preparatória, trabalhamos com diversos livros, selecionamos as histórias e


estimulamos o recontar e o recriar novas histórias. Assim em grupos começamos a ilustrar e a registrar
o acontecido, o que acabou resultando na criação do nosso próprio livro. A moçada ficou muito
empolgada e eufórica para mostrar a sua criação para toda escola. Muito legal o banho de auto-
estima.
Nessa atividade, trabalhamos muito com a escrita e pudemos constatar algumas dificuldades
encontradas pelas crianças, como não reconhecer todas as letras, confundir uma letra com a outra e
muitos erros ortográficos.

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Por se localizar distante da área urbana, quase não se encontra sucata e o que tem se aproveita muito
pouco. Essa foi a nossa discussão com as crianças visando como transformar o que pouco que se tem
em objetos que terão utilidade? Como aproveitar melhor as poucas coisas disponíveis?
Para cada brinquedo que construíamos, pesquisávamos qual material poderíamos estar usando, como
por exemplo, para fazer a piaba e as dobraduras, foi usado o jornal, para as bonecas de lã, utilizamos
a linha que as próprias crianças fiaram e para construirmos os pára-quedas, fomos para o quintal
catar pedras e pedaços de pau.

Foram conversas e brincadeiras muito ricas, pois em um lugar onde quase não se encontra o que
precisa, as crianças estão agora indo em busca de sanar suas dificuldades de outra forma. E é
surpreendente a descoberta da quantidade de outras possibilidades e recursos disponíveis e ainda não
utilizados.
Com as mães da comunidade da Gema foi possível perceber a preocupação para que houvesse uma
maior facilidade na aprendizagem do fiar. Começamos a revezar as crianças em pequenos grupos
para que assim todos pudessem participar da oficina com a tranqüilidade necessária.
Tivemos a presença de 05 mães-artesãs que ensinaram a arte de descaroçar o algodão, como bater e
como fiar para termos linhas e pavios que confeccionam roupas, cobertores, etc.
Percebemos que estas mães se sentiam muito orgulhosas e empolgadas em ensinar esse ofício
milenar. Por outro lado, fomos surpreendidos com as crianças, que mesmo tendo o conhecimento que
as pessoas da comunidade sabiam fiar, nunca tiveram antes o interesse que demonstraram agora em
estar aprendendo, só pela importância das mães estarem ensinando dentro da escola.

Algumas pessoas da comunidade se propuseram replantar a horta na escola com o objetivo de


melhorar a alimentação das crianças e adolescentes. As turmas que participaram da atividade
demonstraram bastante interesse e atenção nas explicações, na hora de buscar esterco, fazer os
canteiros e plantar. As pessoas estavam satisfeitas e realizadas, fazendo o que tanto desejavam.

A escola tem um espaço muito amplo e sem árvores ao redor. Uma coisa puxa a outra, da horta saiu o
jardim e o pomar. O grupo de pais, alunos e técnicos, resolveu então fazer uma arborização com
mudas de flores, mangueiras e mandacarus doados pela própria comunidade.

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Iniciamos um jardim na escola. As crianças participaram de todo o processo e das discussões sobre
como plantar, como cuidar e como preservar. E para não perder o nosso objetivo como registrar,
escrever, ler e contar todas estas aprendizagens.

4.0.4 - Núcleo do Córrego da Velha

Neste núcleo, distante 35 km da cidade, realizamos diversas atividades, tendo 17 pais como
professores escolares. A Escola Joaquim Viana Gonçalves tem 228 alunos divididos em 5 turma pela
manhã e 6 à tarde (da pré-escola à 8ª série), atendendo a 06 comunidades.

Esta também é uma escola de difícil acesso devido ao péssimo estado das estradas. Leva-se, em geral,
cerca de duas horas da sede do município ao núcleo, mas é uma das escolas com a melhor infra-
estrutura física.

Durante a semana na escola no Córrego da Velha os pais levaram algumas turmas para fazer um
passeio pela comunidade com o intuito de discutir o meio ambiente. Tivemos a oportunidade de
conhecer um córrego que hoje quase não tem mais água, também conhecemos a represa que hoje
está bem cheia devido as chuvas e o Córrego da Velha que mesmo com a quantidade de chuvas que é
grande, não corre mais.

Durante o caminho cantamos cantigas de roda e ao chegarmos nos locais as pessoas foram contando
as histórias e, consequentemente, o impacto causado pela ação do homem na natureza.
Alguns alunos resistiram em fazer o passeio no início da semana, mas no último dia a turma que não
iria fazer o passeio devido ao grande número de atividades que havia, exigiu fazê-lo, pois todos que
fizeram gostaram do passeio e alegaram que eles também tinham direito. Então o realizamos indo ao
Córrego da Velha onde conversamos sobre como podemos fazer para garantir que outros rios não
acabem como ele.

Na Escola Municipal Joaquim Viana os adolescentes foram os que mais se interessaram pelos jogos.
Gostaram tanto que queriam e faziam jogos todos os dias. É muito legal ver como os jovens, a partir

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de uma motivação, assumem um trabalho e se apropriam dele. As discussões sobre sexualidade foram
o que mais seduziu os jovens e o que realmente lhes interessava.

A secretária da escola - Noquinha – desenvolveu a oficina de contação de histórias com a


comunidade junto às séries iniciais. Surgiram questões interessantes como por exemplo os
questionamentos dos meninos que demonstraram terem aguçado a imaginação.

Com o apoio do Projeto Fabriqueta, doando a terra para produção da tinta, realizamos a oficina de
pintura de tinta de terra no núcleo do Córrego da Velha com o pré, 6ª, 7ª e 8ª séries. Antes de
produzir a tinta, fizemos um trabalho com desenhos para discussão do meio onde vivemos. A partir
das produções, utilizamos a técnica do “bonsai” para formar o painel que iríamos desenhar. Ao fim do
trabalho as turmas adoraram finalizando-o com uma avaliação muito positiva da atividade.

É importante lembrar que, no início, tivemos uma pequena resistência por parte da direção do
colégio, o que foi tranqüilo no desenrolar da semana fechando-a com seis painéis dispostos desde a
biblioteca até a fachada da escola onde foi colocado o nome que ainda não tinha.

O Sr. Sebastião pôde alegrar com seu violão as crianças e os adolescentes da comunidade do Córrego
da Velha. Ele esteve presente todos os dias desenvolvendo a oficina de cantigas. Sempre em dupla,
através das músicas cantadas e tocadas pudemos realizar diversas produções como desenhos, que
retratavam a própria comunidade, textos e escritas de versos.

As brincadeiras tiveram uma atenção especial pois foram as atividades mais tranqüilas, graças à
presença das pessoas da comunidade que contribuíram e se envolveram no pular corda, peteca,
futebol, cantigas, vôlei, dama, dominó, nos batuques e outros brincadeiras.

Na cozinha experimental (outra tecnologia educacional) as crianças se identificavam de imediato


porque já tinham visto o pai, mãe ou avó fazer algumas das receitas. Além disso ocorreram coisas
muito interessantes, como o debate sobre a valorização do que é da terra da gente.
As ligações aconteciam entre as receitas executadas e os conteúdos escolares, que não ficaram restritos
apenas ao português e à matemática, mas convocaram outras disciplinas como física, química e
ciência.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 16


Merece destaque a experiência da 8ª série que ao fazer a pedra preta baiana (remédio medicinal feito
do mocotó do boi) descobriram que a terra quando está molhada fica mais quente, ao contrário do
que a turma pensava, porque o osso tem que ficar um tempo enterrado até esfriar, o que demorou
mais na terra molhada.
Dona Maria Emília e Adilene – voluntárias da comunidade – foram as responsáveis pela confecção de
xaropes e dos doces.
Conseguimos várias produções como poemas e textos, além de trabalhos com a matemática a partir
das quantidades dos ingredientes e número de ervas.
Na avaliação das atividades, Maria Emília disse ter realizado o seu sonho e dado mais um passo, pois
além de contribuir com a aprendizagem da meninada deseja deixar para a comunidade uma farmácia
a partir de ervas que a comunidade dispõe, o que gerou muita satisfação com os resultados e
expectativas para próximos encontros.

Cláudia, moradora do Córrego da Velha, foi quem levou sua roda de fiar para ensinar esta arte muito
conhecida pelas senhoras dali. As crianças ficaram de boca aberta, vendo aquela mãe tocando a roda
e dali surgindo um cordão. O crochê também foi algo que envolveu muito as crianças e adolescentes.
A partir das duas atividades conseguimos conversar um pouco sobre matemática, por exemplo,
quantos centímetros de cordão produzimos hoje e daí por diante.
Ao avaliar o dia, afirmaram o quanto é bom aprender matemática dessa forma mais bonita e mais
simples.

4.0.5 - Núcleo dos Bois

Na comunidade dos Bois, distante 60 km, está localizada a Escola Municipal Felícia Esteves Borges
com 113 alunos de 1ª a 8ª série. Pudemos contar com 15 pais de 2 comunidades que se revezavam
nas diversas atividades.
Por causa da distância essa comunidade se sente excluída, alegando que os recursos tanto humanos
quanto materiais, levando em conta também as informações, não chegam ou quando chegam já estão
muito desatualizadas ou perdidos.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 17


Outro fator que contribui para essa menos-valia é o fato desta comunidade estar mais próxima da
cidade de Padre Paraíso, por isso a tomam como referência apesar de pertencer ao município de
Araçuaí.

Com a participação da direção da escola e de 4 pais, fizemos um piquenique educativo no núcleo dos
Bois. Fomos visitar a casa de Dona Rosa e Seu João, sendo muito bem acolhidos. Seu João foi contar
“causos” para os meninos enquanto outro grupo foi brincar no terreiro. Em seguida conversamos
sobre higiene e meio ambiente pois encontramos um terreiro muito limpo e alguns alunos jogaram o
papel do lanche no chão.
Em seguida fomos para a cachoeira tomar banho. A turma ficou muito feliz com o passeio e no dia
seguinte queriam de qualquer forma voltar para aproveitar aquela beleza.
A partir do passeio fizemos produções de textos que estão sendo encaminhadas, em anexo.

Na escola dos Bois as crianças e os jovens ficaram muito envolvidos e através dos jogos pudemos
identificar casos como o de Samuel que se encontra na 6ª série e mal sabe escrever e ler. Este é um
dos muitos alunos que necessitam ter na UTI uma dose extra de “cafuné pedagógico” e “injeção de
mais-valia” para recuperar a saúde educacional que o ameaça com o analfabetismo precoce.

Com os jogos pudemos perceber e ter um diagnóstico das situações que são diversas. O trabalho com
jogos sem dúvida será a ação mais eficaz para otimizar a aprendizagem dos conteúdos básicos do
ensino fundamental nesta comunidade escolar.

Ao retornarmos de alguns passeios com os adolescentes tivemos a preocupação de colher algumas


amostras de terras para podermos produzir tintas com o objetivo de embelezar a escola. Conseguimos
oito (8) tipos de solo. Dividimos toda a turma do colégio em dois grupos, cada um pôde escolher onde
desejava participar. A maioria optou pela oficina de beleza que aconteceu simultaneamente à oficina
de pintura. Combinamos então que, cada turma iria trazer o material necessário para sua oficina,
desde secador a palito para limpar unha. Com relação a oficina de tinta de terra conseguimos
brochas, peneiras, pratos e diversos vasilhames para realização da atividade .

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 18


As pessoas ficaram muito satisfeitas com a qualidade que se consegue com a terra tendo até
comentários de a comunidade substituir a tinta que compram por tinta de terra. Já na oficina de beleza
a garotada ficou bonita e sorridente, fizeram sobrancelhas, unhas e vários penteados.
As mães contribuíram ajudando na maquiagem que não poderia ser muito pesada pois a arrumação
era para ir à missa no domingo.

Com a oficina de contação de histórias na comunidade dos Bois, tivemos o prazer não só de ensinar
mas de aprender algumas histórias novas com nosso amigo Samuel – um garoto já citado
anteriormente que hoje se encontra na 6ª série e mal sabe escrever – que quando percebeu a
atividade deixou o futebol e foi para perto da turma ouvir e contar suas histórias.

Também percebemos um grande entusiasmo das crianças com relação a leitura de livros que a escola
dispõem para trabalhar. Fomos também para uma chapada onde fizemos oficinas de contação de
histórias. Os causos foram saindo, naturalmente, as crianças riam muito. Esse passeio possibilitou
conhecer um pouco a fauna da região pois as histórias tinham sempre a onça como a protagonista.

Na comunidade dos Bois não só pudemos nos divertir como aprender uma nova cantiga e dança: a
cabeça de jibóia. Com ela trabalharmos questões como pronúncia e escrita de algumas palavras e
também fazer a relação dos bichos da região.

Com a arte do fiar dona Maria Elismar hipnotizou as crianças da escola que queriam experimentar e
fazer o cordão do algodão. Também aprendemos a fazer a camisinha para lampião e o pavio para
lamparina, instrumentos ainda úteis na região, mas hoje já não estão tão próximos da realidade da
maioria das crianças daquela comunidade.
A oficina de panela de barro foi realizada com a contribuição de Marília, moradora da comunidade.
As crianças ficaram muito envolvidas com a atividade e o resultado foi um belo enfeite para as mesas
da escola. Descobrimos ainda que as crianças não comem mais em panelas de barro, como nos
afirmaram.

Em síntese:
Constatamos que as crianças e adolescentes não acreditavam que poderiam aprender fora da sala e
com outras pessoas da comunidade e que para aprender precisariam do quadro, do giz e de alguém

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 19


que fosse um professor formado. Isso aos poucos foi mudando, enxergaram que é possível além de
aprender com todos, ensinar também aos outros.

Todas as comunidades começaram a experimentar gosto do que é ser educador e o que é necessário
fazer para educar bem cada criança e jovem.

As chuvas em excesso numa região acostumada coma seca foram responsáveis por um monte de
dificuldades, piorando as estradas já ruins, dificultando o acesso das crianças até as escolas, não
permitindo a chegada do carro pipa que leva água para as escolas e muitos outros.
Mesmo assim, nada não tirou o brilho e nem a empolgação das crianças, dos adolescentes e dos pais
que marcaram presença durante as atividades e colaboraram para termos uma semana agradável,
produtiva e de muita aprendizagem.

5.0 - Formação de Educador Social

Durante o mês de março, realizamos a capacitação de todos os 135 professores, diretores e


coordenadores da rede municipal, visando sua preparação para a implementação das diversas ações
estratégicas do Projeto Araçuaí: de UTI Educacional à Cidade Educativa .

Essa formação teve como ênfase provocar a mudança no olhar e na atitude dos educadores e
conseqüentemente nas práticas educacionais das escolas que resultam nas causas que levaram a
implantação da UTI Educacional. Fazê-los acreditar numa necessária e mais eficaz interação com as
comunidades, diminuindo resistências burocráticas e corporativistas, rompendo os imobilismos,
assumindo responsabilidades, quebrando preconceitos em relação às crianças rurais e canalizando
todas boas experimentações e inovações, disponibilizando os saberes, fazeres e quereres existentes nas
diversas comunidades rurais e periféricas de Araçuaí para transformar cada comunidade em espaço
permanente de aprendizagem para todos os meninos e jovens, razão de ser do projeto.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 20


6.0 - Formação de Agentes Comunitários de Educação - ACEs

A partir das diversas reuniões realizadas em todos os 9 núcleos, a partir de fevereiro, visando dar
visibilidade ao projeto e provocar discussão sobre formas de participação, apresentamos como
proposta a formação de agentes comunitários de educação, recrutados entre a população jovem das
diversas comunidades onde atuarmos. Entre outras coisas, discutiu-se o perfil dos jovens e o papel que
se espera deles como provocadores de oportunidades de aprendizagens para crianças e jovens,
atuando tanto dentro quanto fora da escola, de forma proativa e propositiva.
Em abril iniciamos a formação técnica dos primeiros ACEs entre os 60 jovens inscritos até esta data
(20/abril/04).
As três primeiras turmas estão em fase de capacitação (18 jovens no Núcleo da Gema, 19 no Núcleo
do Córrego da Velha e 17 no Núcleo da Malhada Preta).

Espera-se que ao final do projeto tenhamos cerca de 80 jovens formados, atuando em todas as
comunidades de Araçuaí.

7.0 - Formação de Mães Cuidadoras

A participação das mulheres tem sido uma das respostas mais eloqüentes de compromisso comunitário
com os ideais deste projeto. Preparar um grupo de mães-cuidadoras para produzir “cafuné
pedagógico” para todas as crianças do município, atuando complementarmente à escola, na
formação integral da meninada, é a razão da desta ação estratégica e da formação.
Até está data(20/abril/04) um total de 110 mulheres já se inscreveram para participar. As três
primeiras turmas estão em fase de capacitação (19 mulheres no Núcleo da Gema, 20 no Núcleo do
Córrego da Velha e 17 no Núcleo da Malhada Preta).
A meta é, até o final do projeto, ter atuando em todas os nove (9) núcleos, em torno de 50 mães-
cuidadoras.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 21


8.0 - Bornal de Jogos

Para essa atividade – semana na escola - foram construídos cerca de 80 jogos de aprendizagem nas
áreas de português, matemática, conhecimentos gerais, cidadania, sexualidade e afetividade. A estes
jogos irão se somar, gradativamente, o Bornal de Jogos (152 jogos para a educação fundamenta), o
Bornal da Paz (70 jogos de cidadania, ética e afetividade) e o Bornalzinho de Jogos (50 jogos para
educação infantil), tecnologias de educação desenvolvidas ,testadas e aprovadas pelo CPCD nos mais
diversos contextos educacionais.

9.0 - Bornal de Livros

Já foram adquiridos cerca de 2.368 livros de literatura infanto-juvenil, literatura adulta, livros técnicos e
dicionários destinados a todas as escolas da rede municipal. Para sua plena utilização e circulação
estão sendo confeccionados mais de 50 bornais (jeito mineiro de dizer embornal) para transporte dos
livros pelos alunos, além de malas contendo livros técnicos, dicionários e outros materiais
bibliográficos de apoio, tanto para os educadores sociais, quanto para o trabalho dos agentes
comunitários de educação e das mães-cuidadoras.

É importante frisar que na sede, em Araçuaí, já funciona ao lado da Biblioteca Municipal, o Banco de
Livros de Araçuaí S.A – Solidariedade e Autonomia, com um capital inicial de mais de 15 mil livros
arrecadados na própria cidade e disponibilizados para troca (1 por 1). Trata-se de um banco, cuja
moeda é livro, que não tem alteração cambial. De posse de 1 livro, qualquer pessoa pode ler todos o
acervo, pelo sistema de troca.

10 - Educador do ônibus

Todos os alunos da rede municipal moram na zona rural, vivendo em comunidades de difícil acesso. A
política de nucleação adotada pela Administração Municipal facilitou em muito o acesso das crianças
às escolas, entretanto falta ainda nuclear várias outras escolas isoladas.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 22


O transporte escolar é, portanto, condição fundamental para o acesso da maioria dos alunos que, em
média, chega a passar até duas (2) horas entre idas e vindas, tempo que pode aumentar dependendo
as condições das estradas e caminhos.
-Como aproveitar bem esse tempo diariamente “perdido” nestas viagens?
-Porque não criar o educador do ônibus?.
Essa é uma das novas propostas, surgidas como desdobramento da realidade, para estarmos
realizando esse ano. Por isso, resolvemos fazer uma experimentação.
A experiência superou as nossas expectativas na E. M. Irmã Maria Gema e na Joaquim Viana. Durante
o percurso da escola até em casa e vice versa, cantamos, contamos histórias e jogamos muitos versos.
Foi uma grande novidade para as crianças. Elas ficavam tão envolvidas e atentas que quando
chegavam nos pontos que tinham que descer, era preciso avisá-las, porque esqueciam.

Foram mais de três horas de viagem pelas comunidades, cantando, rindo e jogando versos. As
crianças não pararam um minuto sequer. A escola emprestou um tambor que ajudou fazer a festa.

Por causa das chuvas excessivas para a região, algumas estradas e caminhos praticamente acabam,
isolando diversas comunidades e escolas. Para garantir que nenhuma criança fique sem escola,
estamos providenciando o “aluguel” de cavalos para transportar oito (8) crianças até sua escola. E, se
for preciso, criaremos também o “educador à cavalo”, ou o “educador de moto” para fazer chegar a
todos os cantos, vales e furnas, as oportunidades de aprendizagem para todas as crianças e jovens de
Araçuaí.

11.0 - Banco de Alimentos S.A. – Solidariedade e Autonomia

A implantação do Banco de Alimentos de Araçuaí S/A, visa dotar o município de um órgão


coordenador de todas as ações públicas e comunitárias na promoção de políticas de segurança
alimentar, produção de alimentos, reaproveitamento e antidesperdício, contribuindo para a diminuição
da pobreza e o resgate da dignidade e da cidadania dos grupos e segmentos sociais excluídos e
vulneráveis.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 23


Em março de 2004, a proposta foi divulgada para a comunidade local, visando seu envolvimento e
ampliação de parcerias com o comércio local. Foram feitas também reuniões com EMATER para
informações sobre os produtores locais. Estamos nos reunindo com esses produtores e fornecedores
para identificação e cadastramento dos mesmos, bem como identificar o alimento que produzem e o
período de colheita, objetivando o incentivo da compra local para a merenda escolar de toda a rede
municipal.

12.0 - Empório Solidário

Representa um novo modelo de distribuição dos alimentos à população necessitada, onde o elemento
cidadania é o mais importante do que a própria cesta básica. Os alimentos doados ou adquiridos pelo
Empório são dispostos em prateleiras e palhetes, como em qualquer supermercado, e utilizando os
carrinhos, como em qualquer supermercado, possibilita a escolha dos produtos disponíveis pelas
famílias cadastradas, conforme critérios estabelecidos pelo grau de necessidades básicas.
Atualmente são cinco (5) níveis, do mais alto nível de carência alimentar (nível 1) ao de menor carência
(nível 5). Tentamos praticar a “discriminação positiva”. As famílias possuem um cartão magnético com
código de barra, garantindo-lhes o acesso e a retirada dos produtos com tranqüilidade e sem
reproduzir as intermináveis cenas de fila, disputa por um saco plástico cheio de coisas, intervenção da
polícia para acabar com as brigas, que nos acostumamos a ver pela televisão e ao vivo no Vale do
Jequitinhonha e outras regiões do país, assistidas por estes programas.
O jeito de fazer distribuição de alimentos do Empório Solidário é considerado referência pelo
Programa Fome Zero, do Governo Federal. Os depoimentos incluídos no Relatório Fotográfico falam
por si.
O Empório opera com alimentos não perecíveis com a possibilidade de disponibilizar à população
atendida, em futuro próximo, hortifrutigranjeiros e produtos perecíveis, bem como materiais de higiene
e limpeza.
Atualmente estão sendo atendidas 171 famílias da zona urbana. A expansão para as famílias da zona
rural se faz necessária. A meta é vir atender cerca de 500 famílias realmente necessitadas, de acordo
com os levantamentos e estimativas locais, a maioria na zona rural do município.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 24


13.0 - Banco de Solidariedade

Trata-se de tecnologia social desenvolvida pelo CPCD para juntar “capital social livre” e disponibilizá-
lo como trabalho voluntário e solidário para projetos sociais. Cada cliente deste banco (de qualquer
idade entre 7 e 70 anos) ao abrir uma “conta corrente”, deposita os seus “tempos livres” (dias e horas
semanais) e, simultaneamente declara “o que ele gostaria de ensinar, doar ou oferecer” à sua
comunidade (nos seus tempos livres) e “o que ele gostaria de aprender, ganhar ou receber” da sua
comunidade (nos seus tempos livres).
Toda atividade voluntária necessita ser remunerada de alguma forma. Se a “moeda” do voluntário é
solidariedade, o pagamento também é na mesma moeda, solidariedade. Cabe ao gerente do Banco
promover os diversos cruzamentos de recursos humanos e investimentos de caráter solidário.

Para garantir a eficiência/eficácia do projeto foi desenvolvido um software especial de gestão e


monitoramento das ações do banco, onde constam o cadastro do voluntário e da instituição
beneficiária, seus tempos livres, o que querem ensinar, doar e oferecer e também aprender, ganhar ou
receber. Todos os dados deverão estar atualizados, organizados e de fácil acesso para facilitar a
geração dos diversos cruzamentos diante do capital social disponível.

Algumas atividades foram feitas e mapeadas. Neste momento, o software está sendo aplicado no
Colégio Nazaré de Araçuaí em duas (2) turmas de alunos, em torno de 60 alunos que participarão
como voluntários. Será feito o levantamento de informações de cadastro dos alunos, incluindo-os no
sistema e desenvolvendo atividades com os mesmos em prol da comunidade. Para esse levantamento
será utilizada a ficha de cadastro anexa.

14.0 - Gerenciamento

O projeto “Araçuaí: de UTI Educacional à Cidade Educativa” é executado e coordenado pelo CPCD –
Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento em parceria com a SME – Secretaria Municipal de
Educação e em completa sintonia com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
de Araçuaí.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 25


Todas as instituições envolvidas disponibilizaram todos os seus recursos técnicos e humanos,
competências e compromissos à disposição deste projeto, prioridade pedagógica absoluta da política
educacional municipal da atual administração.

15.0 - Desempenho dos Educadores

A equipe que coordenou as atividades juntos às comunidades - semana na escola e mobilização para
a formação de educadores sociais, agentes comunitários de educação e mães-cuidadoras - foi
formada por técnicos do CPCD, coordenadores dos projetos Bornal de Jogos e Bornal da Paz,
coordenadores do projeto Sementinha, Ser Criança e Fabriquetas do CPCD, técnicos e funcionários da
SME (diretores, supervisores, pedagogos, secretários e cantineiras de escolas) .

Todas as pessoas envolvidas no trabalho disponibilizaram tempo, dedicação, energia positiva e


carinho pela proposta. Este projeto transformou-se numa bandeira, uma causa de todos nós.

16.0 - Envolvimento da Prefeitura

Como o CPCD assumiu desde agosto/2003 a coordenação técnico-pedagógico da educação


municipal, cabendo-lhe executar as políticas públicas necessárias para a plena realização dos preceitos
constitucionais, conforme prevê a Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente, o
Projeto “Araçuaí: de UTI Educacional à Cidade Educativa” foi concebido pela equipe técnica do CPCD
e estruturada em sintonia e articulação com a equipe técnica da Secretaria Municipal de Araçuaí, como
política pública educacional prioritária da Administração Municipal.
Assim como o CPCD também a SME colocou seus recursos técnicos, humanos e materiais como
contrapartida para a implementação e realização de todas as etapas previstas na presente proposta.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 26


17.0 - Envolvimento da Comunidade

Realizamos 10 reuniões para mobilização da comunidade nos 5 núcleos com a presença de 345
pessoas.
Tivemos como participantes 134 voluntários entre pais, mães e jovens que contribuíram com o
desenvolvimento do trabalho nas escolas.
Apesar de todas as dificuldades, todas as ações previstas foram realizadas, porque acima de tudo
conseguimos criar uma relação de cumplicidade e o entrosamento dos desejos da comunidade com os
desafios da escola.

18.0 - Envolvimento das Escolas

Com algumas raríssimas exceções, obtivemos nos núcleos a participação e o envolvimento da direção
e das secretárias nas atividades desenvolvidas.
Com relação aos professores houve a predisposição e o envolvimento de todos na capacitação. As
cantineiras que participaram das atividades nas escolas percebemos uma grande vontade de se
envolver com os demais processos educacionais, principalmente quando as atividades aconteciam na
cozinha, por exemplo, nas oficinas de produção doces e xaropes.

19.0 - Impactos

Índices Qualitativos:

• A freqüência se manteve com porcentagem elevada; mesmo com os problemas da chuva e do


transporte, as crianças e adolescentes andavam muito para participar das oficinas;
• A valorização dos saberes da comunidade pelas crianças e adolescentes;
• Envolvimento dos pais e jovens coordenando as oficinas nas escolas;
• Embelezamento das escolas;
• Maior utilização dos jogos pelos professores;
• Formação de 100% da rede de professores, diretores e coordenadores, como educadores sociais;
• Elevado número de inscrições de mães para a capacitação como mães-cuidadoras;

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 27


• Experimentação de novas tecnologias de aprendizagem: cozinha experimental, tinta de terra,
construção de brinquedo, contação de histórias, passeios, etc.;
• Elevação da auto-estima das crianças, adolescentes, professores e as pessoas da comunidade;
• Motivação dos professores para mudar os indicadores da UTI;
• Aquisição de livros de alta qualidade para a construção do Bornal de Livros;
• Encontro de professores para conclusão dos PTAs (Planos de Trabalho e Avaliação) iniciados na
capacitação.

Índices Quantitativos:
Núcleos e Públicos envolvidos

Núcleos / Escolas Nº de alunos Nº de Nº de comunidades Nºde pais e jovens


professores participantes
Olinto Ramalho/E.M.Olinto 385 16 08 42
Ramalho
Bois/E.M. Felícia Esteves 113 08 02 18
Borges
Malhada Preta/E.M. São 177 10 06 35
Vicente
Córrego da Velha/E.M. 228 10 06 21
Joaquim Viana Gonçalves
Gema/E.M. Irmã Maria 217 07 09 18
Gema
Envolvidos até Março/04 1.120 51 31 134
4 Núcleos /Escolas Menores 477 46 14 *
e Isoladas
Pré Primário 310 13 07 *

Sementinha 415 19 14 *

EJA Educação de Jovens e - 06 - *


Adultos
Envolvidos até Junho/04 1.202 84 35 *
Total 2.322 135** 66 134

OBS: * A fase de mobilização será realizada em abril e maio/04


** Todos os 135 professores participaram da formação de Educadores Sociais, realizada em
março/04

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 28


Atividades realizadas nos Núcleos durante a “Semana na Escola”

“Semana na Escola” Produtos

Construção de hortas 3 escolas beneficiadas


Cozinha alternativa 13 receitas experimentadas

Música: dança e cantoria 17 batuques registrados


21 cirandas registradas
Poesia oral 51 versos registrados

Contação de histórias 33 “causos” registrados

Oficina de tinta de terra 3 painéis construídos


Produção de textos 32 histórias registradas
16 poesias criadas
Oficina de brinquedos 24 modelos confeccionados
Oficina de Tear 10 oficinas realizadas
Nº de pessoas participantes 73 mães e pais
62 jovens

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 29


Ações Educacionais Resultados
Estratégicas
Formação de Educadores 4 oficinas realizadas
Sociais 140 participantes formados
Bornal de Livros 2.368 livros adquiridos
Formação dos Agentes 60 jovens inscritos (até 20/abril/04)
Comunitários de Educação – 54 em formação
ACEs
Formação das Mães-
110 mães inscritas (até 20/abril/04)
Cuidadoras 56 em formação
Bornal de Jogos 80 jogos criados para “semana na escola”
154 jogos de ensino fundamental
50 jogos de cidadania
50 jogos de educação infantil
Tecnologias de Comunitárias 18 tecnologias criada na “semana na escola”
de Aprendizagem
Empório Solidário 171 famílias atendidas mensalmente

Banco do Livro de 20 trocas diárias, em média


Araçuaí S/A 15 mil livros em acervo

Banco de Alimentos em implantação

Banco de Solidariedade em implementação

20.0 - Dificuldades Encontradas:

• Adolescentes apáticos, desinteressados, parecem que estão parados no tempo, sem


expectativas de melhorias. Muitos, com certeza, refletem o que vivem em casa.

• Educadores que estavam coordenando as oficinas na E. M. Olinto Ramalho não estiveram


presentes todos os dias, devido a problemas pessoais, sobrecarregando as outras pessoas e obrigando
juntar as turmas para realizar as atividades.

• A não presença da diretora na E. M. Olinto Ramalho devido a problemas pessoais. Algumas


coisas foram inviabilizadas e muitos transtornos gerados para a equipe ali presente.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 30


• A falta d’água na E. M. São Vicente devido às estradas intransitáveis por causa das chuvas,
dificultando o acesso do carro pipa até a comunidade.

• O atraso no início das atividades devido ao estado ruim das estradas. Com as chuvas os
transportes não chegavam em todas as comunidades.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.” 31

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