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Ouvir o povo é que não

Jaime Nogueira Pinto

i, 12 de Janeiro de 2010

http://www.ionline.pt/conteudo/41427-ouvir-o-povo-e-que-nao

Não é surpreendente que a esquerda não tenha permitido a realização do


referendo sobre o casamento homossexual

Não surpreende a recusa da esquerda de referendar a lei que permite o casamento


de pessoas do mesmo sexo. Sabem que perdem. E a esquerda sempre introduziu
mudanças que afectaram a natureza do país e da sociedade sem qualquer espécie
de consulta popular.

Foi assim na Primeira República: foi no Governo Provisório que Afonso Costa,
ministro da Justiça, ordenou a expulsão das ordens religiosas e legislou as
disposições de marginalização e humilhação da Igreja Católica, antes das eleições
constituintes de 1911. E, em 1913, chefiando um governo democrático, reduziu o
eleitorado de 850 mil para menos de 400 mil eleitores, retirando o voto aos
analfabetos e aos militares. As mulheres, consideradas conservadoras, nunca
tiveram voto no tempo dos tão progressistas democráticos. Comentava um
contemporâneo: "[...] os republicanos passaram a legislar em ditadura, fazendo em
ditadura as suas leis mais importantes, e nunca as submetendo a cortes
constituintes, ou a qualquer espécie de cortes. A lei do divórcio, as leis da família, a
lei da separação da Igreja do Estado - todas foram decretos ditatoriais, todas
permanecem hoje, e ainda, decretos ditatoriais." O contemporâneo é Fernando
Pessoa.

Depois do 25 de Abril, as decisões mais importantes sobre o país, como a


descolonização e as nacionalizações de 1975, foram tomadas pelo MFA e pelos
governos provisórios, não eleitos. E nunca sujeitas a ratificação nacional. Foi a lei
do facto consumado, sem respeito pelo programa do MFA.
Desta vez é o Parlamento que toma a decisão. A medida constava do programa de
dois dos partidos desta "maioria de esquerda" de circunstância. O PCP, com medo
de parecer reaccionário e "careta", tem de seguir a banda.

Esta maioria operativa relaciona-se com o oportunismo das agendas políticas: o PS


é um partido social-democrata, que nunca poderá - nas questões económico-
sociais, finanças, propriedade, leis do trabalho - alinhar com o PCP e o BE. Mas tem
de dar uma satisfação à sua "esquerda" e aos pmics (pequenos e médios
intelectuais e comentadores de serviço) que fazem nos media a chuva e o bom
tempo. Estas questões "de civilização" - que para a esquerda libertária do BE são
essenciais e para os comunistas sem alternativa - são para o PS de somenos. Para
sossego do povo, junta-se a proibição da adopção, discriminatório indício de que
afinal sempre haverá diferenças, e manobra hipócrita para que na primeira
oportunidade seja declarada inconstitucional sob proposta dos mesmos grupos que
agora se contentam com a lei aprovada.

Vamos lutar pelo referendo. E, se tudo ficar assim, podemos desabafar com o Luís
Fernando Veríssimo - "Fazer árvore genealógica daqui para a frente vai ser..."
complicado! (Ele diz outra coisa...).

Professor universitário

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