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Roberto Carneiro: “Não existe verdadeira educação que

não se ocupe da formação moral da pessoa”

Jornal VV, 2010-01-10

http://www.jornalw.org/index.php?cont_=ver2&id=814&tem=54&lang=pt

Ministro da Educação entre 1987 e 1991, Roberto Carneiro vê “com grande


esperança” a educação do futuro. Em entrevista à VOZ DA VERDADE, Roberto
Carneiro considera que “nunca como hoje se falou tanto na importância da
educação e dos valores” e garante que “não existe verdadeira educação que não se
ocupe da formação moral da pessoa”.

Qual o papel da educação no desenvolvimento humano sustentável?

O “desenvolvimento humano” por sua própria definição fundamenta-se no


desenvolvimento da pessoa em todas as suas dimensões constitutivas: corpo,
mente, espírito e relação.

Ora, o instrumento essencial para o progresso pessoal e social é a educação, que


começa na família e se prolonga pelas instituições sociais como a escola e os
media, e se acaba por depender de toda a sociedade. Não é por acaso que em
África se diz que é “necessária toda uma aldeia para educar bem uma criança”.

No ponto 61 da encíclica „Caritas in veritate‟, o Papa garante: “Uma


solidariedade mais ampla a nível internacional exprime-se, antes de mais
nada, continuando a promover, mesmo em condições de crise económica,
maior acesso à educação, já que esta é condição essencial para a eficácia
da própria cooperação internacional”. Concorda com esta visão de Bento
XVI? Porquê?

Concordo plenamente. Em primeiro lugar, porque só pela educação, sobretudo das


populações mais carenciadas e destituídas de meios materiais, se poderá aspirar a
vencer o “círculo de ferro da pobreza” que se propaga intergeracionalmente de
forma inelutável na ausência desse ascensor social e económico que é a educação e
o conhecimento + competências que dela resultam na forma de “capital humano”.

Em segundo lugar, porque é principalmente em tempo de crise económica que se


afere o nível de solidariedade activa entre povos e nações. A crise atinge mais
duramente os mais carenciados e vulneráveis exigindo, por isso, uma especial
atenção a esses grupos humanos.

Foi justamente a esse título que a Comissão Internacional para a Educação no


Século XXI, criada sob a égide da UNESCO e presidida por Jacques Delors, propôs
oportunamente que um quarto de todos os financiamentos dedicados à cooperação
internacional, bilateral e multilateral, fosse canalizado para a educação e que a
comunidade internacional aceitasse o perdão de dívida desde que os países
beneficiários desse perdão convertessem esse valor perdoado em investimento
educacional.

Essas propostas aguardam ainda, infelizmente, um clima favorável para fazeram


caminho no concerto das nações.
O Papa explica ainda que “para educar, é preciso saber quem é a pessoa
humana, conhecer a sua natureza”. Que atenção tem sido dada em
Portugal à “formação completa da pessoa”?

A Lei de Bases do Sistema Educativo, de 1986, assenta em pressupostos


humanistas correctos. Nesse sentido, postula a existência de uma área curricular
denominada “Formação Pessoal e Social” onde a formação integral da pessoa
humana seja devidamente atendida e cuidada. Recordo que, nos termos da reforma
curricular de 1989, a formação pessoal e social compreeendia dimensões
curriculares e transcurriculares importantes: a Educação Moral e Religiosa, o
Desenvolvimento Pessoal e Social, uma dotação de 110 horas de formação
interdisciplinar no seio da área-escola, e finalmente o contributo de todas as outras
disciplinas curriculares.

É pena que essa concepção avançada do currículo de 1989 tenha sido abandonada
e que hoje se assista a uma lacuna evidente do desenho curricular e pedagógico
que cumpra o mandato da Lei de Bases neste particular domínio da educação
pessoal e de uma formação para os valores.

Em „Caritas in veritate‟, Bento XVI aborda também a educação sexual,


esclarecendo que esta “não se pode limitar à instrução técnica, tendo como
única preocupação defender os interessados de eventuais contágios ou do
«risco» procriador”. Qual deverá ser o papel da educação sexual?

A educação sexual é parte indissociável de uma preocupação educativa maior com


a educação para a afectividade e o amor.

Pena é que se queira reduzir a sexualidade ao instinto hedonista e aos cuidados


com os contágios que, sendo relevantes, constituem apenas uma dimensão restrita
do impulso sexual e da sua função na participação do mistério maior da vida e da
criação.

Numa carta enviada à diocese e à cidade de Roma sobre a tarefa urgente


da educação, em Janeiro de 2008, Bento XVI pedia aos cristãos para se
preocuparem “pela formação das futuras gerações, pela sua capacidade de
se orientarem na vida e de discernir o bem do mal, pela sua saúde não só
física, mas também moral”. Este é o caminho a trilhar pelos educadores?

A educação é condição de autonomia e de libertação da pessoa: das grilhetas da


ignorância, do preconceito, do sincretismo e relativismo ético.

Não existe verdadeira educação que não se ocupe da formação moral da pessoa.

Nascendo-se propensos para o discernimento entre o bem e o mal o diamante tem


de ser lapidado para se valorizar. Assim a criança e o jovem necessitam de uma
verdadeira educação para os valores por forma a se relacionarem em comunidade
como seres morais e a descobrir o valor desse santuário inexpugnável que é a
consciência de cada um.
Educar nunca foi fácil e hoje parece ser cada vez mais difícil. Como vê a
educação do futuro?

Vejo com grande esperança. Nunca como hoje se falou tanto na importância da
educação e dos valores. A crise recente em que mergulhámos não foi uma simples
ruptura de sistema económico e financeiro. O verdadeiro fundamento da crise é o
enfraquecimento das bases éticas e morais em que se sustentam as nossas
sociedades, sobretudo as sociedades “ocidentais” a cujo núcleo duro pertencemos.

Não é por acaso que mesmo em reputadas escolas de negócios como é a Harvard
Business School, se tenha instituído um “juramento ético” ao final dos cursos de
MBA. O lema é “greed is not good”, ou seja, a ganância não gera bem comum como
se tornou patente no colapso do sistema financeiro e económico em que
assentavam os países.

Assisto, todavia, com consternação ao regresso de alguns comportamentos


reprováveis que pretendem regressar ao passado próximo “metendo entre
parêntesis” o período da crise e fingindo que não há lições a retirar dela.

Só pela educação sólida de inteligências – cognitiva e ética – poderemos aspirar a


melhorar o comportamento geral da humanidade e a sua harmonia com o planeta.

A sustentatibilidade geral é isso mesmo: a capacidade de aprender a conhecer,


aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. São estes os quatro
pilares das aprendizagens fundamentais do século XXI, propostos pela mencionada
Comissão Internacional, e que deverão nortear toda a regeneração educacional do
nosso futuro colectivo.

Perfil

Roberto Carneiro é Professor Associado da Universidade Católica Portuguesa onde


dirige a licenciatura em Comunicação Digital e Interactiva, presidindo também ao
Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa e ao Instituto de
Ensino e Formação a Distância.

É perito e consultor de múltiplas organizações internacionais, como o Banco


Mundial, a UNESCO, a OCDE, o Conselho da Europa e a União Europeia. Foi
membro da Comissão Internacional da UNESCO para a Educação no Século XXI e
vice-presidente do Grupo de Reflexão Educação-Formação da Comissão Europeia.
Como perito internacional foi ainda examinador das Políticas Educativas em França,
Turquia e Japão. Actualmente, é membro da 2ª Câmara do Programa eEurope e
delegado ao Comité Director do Programa eLearning da Comissão Europeia.
Actualmente, preside ao Conselho de Administração da Fundação Escola Portuguesa
de Macau e ao Conselho Técnico-Científico da Casa Pia de Lisboa e dirige os
Observatórios da Imigração (ACIME) e da Sociedade da Informação e do
Conhecimento. Foi Secretário de Estado da Educação (1980/81), Secretário de
Estado da Administração Regional e Local (1981/83) e Ministro da Educação
(1987/91).
Tem mais de 400 artigos, livros e publicações sobre Educação, Gestão Pública,
Gestão do Conhecimento, História, Prospectiva, Desenvolvimento dos Media,
Sociedade da Informação e temáticas contemporâneas.

Diogo Paiva Brandão

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