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http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=77264
Pedro - As raízes da minha família sempre foram católicas. Nunca tive nenhum
problema com a Igreja Católica. Costumo dizer a algumas pessoas que estou mais
próximo da Elizabete do que de muitas pessoas da minha confissão.
AE - Porquê?
Elizabete – Cada um faz a sua oração pessoal. As orações comuns acontecem antes
da refeição. Eu sigo sempre um rito católico, geralmente termino as minhas
orações com «glória ao Pai» e o Pedro diz sempre «Em nome de Jesus Cristo» e
respondemos «Amen». Quando temos visitas nota-se a diferença se é um ou outro
a conduzir a oração.
Pedro – Cada um vai à sua Igreja. Sou pastor e tenho os meus serviços. Tenho
duas igrejas a meu cargo e a Elizabete frequenta a Igreja Católica.
Pedro – Por vezes, na igreja onde eu vou, as pessoas perguntam-me pela Elizabete
e alguns dizem que ela, como eu sou pastor, deveria ir comigo. Mas eu acho que
não há razão nenhuma para ela sair da sua confissão. O ideal era que as duas
igrejas se unissem. Como isso ainda não aconteceu temos de respeitar. Acredito
que não faltará muito tempo para o Cristianismo encontrar outras formas de união.
Isso está já a acontecer em alguns locais da Europa - ser comunidade de Cristo fora
das instituições. Não à margem, mantendo as tradições, mas encontrando formas
inovadoras.
AE – É possível ver para além da própria identidade institucional?
Elizabete – Existem jovens que se reúnem em Lisboa e são um exemplo real: uma
comunidade que se reúne, em que rezam todos juntos. Identificam-se como
cristãos que rezam.
AE - E os filhos?
Perguntam-me como pastor que exemplo darei se os meus filhos não forem à
minha Igreja ou «Como é que vou ter crianças na escola dominical se os teus filhos
vão à catequese?» Se eu souber que na Igreja Católica ensinam melhor a Bíblia e o
Evangelho de uma forma mais autêntica e verdadeira, porque não?
Elizabete – Não. Tem de haver uma educação desde o início. Desde a concepção ou
desde a nascença existe já uma relação dessas pessoas com Deus. Se os pais são
crentes, estes vão naturalmente introduzi-la na relação com Deus. O mais
importante é desenvolver esta relação. Quanto à confissão, não sei. Vejo tantos
que foram educados na Igreja Católica ou Protestante e depois professam outra
coisa ou são agnósticos ou ateus. A educação será feita com a presença de Cristo.
Pedro – Está demasiado enraizado, acho que culturalmente, que o pastor tenha de
ter uma mulher que, não sendo oficialmente pastora, o ajude. Na Igreja
presbiteriana eu não conheço outro casal que tenha outra pessoa tão empenhada
como a Elizabete é na Igreja dela. Eu sempre tive uma postura de relativização
perante a instituição. O que é importante é anunciar Cristo e o Evangelho. A
Elizabete ajuda-me muitas vezes teologicamente.
Pedro – O nosso testemunho é o amor que nos une aos dois e depois a Deus. A
história vai-se fazendo.
AE - Até que ponto a aproximação entre as igrejas cristãs é efectivo?
Pedro - Há de facto um trabalho feito nos últimos anos. Mas o diálogo ecuménico
estagnou. As pessoas continuam presas às suas instituições. O objectivo cimeiro do
movimento ecuménico é que a unidade fosse visível. E isso não se vislumbra. Penso
que seria essencial que o diálogo nas cúpulas tivesse caminho por onde andar e
não vejo isso. O movimento ecuménico vai continuar a existir pela base e através
da formação de comunidades.