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“OS TEUS AMIGOS, AMIGOS TÊM”… OU “ESTÃO VERDES, NÃO

PRESTAM…”
- … quem me deu esta ideia foi A. Eu estava aqui sentada, ele apareceu, estivemos
bastante tempo a conversar e…
- Quer dizer que ele lhe cantou aquela canção…
- Não cantou canção nenhuma. Anda agora a cantar por outros lados…
- Ah! Ah! Ah! É verdade, diga-me o que pensa daquilo dele com M!?
- Não penso nada!
- Porquê?
- Porque não tenho nada que pensar. É a vida deles, o problema é deles também, não meu
nem dos outros.
- Ah, mas de certeza que pensa alguma coisa. Diga-me!? Já agora tenho curiosidade de
saber o que pensa a esse respeito.
- Posso dar-lhe a mesma resposta que já dei a uma senhora. Estávamos sentadas naquele
canto, ela insistiu bastante em falar de velhos que querem miúdas, atacou várias vezes, até
que eu, já farta de ouvi-la, disse que sabia perfeitamente de quem se tratava, que estava
cansada de tanta alusão…
- E você, que gosta muito de A, que é muito amiga dele, defendeu-o e não deixou que ela
falasse mal.
- Sim, sou amiga de A, não deixo que digam mal a seu respeito. Até lhe disse que, se
houvesse alguém prejudicado, esse alguém seria ele…
- Porquê prejudicado? Porque falar em prejuízo?
- Meu Deus, isto até parece uma discussão filosófica em que tenho que previamente
definir os termos em que me vou exprimir… Mas pronto, não falemos em termos de
prejuízo, mas de afecção. Será ele, então, o afectado. Claro que a senhora me respondeu
que eu deveria estar doida, se já tinha pensado nela, uma menina, casada com um velho…
- Mas A não é um velho!!...
- Não, chamemos-lhe maduro, madurão mesmo! E estou convencida de que ele, um
homem bem conservado, atraente, camaradão, que é uma companhia agradável, a poderá
fazer feliz ainda durante algum tempo… Sim, aguentar-se-á bem durante uns anos…
- Ah! Ah! Ah! Essa é boa! Com que então ele vai aguentar-se ainda durante uns anos,
hem?
- Não pensei só no aspecto a que se referiu, mas no geral. Já agora digo-lhe que penso que
nesse em especial não terá também problemas nos próximos tempos.
- Sim, também estou convencido disso. Mas a diferença de idades…
- Sim, é muita. E aí está: dentro em pouco ele passa de homem maduro a um velho e ela
de menina a uma jovem senhora. Ele proporciona-lhe uma vida agradável, não sabe o que
lhe há-de fazer, dá-lhe tudo, ela sai do seu meio, vai ter outro tipo de vida, conhecer
outras pessoas, provavelmente continuar estudos superiores, ter outros interesses… E vai
acontecer o inevitável…
- O quê?
- … ou ele vai dar um marido muito, muito ciumento, mas compreensivo…
- Ah! Ah! Ah!
- … ou aceita simplesmente os factos e a separação. E não estou a exagerar ou a fantasiar,
mas a encarar a realidade!
- Não, não penso em exageros. Acho até que está a ver muito bem as coisas. E a mocinha
também não é nada por aí além. Não quero dizer que não seja engraçada… mas daí a ele
fazer o que está fazendo… Conhece-a?
- Conheço.
- Como será ela intelectualmente?
- O conhecimento que tenho dela é apenas físico. Disseram-me que é uma moça esperta.
Mas tudo depende do conceito que se tem de esperteza. Para uns uma moça esperta é
aquela que mostra um certo grau de inteligência, a que tem o seu valor intelectual. Para
outros, é a que marra muito, a que empina matérias e passa nos exames. A maneira como
a conheço não me permite pronunciar-me a esse respeito. Mas também não sei até que
ponto vão as exigências intelectuais dele. Talvez não sejam muitas.
- Sim, talvez não. Mas o que é que ele verá nela? É caso para perguntar…
- Vê juventude, o que é que havia de ver? É um homem numa idade perigosa. A juventude
foge-lhe e ele tenta agarrar a dela… É uma forma de compensação…
- É isso. É isso mesmo.
- … e daí o eu dizer-lhe que ele será o mais afectado. Vai querer-lhe muito e sofrer quando
encarar a realidade a que foge, mas de que no entanto está consciente. Pode interessar-lhe
apenas viver o dia-a-dia, aquilo que pode aproveitar no momento…
- Mas é isso mesmo!!!
- … quanto a ela, terá outra vida, outros interesses, outra idade também, a vida toda pela
frente, e ser-lhe-á tudo mais fácil, como já lhe disse.
- Pois é. E acha que haverá só interesse da parte dela?
- Uma coisa de que muitos a acusam e, no entanto, eu estou convencida de que não.
- Porque não? Eu acho que sim, que ela vai movida pelo interesse.
- Já lhe disse que ele é um homem muito atraente e uma companhia muito agradável.
Claro que veste bem, e o homem que é, ou que aparenta, é consequência também da boa
situação de que desfruta. Estou convencida de que se ele fosse ali o Zé da Esquina ela não
se sentiria atraída da mesma forma… mas daí a querê-lo só por interesse… E também é
difícil separar-se a pessoa que se é do tipo de vida que se tem. A pessoa é no seu conjunto,
e ou se gosta assim, por inteiro, ou não se gosta mesmo.
- É assim, isso é mesmo verdade! Mas sabe, a diferença de idades é muita…
- Sim. Pense que ela é mais nova do que os três filhos mais velhos dele…
- Pois é, é demasiada a diferença. É uma criança. Tem idade para ser filha dele. Veja, aí
está uma coisa que eu era incapaz de fazer…
- Sim… talvez não…

Rio-me misteriosamente enquanto D me reafirma a sua incapacidade para tal acção. Olho
sempre em frente, com medo que os olhos me traiam. Não posso dizer-lhe que ainda há
poucos, pouquíssimos anos, M’ desabafa com uma amiga, por sua vez minha amiga
também, a terrível pressão que sofre por parte dele, homem casado, com três filhos, cheio
de problemas caseiros, vinte e tal anos mais velho do que ela, no sentido de que abandone
a família e vão viver juntos para longe daqui. Lembro a velha história da Raposa e das
Uvas. Será que tem aqui perfeito cabimento? Que os terá levado a anular ou adiar o
projecto? Um mistério que gostaria de decifrar, dadas as constantes e fáceis arremetidas
de D a todas as M, M’ e M”, e a vida sentimental um tanto estranha e aparentemente vazia
de M’. Respondi com a maior sinceridade possível, embora consciente de que estive a ser
experimentada. Em relação a quem, gostaria de saber. A mim, a M’, a qualquer outra M’,
a todas as M”, ou a uma qualquer outra possibilidade futura? D ainda fala de idades,
interesses, maturidades, intelectualices, mas eu já não o ouço… Sei já que estes requisitos
ideais se ajustam sempre à pessoa presente, sei que essa pessoa não pode, para seu próprio
bem, acreditar neste palavreado, sei que acabei de ser chamada de circunspecta… O
resto… Bem, o resto é matéria para outra arremetida das minhas…

(Conversa havida no Café da D. Rosa, Praça do Município, entre mim e um D. Juan, em


Junho/Julho de 1982).

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