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trabalho
(Publicado na Revista Justa do Trabalho 245, p. 43)
Maria Luiza Pinheiro Coutinho
Advogada - CE
Auditora Fiscal do Trabalho
Ps-graduanda em Direito do Trabalho e Previdencirio
SUMRIO
1. O Fator Sade e a Discriminao no Trabalho
2. Aspectos Jurdicos
1. O FATOR SADE E A DISCRIMINAO NO TRABALHO
As doenas, principalmente as incurveis, sempre alimentaram o
preconceito social contra seus portadores, servindo, em diversos momentos
histricos, de motivo para prticas segregacionistas, por meio das quais a
sociedade exclua seus doentes do convvio social, fato esse observado at
pouco tempo com os hansenianos e as vtimas da tuberculose.
Tal excluso radical no se verifica nos tempos atuais, at pelos avanos da
medicina, porm, somou-se ao preconceito originrio o fenmeno da
discriminao que alija as pessoas doentes, sobretudo quelas vitimadas
por doenas estigmatizadas, da convivncia social.
Semelhante evoluo se deu tambm no mbito do trabalho. Aqui, nos
tempos em que as relaes de trabalho eram regidas pelo direito civil, as
doenas que vitimavam o trabalhador eram tomadas como causas
dissolutivas ou suspensivas do contrato de locao de servio. Mais tarde,
com o surgimento do Direito do Trabalho as enfermidades deixaram de se
constituir em forma de descumprimento de obrigao, procurando-se com o
novo regramento garantir o emprego e o salrio, mesmo sem a efetiva
prestao de servios (salrio previdencirio).
Todavia, a nova ordem jurdica, protetiva do emprego e salrio do
empregado doente, no foi capaz de impedir que este sofra com o
preconceito e a discriminao no ambiente de trabalho, mesmo que seu
quadro clnico no comprometa sua capacidade laboral nem, tampouco,
coloque em risco a integridade fsica de seus colegas de trabalho, como o
caso dos hansenianos, dos portadores do vrus HIV/Aids e dos acometidos
de LER/DORT.
Nesse contexto, o empregado soropositivo parece ser o mais afetado,
devido o estigma social que o acompanha.1 Mesmo sabendo-se que, nem
sempre, a qualidade de soropositivo acarreta a impossibilidade da prestao
de servios, permitindo a esse trabalhador, sem risco para o ambiente de
trabalho, o desempenho de atividade laboral, a despeito dos cuidados que
se fazem necessrios quando de ocupao que oferece maior risco de
contaminao, como caso de enfermeiros, dentistas ou cirurgies que se