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http://jn.sapo.pt/2008/04/28/opiniao/os_ralhetes_presidente.html
Os ralhetes do presidente!

Honório, Novo, Deputado , do PCP

Quase só faltou a ficha técnica para que no discurso


do 25 de Abril ficássemos a conhecer na íntegra o
estudo que a Presidência da República fez sobre o
"desinteresse dos jovens pela vida política". Apesar de
já existirem abordagens estatísticas e sociológicas
suficientes para concluir que o desinteresse pela
actividade política é uma realidade - não só entre os
jovens como em parte significativa da população -, a
questão é bem relevante e deve certamente preocupar
todos os agentes políticos, a começar pelos que mais
contribuíram para a queda da ditadura fascista.

Importaria, contudo, que os ralhetes do Presidente


tivessem tido - e seria possível fazê-lo - destinatários
concretos. Se os jovens são assim tão
desconhecedores de elementos básicos de "cultura"
política - serão mesmo? -, isso não sucede por acaso,
é sobretudo consequência de vontades e forças
políticas apostadas na criação de um poder fortemente
distanciado dos cidadãos, a par com o apagamento
das memórias de Abril, dos seus antecedentes e
protagonistas, dos seus objectivos e realizações, dos
retrocessos entretanto ocorridos.

Torna-se assim impossível ouvir Cavaco Silva dizer


que ficou impressionado com os resultados do seu
estudo e não nos lembrarmos que ele foi
primeiro-ministro durante dez anos, quase um terço do
tempo que nos separa do 25 de Abril. É impossível
ouvir Cavaco Silva e não nos lembrarmos, por
exemplo, das poucas linhas que os manuais escolares
reservavam (não só nesses dez anos, bem entendido)
à Revolução dos Cravos, ou da quase total falta de
empenhamento do poder político na criação de uma
pedagogia cívica apostada na intervenção e
participação das populações.

O afastamento de jovens e adultos da vida política não


se resolve com paradas mediáticas para "eleger"
primeiros-ministros e presidentes de câmara, ou com
novos círculos uninominais, verdadeira perversão do
pluralismo que o 25 de Abril veio permitir. Esse
afastamento só se diminui quando, por exemplo,
deixarmos de dar importância às guerras de liderança
do PSD (ou do PS) e nos centrarmos nos problemas
concretos do país, acompanhando a acção dos eleitos
e contrapondo as promessas às realizações. E esta
semana até teria sido boa para o fazer. Lembram-se
que em campanha eleitoral todos tínhamos prometido
referendar o Tratado de Lisboa? Pois ele só foi
aprovado no Parlamento porque o PS e o PSD
mandaram às urtigas os seus compromissos eleitorais.
Não teria sido bom que o Presidente tivesse também
abordado esta venda de ilusões?...

Honório Novo escreve no JN, semanalmente, às


segundas-feiras honorio.novo@sapo.pt

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