A Eficácia das Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos
1 Daniel Luiz Barbosa
A partir do momento que o Estado tomou para si o poder-dever de dizer o Direito as
partes, através do juiz, visando a pacificação social, resolução de conflitos e a sua afirmação enquanto poder soberano, já se percebia da necessidade da eficácia da decisão ou da sentença proferida. A eficácia da decisão é que condiciona o poder da jurisdição. Senão o poder judiciário seria mero órgão de opinião e consulta. A decisão ou sentença eficaz é aquela que é cumprida e produz os efeitos desejados. As jurisdições dos Estados soberanos, com suas normas processuais e leis internas, estão sujeitas as normas do Direito Internacional, no que diz respeito aos Direitos Humanos. Entretanto, se na ordem interna os Estados têm poderes para tornar eficazes as suas decisões jurisdicionadas através da execução forçada, o mesmo não se pode dizer dos organismos internacionais, aos quais os Estados aderem. A criação das Cortes de justiças regionais da ONU, como por exemplo a Corte Européia de Direitos Humanos e a Corte Interamericana, tornou mais flexível as soberanias dos Estados. Contudo, enquanto a Corte Européia é acessível aos indivíduos de forma direta e os Estados que a compõem reconhecem como obrigatórias as decisões emanadas por esta Corte, o mesmo não pode-se dizer da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, aonde o acesso dos particulares é indireto, e somente após ingresso do pedido no país de origem da transgressão aos direitos humanos, também os países signatários que compõem a Corte não reconhecem como obrigatória a jurisdição dessa Corte em matéria contenciosa. Ora, as defesas dos Direitos Humanos entraram de vez na pauta Internacional, tanto que a Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU tem força de lei e no campo de Direitos Humanos é a lei Magna. As Cortes de Direitos Humanos, enquanto instâncias competentes para assegurar o respeito e a integridade dos Direitos Humanos inerentes a todos os seres humanos, devem ser respeitados como tal e suas deliberações e decisões devem ser cumpridas e objetivamente eficazes. A partir do momento que o presidente de uma Corte deste porte precisa ficar implorando aos países a execução de uma decisão proferida, fica evidente a fragilidade deste órgão, assim como a fragilidade da ONU perante seus membros permanentes. As decisões da Corte Interamericana não têm força coativa, assim falta eficácia as suas decisões e colocam em xeque a necessidade de seu funcionamento. É necessário assegurar o acesso direto a Corte Interamericana, mas acima de tudo garantir que a decisão ou sentença proferida seja eficaz. Talvez fosse necessária uma parceria com outros órgãos internacionais e agencias especializadas da ONU, para assim como os magistrados no curso do processo pedem bloqueio de bens e recitas diretamente na fonte, também as Cortes pudessem embargar negociações financeiras, empréstimos com o FMI ou BIRD. Já passamos da fase em que a tutela dos Direitos Humanos era feita por meios diplomáticos, troca de favores ou intervenções humanitárias. Agora é a vez da obrigatoriedade.