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SEXTA-FERIA
– O pecado pessoal produz efeitos nos outros. Reparar pelos pecados do mundo. Penitência e
Comunhão dos Santos.
Deus quer que o pecador se converta e viva2, mas este deve cooperar com
o arrependimento e com as obras de penitência. “No seu sentido próprio e
verdadeiro, o pecado – diz João Paulo II – é sempre um ato da pessoa, porque
é um ato de um homem, individualmente considerado, e não propriamente de
um grupo ou de uma comunidade”3.
São, pois, muitos os motivos que temos para fazer penitência neste tempo
da Quaresma, e devemos concretizá-la em pequenas coisas: em mortificar os
nossos gostos nas refeições – em viver a abstinência que a Igreja manda –, em
ser pontuais, em vigiar a imaginação... E também em procurar, com o conselho
do director espiritual, do confessor, outros sacrifícios de maior importância, que
nos ajudem a purificar a alma e a reparar os pecados próprios e alheios.
II. AINDA QUE O PECADO seja sempre uma ofensa pessoal a Deus, não
deixa de produzir efeitos nos demais homens. Para bem ou para mal, estamos
sempre influindo naqueles que estão ao nosso lado, na Igreja e no mundo, e
não apenas pelo bom ou mau exemplo que lhes damos ou pelos resultados
directos das nossas acções. “Esta é a outra face daquela solidariedade que,
em nível religioso, se desenvolve no profundo e magnífico mistério da
Comunhão dos Santos, graças à qual se pode dizer que «cada alma que se
eleva, eleva o mundo».
O Senhor pede-nos que sejamos motivo de alegria e luz para toda a Igreja.
No meio do nosso trabalho e das nossas tarefas, ser-nos-á de grande ajuda
pensar nos outros, saber que somos apoio – também mediante a penitência –
para todo o Corpo Místico de Cristo, e em especial para aqueles que, ao longo
da vida, o Senhor foi colocando ao nosso lado: “Se sentires a Comunhão dos
Santos – se a viveres –, serás de bom grado um homem penitente. – E
compreenderás que a penitência égaudium etsi laboriosum – alegria, embora
trabalhosa. E te sentirás «aliado» de todas as almas penitentes que foram, são
e serão”9. “Terás mais facilidade em cumprir o teu dever, se pensares na ajuda
que te prestam os teus irmãos e na que deixas de prestar-lhes se não és fiel”10.
A penitência que o Senhor nos pede, como cristãos que vivem no meio do
mundo, deve ser discreta, alegre..., uma penitência que quer permanecer
inadvertida, mas que não deixa de traduzir-se em actos concretos. Além disso,
não faz mal que vez por outra se percebam as nossas penitências. “Se foram
testemunhas das tuas fraquezas e misérias, que importa que o sejam da tua
penitência?”11
“Perdoemos sempre, com o sorriso nos lábios. Falemos com clareza, sem
rancor, quando nos parecer em consciência que devemos falar. E deixemos
tudo nas mãos do nosso Pai-Deus, com um divino silêncio – Iesus autem
tacebat (Mt XXVI, 63), Jesus calava-se –, se se trata de ataques pessoais, por
mais brutais e indecorosos que sejam”14.
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23, 34). Foi o Amor
que levou Jesus ao Calvário. E já na Cruz, todos os seus gestos e todas as
suas palavras são de amor, de amor sereno e forte. E nós, despedaçada de
dor a alma, dizemos sinceramente a Jesus: Sou teu, e entrego-me a Ti, e
prego-me na Cruz de bom grado, sendo nas encruzilhadas do mundo uma
alma que se entregou a Ti, à tua glória, à Redenção, à co-redenção da
humanidade inteira”15.
(1) Ez 18, 21; (2) cfr. Ez 18, 23; (3) João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliatio et paetitentia, 2-
XII-1984, 16; (4) ib.; (5) Sl 50, 5; (6) cfr. Jo 8, 11; (7) São Tomás, Suma Teológica, 3, q. 86, a. 5
c.; (8) João Paulo II,op. cit.; (9) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 548; (10) ib., n. 549; (11)
ib., n. 197; (12) Mt 5, 23-24; (13) São Leão Magno, Sermão 45 sobre a Quaresma; (14) São
Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 72; (15) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, XIª est.
(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)