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SEXTA-FEIRA, 26 DE FEVEREIRO DE 2010

O ESTADO DE S. PAULO
NOTAS E INFORMAÇÕES
NOTAS E A3
INFORMAÇÕES A3

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NOTAS & INFORMAÇÕES

Do lado dos perpetradores

S
ão de um cinismo deslavado os co- guey para Havana. E só na segunda-feira foi seu encarceramento por delito de opinião, na- um dos poucos opositores da ditadura ainda
mentários do presidente Lula so- hospitalizado. O desfecho foi tudo menos uma da sobre as condições a que são submetidos os em liberdade na ilha.
bre a morte do ativista cubano surpresa para os seus algozes. Dias antes, au- opositores do regime, nada sobre o fato de ser Lula negou ter recebido a correspondência.
Orlando Zapata Tamayo, ocorri- toridades espanholas haviam manifestado a Cuba o único país das Américas com presos “As pessoas precisam parar com o hábito de
da horas antes de sua quarta visi- sua preocupação com a situação de Tamayo, políticos. Nenhum gesto de desaprovação à fazer cartas, guardarem para si e depois dize-
ta à ilha desde que assumiu o go- numa reunião sobre direitos humanos com en- violência de uma tirania. rem que mandaram para os outros”, recla-
verno. Tamayo, um pedreiro de 42 anos, foi viados de Cuba. Ele morreu porque o deixa- Pensando bem, por que haveria ele de tur- mou. E, com um toque de requinte no próprio
um dos 75 dissidentes condenados em 2003 a ram morrer. Poderiam, mas não quiseram, ali- var a sua fraternal amizade com os compañe- cinismo, concluiu: “Se essas pessoas tivessem
até 28 anos de prisão. Inicialmente, a sua pena mentá-lo por via endovenosa. “Foi ros Fidel e Raúl, aborrecendo-os falado comigo antes, eu teria pedido para ele
foi fixada em 3 anos. Depois, elevada a 25 anos um assassínio com roupagem judi- com esses detalhes? Ao seu lado, parar a greve e quem sabe teria evitado que
e 6 meses por delitos como “desacato”, “desor- cial”, resumiu Elizardo Sánchez, lí- Raúl acabara de pedir aos jornalis- ele morresse.” À parte a falta de solidariedade
dem pública” e “resistência”. Embora não fos- der da ilegal, mas tolerada, Comis- tas que “os deixassem tranquilos, de- humana elementar que as suas palavras escan-
se um membro destacado do movimento de são Cubana de Direitos Humanos. senvolvendo normalmente nossas cararam – ele disse que pode ser acusado de
direitos humanos em Cuba, a Anistia Interna- Já Lula como que culpou Tamayo atividades”. Lula atendia ao pedido. tudo, menos disso –, a coincidência da visita de
cional o incluiu na sua lista de “prisioneiros de por sua morte. Quando finalmente Afinal, como observara o seu asses- Lula com a tragédia de Tamayo o deixou expos-
consciência” – vítimas adotadas pela organiza- concordou em falar do assunto, sem sor internacional Marco Aurélio to aos olhos do mundo – e não exatamente da
ção por terem sido detidas apenas por suas disfarçar a irritação, o autointitula- Garcia, “há problemas de direitos forma que tanto o envaidece.
ideias. Em dezembro, Tamayo iniciou a greve do condutor da “hiperdemocracia” humanos no mundo inteiro”. Mas A morte de um “prisioneiro de consciên-
de fome por melhores condições para os 200 brasileira e promulgador recente Lula ainda chamou de mentirosos cia”, a afirmação de sua mãe de que ele foi tor-
presos políticos do regime, da qual morreria do Programa Nacional de Direitos Humanos, os 50 presos políticos que lhe escreveram no turado e o surto repressivo que se seguiu –
85 dias depois. disse lamentar profundamente “que uma pes- domingo para alertá-lo da gravidade do esta- com a detenção de dezenas de cubanos para
Lula conseguiu superar o ditador Raúl Cas- soa se deixe morrer por uma greve de fome”, do de saúde de Tamayo e para pedir que inter- impedir que comparecessem ao enterro do dis-
tro em matéria de cinismo e escárnio. Este dis- lembrando que se opunha a esse tipo de protes- cedesse pela libertação deles todos. Quem sa- sidente no seu vilarejo natal – transformam
se que Tamayo “foi levado aos nossos melho- to a que já tinha recorrido (quando, ainda sindi- be imaginaram, ingenuamente ou em desespe- um episódio já de si sórdido em um escândalo
res hospitais”. Na realidade, só na semana pas- calista, foi preso pelo regime militar). Nenhu- ro de causa, que o brasileiro pudesse ser “a internacional. Dele, Lula participa pela confra-
sada, já semi-inconsciente, transferiram-no ma palavra, portanto, sobre o que levou o dissi- voz em defesa da proteção da vida aos cuba- ternização com os perpetradores de um crime
do presídio de segurança máxima de Cama- dente a essa atitude temerária: nada sobre o nos”, como diria o religioso Dagoberto Valdés, continuado que já dura 51 anos.

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