Silêncio diante de violações palavrasque,no jargãodiplo-
mático, têm um peso maior,
como “exorta” e “urge”. “O Brasil também não fa-
é diretriz do Itamaraty lou sobre a repressão após as
eleições”, critica Lúcia Na- der, coordenadora de rela- ções internacionais da ONG Brasil diz rejeitar ‘agenda seletiva’ de direitos humanos; Conectas. “Mas foram apre- sentadas boas ideias.” País torna-se cúmplice de violadores, dizem analistas A crítica de Amorim à su- posta “seletividade” dos acu- DIDA SAMPAIO/AE -18/2/2010 sados de violação também é Roberto Simon questionável. Em pratica- mente todas as votações que O silêncio do presidente Luiz tocavam Israel (cerca de um Inácio Lula da Silva diante da terço das propostas no CDH repressão cubana a dissidentes são sobre o tema) o Itamara- reflete uma diretriz da política ty foicontra israelenses. ON- externa brasileira quando o as- Gsaplaudirama posiçãobra- sunto é direitos humanos. sileira, mas criticaram essa Quemdiz issoé o própriogover- “outra seletividade”. no Lula. “Não estamos aqui pa- ra colocar diploma (de direitos CONSTITUIÇÃO humanos) na parede de nin- Apolíticade abstençãosiste- guém”, disse o chanceler Celso mática, porém, foi praticada Amorim no programa Roda Vi- também durante o governo va, da TV Cultura, em junho. “O AMORIM – ‘Quantas resoluções há na ONU sobre Guantánamo?’ Fernando Henrique Cardo- Brasil não tem pretensão de su- so. À época, o País não perioridade moral.” ABSTENÇÃO SISTEMÁTICA apoiou decisões contra ocer- OPaís é um “interlocutor pri- co chinês a dissidentes, a re- vilegiado”,afirma,capazde dia- ● Irã – Itamaraty se calou em vota- ● Sudão – Em votação condenan- pressão russa na Chechênia logar tanto com países do sul, ção contra abusos de Teerã con- do Cartum pelo genocídio em Dar- e ao Irã e não criticou Cuba. quanto do norte. Por isso, deve tra manifestantes da oposição fur, Brasil voltou a se abster Flávia Piovesan, professo- rejeitar a “agenda seletiva” im- rade direitodaPUC-SP,lem- posta pelos poderosos – leia-se: ● Coreia do Norte – Prestes a ● Investigações – Não votou para bra que a Constituição de EUA e Europa. “Quantas reso- abrir embaixada em Pyongyang, renovar investigação no Congo e 1988 impõe a “prevalência luçõeshánaONUsobreGuantá- País não condenou regime não apoiou inquérito no Sri Lanka dosdireitoshumanos”nasre- namo?”, provoca o chanceler. lações exteriores brasilei- Mas ONGs e analistas afir- ras,elevandootema a umpa- mam que essa posição diplomá- (CDH) das Nações Unidas ilus- uma condenação ao Sudão pelo tamarinédito.“Elaéinovado- tica, na prática, faz do Brasil so- tra a ambiguidade. genocídio em Darfur e calou so- ra sob esse aspecto”, afirma lidário e até mesmo cúmplice A plenária dos 192 países da bre o Congo e no Sri Lanka. A Flávia. “O Brasil não pode se de países que cometem viola- ONU realizou recentemente 3 China também foi poupada. aquietar em nome da solida- ções sistemáticas. Em nome da votações com propostas contra O programa nuclear e os pro- riedade sul-sul.” “solidariedade sul-sul”, a diplo- Coreia do Norte, Mianmar e testos que sucederam às elei- A nova Carta “animou” macia brasileira estaria viran- Irã. Nas três oBrasil seabsteve. ções de junho no Irã (qualifica- umprocessointernoderede- do a cara a atrocidades cometi- dos de “choro de perdedor” por mocratização, diz Flávia. dasem países que vão de Cuba e AHMADINEJAD Lula), colocaram o regime per- “Mas a esfera externa não Irã, a Sudão e Coreia do Norte. O Itamaraty justifica que a ins- sanocentro dosdebates. OBra- acompanhou esse movimen- A relação de votos brasilei- tância adequada para o debate silseabstevenaAssembleia-Ge- to” e a ação brasileira no ros na Assembleia-Geral e no é o CDH. Mas, nesse conselho, o ral e fez um discurso brando so- mundo está excessivamente Conselho de Direitos Humanos País também se absteve em breocasonoCDH.Evitaram-se submetida ao Executivo. ●