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Disputada em pleno Inverno russo, ao longo de 260 km de pistas cobertas de neve e gelo, e com temperaturas que
oscilaram entre os 5 e os 10 graus negativos, a mais incaracterística das provas que integram o calendário
internacional de todo-o-terreno contou pela primeira vez na sua história com a presença de uma equipa portuguesa
à partida.
Coincidindo com o seu baptismo internacional, Nuno Matos e Filipe Serra bateram-se este fim-de-semana com
alguns dos melhores pilotos da actualidade e, seguramente, com os melhores especialistas do mundo neste tipo de
terreno. Sem quaisquer referências e com um único e pequeno teste realizado na véspera do rali sair para a estrada,
a apreensão era mais do que justificada para o actual Campeão Nacional de T2. De tal forma que o único objectivo
assumido era mesmo tentar chegar ao fim e ganhar alguma experiência…
Porém, surpreendendo logo na abertura, Nuno Matos e Filipe Serra colocaram-se de imediato em posição de discutir
o pódio da categoria, chegando inclusivamente a ocupar a liderança provisória após o final do primeiro Sector
Selectivo (SS), para depois de fixarem no segundo lugar à chegada da etapa inaugural, a pouco mais de 4m do líder
da categoria.
Com um ritmo em crescendo, ainda que reservando sempre alguma margem de segurança, o piloto de Portalegre
parecia, realmente, ter tudo a seu favor para confirmar a vice-liderança na segunda e decisiva etapa, entrando para
o sexto e último SS com confortáveis 2m19s de vantagem para o seu perseguidor mais directo, o russo Andrey
Cherednikov…
“Se o primeiro lugar parecia já impossível de concretizar, o segundo estava perfeitamente ao nosso alcance, mais
ainda depois de ter reforçado a minha vantagem no quinto e penúltimo sector. Porém, tudo se complicou no
derradeiro troço, escassos dois quilómetros após a partida. Entrei mal num gancho, num local em que a pista
estava já bastante danificada, e acabei por ficar preso num banco de neve… Ainda pedimos ajuda a alguns
concorrentes, mas acabou por ter que ser o público a puxar-nos novamente para a pista. Enfim, um erro
desnecessário que nos custou muito tempo e a descida à terceira posição”, lamenta Nuno Matos.
“É claro que o resultado final supera todas as nossas expectativas iniciais e só pode ser considerado muito positivo
para quem nunca tinha corrido nesta baja de características tão especiais. Mas avaliando o que foi a nossa corrida
desde o início, não posso deixar de ficar um pouco desgostoso pela forma como deixei escapar o segundo lugar.
De qualquer forma, o campeonato só agora começou para nós e esta era, de facto, a corrida em que
depositávamos maiores reservas ao nível do resultado final”, acrescenta ainda o piloto, segundo melhor dos
estreantes no final desta difícil baja.
“Curiosamente, quase teria dado para dispensar a equipa de assistência, uma vez que não foi preciso mudar uma
única peça no carro ao longo de toda a prova. Está pronto para seguir viagem para a Baja Itália”, conclui Nuno
Matos, o agora quinto classificado da Taça Internacional FIA de Bajas, mesmo se a apenas quatro pontos do líder.
Categoria Produção (T2): 1ºs Sami Al Shammari e Viktor Vilokov, 10 pontos; 3ºs Yahya Al Helei e Andrey
Cherednikov, 8 pontos; 5ºs Nuno Matos e Ibrahim Al Muhana, 6 pontos (…).