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[...] Isto constituiu uma evolução para um sistema de escrita mais complexo, no
qual o signo passa a ter valor fonético independente do significado: o signo torna-se
palavra, a escrita vincula-se a língua oral. Por exemplo, a palavra discórdia que
antes era representada por duas mulheres brigando (representação ideográfica de
idéias), passa a ser representada por uma mulher e uma corda e, finalmente, por um
disco e uma corda (disco + corda), ligando-se a expressão fonética [...]
(BARBOSA, 1994).
Já a escrita cuneiforme, era traçada a cunho em tijolos de argila e seus sinais já eram
em grande parte silábicos, com essa influência surge a fonetização da língua oral à língua
escrita. Segundo Barbosa, 1994, com o sistema de fonetização abre-se enormemente os
horizontes para os registros escritos. Passa a ser possível expressar todas as formas
lingüísticas, até as mais abstratas, por meio de símbolos escritos. Os signos passam a ter
valores silábicos convencionais: convenção de forma e de princípios. Os signos foram
normalizados, para que todos os desenhassem da mesma maneira; estabeleceram-se
correspondências entre signos, palavras e sentidos; escolheram-se os signos com valores
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silábicos definidos; definiram-se regras quanto a orientação da direção dos signos, à forma e
seqüências das linhas. A seqüência dos signos passou a seguir a mesma seqüência da
linguagem falada. Houve, portanto, uma alteração significativa nas convenções do sistema
representativo. A formalização da escrita exigiu não só o estabelecimento das regras, como
também a aprendizagem efetiva das formas e princípios da escrita.
Os princípios escritos sumérios se expandiram ao oriente e o sistema de escrita
cuneiforme foi adaptado por outros povos aos seus idiomas, data-se que a mais antiga
inscrição hebraica que se conhece fosse também de caráter cuneiformes. Por volta de 3.000
a.C. os hieróglifos egípcios alcançaram sua forma definitiva, compreendendo vinte e quatro
sinais para as consoantes.
Foi então, a partir da representação da escrita silábica, que antes era desenhada para
representar os sentimentos humanos dos povos semíticos ocidentais, que os gregos criaram o
alfabeto, este ao longo dos tempos vem transformando seus sinais gráficos chamados de letras
aos idiomas que se adequando às necessidades de cada civilização que irá usá-lo.
[...] entende-se por alfabeto um conjunto de sinais da escrita que expressam os sons
individuais de uma língua. Para isto os gregos desenvolveram um sistema de
vogais. Estas vogais, unidas aos signos silábicos, tornaram a sílaba simples signos
consonânticos. Pela primeira vez, criaram um completo sistema alfabético de
escrita, com 27 letras. A partir dos gregos os semitas aprenderam os símbolos
vocálicos e criaram seu próprio alfabeto. O nosso alfabeto latino também se
desenvolveu a partir do alfabeto grego [...]. em resumo, podemos assinalar três
grande avanços na construção histórica da escrita: o principio sumério de
fonetização; a escrita silábica semítica ocidental; alfabeto grego. (BARBOSA,
1994, p. 37).
e exigir mais que a linguagem oral, basta analisar as complexidades impostas pela língua
escrita, em relação ao desenvolvimento fonético e morfológico de qualquer idioma se
modifica quando escreve, e há sempre constantes mudanças nesses aspectos.
A escrita é mais conservadora que a língua falada e tem um poder restritivo sobre o
desenvolvimento natural de um idioma. A forma como usamos o idioma na escrita
é mais antiga, rígida e convencional do que a forma como usamos esse mesmo
idioma na fala cotidiana. Empregamos na nossa escrita uma forma distinta da nossa
fala. A escrita resiste a toda mudança lingüística que é frequentemente considerada
como uma “corrupção” da língua. (BARBOSA, 1994, p. 36).
Com relação ao sistema de escrita cada criança apresenta diferentes avanços ao que
chamamos de compreensão do código lingüístico escrito. Geralmente as primeiras escritas
infantis são chamadas de garatujas ao ponto de vista gráfico, esses aspectos sejam eles em
forma de linhas onduladas ou quebradas, bolinhas rabiscos, e vale observar com que
qualidade esses aspectos gráficos trazem aos aspectos construtivos de cada criança a
distribuição das grafias no papel. “Do ponto de vista construtivo, a escrita infantil segue uma
linha de evolução surpreendentemente regular, através de diversos meios culturais, de
diversas línguas”. (FERREIRO, 2001, p.18,19).
Em primeiro momento destacam-se três múltiplas subdivisões que caracteriza a
construção da escrita das crianças em idade escolar nomeadas por estudos de Emília ferreiro,
2001. A primeira distinção dar se a entre o modo de representação icônico e não icônico; a
segunda refere-se à construção de diferenciação; ou seja, o controle progressivo das variações
sobre os eixos qualitativos e quantitativos; a terceira subdivisão está relacionada a fonetização
da escrita , que ao iniciar em um período silábico e chega ao nível alfabético , embora a
criança encontre na escola e na família fatores que estimulam a refletir sobre a concepção da
linguagem escrita .
Ferreiro (2001) afirma que a escrita pode ser concebida de duas formas muito
diferentes e conforme o modo de considerá-las as conseqüências pedagógicas muda
drasticamente. A escrita pode ser analisada como uma representação da linguagem oral ou
como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras. Nem tudo o que pronunciamos,
escrevemos em uma determinada palavra, é o caso de pronunciarmos um som e representa
com outra grafia : como exemplo , o ch ter som de x , falo chocolate ,embora exista uma
grafia a mais para o fonema.
Sendo a escrita uma representação da língua propriamente dita, seu aprendizado
consiste em um conhecimento da natureza simbólica, que representa a linguagem. Durante o
processo de transição e apropriação tanto simbólica a representação da linguagem fica afetada
pela escrita. Em estudos realizados por lingüistas e psicólogos demonstram que a
aprendizagem da língua escrita está relacionada ao reconhecimento dos morfemas que
contribui significativamente para aumentar as habilidades das crianças a distinguir as raízes
morfológicas das palavras.
REFERÊNCIAS
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. 24. ed. Atualizada – São Paulo: Cortez,
2001.