A consciência fonológica é definida por muitos como “a habilidade metalingüística de
tomada de consciência das características formais da linguagem.” É entender, de forma consciente, que os sons associados às letras são os mesmos da fala e que esses podem ser manipulados. Segundo Inês Sim Sim é o “conhecimento que permite reconhecer e analisar, as unidades de som de uma determinada língua assim como as regras de atribuição do sistema de sons dessa língua” Para Medeiros e Oliveira, “o termo consciência fonológica foi definido como a percepção de que as palavras são construídas por diversos sons. Tal conceito diz respeito tanto à compreensão de que a fala pode ser segmentada quanto à habilidade de manipular esses segmentos”. A consciência fonológica vai-se desenvolvendo com uma cadência progressiva acompanhando o crescimento natural da criança e a gradual aquisição do conhecimento da linguagem oral. Contudo, temos que considerar o tipo de experiências vivenciadas pela criança que muito influencia a aquisição da referida consciência.
Descrição da sessão
Na sessão tutorial que aqui ponho em comum, depois de eu
ter sensibilizado os alunos para a tarefa, o professor Marcelino apresentou o Caixinhas a partir de uma pequena dramatização, criando uma história à volta da personagem que produz as palavras sempre de forma silabada. Numa primeira fase, assumi as produções da personagem e os alunos tiveram de juntar as sílabas para adivinhar o que a personagem estava a dizer, reconstituindo várias palavras ditas de forma segmentada por mim. Repetiu-se o procedimento anterior, mas desta vez orientei as crianças para constatarem que, para além dos sons produzidos pelos lábios, há também sons da língua, pois há sons que obrigam a subida da língua para a zona dos dentes da frente - , o, l, r - ou outros que fazem recuar a língua – x, lh, nh… Experimentámos depois sons vindos da garganta, com é o caso do rr produzido pela parte de trás da nossa boca. Depois observaram algumas imagens, sobre temas variados, pedindo eu a um aluno que dissesse as palavras sugeridas por cada imagem de forma segmentada para os colegas reconstituírem. Seguidamente os alunos reinventaram oralmente palavras que começavam ou terminavam como a anterior, partindo do som da primeira sílaba ou terminando com o som da última, apenas com a audição da palavra. Por fim apresentei oralmente, várias frases para a produção de rimas com final aberto e pedi aos alunos que dissessem as palavras para completar as rimas, completando depois um exercício de produção de rimas, num registo escrito.
Reflexão
O carácter lúdico de praticamente
toda a sessão promoveu empenhamento e concentração dos alunos o que facilitou a tarefa desta sessão ajudando a concretizar os objectivos que me propus inicialmente - trabalhar e desenvolver a consciência de palavra, a consciência silábica e fonémica. Como defende Riviere “a consciência fonológica existe, de maneira mais ou menos grosseira, antes do aprendizado da leitura e se reforça ao longo dos diferentes tempos desta aquisição”, vindo a coincidir a sua maior conciencialização com a entrada na escola e durante os primeiros anos de escolarização com o treino da mesma à medida que a criança vai tomando consciência do sistema sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como “unidades identificáveis”. A cada professor cabe a tarefa de fazer com que as crianças se apercebam da existência dos fonemas e da possibilidade de os separar contando para isso com a ajuda de múltiplos recursos: poemas, provérbios, travas línguas, adivinhas, histórias, dramatizações, canções…
RIVIÈRE, 2001 apud Carvalho, 2007
MEDEIROS e OLIVEIRA, 2008 SIM Sim Inês, 2006 A Formanda: Glória Pinto