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1) Freud discute o conceito de inconsciente na psicanálise, definindo-o como idéias ou concepções presentes na mente, mas não na consciência.
2) Experimentos de sugestão pós-hipnótica mostram idéias ativas inconscientemente que se tornam conscientes em um momento futuro.
3) Análises de fenômenos neuróticos revelam idéias inconscientes ativas que permanecem fora da consciência, mesmo quando intensas.
1) Freud discute o conceito de inconsciente na psicanálise, definindo-o como idéias ou concepções presentes na mente, mas não na consciência.
2) Experimentos de sugestão pós-hipnótica mostram idéias ativas inconscientemente que se tornam conscientes em um momento futuro.
3) Análises de fenômenos neuróticos revelam idéias inconscientes ativas que permanecem fora da consciência, mesmo quando intensas.
1) Freud discute o conceito de inconsciente na psicanálise, definindo-o como idéias ou concepções presentes na mente, mas não na consciência.
2) Experimentos de sugestão pós-hipnótica mostram idéias ativas inconscientemente que se tornam conscientes em um momento futuro.
3) Análises de fenômenos neuróticos revelam idéias inconscientes ativas que permanecem fora da consciência, mesmo quando intensas.
Desejo expor em poucas palavras e to simplesmente quanto possvel
o que o termo inconsciente veio a significar na Psicanlise e somente nesta. Uma concepo ou qualquer outro elemento psquico que se ache agora presente em minha conscincia pode tornar-se ausente no momento seguinte, e novamente presente, aps um intervalo, imutada, e, como dizemos, de memria, no como resultado de uma nova percepo por nossos sentidos. este fato que estamos acostumados a explicar pela suposio de que, durante o intervalo, a concepo esteve presente em nossa mente, embora latente na conscincia. Sob que forma ela pode ter existido enquanto presente na mente e latente na conscincia no temos meios de adivinhar. Neste exato momento, podemos estar preparados para enfrentar a objeo filosfica de que a concepo latente no existiu como objeto de psicologia, mas como uma disposio fsica para a repetio do mesmo fenmeno psquico, isto , da dita concepo. Mas podemos replicar que isso uma teoria que ultrapassa de muito o domnio da psicologia propriamente dita; que ela simplesmente incorre em petio de princpio ao asseverar que consciente um termo idntico a psquico, e que est positivamente errada ao negar psicologia o direito de explicar seus fatos mais comuns, tais como a memria, por seus prprios meios. Ora, permitam-nos chamar de consciente a concepo que est presente em nossa conscincia e da qual nos damos conta, e que este seja o nico significado do termo consciente. Quanto s concepes latentes, se temos qualquer razo para supor que elas existam na mente como tnhamos, no caso da memria que elas sejam designadas pelo termo inconsciente. Assim, uma concepo inconsciente uma concepo da qual no estamos cientes, mas cuja existncia, no obstante, estamos prontos a admitir, devido a outras provas ou sinais. Esta poderia ser considerada uma amostra desinteressante de trabalho descritivo ou classificatrio se nenhuma outra experincia apelasse ao nosso julgamento seno os fatos da memria ou os casos de associao por vnculos inconscientes. Entretanto, o experimento bem conhecido da sugesto ps-hipntica ensina-nos a insistir na importncia da distino entre consciente e inconsciente, e parece aumentar o seu valor. Neste experimento, tal como realizado por Bernheim, uma pessoa colocada em estado hipntico e subseqentemente despertada.
Enquanto se encontrava no estado hipntico, sob a influncia do
mdico, foi-lhe ordenado executar determinada ao num certo momento fixado aps seu despertar, digamos meia hora mais tarde. Ela desperta e parece plenamente consciente e em seu estado normal; no tem lembrana do estado hipntico e, contudo, no momento predeterminado, aparece-lhe na mente o impulso a fazer tal tipo de coisa, e ela o faz conscientemente, embora sem saber por qu. Parece impossvel fornecer qualquer outra descrio do fenmeno a no ser dizer que a ordem esteve presente na mente da pessoa num estado de latncia, ou que esteve presente inconscientemente, at que o momento determinado chegou, e ento tornou-se consciente. Mas no foi sua totalidade que emergiu para a conscincia: somente a concepo do ato a ser executado. Todas as outras idias associadas a essa concepo a ordem, a influncia do mdico, a recordao do estado hipntico permaneceram inconscientes mesmo ento. Mas temos mais a aprender deste experimento. Somos levados da viso puramente descritiva a uma viso dinmica do fenmeno. A idia da ao ordenada na hipnose no apenas tornou-se objeto de conscincia em determinado momento, mas o aspecto mais notvel do fato que esta idia tornou-se ativa; foi traduzida em ao, assim que a conscincia tornou-se ciente de sua presena. Sendo a ordem do mdico o estmulo real ao, difcil no admitir que a idia da ordem do mdico se tornou ativa tambm. Entretanto, esta ltima idia no se revelou conscincia, como o fez seu resultado, a idia da ao; permaneceu inconsciente e, assim, foi ativa e inconsciente ao mesmo tempo. Uma sugesto ps-hipntica uma produo de laboratrio, um fato artificial. Mas, se adotarmos a teoria dos fenmenos histricos, primeiramente apresentada por P. Janet e elaborada por Breuer e eu mesmo, no nos faltaro muitos fatos naturais que mostram o carter psicolgico da sugesto ps-hipntica ainda mais clara e distintamente. A mente do paciente histrico acha-se cheia de idias ativas, porm inconscientes; todos os seus sintomas procedem de tais idias. , na verdade, a caracterstica mais marcante da mente histrica ser governada por elas. Se a mulher histrica vomita, pode faz-lo devido idia de estar grvida. Entretanto, ela no tem conhecimento desta idia, embora possa ser facilmente detectada em sua mente e tornada consciente mediante um dos processos tcnicos da psicanlise. Se se acha executando os arrancos e movimentos que constituem seu ataque, ela nem mesmo conscientemente representa para si as aes pretendidas e pode perceber estas aes com os sentimentos desligados de um observador. No obstante, a anlise demonstrar que estava desempenhando seu papel na reproduo dramtica de algum incidente de sua vida, cuja lembrana esteve inconscientemente ativa durante a crise. A mesma preponderncia de idias inconscientes ativas revelada pela anlise como sendo o fato essencial na psicologia de todas as outras formas de neurose. 2
Aprendemos, portanto, pela anlise dos fenmenos neurticos, que
uma idia latente ou inconsciente no , necessariamente, uma idia fraca, e que a presena dessa idia na mente admite provas indiretas do tipo mais convincente, equivalentes prova direta fornecida pela conscincia. Sentimo-nos justificados em fazer nossa classificao concordar com este acrscimo ao nosso conhecimento, introduzindo uma distino fundamental entre diferentes tipos de idias latentes ou inconscientes. Estvamos acostumados a pensar que toda idia latente assim se tornou por ser fraca e que se transformou em consciente logo que se tornou forte. Adquirimos hoje a convico de que h algumas idias latentes que no penetram na conscincia, por mais fortes que possam se haver tornado. Assim, chamamos as idias latentes do primeiro tipo de pr-conscientes, enquanto reservamos o termo inconsciente (propriamente dito) para o ltimo tipo que viemos a estudar nas neuroses. O termo inconsciente, que foi empregado antes no sentido puramente descritivo, vem agora a implicar algo mais. Designa no apenas as idias latentes em geral, mas especialmente idias com certo carter dinmico, idias que se mantm parte da conscincia, apesar de sua intensidade e atividade. Antes de prosseguir com minha exposio, referir-me-ei a duas objees que tm probabilidades de serem levantadas neste ponto. A primeira delas pode ser assim enunciada: ao invs de concordar com a hiptese de idias inconscientes, das quais nada sabemos, melhor presumir que a conscincia pode ser dividida, de modo que certas idias ou outros atos psquicos possam constituir uma conscincia separada, que se tornou desligada e separada da massa de atividade psquica consciente. Casos patolgicos famosos, como o do Dr. Azam [A referncia ao caso de Flida X, notvel exemplo de personalidade alternada ou dupla, provavelmente o primeiro deste tipo a ser investigado e registrado minuciosamente. O caso foi descrito em vrias publicaes por E. Azam, de Bordeaux. Seu primeiro relatrio apareceu na Revue Scientifique, em 26 de maio de 1876, e foi seguido, algumas semanas depois, por um artigo dos Annales mdico-psychologiques. (Ver Azam, 1876, e seu ltimo livro, 1887.)], parecem contribuir muito para demonstrar que a diviso da conscincia no constitui imaginao fantasista. Aventuro-me a alegar contra essa teoria que ela uma suposio gratuita, baseada no mau uso da palavra consciente. No temos o direito de estender o significado desta palavra a ponto de faz-la incluir uma conscincia da qual seu prprio possuidor no se acha ciente. Se os filsofos encontram dificuldade em aceitar a existncia de idias inconscientes, a existncia de uma conscincia inconsciente parece-me ainda mais objetvel. Os casos descritos como diviso (splitting) da conscincia, como o do Dr. Azam, poderiam de preferncia ser denominados de deslocamento da conscincia essa funo ou o que quer que seja que oscila entre dois complexos psquicos diferentes que se tornam conscientes e inconscientes alternadamente.
A outra objeo que poderia ser levantada seria que aplicamos
psicologia normal concluses que so tiradas principalmente do estudo de estados patolgicos. Estamos capacitados a respond-la por outro fato, cujo conhecimento devemos psicanlise. De certas deficincias de funo da mais freqente ocorrncia entre pessoas sadias, tais como por exemplo, lapsus linguae, erros de memria e de fala, esquecimento de nomes etc., pode-se facilmente demonstrar que dependem da ao de fortes idias inconscientes, da mesma maneira que os sintomas neurticos. Apresentaremos outro argumento ainda mais convincente num estdio posterior deste estudo. Pela diferenciao de idias pr-conscientes e inconscientes, somos levados a abandonar o campo da classificao e a formar uma opinio sobre as relaes funcionais e dinmicas na ao psquica. Encontramos uma atividade pr-consciente que passa para a conscincia sem dificuldade e uma atividade inconsciente que assim permanece e parece se achar isolada da conscincia. Ora, no sabemos se estes dois modos de atividade psquica so idnticos ou essencialmente divergentes desde o incio, mas podemos perguntar por que devem tornar-se diferentes no decorrer da ao psquica. A esta ltima questo, a psicanlise fornece uma resposta clara e firme. No , de modo algum, impossvel ao produto da atividade inconsciente penetrar na conscincia, mas para esta tarefa necessria uma certa quantidade de esforo. Quando tentamos realiz-la em ns prprios, damo-nos conta de uma sensao distinta de repulso, que tem de ser dominada, e, quando a produzimos num paciente, obtemos os mais indiscutveis sinais do que chamamos de sua resistncia a ela. Assim, aprendemos que a idia inconsciente acha-se excluda da conscincia por foras vivas que se opem sua recepo, embora no objetem a outras idias, as pr-conscientes. A psicanlise no deixa campo para dvida de que a repulso das idias inconscientes s provocada pelas tendncias includas na essncia destas. A teoria mais provvel que pode ser formulada, neste estdio de nosso conhecimento, a seguinte. A inconscincia uma fase regular e inevitvel nos processos que constituem nossa atividade psquica; todo ato psquico comea como um ato inconsciente e pode permanecer assim ou continuar a evoluir para a conscincia, segundo encontra resistncia ou no. A distino entre atividade prconsciente e inconsciente no primria, mas vem a ser estabelecida aps a repulso ter surgido. Somente ento a diferena entre idias pr-conscientes, que podem aparecer na conscincia e reaparecer a qualquer momento, e idias inconscientes, que no podem faz-lo, adquire um valor tanto terico quanto prtico. Uma analogia grosseira, mas no inadequada, a esta suposta relao da atividade consciente com a inconsciente poderia ser traada com o campo da fotografia comum: a primeira etapa da fotografia o negativo; toda imagem fotogrfica tem de passar pelo processo negativo e alguns desses negativos, que se saram bem no exame, so admitidos ao processo positivo, que termina pelo retrato.
Mas a distino entre atividade pr-consciente e inconsciente e o
reconhecimento da barreira que as mantm apartadas no so o ltimo ou o mais importante resultado da investigao psicanaltica da vida psquica. Existe um produto psquico encostando nas pessoas mais normais que, contudo, apresenta analogia muito marcante com as mais violentas produes da insanidade e no foi mais inteligvel aos filsofos que a prpria insanidade. Refiro-me aos sonhos. A psicanlise se fundamenta na anlise dos sonhos e a interpretao deles constitui a obra mais completa que a jovem cincia realizou at o presente. Um dos mais comuns de formao onrica pode ser descrito como segue: uma seqncia de pensamentos foi despertada pelo funcionamento da mente durante o dia e reteve um pouco de sua atividade, fugindo inibio geral de interesses que introduz o sono e constitui a preparao psquica para o dormir. Durante a noite, a seqncia de pensamentos consegue encontrar vinculaes com uma das tendncias inconscientes presentes desde a infncia na mente do que sonha, mas ordinariamente reprimida e excluda de sua vida consciente. Com a fora tomada de emprstimo a esta ajuda inconsciente, os pensamentos, resduo do trabalho do dia, tornam-se ento ativos novamente e surgem na conscincia sob a forma de sonho. Ora, trs coisas aconteceram: (1) Os pensamentos sofreram uma mudana, um disfarce e uma deformao, que representam a parte do ajudante inconsciente. (2) Os pensamentos ocuparam a conscincia numa ocasio em que no o deveriam. (3) Uma parte do inconsciente, que doutra maneira no teria podido faz-lo, surgiu na conscincia. Aprendemos a arte de descobrir os pensamentos residuais, os pensamentos latentes dos sonhos, e, comparando-os com o sonho aparente, pudemos formar opinio sobre as modificaes que experimentaram e a maneira pela qual estas foram ocasionadas. Os pensamentos latentes do sonho no diferem em nenhum aspecto dos produtos de nossa atividade consciente habitual; merecem o nome de pensamentos pr-conscientes e, em verdade, podem ter sido conscientes em algum momento do estado de viglia. Entretanto, por entrarem em contato com as tendncias inconscientes durante a noite, assimilaram-se a estas, degradaram-se, por assim dizer, condio de pensamentos inconscientes, e ficaram sujeitos s leis pelas quais a atividade inconsciente dirigida. E aqui temos a oportunidade de aprender o que no poderamos ter adivinhado pela especulao, ou por outra fonte de informao emprica que as leis da atividade inconsciente diferem amplamente daquelas da consciente. Inferimos pormenorizadamente quais so as peculiaridades do Inconsciente e podemos esperar aprender ainda mais sobre elas mediante investigao mais profunda dos processos da formao onrica. Essa investigao no se acha ainda nem na metade, e uma exposio dos resultados obtidos at agora pouco possvel sem entrar nos problemas mais intocados da anlise de sonhos. No gostaria de interromper este exame, porm, sem indicar a mudana e 5
o progresso em nossa compreenso do inconsciente devido ao estudo
psicanaltico dos sonhos. A inconscincia pareceu-nos, a princpio, apenas uma caracterstica enigmtica de um ato psquico definido. Atualmente ela significa mais para ns. sinal de que este ato partilha da natureza de determinada categoria psquica, que conhecemos por outras caractersticas mais importantes, e que ele pertence a um sistema de atividade psquica merecedor de nossa plena ateno. O valor ndice do inconsciente ultrapassou de muito sua importncia como propriedade. O sistema assinalado pelo fato de seus atos isolados serem inconscientes chamado O Inconsciente, por falta de termo melhor e menos ambguo. Em alemo, proponho denotar esse sistema pelas letras Ubw, abreviatura da palavra Unbewusst. E este o terceiro e mais significativo sentido que o termo inconsciente adquiriu na psicanlise.