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Interações medicamentosas
Caro(a) colega farmacêutico(a),
Atualmente, o tema interações medicamentosas é um dos mais importantes da farmacologia
para prática clínica dos profissionais da saúde, pois são fatores de risco para a ocorrência
de reações adversas a medicamentos. O uso concomitante de vários medicamentos
enquanto estratégia terapêutica e o crescente número desses agentes no mercado são
alguns dos fatores que contribuem para ampliar os efeitos benéficos da terapia, mas que
também possibilitam a interferência mútua de ações farmacológicas, podendo resultar em
alterações dos efeitos desejados.
Este módulo tem o objetivo de rever alguns princípios farmacológicos relacionados
aos mecanismos das interações medicamentosas, os tipos de interações, as classes de
medicamentos interativos, os grupos de pacientes expostos ao risco, além de sugerir
medidas práticas para que você, farmacêutico, possa orientar o seu cliente e prevenir a
ocorrência de reações indesejáveis decorrentes das interações não intencionais.
Desejamos a todos uma boa leitura!
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Conexão que aproxima, informação que capacita.
INTRODUÇÃO
A prescrição simultânea de vários medicamentos e sua administração é uma prática comum
utilizada em esquemas terapêuticos clássicos. A associação entre vários medicamentos
justifica-se, na tentativa de melhorar a eficácia terapêutica, reduzir os efeitos adversos de
agentes farmacológicos, diminuir doses terapêuticas, prevenir a resistência, obter ações
múltiplas e amplas e proporcionar maior comodidade ao paciente.
Entretanto, em alguns casos, a ocorrência da associação entre diferentes medicamentos não
é devidamente avaliada, podendo resultar em prejuízos ao paciente, causar antagonismo
ao efeito de uma das drogas, potencialização dos efeitos, reações adversas, aumento da
toxicidade, e, em casos mais graves, ocasionar o óbito do paciente.
Quando ocorre uma interação farmacológica entre duas ou mais drogas pode ocorrer a
interferência de uma das drogas sobre as outras, alterando o efeito esperado qualitativa
ou quantitativamente. Assim, pode-se obter um sinergismo de ação ou um antagonismo
parcial ou total desses efeitos.
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Interações Farmacológicas
O que é uma interação farmacológica
e quais os tipos de interação existentes?
Baseia-se na resposta farmacológica ou clínica oriunda da
interferência da ação de um determinado medicamento,
alimento ou qualquer substância química sobre o efeito de outro
medicamento, administrado previamente ou em concomitância
ao primeiro.
As interações entre medicamentos podem ser classificadas em
sinérgicas, quando o efeito da interação é maior que o efeito
individual dos medicamentos, e antagônicas, quando o efeito da
interação é menor que o efeito individual dos medicamentos ou
quando há alteração/anulação da resposta farmacológica dos
mesmos. O mecanismo de interação medicamentosa pode ser
de caráter físico-químico, farmacodinâmico ou farmacocinético.
As respostas podem acarretar desde a potencialização do efeito
terapêutico até a redução da sua eficácia, além da produção de
reações adversas, com diferentes graus de gravidade. Podem
ainda fazer com que não seja obtido o efeito desejado do
medicamento. Portanto a interação entre medicamentos pode
ser:
• útil ou benéfica, inclusive esperada por quem a prescreve;
• adversa, por causar respostas desfavoráveis ou não previstas
na proposta terapêutica;
• pouco significante, por apresentar pequeno ou nenhum
significado clínico.
As interações benéficas são utilizadas com finalidade terapêutica
em diversas patologias.
Exemplo: no tratamento da hipertensão arterial severa, a
combinação de medicamentos com mecanismos de ação
diferentes potencializa o efeito do anti-hipertensivo e reduz, de
forma mais eficiente, a pressão arterial. O ácido acetilsalicílico
com dipirona sódica, quando administrados juntos, têm suas
ações analgésicas potencializadas.
Por outro lado, as interações podem acentuar os efeitos
indesejados dos medicamentos ou interferir na eficácia
terapêutica, colocando em risco a vida do paciente. Por
exemplo, a administração de barbitúricos com álcool pode
levar o paciente ao estado de coma.
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Ao mesmo tempo que a descoberta de novos medicamentos, o acesso cada vez maior a
eles e seu uso concomitante na prática clínica ampliaram os benefícios terapêuticos para os
pacientes, também aumentaram a interferência mútua de diferentes ações farmacológicas.
São interações do tipo físico-químicas que ocorrem quando dois ou mais medicamentos são
administrados na mesma solução ou misturados no mesmo recipiente, e as características
do produto obtido são alteradas, inviabilizando a terapêutica.
As interações farmacêuticas ocorrem fora do organismo, durante o preparo e na administração
dos medicamentos parenterais, geralmente devido à incompatibilidade entre os agentes
misturados ou ao veículo adicionado. Quase sempre resultam em precipitação ou turvação
da solução, mudança de coloração ou mesmo inativação do princípio ativo do medicamento.
Por exemplo:
• heparina, incompatível com aminoglicosídios e diazepam;
• sulfato de morfina, incompatível com furosemida e fenitoína.
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2. Interações farmacocinéticas
Fase de absorção
Estas interações atuam no processo de transferência do medicamento do local de
administração para a corrente sanguínea, onde fatores como o fluxo sanguíneo do trato
gastrintestinal, pH, motilidade, dieta, presença de outras substâncias e até mesmo o tipo
de formulação farmacêutica podem interferir.
Exemplos: a absorção de uma droga pode ser reduzida por drogas que diminuem a motilidade
do trato digestivo (como a atropina ou opiáceos) ou acelerada por drogas procinéticas (como
a metoclopramida). Drogas que são ácidos fracos são absorvidas em meio ácido, logo, sua
absorção será diminuída por antiácidos (por exemplo, bloqueador H2 e barbitúricos). O
contrário vale para as drogas que são bases. A absorção pode ser reduzida pela formação
de compostos insolúveis (como o Cálcio ou o Ferro). Parafina pode reduzir absorção de
drogas lipossolúveis. Inibidores da monoaminoxidase (IMAO’s) impedem a degradação da
tiramina (substância presente no queijo, vinho, chocolate, abacaxi, presunto, etc.) no trato
gastrointestinal (TGI), e, se forem absorvidos em uma refeição rica em tiramina, podem
causar efeito vasopressor agudo.
Fase de distribuição
Estas interações afetam o mecanismo de deslocamento do medicamento da circulação
sistêmica para os tecidos. Ocorre pela competição das drogas por proteínas plasmáticas,
e depende da interação da droga A com albumina e da concentração da droga B. A droga
livre é a que tem efeito, logo, ao ocorrer deslocamento de uma droga, haverá aumento dos
efeitos e da toxicidade da droga deslocada.
Exemplo: a administração conjunta de aspirina e fenilbutazona com varfarina sódica eleva
a concentração sérica do anticoagulante e o potencial hemorrágico.
Fase de excreção
Estas interações atuam na função renal, uma vez que os rins constituem a principal via de
eliminação. Assim, a taxa de excreção de vários medicamentos pode ser modificada por
meio de interações ao longo do néfron. Podem ocorrer por alterar a taxa de filtração, inibir
a secreção tubular, diminuir a reabsorção, alterar o fluxo urinário, alterar o pH urinário.
Quanto ao pH urinário, a urina ácida favorece a excreção de drogas básicas.
Exemplo: o bicarbonato de sódio é utilizado para aumentar a excreção de ácidos fracos em
casos de intoxicação por barbitúricos.
3. Interações farmacodinâmicas
Mecanismo
Associação Interação Uso / Efeito
de ação
Nos quadros de
Competição
naloxona morfina Antagonismo depressão respiratória
por receptor
causados pela morfina
Competição
propranolol salbutamol Antagonismo Ineficácia
por receptor
Posologia: muitas das interações são dose-dependentes, isso é, quanto maior a dose dos
fármacos envolvidos, maior a possibilidade de interação. Porém, isso pode ser diferente
para drogas potentes, como fármacos utilizados no tratamento do câncer, em que mesmo
pequenas doses podem levar à ocorrência de interações.
Apresentação: a forma de apresentação do medicamento (líquido, comprimidos, drágeas,
liberação gradual) pode influir na possibilidade de interação. Por exemplo, medicamentos
de liberação gradual ficam mais tempo presentes no organismo, podendo então interagir
com outras drogas que o paciente vier a ingerir.
alopurinol carbamazepina
cimetidina fenobarbital
corticosteroides rifampicina
dissulfiram griseofulvina
metronidazol tolbutamida
Conexão que aproxima, informação que capacita.
CONCLUSÃO
Lembre-se que qualquer substância
que seja consumida pelo indivíduo
sem a intenção de promover um
efeito terapêutico (como no caso
dos alimentos, do tabaco etc.),
poderá levar à ocorrência de
interações medicamentosas com
alguns medicamentos, causando
alterações na eficácia terapêutica
e na toxicidade dessas substâncias.
Assim, além de avaliar as
características dos medicamentos
prescritos, o farmacêutico deve
dispensá-los e considerar os
hábitos individuais de cada
paciente, aconselhando-o a alterar
seus hábitos para evitar possíveis
complicações durante o tratamento.
Esse acompanhamento deve ser
permanente, contribuindo assim
para o aprimoramento dos serviços
prestados.
Este texto foi revisado, atualizado e validado pela equipe técnica do Instituto Racine em 05/03/2015.
Material destinado ao farmacêutico.
©Medley 2015. ®Marca Registrada. e-learning interacoes medicamentosas – 06/04/15.