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DOMINGO, 21 DE MARÇO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Internacional
estadão.com.br

Blog. Leia o resumo das notícias


internacionais da semana
http://blogs.estadao.com.br/radar-global

Pesadelo. O cubano Pablo Pacheco, que cumpre pena de 20 anos de prisão por escrever artigos em sites estrangeiros, revela por
telefone ao Estado como vive numa cela de 30 m² com 27 presos, muitos deles doentes, onde o ambiente é sujo e a comida, intragável

‘Sinto que fui enterrado vivo’


Na sexta-feira, ele concordou nhaaConstituiçãodosEUA,ima- que eles têm muito respeito por Achava que ele era grande. Foi
em usar esse tempo para contar ginesó.EutambémtinhaaCons- QUEM É mim. Sentem que eu posso cha- uma imensa decepção ouvi-lo
sua história ao Estado. tituição da Espanha, mas o pro- mar atenção para um problema comparartodos nós, presos polí-
● O ESTADO
EM CUBA
blema foi a dos EUA. que também é deles – as condi- ticos, com criminosos. O mundo
● Por que você foi preso? ✽ Pablo Pacheco é jornalista ções das cadeias cubanas. precisa entender que o que há
Por escrever o que eu penso. Fui ● Quais as condições da prisão cubano e escrevia para sites neste país é uma ditadura. E as
enquadrado na Lei 88, a “lei da em que você está? estrangeiros. Foi preso em ● Tem esperança de sair? ditaduras de direita e de esquer-

mordaça”, que condena quem Sinto que fui enterrado vivo. Em 19 de março de 2003 por Sim, mas acho isso difícil en- da são a mesma coisa. No extre-
Entrevista
atentacontraa“segurançanacio- uma cela de uns 30 metros qua- violar a Lei 88, que protege a quanto a comunidade interna- mo, elas se encontram.
nal”. Sou jornalista. Como em drados há 27 pessoas. O ambien- “independência nacional e a cional não tomar consciência do
Ruth Costas Cuba só há jornais do governo, te é sujo, as doenças se alastram e economia” cubana. Após ser que está ocorrendo em Cuba. Há ● Sua situação pode piorar por
ENVIADA ESPECIAL/HAVANA escrevia para sites estrangeiros a comida é intragável. Além dis- julgado pelo regime de Fidel um ano houve negociações para falar com a imprensa?
como o Cubanet (de exilados). so,aviolênciaéconstanteporpar- e Raúl Castro foi condenado uma visita de uma comissão es- Todos têm muito medo em
O jornalista Pablo Pacheco, de Para você ter uma ideia, as pro- te dos carcereiros. Estou nessa a cumprir uma pena de 20 pecial da ONU sobre tortura. Fi- Cuba. Aqui, o medo é ainda
40 anos, foi detido na ofensiva vas apresentadas contra mim fo- prisãohá pouco mais deum ano – anos de prisão. camos esperançosos, mas a ini- maior do que a dor. É o que nos
de 2003 de Cuba contra dissi- ram523artigosereportagens,re- fui transferido. É uma prisão que ciativa não foi adiante. Nada vai causa mais sofrimento. Mas essa
dentes e ativistas dos direitos cibosda(empresade transferên- tambémtempessoascomumhis- avançar enquanto houver políti- é uma luta que vale a pena. Não
humanos e recentemente tem cia de valores) Western Union – tórico psiquiátrico complicado. tantes, gastrite, hipertensão e cos que pensem apenas com vamos mais nos calar quando o
sido autorizado a fazer um te- pagamentos que recebi por es- No tempo que estou aqui já ocor- problemas nas articulações. mentalidade de empresário e momento exigir que gritemos.
lefonema de 20 minutos a cada ses artigos –, equipamentos de reram quatro suicídios. sem humanidade, como o seu Quero um país no qual todos os
dois dias da prisão para paren- trabalhocomo câmerafotográfi- ● Como é a relação com os pre- presidente, (Luiz Inácio) Lula cubanos possamos sentar para
tes e amigos. É um privilegia- ca e gravador, livros e textos, en- ● Você tem problemas de saúde sos comuns? (da Silva). E eu nunca pensei que conversar,liberais,socialistas,to-
do. Alguns presos só podem li- tre eles a Declaração Universal por causa dessas condições? Cadapresopolíticotemasuahis- iria dizer isso, porque Lula sem- dos enfim. Que possamos dialo-
gar uma vez por semana. dos Direitos do Homem. Eu ti- Sim.Tenhodoresdecabeçacons- tória, mas eu pelo menos sinto pre foi um líder que admirei. gar, acabar com o medo e o ódio.

DESMOND BOYLAN/REUTERS

Cubanas se
unem e perdem
o medo
rer. Todas as que participam da
Esposas, mães e marcha, vestidas de branco e
irmãs de presos políticos com flores na mão, têm histórias
parecidas.
são hostilizadas nas Maridos, filhos e irmãos fo-
ruas por denunciar os ramlevadosajulgamentossumá-
porões do regime rios por discordar do governo e
condenados a uma média de 19
HAVANA anosdeprisão,segundo aorgani-
zação Human Rights Watch.
A jovem Ana Belkis Ferrer ainda Fotos dos presos políticos
se lembra do julgamento dos cubanos e um altar improvisado
seus irmãos, João Daniel Ferrer emhomenagem aOrlandoZapa-
e Luis Enrique Ferrer, presos em ta Tamayo – que morreu após 85
2003 por serem os coordenado- dias de greve de fome no mesmo
res em sua província, Las Tunas, diaemqueo presidenteLuizIná-
do Projeto Varella, que coletava cio Lula da Silva chegou a Cuba
assinaturas para pedir abertura parauma visita,em 23defeverei-
política na ilha. O processo de ro – recebem os poucos que se
ambos, sumário, durou minutos atrevem a entrar no sobrado de
e eles acabaram condenados a Laura.
20 e 25 anos de prisão.
“Essesjulgamentossemprefo- Vigilância. “Muitas pessoas
ram um teatro. Quando há advo- têm medo de se solidarizar co-
gados, eles não querem ou não nosco. Amigos não nos cumpri-
têm ânimo para abrir a boca. As mentam mais e evitam nos visi-
sessões duram minutos porque tar por causa da vigilância cons-
a sentença já está pronta e às ve- tante que há em nossas casas”,
zes são fechadas ou marcadas na dizMelva Santana,mulher de Al-
última hora para que ninguém fredo Domínguez Batista. “Esse
consiga ir”, disse ao Estado Ana é um Estado policial. E apesar da
Belkis, no sobrado que serve de esperança de que o novo gover-
quartel-generalparaomovimen- no (de Raúl Castro) pudesse ser
to Damas de Branco, que reúne mais brando, o que temos visto
mães, mulheres e irmãs de pre- na realidade é um aumento da
sos políticos. vigilância e da repressão”, com-
Foi desse pequeno sobrado – pleta Ana Belkis, mostrando as
Às ruas. Laura Pollán, líder do grupo Damas de Branco, faz o ‘L’ de liberdade com o dedo após seis dias de manifestações
casa de Laura Pollán, mulher do marcasno braço, provocadaspe-
dissidente Héctor Maseda Gu- las agressões das forças de segu- acusam as militantes, pertence estava na prisão. Em comum to- Segundo a HRW, por exem-
tiérrez–,em Havana, queasinte- rança durante a manifestação de ● Sem defesa àschamadasBrigadasdeRespos- das têm a história de sofrimen- plo, a incidência de tuberculose
grantes do movimento saíram quinta-feira. A estigmatização dos dissidentes ta Rápida, grupos civis que po- to, medo e de luta para fazer é 30 vezes maior nas prisões
nos últimos seis dias para pedir a Os protestos das Damas de faz com que, muitas vezes, eles dem agir com violência contra com que a sua história atraves- cubanas que fora delas.
libertação de seus parentes pre- Brancoduraramtodaaúltimase- não tenham nem mesmo como detratoressemqueogovernose- se as fronteiras de Cuba. “Lula, Mas quem for considerado
sos, numa série de protestos que mana, mas conforme a imprensa se defender judicialmente. Te- ja responsabilizado por isso. por exemplo, não colaborou um rebelde pode ir para a temida
deve terminar hoje. Eles mar- internacional começou a lhe dar mendo represálias, poucos advo- As Damas de Branco vêm das muito tornando-se um cúmpli- cela dos castigos. “Trata-se de
camosseteanosdachamadaPri- atenção, a polícia tornou-se me- gados aceitam suas causas. mais variadas partes de Cuba. A ce do governo ao fazer aquelas uma cela mínima. Eles não dei-
mavera Negra, a onda repressiva nosviolenta. Todosos dias,cerca mais velha tem por volta de 75 declarações em apoio à Justiça xam o preso dormir e o subme-
na qual o governo cubano pren- de 40 ou 50 mulheres combina- anos. A mais jovem é Maria Li- cubana. E logo ele que já foi um tem a barulhos constantes – se
deu e condenou, em março de vamdeseencontraremumaigre- um grupo muito maior de pes- berdade, de 6 anos. “Sou Maria preso político.” não é tortura não sei o que é”,
2003, 75 jornalistas, ativistas e ja diferente e assistiam à missa soas as esperava para insultá-las. por causa da Virgem e Liberda- Os relatos feitos pelos presos afirma Ana Belkis. “Não temos
membrosde organizaçõesde de- em homenagem a seus maridos Elaseramcercadaseacompanha- de pelos presos políticos”, ex- políticos às suas famílias são for- muito para quem apelar, tudo
fesa dos direitos humanos – en- com uma multidão de simpati- das até a casa de Laura aos gritos plica a menina, que nasceu tes. As prisões são pequenas, lo- que podemos fazer é contar a
tre eles João Daniel e Luis Fer- zantes. Quando saíam, porém, de“Fidel, Fidel” . Parte do grupo, quando seu pai, Luis Enrique, tadas e emcondições insalubres. nossa história.” / R.C.

✽ Cuba mantém hoje 54 “prisioneiros de consciên- ção para tudo – desde comprar um carro até sair te Carlos Lage, gravados clandestinamente criti-
Análise: Ruth Costas cia” segundo a organização Anistia Internacio- do país. Ser considerado um inimigo do Estado é cando os irmãos Castro.
nal, prática condenada pela maior parte dos paí- ser relegado a um limbo, conformar-se com a es- Até os jovens cubanos parecem vencidos pelo
ses da região – ao menos em teoria. Dentro da tigmatização e acostumar-se ao medo da puni- cansaço.Há,éverdade,osurgimentodeumagera-
O grito silencioso ilha,hámuitos queveemesses movimentosdissi- ção. Ser um bom revolucionário e insultar as Da- ção de blogueiros. Mas como só 13% da popula-
dentes com alguma simpatia e gostariam de mais mas de Branco quando seu cortejo passa nas ruas çãotemalgumacessoàinternet(oquepodesigni-
dos ‘presos de abertura no campo político e econômico, mas deHavanaé comprar umpouco de tranquilidade. ficarver os e-mails por meiahora umdia da sema-
poucos estão dispostos a pagar o preço necessá- Apóso afastamento de Fidel, em julho de 2006, na), o grupo faz mais barulho fora da ilha. Aos
consciência’ rio no caminho para conseguir essas mudanças. começaram a surgir esperanças de mudança, ao dissidentes e presos políticos, só resta apelar à
O regime de Fidel e Raúl Castro está há cinco menos no campo econômico. Raúl chegou a fo- comunidadeinternacional,cujapressãonopassa-

O
s protestos das Damas de Branco e as décadas no poder porque conseguiu montar uma mentar a “crítica construtiva” por parte dos cida- do já dissuadiu os Castros de levar opositores
greves de fome de dissidentes cuba- estrutura orwelliana de controle e vigilância. Di- dãos. E também recebeu alguns acenos de fora de para “elparedón”. Porisso, ficaram tãodecepcio-
nos são uma tentativa desesperada reitos e liberdades individuais são suprimidos Cuba – da Europa, da América Latina e até dos nadosquandooBrasilcolocouentravesaorecebi-
desses grupos de chamar a atenção da em nome do bem coletivo. O Estado é dono de EUA. Mas temos outro Castro e a mesma Cuba. mento de uma carta pedindo ajuda na mediação
comunidade internacional sobre a falta de direi- todas as empresas e provê todos os serviços bási- Há um ano, ficou evidente que nenhuma renova- com Havana. Lula ainda arrematou: “Imagine se
tos políticos e civis, e o desrespeito a princípios cos. Não há Judiciário nem Legislativo indepen- ção seria tolerada com o afastamento do então todos os bandidos presos em São Paulo entrarem
fundamentais dos direitos humanos na ilha. dentes e cidadãos cubanos precisam de autoriza- chancelerFelipePérezRoque edo vice-presiden- em greve de fome e pedirem liberdade.”
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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 21 DE MARÇO DE 2010

DESMOND BOYLAN/REUTERS
no novo, descrito pela imprensa

Repressão cubana adota internacional como “vibrante”.


Mas a verdade é que, ao menos
por enquanto, têm muito mais
repercussão fora que dentro da

métodos mais discretos ilha por um motivo simples. Se-


gundo dados oficias, apenas 13%
da população cubana têm acesso
à internet. E mesmo quem está
incluídono grupo, emgeral aces-
A prisão por periculosidade visitas escasseiam. sa a web por um tempo reduzido
Para burlar a vigilância acaba num ciclo vicioso. O dissi- A atmosfera de medo ajuda o e esporadicamente por causa do
internacional, regime dente político não consegue em- Estado a manter os dissidentes preço elevado.
prego porque ele e sua família isolados. “Os cubanos já desistiram da
reduz penas, mas o são estigmatizados. Logo, pode Os opositores são acusados de política. Muitas pessoas – mes-
número de processados ser considerado um “desajusta- ser agentes americanos. “Nosso mo entre as que sempre apoia-
não para de aumentar do social” pela polícia ou apelar telefones são grampeados e so- Controle. Policiais isolam Damas de Branco durante marcha ram a revolução – hoje gosta-
para a economia ilegal para se mos constantemente vigiados – riam de ver mudanças e rostos
Ruth Costas manter financeiramente – já que e não somos apenas nós, tam- tempo – nada escapa ao seu con- eles têm instrumentos para pu- novos no poder. Mas não há
ENVIADA ESPECIAL / HAVANA todas as empresas em Cuba per- bém os militares e ministros”, trole.”Para ele,há muitodescon- nir os que o fizerem e não hesi- quem esteja mais disposto a for-
tencem ao Estado. diz Sánchez. tentamento popular com a falta tam em mostrá-los”, opina. mar um partido ou brigar por
As jornadas de manifestações Nos dois casos, pode ser pre- de mudanças – até inclusive no A juventude, que poderia exi- isso”, opinou um jornalista apo-
das chamadas Damas de Branco so,oqueotornaaindamaisestig- Controle total. “Não é à toa alto escalão do governo cubano. girmudanças,tambémérelativa- sentado do governo, que não
têm como um de seus objetivos matizado. Os amigos afastam- que os irmãos Castro consegui- “Mas ninguém se atreve a desa- mente apática. quis se identificar. “Acabamos
lembrar que pouco mudou em se, o telefone para de tocar e as ram manter o poder por tanto fiar os irmãos Castro porque Osblogueirossãoumfenôme- vencidos pelo cansaço.”
Cuba após o afastamento de Fi-
delCastro da presidênciae oses-
forços para reduzir o isolamento
da ilha.
Recentemente, os cubanos fo-
ram incluídos no Grupo do Rio,
suspendeu-se a medida que os
impedia de voltar para a Organi-
zação dos Estados Americanos
(OEA) e houve algum avanço no
diálogo com alguns países euro-
peus. Até os EUA deram sinais
de que poderiam dialogar.
“Aindaassimarepressãoà dis-
sidência interna não só continua
como está aumentando nos últi-
mos meses, ainda que os méto-
dos sejam diferentes”, acusa o
dissidente Elizardo Sánchez,
coordenadordaComissãoCuba-
nadeDireitosHumanoseRecon-
ciliação Nacional (CCDHRN).
Pelo menos o governo de Raúl
Castro tem aplicado as penas
mais leves, de alguns meses a até
4 anos, às condenações a 20 ou
30 anos que marcaram o ciclo re-
pressivo de 2003.
Assim, chama menos a aten-
ção da comunidade internacio-
nal. E o efeito coercitivo já é for-
te sobre os dissidentes e suas fa-
mílias. Segundo a CCDHRN, po-
rém,onúmerodedetençõesarbi-
trárias aumentou de 93, em de-
zembro, para 113, em janeiro, e
236, em fevereiro.
Uma das figuras legais das
quais o atual governo cubano es-
taria lançando mão nos últimos
anos é a da “periculosidade pré-
delitiva”. As penas chegam a 4
anos.
“Como o próprio nome diz, o
sujeito nem sequer cometeu um
delito. Mas vai preso se a polícia
acharquepoderiafazê-lo”,expli-
ca Sánchez. Foi o que aconteceu
com o irmão de Iris Pérez, inte-
grante do movimento Damas de
Branco.
“Ele foi preso por ‘periculosi-
dade’ e condenado a 5 anos de
prisão”,ela diz. “Como disseram
que seu comportamento não era
adequado na prisão e ele havia
cometido ‘desacato’, dobraram
a pena.”


Cenário: Ruth Costas

ONGs não
têm acesso
a opositores

C
uba é um dos úni-
cos países da re-
gião que não per-
mite que suas pri-
sões sejam visitadas pelo
Comitê Internacional da
Cruz Vermelha. Uma visita
de uma comissão das Na-
ções Unidas contra a tortu-
ra estava sendo negociada,
masacabourejeitada. Algu-
mas das mulheres contam
que podem ver seus mari-
dos presos apenas duas ho-
ras a cada três meses.
As correspondências são
violadasenemsempreche-
gam. Alguns presos têm di-
reito a um telefonema por
semana de 20 ou 25 minu-
tos. Outros mais. Mas de-
pendendo do tema tratado
com seus interlocutores os
carcereiros podem inter-
romper as conversas.
Apesardaspéssimascon-
dições sanitárias das peni-
tenciárias, o regime cuba-
no,porrazõesdepropagan-
da, normalmente não per-
mite que dissidentes mor-
ras nas celas. Presos com
doençasgraves,sãotransfe-
ridos a hospitais ou liberta-
dos “sob vigilância”.
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DOMINGO, 21 DE MARÇO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Artigo

M
uitoslivrospodemserescri- à prisão por praticar atos violentos con- cável tirano Fulgencio Batista permitiu roubar-lhe o protagonismo, primeiro
Você é tos sobre o tema das pes-
soas que em Cuba estive-
ramoupermanecemnapri-
tra as pessoas, classificado como crimi-
noso comum ou terrorista. Mas, se ele
se limita a recolher assinaturas para en-
que o jovem advogado recebesse jorna-
listas em sua cela. Em sua infinita cruel-
dade,oditadorimpediuqueolíderrevo-
nos tribunais revolucionários, levando
ao paredão policiais e torturadores que
não conseguiram escapar e decretando
um preso são por motivos políticos. São muitos
os pontos de vista e também são muitas
as etapas do fenômeno, mas o termo
viarumapropostademocráticaaoParla-
mento e é encarcerado por isso, então
ele é, sob todos os pontos de vista, um
lucionáriocumprisse a pena de 15 anos a
que fora condenado, libertando-o com
seus companheiros após apenas 22 me-
o confisco de propriedades irregulares.
Logo os cubanos descobriram que
aquela moça com o seio de fora não era
político “preso por motivos políticos” é mais do
queumadefiniçãojurídica ouumacons-
trução gramatical.
preso político. O aspecto complicado
da questão é o fato de os acontecimen-
tos transcorrerem num contexto histó-
ses na prisão modelo de Isla de Pinos.
Ser livre era a mais preciosa conquis-
ta proclamada por aquela revolução,
bem-vinda na cerimônia de casamento
entre o poder revolucionário e a outra
dama, a inflexível que tinha lhe tomado
cubano Trata-sedasituação naqual seencon-
tramas pessoas que perderam sua liber-
dade porque seus propósitos políticos
rico que transcende as estreitas genera-
lidades dos dicionários.
Fidel Castro, que no verão de 1953 or-
quetriunfouapósum temeráriodesem-
barque e dois anos de luta de guerrilha,
apoiada por atentados e sabotagens. A
o lugar e desde então passaria a ser cha-
mada de “justiça social”. Em nome dela
foram proclamadas leis de nacionaliza-
sãoconsiderados delitospelasautorida- ganizou uma força de mais de 100 ho- Liberdade,representadaaoestilodeDe- ção que não se conformaram em inter-

✽ des, independentemente dos métodos
empregadospara colocá-losem prática.
mens armados para o ataque a uma for-
taleza militar em Santiago de Cuba, foi
lacroix, saindo exultante de barricadas
com o belo peito descoberto, fez com
vir nas 382 grandes empresas estrangei-
ras,masterminarampordespojarosen-
REINALDO Poderíamos dizer, por abstração, que considerado um preso político, e trata- que de início ninguém se acautelasse graxates de rua de suas ferramentas.
ESCOBAR um extremista que tenta impor seus do como tal, pelo brutal regime que ele diantedapresençadesuaseveracompa- Comonãohaviadúvidadequeosinte-
ESPECIAL PARA O ESTADO ideais por meio da violência é mandado pretendia derrubar pela força. O impla- nheira: a Justiça, que não demorou em resses americanos na ilha tinham sido

‘Granma’ saúda
‘apoio do Brasil’
ao regime
Ruth Costas
ENVIADA ESPECIAL / HAVANA

Paraogovernocubano,asdenún-
cias sobre os presos políticos da
ilha,quecomeçaramaganhar re-
percussãocomamortedeOrlan-
do Zapata, após 85 dias de greve
defome, sãouma“campanhami-
diática contra Cuba”, como ex-
pôs o jornal oficial Granma na
sexta-feira. Logo na primeira pá-
gina, uma matéria cita o “apoio
do Brasil à ilha”.
“Deputados do Grupo Parla-
mentar Brasil-Cuba e represen-
tantes de organizações sociais,
juvenis e populares dessa nação
sul-americana rechaçaram on-
tem(quinta-feira)aatualcampa-
nha midiática contra Cuba”, diz
oGranma,citando uma manifes-
tação em Brasília, na frente da
embaixada cubana, a amizade de
Frei Beto e uma moção de apoio
à ilha elaborada pelas deputadas
Vanessa Grazziotin (PC do
B-AM) e Jô Moraes (PC do B-
MG) e assinada por “dezenas de
legisladores brasileiros”.
Amortede Zapata,emfeverei-
ro, e os 22 dias de greve de fome
do jornalista Guillermo Fariñas
para pedir a libertação dos pre-
sos políticos cubanos provocou
consternação em muitos países.
MasboapartedaAméricaLati-
na manteve-se em silêncio.
Em Havana, o governo procu-
rou ofuscar a polêmica com uma
série de atos lembrando o drama
dos “cinco heróis da revolução”.
Trata-se de cinco cubanos que
foram viver em Miami e acaba-
ram presos no fim dos anos 90,
acusados de espionagem.
Dois foram condenados à pri-
sãoperpétua. Seuobjetivoerain-
filtrar-se entre a “máfia de exila-
dosem Miami”para deter os ata-
ques a Cuba. Por isso os cubanos
os consideram presos políticos.
E não admitem que os EUA pos-
sam pedir a Havana que solte os
presos políticos da ilha, se não
estão dispostos a fazer o mesmo.
A onda repressiva de 2003,
que resultou na prisão de 75 dis-
sidentes,tambémestá relaciona-
da com a disputa com os EUA.
Na época, o governo cubano ale-
gouqueopositoresestariam sen-
do patrocinados pelo novo che-
fe do Escritório de Interesses
Americanos, James Cason, que,
de fato, convidava com frequên-
cia opositores para passar por
seu escritório. / R. C.

Dissidente em
greve pede ajuda a
presidente chileno
● O dissidente cubano Guillermo
Fariñas – em greve de fome há
mais de três semanas pela liber-
tação dos presos políticos doen-
tes – pediu ontem ao novo presi-
dente do Chile, Sebastián Piñera,
que peça a intervenção da ONU
para mediar a situação dos pre-
sos políticos na ilha. “Peço ao
presidente do Chile que convo-
que o Conselho de Segurança da
ONU para analisar a violação dos
direitos humanos em Cuba e tam-
bém para obter uma análise dos
assassinatos de Estado que es-
tão ocorrendo dos opositores pa-
cíficos dentro e fora da prisão”,
disse Fariñas em entrevista ao
jornal ‘El Universal’.
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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 21 DE MARÇO DE 2010

afetados, qualquer arroubo de rebeldia, de ter um pé na rua e o outro no cárcere. rência de uma greve de fome, e expressa um que se atreva a denunciar os atrope- te pode custar a alguém a admissão
inconformismo ou questionamento Há presos políticos em Cuba? O Co- preocupação diante do estado do jorna- los do governo cubano contra o povo, num centro de trabalho.
passou a ser considerado ato contrarre- mitê de Direitos Humanos contava 201 lista e psicólogo Guillermo Fariñas, que ou ao menos contra uma parte dele. Assim sendo, somos todos presos
volucionário a serviço do imperialismo nomesnaépocaconhecidacomoprima- entrou em greve de fome até que sejam Qual teria sido o fato podre do passado políticos neste grande cárcere de 111
ianque. Nada disso era encarado como vera negra de 2003. Naquela ocasião, 75 libertados todos os presos políticos que de Lula que lhe seria esfregado na cara mil km². Mas isso não é tudo. Serão
crime político, mas como traição à pá- pessoas foram condenadas a penas de exigem atenção médica. se o presidente brasileiro tivesse ousa- penalizados também os de fora que
tria. Seus autores só poderiam ser enca- 15 a 28 anos. Dos membros desse grupo, A primeira coisa que salta aos olhos é do sugerir a Raúl Castro, mesmo num levantarem a voz, porque na lógica
rados com epítetos desprezíveis: os que 56 permanecem presos. ainterpretaçãosegundoaqualumacon- sussurro, que fosse libertado apenas castrista o povo cubano é um único
fugiram para as montanhas foram cha- Mas as instâncias do poder em Cuba denação ao governo equivale a um ata- um par de presos moribundos? homem decidido a morrer antes de
mados de bandidos; os que organiza- têm outra versão dos fatos. Um exem- que contra o povo cubano. A segunda é Pois, caso não saibam, em Cuba a dis- renunciar ao seu sistema, e os que
ramexpediçõesforamtachadosdeinva- ploé aDeclaraçãoda AssembleiaNacio- o sofisma que afirma que parlamenta- crepância política foi criminalizada e é pensam diferentemente só podem
sores; os que se limitaram a organizar nal do Poder Popular de 11 de Março, res da UniãoEuropeia “são desprovidos castigada de muitas formas. Seja man- ser agentes do imperialismo.
partidos, grupos de defesa dos direitos que respondeu à resolução do Parla- de moral para julgar um povo alvo de dando o opositor à prisão ou impedindo Não há presos políticos em Cuba?
humanos, agências de imprensa ou bi- mento Europeu que condena o governo um brutal bloqueio”. Quem teria moral que viaje para fora do país para receber Você é um deles, mesmo que não sai-
bliotecas independentes foram chama- cubano e pede “a libertação imediata e para reclamar do governo cubano? Por um prêmio, como ocorreu tantas vezes ba disso. / TRADUÇÃO AUGUSTO CALIL
dos de mercenários. Dessa coleção de incondicional de todos os presos políti- acaso Mobutu, ou Kim Jong-il, ou talvez com as Damas de Branco e com a blo-
inimigos, alguns foram executados, ou- cos e de consciência”. Tal documento Hugo Chávez? Estou convencido de gueira Yoani Sánchez, a quem foi nega- ✽
troscumpriramoucumprempenaspro- foiemitidoapós amortedopreso políti- que o serviço secreto cubano possui in- da uma viagem ao Brasil por ocasião do JORNALISTA CUBANO, É MARIDO DA
longadas e o restante vive na angústia co Orlando Zapata Tamayo, em decor- formações sujas a respeito de qualquer lançamentodeseulivro.Pensardiferen- BLOGUEIRA YOANI SÁNCHEZ

DIPLOMACIA
ONU critica Israel por
novos assentamentos
O secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, disse ontem, em visi-
ta a Ramallah, na Cisjordânia,
que “qualquer assentamento é
ilegal em qualquer território
ocupado e, portanto, (a expan-
são) deve ser detida”. A mensa-
gem é uma dura crítica à deci-
são israelense de construir
1.600 casas em Jerusalém Orien-
tal, medida que atraiu condena-
ções por colocar em risco as ne-
gociações de paz entre palesti-
nos e israelenses. Ban também
declarou que apoia “firmemen-
te o estabelecimento de um Es-
tado palestino independente e
viável”. Ainda ontem, soldados
israelenses mataram a tiros um
jovem palestino que participava
de um protesto na Cisjordânia .

TAILÂNDIA
Manifestação reúne
65 mil em Bangcoc
Mais de 65 mil “camisas verme-
lhas”, partidários do ex-premiê
exilado Thaksin Shinawatra,
tomaram ontem as ruas da capi-
tal, Bangcoc, para pedir a saída
do atual primeiro-ministro,
Abhisit Vejjajiva. A ampla mar-
cha percorreu 45 quilômetros e
marcou a adesão de diversos
manifestantes de classe média,
ampliando o apoio ao grupo,
normalmente identificado com
os setores rurais.

HAITI
Preso advogado
de missionárias
O advogado dominicano Jorge
Puello Torres, que defendeu
um grupo de dez missionárias
americanas acusadas de tentar
sequestrar 33 crianças haitia-
nas, em janeiro, foi preso on-
tem em Santo Domingo, por
fazer parte de uma quadrilha de
tráfico internacional de pes-
soas. Dias antes, a Interpol ha-
via emitido um pedido de captu-
ra contra Puello Torres.

NEPAL
Morre premiê que
mediou acordo de paz
O ex-premiê nepalês Girija Pra-
sad Koirala, que ajudou a me-
diar um processo de paz com os
rebeldes maoistas e pôr fim à
guerra civil, morreu ontem aos
86 anos em Katmandu. Segun-
do um de seus médicos, Koirala,
que esteve no poder por seis
mandatos, morreu por causa de
uma infecção. Ele iniciou as con-
versações de paz em 2006, em
um processo que levou os rebel-
des ao cenário político e abriu
caminho para a abolição de uma
monarquia de 239 anos.

EGITO
ONG denuncia
aumento da corrupção
A corrupção no Egito está au-
mentando, denunciou ontem a
ONG Transparência Internacio-
nal em um relatório que pede a
realização urgente de eleições
livres e o fortalecimento do pa-
pel do Judiciário. O grupo com
base em Berlim disse que os es-
forços do Egito para combater
o abuso de poder foram prejudi-
cados pelo conflito de interes-
ses, a interferência política e a
falta de aplicação da lei.

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