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Flvia Timm
Texto extrado do livro Introduo Crtica ao Direito das
Mulheres
Fcil de matar: srie traa o novo cenrio das mortes femininas
no pas. Elas so assassinadas por pais, irmos, companheiros,
tra cantes e aliciadores homens que acreditam ter o poder de
decidir sobre a vida. Srie de reportagens do Correio Braziliense
DF mostra a escalada dos homicdios de mulheres no pas (abril,
2011).
Violncia domstica e familiar, trfco de mulheres, estupros,
abuso sexual de meninas, aumento progressivo do
encarceramento feminino, assassinatos de mulheres por
companheiros, familiares, trafcantes e aliciadores: este o triste
panorama da realidade brasileira, latino-americana e de todo
ocidente em que mulheres so roubadas, maltratadas,
exportadas para fns de explorao sexual, luta entre
narcotrafcantes e para marcar diferentes dominaes. Nesse
cenrio, outras categorias como raa, etnia e classe intersectamse com o gnero1 e aumentam a vulnerabilidade de muitas
mulheres. Conferncias Internacionais sinalizam a gravidade e
complexidade do problema, defnindo que [...] violncia contra
a mulher qualquer ao ou conduta, baseada no gnero, que
cause morte, dano fsico, sexual ou psicolgico mulher, tanto
na esfera pblica como na esfera privada. [...] a violncia contra
a mulher constitui uma violao aos direitos humanos e s
liberdades fundamentais, e limita total ou parcialmente mulher
o reconhecimento, gozo e exerccio de tais direitos e liberdades
(Conveno Interamericana para Erradicao da Violncia Contra
a Mulher, Belm do Par, 1994). A primeira dimenso que
Gnero uma forma de analisar histrica e politicamente a
produo do discurso da diferena sexual, desnaturalizando as
identidades sexuais e problematizando a constituio das
masculinidades e feminilidades hegemnicas. Trata-se, pois, de
uma categoria analtica que evidencia a relao desigual de
poder entre mulheres e homens, em que conferido aos homens
e ao masculino o poder de mando e de violao das mulheres
para a afrmar a masculinidade.
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