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TIPOS DE ÁGUAS CONTINENTAIS

A ciência que estuda as águas continentais é chamada limnologia. As águas continentais dividem-se em sistemas lóticos e sistemas
lênticos. Nos ecossistemas lóticos, a água é corrente, como por exemplo, rios, nascentes, ribeiras e riachos – esses sistemas tem
como características o movimento da água, o contacto entre a água e a paisagem e o teor de oxigénio relativamente alto. Já os
sistemas onde a água é parada na maior parte do tempo, são chamados ecossistemas lênticos, como lagos, lagos, pântanos e charcos
e correspondem a habitats bem definidos e específicos.

1 Sistemas Aquáticos Dulciaquícolas: Situação Global

1.1 Bens e Serviços dos Sistemas Aquáticos


Os ecossistemas aquáticos são essenciais à vida na Terra e desempenham um papel essencial no desenvolvimento e funcionamento
das sociedades humanas.

A água doce é usada, acima de tudo, para a agricultura, seguindo-se o uso industrial e depois o uso doméstico, embora varie de país
para país.
Existe um difícil acesso à água doce, uma vez que é uma fração dificilmente explorável, nomeadamente a água subterrânea nos
lençóis freáticos.

1.2 Distribuição Global da Água


Existe um difícil acesso à água doce, uma vez que é uma fração
dificilmente explorável, nomeadamente a água subterrânea nos
lençóis freáticos.
Há uma escassez de água doce, em relação à perspectiva global
com a água salobra.
A água superficial, tendo em conta que corresponde a 0,3% da
água doce, que é apenas de 3% da água mundial, equivale apenas
a 0,009% da água total!
1.3 Disponibilidade da água e competição
A disponibilidade da água varia ao longo do tempo, situações de seca extrema ou variações estacionais na repartição da
precipitação anual obriga as populações a adaptarem-se a diferentes disponibilidades de água. Além disso, as bacias hidrográficas
não são limitadas pelas fronteiras dos países, o uso que se faz da água a montante vai afectar os países que se encontram a jusante.
O crescimento da população conduz a uma maior utilização da água para a produção de alimentos e uso doméstico que agrava a
escassez de água, insegurança alimentar e, finalmente, levar a crises económicas e sociais. Por outro lado, recursos hídricos
escassos, má qualidade da água, ou a distribuição desigual dos recursos hídricos podem ter efeitos adversos sobre a saúde,
influência no crescimento e distribuição da
populações.
A crescente procura de recursos hídricos – causada
pelo crescimento populacional e económico – e as
condições climáticas, estão a conduzir a uma
crescente escassez de água, bem como à degradação
da sua qualidade. Nas regiões em stress hídrico, a
gestão dos recursos hídricos superficiais e
subterrâneos cria importantes desafios para o
desenvolvimento das populações locais. A
competição por estes recursos pode ser uma fonte
permanente de tensão e conflito.

2 Introdução à estrutura e funcionamento dos sistemas lóticos


A estrutura e funcionamento dos sistemas lóticos é descrita através da Geomorfologia – bacia hidrográfica; morfologia do canal;
tipos/escalas de habitat – e da Hidrologia – fluxo e caudal; hidrogramas; probabilidade de cheia; transporte e deposição de
sedimentos.

2.1 Introdução e conceitos ligados ao Rio – um sistema lótico


Rios: Cursos de água geralmente permanentes que correm em leito próprio cujo fluxo de água doce flui no sentido de um oceano,
lago, mar ou outro rio. A foz é o local onde desagua um rio e a nascente é o ponto onde se originam as águas do rio. Qualquer
ponto ou seção do rio que se localize antes de um outro ponto referencial fixado é chamado montante e caso se localize em direção
à foz tem o nome de jusante.

Um rio pode ser decomposto em três cursos, de acordo com a sua localização.
Curso superior : Também chamada de zona de cabeceira, corresponde ao troço do rio mais a montante, em que a água tem muita
energia e na qual se dão a maior parte dos fenómenos de erosão.
Curso médio: A água tem menos energia, dá-se essencialmente o transporte de sedimentos, a erosão nesta zona do rio provoca a
regularização do seu leito formando o seu perfil.
Curso inferior: Corresponde à fase final do rio, em que se aproxima do mar e forma um estuário e onde se dá a deposição de
alguns sedimentos. À medida que um rio se vai aproximando do curso inferior, vai perdendo velocidade e tem tendência a formar
curvas e contracurvas, nesta fase podem se formar meandros, ou seja, curvas do rio que podem ser encaixados (quando as voltas do
rio se circunscrevem num vale de paredes abruptas) ou divergentes (desenvolvem-se na planície de inundação). A formação de
meandros tendem a acentuar a sua curvatura uma vez que a corrente se torna mais forte na sua margem côncava, e portanto uma
maior erosão, já na margem convexa dá-se a sedimentação da carga sólida do rio.
Perfil de um rio: Um grande rio que desagua no mar tem no nível médio das águas do mar o seu nível de base – ponto mais baixo,
em função do qual regula o seu perfil. A regularização do curso do rio decorre de jusante para montante – erosão regressiva –
formação do vale do rio no sentido contrário da corrente, o rio acabará por atingir o perfil de equilíbrio com as irregularidades
gradualmente a desaparecer, e os rápidos a recuar. Para os afluentes, o nível de base local é a cota à qual se dá a confluência com o
rio principal.
O leito de um rio inclui não só a zona por onde o rio circula mas também a planície de inundação, que pode ficar cheia
aquando de chuvas fortes.
Planície de inundação: Zona que o rio pode ocupar em condições de grande caudal, ocupada durante as cheias, é
normalmente bastante fértil e vegetado, pode ser periódico/sazonal caso seja ocupado por cheias com alguma
regularidade, como uma vez por ano ou pode ser excepcional aquando ocupado apenas durante cheias que ocorrem em
períodos de recorrência de alguns anos ou décadas.
Leito aparente: É o leito periodicamente utilizado pelo curso fluvial durante a época das chuvas, normalmente é bem
delimitado.
Leio de estiagem: Em climas temperados e no verão, nem sempre existe caudal suficiente para ocupar o leito aparente,
assim, este é o leito utilizado na estação seca, geralmente serpenteia dentro do leito aparente e normalmente é de fácil
delimitação.

2.2 Variabilidade no espaço


A forma, o tamanho e as características dos rios alteram-se, ao longo do
tempo e do espaço, em interdependência com a paisagem circundante.
Um sistema lótico é composto por três dimensões espaciais que se
expressam em relações de conectividade entre o rio e o ambiente envolvente.

Longitudinal: Abrangendo tanto a direção de montante como a de jusante,


as águas correntes seguem através de regiões estruturais na rota desde a
nascente até à foz. Três zonas são usualmente reconhecidas, as cabeceiras de
drenagem – zona erosiva, a zona de transferência – trecho médio do canal, e
a zona de deposição – onde o fluxo tem a sua magnitude máxima e a
deposição de sedimentos excede a erosão.
Qualquer consequência a montante traduz-se numa consequência a jusante, trata-se da dimensão mais intervencionada pelo
Homem. Há uma diluição ao longo do rio no que diz respeito à intensidade da consequência, uma alteração a montante vai tendo
menos intensidade à medida que se encaminha para jusante. Qualquer intervenção que quebre esta conectividade vai influenciar
espécies biológicas que fazem, por exemplo, migração.

Vertical: Relação entre a massa de água superficial e a subterrânea - que só não existe nos lençóis de água quando há um run-off
total - é a dimensão menos abordada a nível ecológico porque é menos visível.
É sempre importante reconhecer que os corpos aquáticos não são apenas superficiais, os rios e canais constantemente interagem
com a água subterrânea – aquífero – e trocam água, compostos químicos e organismos com os lençóis de água que só não existem
quando há um run-off total. Ao longo do perfil longitudinal, o rio muitas vezes varia entre trechos como influente, onde a água de
superfície do canal entra para baixo no aquífero, e trechos como efluente, onde o canal recebe água adicional do lençol subterrâneo.
Lateral: Abrangendo o canal, planície de inundação e as vertentes, significantes variações ocorrem entre os tipos de canais, mas um
padrão comum inclui o canal, as partes mais profundas (talvegue), as partes baixas (a planície de inundação) que são inundadas
frequentemente, as partes mais altas de planícies inundadas menos frequentemente, os terraços, que são planícies de inundação
abandonadas e as vertentes ou outras áreas altas que estão dentro dos limites da bacia de drenagem.
Relações do rio com a massa de terra envolvente, planícies aluviais em períodos de inundação criam novos habitats temporários
fundamentais para algumas espécies que usam esses locais para reprodução, desova ou para o crescimento de juvenis. Quando a
água volta a diminuir, também pode trazer novos materiais influenciáveis que podem alterar a composição do rio acima de tudo em
microhabitats.

2.3 Variabilidade no tempo


Influência do clima: Os rios são muito dependentes do clima, isto é, da precipitação (chuva imediata), do degelo (mais lento) e da
evaporação. A taxa de chuva em relação à de evaporação cria três tipos de rios nas bacias de drenagem.
Rios Perenes: Precipitação superior à evaporação, há sempre água a percorrer à superfície do canal.
Rios Intermitentes/Periódicos: Por vezes a precipitação é superior à evaporação e outras vezes é inferior, neste último caso o
rio seca e há uma quebra no fluxo, provocando a quebra na conectividade longitudinal, nem sempre são factos negativos no
sistema, pode ser simplesmente uma característica como é o caso. Por fenómenos naturais pode por exemplo haver um afloramento
das águas subterrâneas em algumas regiões da bacia hidrográfica ou até mesmo por zonas mais fundas que outras fazem com que a
quebra da conectividade longitudinal não signifique que a vertical ou lateral deixe de existir.
Efémeros: Precipitação quase sempre menor que a evaporação, desenvolvem-se espécies resistentes com estratégias
interessantes, muitas vezes apenas emergem nos períodos favoráveis.

Fluxo de água nos rios


O fluxo de água num rio, também chamado canal de escoamento
(channel run-off) é um elemento base no ciclo de água, que dirige a
água a partir da terra para as massas de água, sendo a outra
componente o escoamento à superfície. A água que flui nos canais
vem do escoamento superficial da água que vem de encostas
adjacentes e de águas subterrâneas.
Desta forma, o fluxo de água nos rios depende da existência de canal
de circulação, da existência de superfície inclinada e da
disponibilidade de água superficial.
Water table: Superfície onde a pressão da água é igual à pressão atmosférica, pode ser vista como a superfície dos
materiais do interior que são saturados com água dos arredores. No entanto as condições saturadas podem estende-se
acima do lençol freático à medida que a tensão superficial contém a água em alguns poros abaixo da pressão
atmosférica. A água subterrânea pode vir da precipitação infiltrante que passa a zona insaturada já que é muito
permeável e não retém água ou de águas subterrâneas que fluem para um aquífero.

2.4 Redes hidrográficas/bacias de drenagem


Bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso de água é o conjunto de terras que fazem a drenagem da água das
precipitações para esse curso de água e rios menores que desaguam em rios maiores – afluentes. A formação da bacia é feita através
dos desníveis dos terrenos que orientam os cursos de água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas. Assim, a bacia
hidrográfica é o território drenado por um rio principal e pelos seus afluentes.
Existem 3 tipos de bacias hidrográficas.
Bacias exorreicas: Drenam para o oceano, transportam água doce para o mar.
Bacias endorreicas: A drenagem faz-se para o interior do continente, terminando num lago – sistema fechado.
Bacías arreicas: A drenagem não está organizada e a água infiltra-se sem haver escoamento nítido.

Classificação da rede hidrográfica


O curso permanente mais pequeno é referido como sendo da primeira ordem. A união de
dois cursos de primeira ordem formam um de segunda ordem, e por aí adiante. A ordem
dos cursos é uma aproximação de uma medida dos seus tamanhos e pode estar
correlacionado com outros números de outras medidas de tamanho mais precisas
incluindo a área drenada, o volume de água descarregada e as dimensões dos canais. Cada
curso ou rio drena uma área de terra que é proporcional ao seu tamanho.

Sistemas numéricos para classificar dimensões de sistemas lódicos de modo universal. Um deles (Sistema de Horto-Strahler) usa
uma escala geográfica (1/25.000; 1/50.000) que classifica com o número 1 quando é visível nos cabeceiros. Depois aumenta 1 valor
sempre que 2 cursos de igual número se juntam (1+2=continua igual; 2+2=3), é um sistema conservador e não aditivo porque 2+3
mantem o mesmo número simplificando algo que não corresponde bem à realidade, de qualquer modo é uma métrica para a
dimensão do rio e outras características importantes bastante útil. “D-Link” é o ponto resultante à adição de todos os pontos do
rio.

2.5 Organização hierárquica do sistema lótico


Podemos avaliar os padrões e processos dos
ecossistemas fluviais de uma forma hierarquica,
onde existem séries de unidades gradualmente
maiores. Este ponto de vista hierárquico revela que
os processos atuando nos níveis superiores
controlam factores expressados em hierarquias
inferiores, como microhabitats, mas não o
contrário. O clima, a geologia, a fonte do percurso
e a forma do leito exercem um controlo no
desenvolvimento da bacia hidrográfica influenciam

largamente os processos que modelam os canais e


factores nos segmentos de escala inferior.
3 Componentes do corredor lótico

3.1 Canal de um Rio (Steam Channel) e Planície Aluvial (FloodPlain)


O canal de um rio corresponde a um tipo de superfície
topográfica que delimita um caminho onde a massa
natural de água flui ou pode fluir. É a parte mais profunda
e central de uma planície aluvial, contento a corrente
principal que é continuamente ocupada por água. Neste,
distingue-se o talvegue, que corresponde à linha de menor
elevação dentro do canal de um rio, ou seja, a zona mais
profunda, que é importante para entender os processos de
erosão. A linearização do canal de um rio provoca a perda
de habitat, embora com o processo de deposição
sedimentar haja uma linearização natural. Já a planície
aluvial é o nível de área próxima do canal de corrente que é
propensa a ser inundada durante a corrente moderada ou
durante as cheias. Geralmente corresponde a uma área plana com zonas mais elevadas em ambos os lados e formam-se pela
deposição ao longo do tempo de sedimentos trazidos por um ou mais rios, criando um solo constituído por argila, silte e areia. A
planície aluvial vai incluir a planície de inundação que corresponde a uma faixa mais estreita que alaga sempre que o rio transborda
e pode vir a incluir planícies de inundação antigas que já não inundam devido à elevação do solo pelo acúmulo de sedimentos ou
devido à mudança do curso do rio.

3.2 Sinuosidade: gradiente e substrato


Stream Bank (Margem do Rio): Corresponde ao terreno que se consiste as
margens de um rio, acompanhando os locais onde a corrente é confinada.

Meandros: Curva acentuada de um rio que corre na sua planície de aluvial e que
mude de forma e posição com as variações de maior ou menor energia e cargas
fluviais durante as várias estações do ano. São típicos em planícies aluviais –
topografia madura – mas podem ocorrer de forma mais restrita caso haja terrenos
sedimentares horizontalizados.
Os meandros vão reduzir a velocidade da corrente, criando microhabitats nas
zonas erodidas e nas zonas sedimentares.
O motivo para a formação dos meandros dá-se através de um processo contínuo
de erosão e deposição nas suas margens. Como a velocidade do fluxo fluvial é maior na parte externa do que na parte interna do
meandro, as margens externas – côncavas - apresentam barrancas (banks) progressivamente erodidas e na margem interna –
convexa – ocorre a deposição de sedimentos, acima de tudo de areia. Desta forma, o curso fluvial tem tendência permanente para
se deslocar na direção da margem côncava do meandro.
Meandrização reduzida: Gradiente elevado; substratos grosseiros. A base do
canal do rio é feito através de escadas, compostas por pedras de maiores
dimensões, intercaladas de zonas de substrato mais fino (pool), formando
pequenas cascatas, geralmente encontrando-se em locais mais a montante do
curso de água.

Meandrização elevada: Gradiente reduzido; substratos finos. Geralmente os


canais dos rios são encontrados com este gradiente reduzido. Podemos
encontrar neste tipo de gradiente uma alteração relativamente regular entre
áreas menos profundas de maior velocidade e substrato de pedras
arredondadas de vários tipos (riffle), correspondendo a um pequeno monte e
depressões que formam áreas de velocidade inferior e substrato mais fino
(pool). A correntes fracas, os riffles têm um maior relevo, mas quando a corrente é forte, as diferenças entre os riffles e os pools são
menores e nestes casos, os riffles são os locais onde se dá a menor capacidade de transporte e portanto onde se dá mais deposição
de sedimentos.

Por vezes, o meandro atinge os 360º, deixando a corrente fluvial de o utilizar, passando a fluir pela via mais direta e fácil, o
meandro acaba por ficar abandonado, correspondendo a um lago em forma de U.

3.4 Pegos e rápidos


Os pegos correspondem a locais mais profundos dos rios e geralmente encontram-se mais a jusante, onde a velocidade da corrente
é baixa e a meandrização mais elevada. Já os rápidos são secções de um rio onde o leito do rio tem o gradiente relativamente alto e
meandrização baixa, aumentando a velocidade da água e a turbulência, carateriza-se pelo rio tornar-se mais raso e com algumas
rochas expostas acima da sua superfície, sendo portanto de profundidade baixa, sendo encontrados mais a montante.

4 Ciclo e fluxo de água

4.1 Introdução ao Ciclo de Água


A água é a única substância que existe, em circunstâncias normais, em todos os três estados da matéria na natureza. A coexistência
destes três estados implica que existam transferências contínuas de água de um estado para outro, esta sequência fechada de
fenómenos pelos quais a água passa da terra para a atmosfera é designado por ciclo hidrológico.
O ciclo de água inicia-se com a energia solar que incide na Terra. A transferência da água da superfície terrestre para a atmosfera,
passando do estado líquido ao gasoso, processa-se através da evaporação direta, por transpiração das plantas e dos animais e por
sublimação. A vegetação tem um papel importante neste ciclo, pois uma parte da água que cai é absorvida pelas raízes e acaba por
voltar à atmosfera pela transpiração ou pela evaporação direta. Durante esta alteração do seu estado físico absorva calor,
armazenando energia solar na molécula de vapor de água à medida que sobe à atmosfera.
O vapor de água é transportado pela circulação atmosférica e condensa-se após percursos variáveis, podendo regressar à superfície
terrestre numa das formas de precipitação – chuva, granizo ou neve – e pode voltar à atmosfera mesmo antes de alcançar a
superfície terrestre – chuva miúda quente. A água que atinge o solo tem diferentes destinos. Parte é devolvida à atmosfera através
da evaporação, outra parte infiltra-se no interior do solo, alimentando os lençóis freáticos. O restante escorre sobre a superfície em
direção às áreas de altitudes mais baixas, alimentando diretamente os lagos, riachos, mares, rios e oceanos. A infiltração é um
fenómeno importante para regular o leito dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano e evitando fluxos repentinos que
provocam inundações.
Se a água cair sobre uma superfície coberta com vegetação, parte da chuva fica retida nas folhas e assim, parte da água interceptada
evapora.
O ciclo hidrológico atua como agente modelador da crosta terrestre
devido à erosão, transporte e deposição de sedimentos por via
hidráulica, nomeadamente os rios, condicionando a cobertura vegetal
e de modo genérico, a vida na Terra.

4.2 Fluxo de água1


A precipitação destinada a ir por caminhos de escorrência superficial
(run-off) caminha por vários percursos que são influenciado pelo
declive, cobertura vegetal, propriedades do solo e condições de
humidade antecedentes.

                                                                                                                       
1
  1:   (Overland   flow):   ocorre   quando   a   precipitação   excede   a   capacidade   de   infiltração   do   solo.   2:   A   água   que   entra   no   solo   é   adicionada   ao   fluxo   de   água  
subterrânea  e  geralmente  acaba  por  chegar  aos  canais  dos  rios  ou  então,  chega  aos  oceanos.  3:  Uma  camada  relativamente  impermeável  vai  fazer  com  que  a  

água  se  mova  lateralmente  através  do  solo  sendo  considerado  fluxo  de  chuva  superficial.  4:  A  saturação  do  solo  pode  forçar  a  camada  de  água  imediatamente  

abaixo  da  superfície  (3)  a  subir  à  superfície  juntando-­‐se  à  água  da  precipitação.    
Parte da água da chuva evapora a partir da superfície da vegetação imediatamente depois do período de precipitação, nunca
chegando a atingir o solo ou a ser absorvido pelas plantas.
A este fenómeno chamamos de intercepção e é incluído na evapotranspiração. Outra parte da água da chuva passa através da
vegetação descendo pelos ramos e troncos e alguma dessa água interceptada chega ao chão – canopy drip. Uma vez que a água da
chuva ou a água que passou através da vegetação encontra o solo, segue uma série de possíveis caminhos até chegar a um canal de
um rio ou até a reservas de água subterrânea.

A água que surge do run-off é mais lenta na sua chegada ao rio


correspondendo à alimentação direta, em contraste com a água que
surge diretamente em períodos de precipitação. O sistema
circundante ao rio, é palco de infiltrações de água que vão passando
para o rio lentamente, o rio passa a encher quando o terreno está
encharcado, isto é, excedeu a capacidade de infiltração, e há run-off
direto para o rio mesmo com precipitação baixa.

Fluxo superficial
Aumenta quando os terrenos: estão saturados (chuvas intensas) e
têm baixa permeabilidade (argila).
É influenciado fortemente pelo uso do solo: artificialização e
impermeabilização, práticas florestais e agrícolas. A caracterização da variação do fluxo de água a nível espacial e temporal vai
identificar um número de regimes de fluxo que se agrupam dentro de determinadas características, referidos como hidroclimas.

O volume de água que se move num determinado intervalo de tempo e ponto


espacial é referindo como fluxo de água. É calculado com base na medida de
comprimento, profundidade e de velocidade sendo expresso em metros cúbicos
por segundo.
Q – volume de água que passa numa secção transversal do canal por
unidade de tempo.
Q=VxA ou VxWxD

Em regimes húmidos, a água que fica acumulada abaixo da water table é de tal forma acumulada que satura os solos e alimenta o
fluxo, já em climas áridos, a zona permeável à água é muito maior, assim, a water table está mais abaixo, por sua vez os lençóis
freáticos raramente saturam e é o fluxo de água que alimenta os solos.
A velocidade do fluxo de água varia muito ao longo da secção transversal de um rio, dependendo da fricção que o fluxo enfrente
com o solo de um lado ao outro das margens, da sinuosidade e das obstruções. Maiores velocidades são encontradas onde a fricção
é menor, geralmente no fluxo superficial e mais central, longe das margens. Em cursos de água pouco profundos, a velocidade é
maior na superfície devido à pouca atenuação provocada pela fricção com a base do canal, já nos rios mais profundos, a velocidade
máxima é encontrada não na superfície mas imediatamente abaixo, devido à fricção com a atmosfera que também reduz a
velocidade da corrente.
4.3 Efeitos do uso humano das terras no fluxo de água
A alteração que o Homem provoca na terra devido ao seu uso pode ter alterações significativas no fluxo de água ao alterar o
balanço entre a evapotranspiração e o run-off (bem como os caminhos que a água pode seguir no run-off). Em circunstâncias
extremas, vai alterar até mesmo a precipitação, aquando a desflorestação reduz a evapotranspiração numa grande área, reduzindo a
humidade atmosférica. Quando a floresta ocupa uma extensa cobertura do solo por parte das suas copas (canopy) e as raízes
profundas são predominantes, a intercepção e a transpiração da água pelas florestas é quase máxima. Consequentemente, a
desflorestação ou a substituição das florestas por plantações vão aumentar o fluxo de água. O desenvolvimento de sistemas de
drenagem para evitar o excesso de água em zonas urbanizadas impermeabilizadas vai ainda contribuir para um aumento do fluxo à
superfície para o fluxo do rio,
aumentando o caudal. Assim, as
zonas que anteriormente eram
alvo de armazenamento de água
no solo incluindo em reservas
subterrâneas passam a ser regiões
que escoam toda a água em run-
off. Na verdade, o run-off duplica
com a desflorestação e pode
triplicar aquando a cimentação do
solo.

5 Cheias e hidrogramas
Entende-se por cheia, uma situação natural de transbordamento de água do seu leito natural, provocado por chuvas intensas e
contínuas. Nestes momentos, dá-se um aumento sensível da água superficial. Embora com conotação negativa pelos impactos, é
um fenómeno natural e importante. As cheias, que surgem também devido ao facto da infiltração da água ser baixa ou da
capacidade de retenção do solo saturar, alteram o caudal de uma forma rápida e sensível devido ao rápido run-off causado pela
impermeabilidade dos solos devido à urbanização. As cheias levantam os sedimentos, tornando as águas mais castanhas e
consequentemente, provocando um decréscimo na fotossíntese, por outro lado, o aumento da corrente vai erodir o fundo e as
margens do rio de forma mais intensa.
A probabilidade de cheia pode ser uma em 100 anos, que é de 0,01 ou 1%. É definida como P=1/T isto é, P a probabilidade de
cheia e T o intervalo de recorrência. Podem ser previstos os eventos mais frequentes e tomadas as adequadas medidas de urgência,
porém, quando se trata de uma previsão a larga escala é mais difícil acertar. Deste modo, as cheias graves e de difícil controlo
surgem devido a uma grande queda de água de difícil previsibilidade (500-600 anos de frequência).
É fundamental estudar estes eventos extremos porque estima-se com as alterações climáticas um aumento da frequência de cheias
e secas, ou seja, até pode vir a chover menos, o problema é que não vai ser de forma equidistribuida ao longo do período húmido e
sim de uma forma concentrada num curto período de tempo.

Hidrograma: Consiste num registo contínuo da descarga de água através da precipitação em relação ao tempo em horas. Pode
descrever com detalhe um evento de cheias ao longo de várias horas ou dias.
Base flow – input de água no rio por parte das reservas subterrâneas.
Stormflow – descarga de água que deriva da água adicionada pela precipitação ou derretimento do gelo.
Recession limb – corresponde ao regresso às condições de fluxo base.

Um hidrograma contem um número de características que


refletem os caminhos e a rapidez com que a água da
precipitação escorre e atinge um rio. O fluxo base
representa o input de água do solo para o fluxo do rio
antes da precipitação. As chuvas intensas e o derretimento
da neve vão aumentar esse input acima do fluxo base. O
atraso que demora para a magnitude do hidrograma
atingir o seu máximo (cuja influência advêm da
intensidade da chuva e das características dos caminhos
pelos quais a água é escoada) mede o tempo entre o centro
do período de queda de água e o pico do hidrograma.
Desta forma, é natural que o atraso seja encurtado com a urbanização, uma vez que a água vai escoar com muita facilidade para os
rios em vez de primeiro se infiltrar na água.
Desta forma, um hidrograma dá uma informação detalhada sobre a variação do fluxo em várias escalas, desde cursos pequenos a
rios de larga envergadura, em diferentes condições climatéricas, e com distintas vegetações e topografias. Por exemplo, um fluxo
superficial intenso vai causar uma subida rápida e pronunciada da inclinação do gráfico e resulta na erosão intensa dos sedimentos
da superfície da terra. O mesmo não acontece em regiões húmidas pois o solo, mesmo desflorestado, absorve mais a água devido à
matéria orgânica e à estrutura composta por raízes, sendo a subida do hidrograma menos acentuada.

6 Erosão, transporte e deposição


O comportamento de cada rio depende da sua geometria, relevo, composição rochosa, matérias dos solos, cobertura vegetal e grau
de interferência humana. A atividade geológica de um rio compreende três ações, a meteorização e erosão, o transporte, e a
deposição dos materiais ou sedimentação.

6.1 Meteorização
A meteorização e erosão consistem no desgaste e extração dos materiais do fundo do leito e das margens pela ação da corrente da
água. Esta ação é mais intensa nas regiões junto da nascente, onde ocorrem maiores desníveis e a água corre a uma maior
velocidade, consequentemente, a energia da corrente é maior.
6.2 Transporte sedimentar

Os materiais rochosos extraídos são transportados pelo rio para distâncias maiores ou menores, dependendo do tamanho e do peso
dos fragmentos, bem como da velocidade da corrente. O transporte dos detritos pode ser feito através da suspensão – se os
materiais forem finos, por saltação, rolamento ou arrastamento para materiais mais pesados e grosseiros.
O transporte sedimentar por parte dos rios vai provocar um arredondamento dos sedimentos devido aos choques entre si e à
granotriagem, isto é, à separação de acordo com o seu tamanho, forma e densidade ao longo do curso de um rio. Pelo tipo de
arredondamento é possível conjeturar a duração do transporte, se o grau de arredondamento for elevado, significa que os
sedimentos foram transportados com grande energia e durante mais tempo. Estes sedimentos vão ser encontrados mais a jusante.
O transporte varia de rio para rio de acordo com os processos de erosão e deposição dos sedimentos, depende da natureza
geológica e velocidade dos rios. O retrocedimento dos rios devido à retenção de sedimentos provoca prejuízos humanos – logística
na navegação e biológicas – perda de habitat – espécies.

6.3 Deposição sedimentar e erosão das margens


À medida que a velocidade das águas diminui, os diferentes materiais
transportados começam a depositar-se, inicialmente os mais pesados e
depois os mais leves, em suspensão.
Os processos de erosão são lateral e vertical e vão depender
maioritariamente do fluxo do rio. O nível das cabeceiras (H) é
gradualmente erodido no sentido inverso ao da circulação do rio, este
tipo de erosão dá-se normalmente quando a velocidade da circulação
da água é maior que a deposição, dependendo sempre da natureza
geológica do rio e de uma baixa velocidade.
A acumulação de sedimentos está mais ou menos padronizado e é
usado para estimar a deposição/erosão para entender como se
depositam os sedimentos para proteger determinadas espécies. É
previsto de acordo com a granulometrica, velocidade do rio, etc.
A velocidade tende a ser maior no centro do rio e algo abaixo da
superfície, os sedimentos mais finos depositam-se na parte côncava e
mais lenta do curso de água.
6.4 Perfil longitudinal
A capacidade de uma corrente de água erodir e transportar materiais
depende da sua velocidade. Os fatores que determinam a velocidade de
uma corrente incluem o declive, expresso em metros por quilómetro, a
área da secção do leito, expressa em metros quadrados e o débito
expresso em metros cúbicos por segundo e as irregularidades do leito do
rio. Um processo comum para estudar uma corrente é examinar o seu
perfil longitudinal, desde a nascente até à foz, onde já praticamente não
há erosão.

Um grande rio que desagua no mar tem no nível médio das água do mar o
seu nível de base em funçãoo do qual regula o seu perfil.
A regularização do perfil faz-se da foz – jusante para a nascente –
montante. As irregularidades vão desaparecendo, os rápidos e as cataratas
vão recuando, o mesmo acontece às cabeceiras que vão penetrando na
montanha. Esta progressão da erosão no sentido contrário da corrente é a
erosão regressiva. Em geral um curso de água percorre, inicialmente um
vale cujo talvegue, zona mais profunda do leito, tem um perfil longitudinal
muito irregular com alterações mais ou menos bruscas, de declive que
podem constituir rápidos.
Após a evolução mais ou menos prolongada e desde que o nível de base se
mantenha o tempo necessário, o rio acabará por regularizar o seu perfil
atingindo o perfil de equilíbrio. Diz-se que o atingiu a partir do momento
em que são unicamente efetuados o transporte de sedimentos,
principalmente as partículas em suspensão.

Progressão para jusante: aumento da largura do canal, aumento da profundidade, igual velocidade média, diminuição da
granulometria do substrato, menos declive, mais deposição de sedimento.

7 Factores físico-químicos, fluxo de matéria orgânica e a sua influência nos organismos

Corrente

Físicos

Substrato

Abióticos

Temperatura

Químicos

Concentração de
FACTORES oxigénio

Fontes

Bióticos
Processamento/
(fluxo de matéria Armazenamento
orgânica)

Conceito "River
Continuum"
7.1 Corrente
É a corrente que vai distinguir sistemas lóticos dos restantes sistemas aquáticos. Influencia todas as entidades biológicas a nível de
adaptações morfológicas, comportamento e distribuição, bem como a estrutura das comunidades. Ainda toma um papel fulcral na
própria forma do rio, cujo principal factor de modelação é a velocidade da corrente.

Velocidade da corrente: É considerado o principal factor determinante da ocorrência e abundância local de organismos, e da
variação das comunidades ao longo do rio. A velocidade vai depender do declive da superfície, da rugosidade do leito e da
profundidade e largura do canal. Varia horizontal e verticalmente no canal, isto é explicado pela variação da corrente no canal que
pode ser de fluxo laminar ou de fluxo turbulento.
Fluxo laminar: Várias camadas de fluido circulam lentamente, paralelas umas às outras, está associado a uma velocidade menor.
Fluxo turbulento: Varias camadas de fluido interceptam-se umas às outras havendo misturas de linhas de fluxo e com formação de
redemoinhos. Quanto mais profunda a geometria do canal de drenagem, mais turbulento é o escoamento. Por sua vez, quanto
maior a velocidade e menos viscoso o fluido, também mais turbulento vai ser o escoamento. O fluxo turbulento tem maior
capacidade erosiva e de transporte do que o fluxo laminar.
Diferenças de velocidade ao longo da massa de água: A água corre mais rapidamente à superfície do que em profundidade porque
em profundidade o próprio leito do rio provoca atrito. Nas zonas menos profundas há uma elevada velocidade.
Há gradientes biológicos de acordo com a profundidade porque a velocidade do rio influencia a distribuição dos organismos e por
sua vez é influenciada pela profundidade.

Seleção da velocidade de corrente por parte dos organismos: Os organismos, de acordo com a velocidade da corrente preferencial
ao seu modo de vida, são agrupados em dois grupos, já que a sua distribuição é heterogénea ao longo da profundidade e velocidade
do rio.
REOFÍLICOS: “Reo” significa corrente. Tratam-se de organismos cuja velocidade elevada da corrente lhes é preferencial ou
participa de uma forma importante no seu ciclo de vida. São tendencialmente migratórios, mesmo aquando de pequenas
dimensões.
LIMNOFILICOS: “Limno” significa parado e limnologia é a disciplina que estuda massas de água sem fluxo como lagos,
albufeiras e barragens. Corresponde a organismos cuja velocidade da corrente deve ser baixa ou quase parada para corresponder às
condições óptimas. No habitat mediterrâneo, os organismos limnofilicos
geralmente são espécies introduzidas porque o nosso habitat é mais propício para
os reófilos, dai haver uma concentração de limnofilicos maior nos locais a
montante das barragens.

7.2 Substrato
A diversidade de materiais que compõem o substrato é elevada e dinâmica. São
distinguidos através de escalas de granulometria, como o caso da escala de
Wentworth. Esta é uma escala clássica e possui um problema no que toca ao
trabalho de campo pois é extremamente trabalhoso e complicado distinguir
alguns tamanhos demasiado precisos. A solução passou por arranjar valores mais
redondos e referencias visuais para os tamanhos (folha A4, açúcar, ovo, grãos de
café). Perde-se a precisão mas possibilita um aumento no número de locais
amostrados.
Diagrama de Hjulstrom: O tamanho dos sedimentos que vão ser erodidos,
transportados na zona de transição e sedimentados fazendo parte do substrato,
são largamente influenciados pela velocidade da corrente do rio.

Variação longitudinal do substrato: A granulometria do


substrato sofre uma diminuição há medida que nos
encaminhamos para jusante, já que a velocidade da
corrente diminui e consequentemente o transporte de
sedimentos enfraquece, começando a ser predominantes
zonas com meandrização.

Influência do substrato nos organismos vivos: Materiais orgânicos como ramos e troncos tendem a funcionar como substrato para
os organismos aquáticos, já que partículas orgânicas com menos de 1mm servem como alimento a grande parte dos organismos.
A presença de material orgânico no substrato pode influenciar a diversidade e a densidade de organismos aquáticos. A composição
do substrato também tem um papel importante na determinação da distribuição dos organismos aquáticos.
A pedra e o bloco têm igual tamanho mas a superfície de contacto é
diferente devido à forma o que altera o tipo de comunidade que se
encontra em meios com blocos ou pedras.

7.3 Temperatura
A temperatura é um factor que influencia a taxa de fotossíntese dos organismos autotróficos, as taxas metabólicas da generalidade
dos organismos aquáticos e a concentração de oxigénio na água. A maior parte dos organismos aquáticos dependem da
temperatura externa porque não regulam a sua temperatura corporal por metabolismo.
Há fatores de habitat – geográficos, biológicos e de paisagens - que alteram a temperatura a nível local, criando microhabitats
ocupados por diferentes organismos.
Zonas de maior amplitude da temperatura são de padronização mais difícil, geralmente ocorrem na zona intermédia do rio. As
condições são muito distintas de acordo com as condições biogeográficas.

Determinantes da temperatura da água (por ordem de importância na influência):


Temperatura do ar – existe uma correlação direta e positiva entre o aumento da temperatura do ar e da água.
Humidade relativa.
Percentagem de sombra e largura do canal – a montante o ensombramento é maior e a temperatura mais baixa, já a jusante, como
há um alargamento do canal, a área ensombrada a nível percentual é menor e a temperatura maior.
Fluxo do rio.
Radiação solar – a jusante há uma grande zona de incidência da radiação, pois a área exposta é maior.
Velocidade do vento. Altitudes - quanto maior for, tanto a temperatura do ar como a temperatura da água mais decrescem.

7.4 Oxigénio
O oxigénio é produzido durante a fotossíntese e consumido durante a respiração e decomposição. Existe uma utilização diferencial
do oxigénio, de acordo com as exigências dos organismos, alguns são consumidores e produtores, outros são só consumidores.
Duma maneira geral, nos rios não poluídos, há uma saturação por oxigénio nos rios, ou seja, não costuma ser um fator limitante.
Os organismos têm diferentes níveis de tolerância em relação às taxas de oxigénio, porém, para concentrações de oxigénio menores
que 3mg por litro temos um decréscimo considerável na diversidade das comunidades biológicas.

Variação diária e sazonal


Trabalho de campo: Ao longo do dia, as taxas de oxigénio vão variar, tornando-se uma medida difícil de concretizar no campo.
Para evitar o desfasamento da medição da temperatura, o trabalho de campo deve ser iniciado a jusante começando-se primeiro
por analisar os organismos biológicos e só depois se seguir com a medição da temperatura e do oxigénio. Seguidamente, desloca-se
para montante, mede-se primeiro a temperatura e o oxigénio e só depois se analisam os organismos biológicos. Como há uma
correlação da temperatura/oxigénio e os aparelhos de medição de oxigénio são dispendiosos, fazemos uma inferência a partir de
algumas medições de oxigénio e de todas as temperaturas, depois, deduzimos o oxigénio a partir da temperatura de acordo com
algumas relações feitas com as medidas de oxigénio efetuadas.
Variação diária: A variação diária deve-se à difusão do oxigénio devido à
temperatura, contribuindo para a sua perda, juntamente com a respiração que
ocorre com mais intensidade quando a atividade dos organismos é mais
elevada, em contrapartida com a fotossíntese por parte da produção primária

que contribui para o input de oxigénio no rio.

Variação sazonal: A variação sazonal está ligada à relação entre o oxigénio e a temperatura uma
vez que quanto maior for a temperatura, menos oxigénio se vai solubilizar na água, não se
tornando disponível.

No inverno, a temperatura é mais baixa e há mais oxigénio disponível, porém, devido aos dias
mais curtos, a fotossíntese é menos intensa e acaba por contrabalançar a quantidade de oxigénio.

Já no final do verão, na época mais seca e com as temperaturas mais altas, verifica-se
uma diminuição das concentrações de oxigénio, trata-se de um período muito
stressante que desafia os indivíduos mais resistentes. O caudal fica mais reduzido, a
solubilidade de oxigénio aéreo é inferior, os organismos entram em maior competição
pois há uma maior concentração de indivíduos, mais interações positivas e negativas
uma vez que há um igual efetivo populacional numa área de caudal mais reduzida –
claramente os organismos estritamente aquáticos são os que sofrem mais. Os predadores aproveitam-se da situação, pois há

abundância de alimento, inclusive aqueles que só predam no rio nestas alturas.

Variação espacial: É nos riffles que ocorre uma maior troca e mistura de oxigénio atmosférico com oxigénio da água, uma vez que
as correntes circulares aproximam as moléculas de oxigénio à superfície e trazem outras moléculas para zonas mais profundas. Nas
pools, acumulam-se muitos organismos que aproveitam o oxigénio acumulado. Em muitos rios, montante consegue ter mais de
80% de concentração de oxigénio, já a jusante, pode chegar abaixo dos 40%, é natural que se encontre a montante peixes mais
saudáveis e a jusante, menos diversidade de peixes.

7.5 Fluxo de matéria orgânica

Fontes da matéria orgânica: Existem duas fontes de matéria orgânica, ligado à conectividade lateral.
Alóctone: Material originado fora do rio (Litter Inputs) a partir das zonas circundantes, sendo muito variáveis ao longo do trajeto
longitudinal
Autóctone: Material originado dentro do próprio rio (Net Primary Production).
Em relação às categorias, pode ser matéria orgânica dissolvida (DOM) ideal para organismos filtradores, como compostos solúveis
originados a partir de folhas, raízes ou organismos em decomposição. Pode ser matéria orgânica particulada (POM) que se divide
em partículas finas (FPOM) como fragmentos de folhas e fezes com menos de 1mm, usadas pelos organismos a jusante pois
deslocam-se pela corrente ou partículas grosseiras (CPOM) como material lenhoso e folhas com mais de 1mm, apenas usados por
organismos com capacidade para fragmentar esta matéria. A matéria orgânica particulada vai existir em concentrações baixas no
inverno e elevadas no verão variando em função da alteração de caudal e de processos metabólicos. O input de matéria orgânica vai
variar grandemente de acordo com o tipo de rio, por exemplo, um rio florestado vai ter muita matéria alóctone a entrar e pouca
matéria autóctone, o contrário acontece num rio de canopia aberta.

Armazenamento da matéria orgânica: O material que chega ao rio grosseiro pode ser processado por organismos de maneira a
ficar finos e os restos que vão para jusante e acabam por ser usados por outros organismos. Na verdade a matéria retida nas
margens ou no leito – 25%, acaba eventualmente por ser usado a taxas muito lentas, como é o caso do uso por parte dos castores
por exemplo. Relativamente à matéria que é levada para jusante, corresponde a 50%. Já a matéria metabolizada pelos organismos
aquáticos no próprio local em que é feito o input, corresponde a 25%.
O tempo de retenção da matéria orgânica, tende a aumentar, com a diminuição do fluxo de água, associada a características
geomorfológicas dos terrenos e presença de barreiras naturais ou artificiais à sua circulação.

Processamento da matéria orgânica: Todos os organismos aquáticos, desde as


algas, aos macroinvertebrados e peixes, participam no processamento da matéria
orgânica.
Mastigadores (Shredders): Herbívoros – consomem tecido vascular de macrófitos;
Detritívoros – consomem matéria orgânica particulada grosseira. (Tricoptera)
Colectores: Detritívoros filtradores ou colectores – consomem matéria particulada
fina. (Diptera)
Raspadores (Scrapers/Grazers): Herbívoros – Consomem material associado ao
periphyton. (Diptera)
Predadores: Carnívoros – Consomem tecido animal vivo. (Plecoptera,
Hemiptera)

Conceito de River Continuum


Este conceito tenta descrever as alterações estruturais e funcionais que ocorrem ao longo do rio em termos de geomorfologia,
fluxos de matéria e energia e diversidade e abundância de grupos funcionais.
Nem todos os organismos suportam igualmente o processamento da mesma matéria orgânica. Não devemos esperar que todos os
organismos estejam igualmente representados ao longo do rio, variando com os recursos que conseguem usar.
Tipicamente há um cumprimento expectável no processamento de matéria orgânica de acordo com a família mas podem haver
exceções entre espécies.
Montante – Zona de Cabeceira: Rio estreito, ensombramento elevado já que a canópia é desenvolvida, muita matéria
grosseira a entrar no rio, isto é, a CPOM é a principal fonte de matéria orgânica. Organismos mastigadores são abundantes e
exploram este tipo de alimento e processam esta matéria local deixando 50% ser levado e processado a jusante.
Curto Intermédio: Matéria mais ou menos grosseira, mais fina que a montante. Esperamos que haja menos
ensombramento, menos contribuição alóctone. Input de matéria mais fina vinda de montante (autóctone) – começam a surgir mais
raspadores (input de FPOM por processamento da CPOM a montante). Mais autotróficos porque há menos ensombramento,
mais desenvolvimento perifitra - algas do substrato resistentes à corrente.
Jusante – Curto Terminal: Os nutrientes libertados vindos do curso intermédio vão ser transportados pela água para
jusante em forma de espiral, chegando a locais constituídos à base de colectores filtradores, com mais produção autóctone e menos
influencia das margens (alóctone) – input de FPOM por processamento de CPOM a montante. O aumento do canal e a
diminuição da corrente, vai permitir o desenvolvimento de macrófitos e de plâncton.

É claro que há sistemas que não seguem este modelo. Ex.: zonas desérticas não há ensombramento e o caule é mais pequeno, etc.
8 Lagos
CARACTERÍSTICAS DOS
Os lagos constituem depressões continentais onde ocorre a LAGOS
acumulação de água, localizados numa bacia que é rodeada por
terra e se encontra isolada. Essa água pode ser proveniente da Físicas Químicas Biológicas
chuva, de uma nascente local ou de um curso de água, como rios e
glaciares que desaguam nessa depressão. A quantidade de água que
Oxigénio
Formação dissolvido Zonação
um lago contém depende do clima regional. As dimensões dos
lagos são muito variáveis, desde alguns metros até centenas de
Variáveis
quilómetros, o mesmo acontece com a sua profundidade. O estudo Variedade Nutrientes estátivas vs
dinâmicas
ecológico dos lagos designam-se por limnologia. O Mar Cáspio,
Variações
gera controvérsia como definição de lago, é considerado porque temporais/
Luz
não possui conexões com oceanos e não despeja as suas águas em espaciais

outro curso de água.


Temperatura

Bacia de
drenagem
8.1 Formação dos Lagos
Tectónica: A origem tectónica de lagos está associada a movimentações que ocorreram na crosta terrestre, conduzindo ao
estabelecimento de dois fenómenos principais, as depressões formadas por movimentos de elevação e abaixamento da camada
superficial com a finalidade de manutenção do equilíbrio isostático e as falhas decorrentes de descontinuidades da crosta terrestre.
Vulcânica: Qualquer cavidade vulcânica, desde que não possua nenhuma drenagem natural, acaba ao longo do tempo por se
transformar num lago devido ao acúmulo de água proveniente das precipitações atmosféricas. Os lagos com génese vulcânica
podem ser formados através de dois processos, um deles, é o represamento de águas de rios por meio de lava vulcânica solidificada,
outra, são as explosões vulcânicas com consequente criação de depressões e cavidades, já que a câmara magmática se esvazia e
desabafa.
Glaciária: Esta é a origem mais comum dos lagos, principalmente aqueles situados em regiões de clima temperados. Os efeitos da
erosão e sedimentação, provenientes da movimentação do gelo, provocam a formação de depressões sobre a superfície do planeta,
as quais posteriormente se enchem de água. Um dos tipos mais frequentes da origem glacial de lagos ocorre em vales barrados por
morainas glaciais que são sedimentos transportados por geleiras.
Outras: Conhecidas como lagoas costeiras, são formadas por sedimentos que o rio transporta mas cujo caudal não é suficiente para
manter a abertura ao mar. Em Portugal existem várias lagoas costeiras fechadas, as quais são mantidas em contacto com o mar
artificialmente. Podem ainda ser formadas pelo impacto de meteoritos, pela ação erosiva do vento ou pela dissolução de rochas.
Bacias endorreicas: Áreas na qual a água não tem saída superficial, isto é, por rios, até ao mar. Qualquer chuva que caia numa bacia
endorreica permanece ali abandonando o sistema unicamente por infiltração ou evaporação, o que contribui para a concentração de
sais – os lagos salgados. Estes podem ser criados em qualquer clima, mas são mais comuns em zonas de deserto quente. Estes
lagos costeiros podem ser formados por diferentes processos geológicos que ocorrem na região próxima ao litoral, podendo
designar-se também por lagunas.

8.2 Geomorfologia
A geomorfologia é fundamental para se compreender os fenómenos que ocorrem nos sistemas lacustres, tanto de natureza física,
como química ou biológica. Desempenha um papel importante porque controla a natureza da drenagem e as entradas de
nutrientes para o lago. Também é crucial para entender a origem dos lagos. A origem destes ambientes lacustres está associada à
ocorrência de fenómenos de natureza geológica, cujos processos podem ser endógenos – originados do interior da crosta terrestre
ou exógenos – a partir de causas exteriores à crosta. As origens mais comuns de lagos estão vinculadas a fenómenos glaciais –
movimentação ou derretimentos do gelo formado durante o período glacial, vulcânicos ou tectónicos.

8.3 Variedade na dimensão


Existe uma grande variedade na dimensão dos lagos, porém, há apenas cerca de 20 lagos considerados muito profundos, com mais
de 400 metros de profundidade.
O Lago Baikar é o lago mais fundo em todo o planeta, os lagos mais fundos têm origem tectónica ou vulcânica, ou então, foram
formados a partir de fiordes primitivos (reentrâncias nas costas montanhosas devido ao gelo) que se transformaram em água doce.
Embora os lagos de origem glaciária como os Grandes Lagos e o Great Slave Lake no Canadá tenham bacias muito profundas,
poucas excedem os 300 metros.
A maior parte dos lagos profundos encontram-se em regiões montanhosas da Europa, ao longo da região ocidental da América do
Norte e do Sul e nas zonas montanhosas da África Central e da Ásia.
Os únicos lagos que se sabe possuírem profundidade superior a 1000 metros e profundidade média superior a 500 metros são o
Lago Baikal na Ásia e o Lago Tanganica em África.

8.4 Luz
As propriedades mais importantes nos lagos estão relacionadas com a interação entre a luz, a temperatura e o vento. A absorção e
atenuação da luz pela coluna de água são os principais factores no controlo da temperatura e da fotossíntese. Por sua vez, a última
fornece alimento que suporta a maior parte da cadeia trófica ao fazer parte da produção primária. Também fornece grande parte
do oxigénio dissolvido na água.
A radiação solar é a principal fonte de calor na coluna de água e é o principal factor que determina os padrões de movimento de
água no lago.
A intensidade da luz na superfície da água varia sazonalmente, e decresce tanto com a sobreposição de nuvens como ao longo da
profundidade do lago. O quão profundo consegue a radiação chegar a um lago corresponde ao quão fundo a fotossíntese pode
ocorrer. Os organismos fotossintéticos incluem as algas suspensas na água – fitoplâncton, as algas presas ao substrato – perifiton e
as plantas aquáticas – macrófitas.
A taxa a que a incidência de luz diminui com a profundidade depende da quantidade de
substâncias que absorvem a luz que se encontram dissolvidas na água, a maior parte
compostos de carbono orgânicos vindos da decomposição da vegetação e também materiais
suspensos como partículas do solo e detritos. A percentagem da luz absorvida num metro de
distância vertical na coluna de água, é o chamado coeficiente vertical de extinção – “K”.
Assim, em lagos com valores K mais baixos a luz penetra até mais fundo.

8.5 Estratificação térmica


A estratificação térmica consiste na criação de camadas numa massa de água devido à
existência de diferenças na densidade.
A água é menos densa no estado sólido do que no líquido. Como tal, o gelo flutua e a
água, acima do ponto de congelação afunda.
A densidade máxima da água ocorre a 4ºC, sendo menos densa acima e abaixo deste
valor.
Devido à relação densidade-temperatura, muitos lagos, em climas temperados, tendem a
estratificar, i.e. separam-se em duas camadas distintas.

Lago  Dimíc+co:  Ocorrem  2  


períodos  de  circulação  
(Primavera,  Outono)  

Períodos  de  circulação  

Lago  Polimíc+co:  Ocorrem  


várias  estraPficações  durante  
o  Verão  
Classificação  dos  lagos  de  
acordo  com  a  estraPficação  
térmica  

Lago  Holomíc+co:  Mistura  


total  da  superUcie  ao  fundo  

Tipo  de  circulação  


Lago  Meromíc+co:  Mistura  
parcial  porque  existe  uma  
camada  ao  fundo  que  nunca  
se  mistura  e  permanece  
anóxica  
Ciclo anual de um Lago Dimíctico

Os lagos profundos geralmente estratificam em 3 camadas. O metalímnio


ou a região de termoclima, é a camada de água em que a temperatura
diminui drasticamente com a profundidade. A mudança de densidade no
metalimnio funciona como barreira física para a mistura entre a camada
mais superficial e a mais funda, durante meses.

8.6 Oxigénio dissolvido


A atividade biológica apresenta um pico na Primavera e Verão quando a atividade fotossintética é superior devido à maior radiação
solar típica destas estações.
Os lagos no verão das regiões temperadas estão geralmente estratificados. A combinação entre a estratificação térmica e a atividade
biológica (influencia na quantidade de oxigénio dissolvido – DO) causa padrões caraterísticos na química da água.
Na Primavera e Outono os lagos oligotróficos (pouco produtivos, fracos em nutrientes e algas, geralmente muito transparentes e se
forem estratificados, com muito oxigénio na zona hipolimnio) e eutróficos (lago com um elevado input de nutrientes, muito
produtivo) tendem a possuir condições de boa mistura em toda a coluna de água. Nos restantes períodos – Inverno e Verão, as
condições são variáveis.
A concentração de DO no epilimnion mantem-se elevado durante o verão devido à fotossíntese e difusão de oxigénio da
atmosfera. Porém, as condições no hipolimnio variam de acordo com estatuto trófico, isto é, se é oligotrófico ou eutrófico. Nos
lagos eutroficos, o DO hipolimnetico decresce durante o verão porque é cortado de todas as fontes de oxigénio, enquanto os
organismos continuam a consumir e a respirar o oxigénio. Toda a parte inferior do lago e mesmo a parte inteira do hipolimno
pode eventualmente ficar anóxica. Já nos lagos oligotroficos, a baixa biomassa de algas permite maior penetração da luz e menos
decomposição, as próprias algas podem chegar a locais mais profundos na coluna de água e menos oxigénio é consumido. Deste
modo, as concentrações de DO podem aumentar com o aumento da profundidade onde a água fria leva maior DO deixado
durante a mistura durante a primavera (oxigénio é mais solúvel em água fria).
No inverno, os lagos oligotroficos geralmente
têm condições mais uniformes. Já os lagos
eutroficos, cobertos de uma camada de gelo,
podem desenvolver uma estratificação típica do
inverno em relação ao oxigénio dissolvido. Se
houver pouca ou nenhuma camada de gelo a
bloquear luz, o fitoplâncton e alguns macrofitos
podem continuar o seu processo de fotossíntese,
resultando num pequeno aumento de DO
imediatamente abaixo da camada superficial.
Mas os microrganismos continuam a decompor
material numa coluna de água ainda mais abaixo
e consomem oxigénio nos sedimentos, então o
DO é reduzido.

8.7 Nutrientes
Os organismos aquáticos influenciam e são influenciados pela composição química da água. O fitoplâncton retira nutrientes da
água e o zooplâncton alimenta-se dele.
Há uma redistribuição de nutrientes da camada superficial para o fundo com o afundamento do plâncton que morre e com as
migrações verticais do plâncton.
O fósforo e azoto aumentam na Primavera com o run-off do degelo e da mistura dos nutrientes que se acumularam ao fundo,
resultante da total mistura dos estratos que ocorre na Primavera.

8.8 Zonação biológica


Um lago típico tem distintas zonas de comunidades biológicas, relacionado com a sua estrutura física.

Zona Litoral: Encontra-se perto da margem terrestre,


onde a luz solar penetra com facilidade até ao substrato
e permite que as plantas aquáticas macrófitas cresçam –
zona eufótica – que permite a penetração de luz
suficiente para que a fotossíntese ocorra. Geralmente, a
zona eufótica ocorre apenas dentro da camada
epilimnio, que ainda é influenciada pelo vento e ganha
turbulência.
Em locais especialmente transparentes, a fotossíntese pode chegar até ao hipolimno. As plantas superiores na zona litoral,
juntamente ao facto de serem uma fonte de alimento e um substrato para as algas e vertebrados, ainda vai fornecer um bom habitat
para peixes e outros organismos que é bastante distinto de um ambiente de água aberta.

Zona Limnética: Área de água aberta de um lago onde a luz não penetra até ao fundo destas águas continentais. O sedimento do
fundo – zona bêntica – tem uma camada superficial com organismos cujos sedimentos podem ser misturados com a actividade dos
organismos bentónicos, correspondendo a uma zona rica em sedimentos orgânicos. Na zona bêntica encontram-se invertebrados,
como larvas de insectos dípteros e pequenos crustáceos.
A produtividade desta zona depende do conteúdo orgânico do sedimento que constitui a base, da sua estrutura física e por vezes da
taxa de predação por parte de outros peixes.
Por exemplo, substratos arenosos contêm pouca matéria orgânica que sirva de alimento para os organismos bentónicos e por outro
lado são um mau local para se protegerem dos peixes predatórios pois tem poucas plantas que sirvam de esconderijo, já que é um
solo fraco em nutrientes e instável para a fixação. Já um substrato rochoso tem uma grande diversidade de habitats que fornecem a
proteção e refúgio, constitui um bom substrato para as algas – perifiton agarrado às rochas, e armazena material orgânico. Um
substrato plano e mucoso tem muito alimento para a fauna bêntica e é colonizado por plantas superiores, porém, fornece pouca
proteção e variedade de habitats a nível estrutural.

9 Charcos Temporários
Os charcos temporários são massas de água tipicamente pouco profundas, podendo ser pequenas poças ou áreas relativamente
extensas, como lagos efémeros. São, tal como o nome indica, charcos temporários que se formam quando chove ou quando a neve
derrete, ou na presença de um lençol freático alto.
Os charcos, como são pouco profundos, são muito vulneráveis a poluição. Fornecem recursos e habitat a muitos organismos
terrestres e aquáticos, no Mediterrâneo
chegam a ser vitais para a reprodução dos
anfíbios. Possuem elevado número de
espécies raras e endémicas e portanto estão,
na diretiva habitats, como habitat prioritário.
A agricultura destrói os charcos temporários
porque nivela os solos, é necessário haver
depressões da paisagem para se formarem
charcos, para além disso, revolvem as terras destruindo a camada impermeável que mantêm a água à superfície.
Estes habitats para além de vitais para os anfíbios, beneficiam algumas espécies de répteis como os cágados - para completar o seu
ciclo de vida, já os mamíferos usam como reserva de água (o gado estraga o solo e escasseia a água dos charcos, sendo uma possível
ameaça).

9.1 Localização
Na Europa, os charcos ocorrem por todo o lado e em todas as regiões biogeográficas desde que as condições sejam favoráveis. As
condições passam por ser uma depressão no solo e algum lodo para impedir a infiltração da água.

9.2 Paradoxalmente efémeros


Apesar de aparentemente efémeros, estão entre os habitats mais persistentes, uma vez que nos charcos temporários a maior parte
da matéria orgânica que se acumula no período húmido, oxida durante o período seco e portanto não há uma acumulação de
sedimentos. Já nos lagos permanentes os sedimentos orgânicos acumulam-se no fundo, aumentam ao longo do tempo e acabam
por fazer desaparecer a conformação física do lago que permite a acumulação de água.
A imagem de que os charcos são efémeros vem do facto de, em condições normais, surgirem e desaparecerem por fases, porém,
têm sempre o mesmo local de “regresso”, inclusive a própria fauna, que sendo exclusiva de charcos, possui espécies fósseis.
Ultimamente defende-se que os charcos temporários estejam relacionados com os cursos de água, que os alimentam por via
subterrânea através de lençóis freáticos, porém, ainda se mantém a ideia de que se formam devido à precipitação e degelo. No
entanto, existem exceções, nas planícies de aluvião acumula-se sedimento e nas florestas densas, a acumulação de folhas por vezes é
suficiente para fazer desaparecer os charcos.

9.3 Diversidade de charcos


A diversidade de charcos temporários mediterrâneos depende de vários aspectos, nomeadamente da origem, formação, morfologia
e substrato. Na verdade, diferentes substratos conferem-lhes caraterísticas físico-quimicas específicas, pois podem ser rochas
básicas ou ácidas, rochas compactas ou substrato mais permeável.
Uma grande parte dos charcos é de origem natural, relativamente aos diversos processos geomorfológicos. No entanto, nalgumas
regiões existem charcos de origem artificial que se formaram em pedreiras abandonadas ou em zonas de extração de barro.

9.4 Características hidroclimáticas


As flutuações do nível de água determinam os factores ecológicos. O volume de água no charco varia com a chuva e as águas
subterrâneas e com a evaporação, transbordo ou infiltração. Sendo que a infiltração depende do tipo de substrato, topografia e
cobertura vegetal.
9.5 Importância para a biodiversidade
Basicamente, são importantes para a biodiversidade porque secam. Poucos peixes podem viver nestas condições, logo, estes charcos
não albergam predadores, tornando este tipo de habitat perfeito para uma série de invertebrados raros e anfíbios que não existem
nos restantes sistemas aquáticos que usam este meio para se reproduzirem ou desenvolver as suas formas larvares. Motivo para se
encontrar nos charcos espécies muito endémicas destes meios.
Os indivíduos que vivem nos charcos têm que ter estratégias muito próprias, por exemplo, os ovos tipo cistos, que entram em
diapausa eclodindo apenas quando há água, como se verifica nos crustáceos. Outros têm ciclos de vida com fase terrestre e
aquática, aproveitando os charcos para a postura, como se verifica nos insectos.
Se o substrato não for rochoso, há oligocaetas que se enterram no solo nos períodos de seca encontrando solo húmido e emergem
em período de chuva.

Um charco de maiores dimensões tem mais tempo de vida, mais diversidade e mais indivíduos a vir de fora, logo as cadeias tróficas
são mais complexas porque os predadores entram na equação, já que um charco maior dá tempo para estas relações ocorrerem.
Quanto mais tempo de vida tem um charco, mais diversidade vai ter.

9.6 Os macroinvertebrados dos charcos


A biologia dos charcos é condicionada por uma série de factores, como o estado hídrico dos sedimentos (condiciona a vida dos
organismos após o período de seca), a evaporação, transbordo ou infiltração, o tipo de substrato, a topografia, a cobertura vegetal e
a composição química da água.
Crustáceos: Apresentam grande diversidade nos charcos temporários, podem ser microcrustáceos, isto é, com menos de 1mm,
constituindo o zooplâncton – Cladóceros, Copépodes e os bentónicos. Ou macrocrustáceos com mais de 1mm, sendo
representados pelos Notostraca e Branchiopoda.
Insectos: Nos charcos encontramos larvas e ninfas de insectos de grupos como Ephemeroptera, Odonata, Trichoptera e Diptera.
Já os adultos, são encontrados nos grupos Coleoptera e Heteroptera.
Se o charco é muito efémero a riqueza faunística é relativamente pobre, verificando-se apenas herbívoros ou detritívoros como
Ephemeroptera e Coleoptera.
Já se o charco for mais prolongado no tempo, aumenta a diversidade e as cadeias tróficas diversificam, surgindo predadores como
Odonata e Heteroptera.

10 Pauis
Os pauis são zonas húmidas que são dominadas por plantas adaptadas a solos húmidos – herbáceas – porque são frequentemente
inundadas. Um paul, também chamado de pântano, é um ecossistema de tipo lacunar.
A diferença entre os pauis e os charcos temporários dá-se na composição da flora distinta e do facto da fauna nos charcos ser
temporária.
A vegetação típica dos pauis dá-se devido à necessidade das plantas terem a habilidade de se adaptar a locais em que há mudanças
muito grandes no encharcamento da água, adaptando-se a viver nos dois meios – dentro e fora de água. Assim, os pauis conferem
uma biodiversidade muito características, sendo reservas genéticas e habitats privilegiados de fauna e flora que é protegido pela
Convenção sobre Zonas Húmidas.

11 Estuários
Consistem em transições entre continente e mar/oceano, bem como entre água doce e água salgada. Tanto as descargas vindas da
corrente do rio como as mudanças de maré do oceano são fundamentais nestes ecossistemas.
Corpo de água costeiro semi-fechado que se encontra quer permanente quer periodicamente aberto ao mar, e em que existe uma
variação mensurável de salinidade devido à mistura de água salgada com água doce, derivada da drenagem terrestre.
Os caudais de água doce, por definição, originam e mantêm os estuários com nutrientes e sedimentos concretos, uma vez que é a
zona terminal de um rio onde a água doce, resultante do escoamento continental, se mistura com a água salgada sob influência do
efeito de maré.

11.1 Importância
Fornecem uma grande disponibilidade de alimento para muitas espécies.
São um local de passagem para migradores anádromos e por outro lado, de passagem e crescimento para catádromos.
Servem como local de nascimento e crescimento de crias de espécies marinhas.
É um importante local para a nidificação e alimentação de muitas aves.
Por outro lado, ainda regulam cheias e drenam a água ao fixar sedimentos e servem para depuração dos sistemas já que filtram a
água.
Portugal é uma zona de transição para a maioria dos grupos taxonómicos devido à grande quantidade de estuários e lagoas
costeiras. Os estuários estão sujeitos a descargas fluviais irregulares e são afectados por condições climatéricas extremas, bem como
são submetidos a grave stress antropogénico.

11.2 Classificação de acordo com o gradiente longitudinal


Estuário normal: Aumento da salinidade de montante para jusante.
Estuário hipersalino: A salinidade aumenta desde valores próximos da água do mar, na foz, até valores hipersalinos nos locais mais
a montante.
Estuário fechado ou cego: Temporariamente fechados por uma barra de areia na foz, devido a uma diminuição de caudal de água
doce, não tendo por isso flutuações tidais.

11.3 Classificação de acordo com o gradiente vertical


Estuário bem misturado: Não há variação vertical de
salinidade.
Parcialmente estratificado: Há uma haloclina entre a
camada superficial e a camada profunda da coluna de
água, mas inferior a 3 ppm.
Estratificado: As diferenças de salinidade entre a
superfície e o fundo são superiores a 3 ppm.

11.4 Condições abióticas


As condições abióticas de um estuário passam pela salinidade, temperatura, turbidez, níveis de
oxigénio, tipo de sedimento e profundidade.
O regime hidrológico é muito variável, pode ser a pequena escala – ciclos de maré; a média
escala – variações sazonais do fluxo fluvial e dos ciclos de maré; e a larga escala - regimes
extremos como cheias ou secas.
Como se trata de um meio de transição, dá-se uma circulação muito acentuada das massas de
água.

11.5 Comunidades estuarinas


As espécies estuarinas não estão distribuídas de forma homogénea ao longo do gradiente salino.
O número de espécies de água doce (riscas a diagonal) é bastante superior com concentrações de
salinidade relativamente baixa, embora também haja espécies marinhas (riscas verticais) também a viver nessas concentrações,
surgindo em maiores quantidades à medida que aumenta a salinidade.
Fornece uma comunidade de produtores primários diversificada, como microfitobentos, fitoplâncton, macroalgas e plantas de
sapal, o que, juntando com uma grande quantidade de nutrientes, trás uma elevada produtividade e grande disponibilidade de
alimento. Porém, a elevada variação de factores ambientais traz um stress ambiental que apenas é suportado por um reduzido
número de espécies.

Produtores (bactérias, algas e plantas superiores): Funcionam como canais de passagem de matéria orgânica, nutrientes, sedimentos
e fluxos dulciaquícolas entre o rio e o mar, sendo também um receptáculo importante destes elementos. A água e os sedimentos
estuarinos são muito ricos em bactérias.
Os bancos de vasa intertidal são dominados por diatomáceas bentónicas, embora possam ocorrer igualmente algumas algas dos
géneros Ulva, Chaetomorpha e Cladophora, entre outros. Os sedimentos vasosos favorecem a proliferação de cianobactérias
filamentosas.
Em termos de biomassa, a vegetação dominante corresponde às plantas emergentes que se fixam no limite superior do intertidal, e
que formam os sapais – normalmente dominados por espécies do género Spartina.
As zonas de sapal têm uma excelente capacidade depuradora, pelo que são habitats essenciais na retenção e eliminação de
poluentes. Fornecem ainda alimento e abrigo para a fauna e p rotegem os habitats terrestres da ação das águas.
No subtial, a elevada turbidez e o tipo de sedimento condicionam fortemente a ocorrência de macroflora, sendo na parte terminal
dos estuários que podemos encontrar algumas macroalgas e pradarias marinhas.
Consumidores (invertebrados, peixes e vertebrados)
Os invertebrados bentónicos estuarinos apresentam baixa diversidade, mas muitos deles são particularmente abundantes, quer no
intertidal, quer no subtidal.
Os grupos melhor representados são normalmente os oligoquetas, poliquetas, gastrópodes, bivalves, isópodes e anfípodes.
Alguns crustáceos decápodes e cefalópodes são também constituintes importantes das comunidades estuarinas.
No primeiro caso, destaca-se nos sistemas portugueses o caranguejo-verde e mais algumas espécies de camarões do género
Palaemon.
A comunidade piscícola estuarina é constituída por um número reduzido de espécies residentes (famílias. Syngnathidae; Labridae;
Gobiidae; Batrachoididae), já as espécies migradoras diádromas que incluem os estuários nas suas rotas migratórias (catádromas:
enguia; anádromas: salmão, Alosa alosa, Lampreia) e as espécies marinhas e dulciaquícolas tolerantes à salinidade surgem com
maior frequência. Também podem aparecer espécies ocasionais.
Em Portugal, os lodos e as ostreiras que ficam a descoberto durante a maré-baixa são os locais onde a maioria das aves se alimenta,
utilizando os bancos de vasa para procurar alimento. Por sua vez, alguns peixes utilizam bancos de vasa para se alimentar durante a
maré cheia.
As salinas constituem excelentes zonas de repouso e alimentação, principalmente durante a maré-cheia, e funcionam, no período
estival, como áreas preferenciais de reprodução.

12 Lagoas costeiras
As lagoas costeiras são massas de água pouco profundas, separadas do mar por uma barreira de areia.
As condições de entrada de água do mar são variáveis, uma lagoa pode por vezes estar aberta ao mar e noutras alturas, fechada,
dadas as condições da maré. Uma lagoa costeira, pode ser considerada um estuário intermitentemente aberto.
A maior parte das lagos costeiras estão isoladas do mar quase todo o ano, quando fechadas, retêm e assimilam todos os inputs
humanos, o que os torna especialmente sensíveis e vulneráveis. Muitas vezes procedem-se a aberturas artificiais das lagoas
costeiras.
Ecologicamente, são únicas e difíceis de padronizar, já que dão-se grandes oscilações do nível de água, da salinidade e da qualidade
da água. Existem consequentemente oportunidades intermitentes de recrutamento e dispersão de diversas espécies.

12.1 Diferenças entre lagoas e estuários


ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS COMUNIDADES BIOLÓGICAS

Macrófitos  

Autotróficos  
Fitoplancton  

Perifiton  

ORGANISMOS  

Zooplancton  

Heterotróficos   Macroinvertebrados  

Peixes  

1 Macrófitos
Os macrófitos são plantas aquáticas cuja estrutura é visível a olho nu. A sua distribuição dá-se num mosaico concreto e tem um
elevado dinamismo temporal. São muito dependentes da quantidade e qualidade da água, bem como são particularmente
importantes nos sistemas lóticos, por isso são usadas como indicador biológico de qualidade e na bioremediação.
Podem ser encontrados macrófitos numa vasta diversidade taxonómica: algas, briófitos, líquenes, gimnospermicas e
angiospérmicas, todas dependentes do meio aquático, embora com uma dependência variável.
Altamente sensíveis na quantidade – caudal – e qualidade – nutrientes, oxigénio – da água, sendo que passam por diferentes
condições sazonais e interanuais.

1.1 Importância ecológica


Os macrófitos trazem uma complexidade estrutural que aumenta a diversidade nas outras relações que existem no meio aquático.
- Habitat estrutural: Abrigo e substrato de reprodução, constituem ainda zonas para desovas. Proporcionam um local adequado
para o desenvolvimento de microorganismos pois as suas raízes servem de substrato para ovos e abrigo para o zooplâncton –
principal fonte de alimentação de muitos peixes pequenos.
- Fonte de alimento: Para invertebrados e peixes de uma forma direta e de uma forma indireta porque são importantes para o
desenvolvimento de perifitra. Embora não haja muitos herbívoros a alimentar-se dos macrófitos, também podem entrar na cadeia
trófica depois da sua decomposição.
- Estabilização das margens e substratos.
- Importantes nos ciclos de nutrientes: São usados para tentar melhorar a qualidade da água – bioremediação – porque
metabolizam o azoto e o fósforo absorvendo os nutrientes do sedimento como o azoto e o fósforo e libertando-os na água.
No fundo, são um dos constituintes base que controlam toda a diversidade nos sistemas lóticos.

1.2 Tipos de macrófitos


Há vários morfotipos atendendo à sua disposição em relação à superfície externa da água e podem dividir-se em dois grupos,
macrófitos enraizados, isto é, com o sistema radicular dependente do substrato (emergentes, submergentes e com folhas flutuantes)
e macrófitos desenraizados.

Macrófitos emergentes: Ocupam a zona de transição entre a terra e a água. Situam-se em habitats de corrente calma, a jusante
maioritariamente e em zonas de transição, como juncos. Também são encontrados nas margens dos rios e dos lagos. São
enraizadas no substrato, na proximidade de ou em áreas que mantêm água a maior parte do tempo. As folhas e os órgãos
reprodutores estendem-se para fora da água, isto é, aéreos, flutuando à superfície da água, utilizando dióxido de carbono da
atmosfera.

Macrófitos submergentes: Ocupam zonas de baixa/média profundidade ao longo do canal. Estão enraizadas no substrato, ams
com folhas totalmente imersas, algumas podem ainda incluir folhas aéreas também. As folhas imersas são finas ou laminares.

Macrófitos com folhas flutuantes: Ocupam as margens dos rios e lagos, com águas paradas. Estão enraizadas no substrato, com
folhas flutuantes na superfície da água. Dá-se um crescimento limitado pelo tamanho dos caules e pecíolos.
zonas de baixa e média profundidade, as folhas tendencialmente estão totalmente submersas na água.
mais abundantes em zonas de corrente fraca, tipo pegos e lagos, desde que consigam atingir um crescimento suficiente para ter as
folhas expostas à atmosfera, ou seja, superior à massa de água.
Macrófitos desenraizados: Podem ser flutuantes, formando extensos tapetes ou submersas. Funcionam tanto submersos como
expostos, como o caso do jacinto de água. Formam as conhecidas “weeds”, que são macrófitos em desenvolvimento extensivo
tornando-se uma peste pois impõe problemas na circulação da água, na oxigenação e na entrada de luz.

Transparência,  
Luminosidade  e  
Profundidade  

Temperatura  

Nutrição  da  planta  

Substrato  
Movimento  da  
água  
Nutrientes  (C,P,N)  
Factores  abió@cos  
condicionantes  

Movimentos  da  
água  

Perturbações   Cheias  

Secas  

1.3 Transparência, Luminosidade e Profundidade


A transparência da água depende não só dos sólidos em suspensão como também do plâncton, o que vai influenciar a penetração
luminosa e consequentemente, a fotossíntese, determinando os limites de profundidade a que as espécies podem ocorrer.
As plantas vasculares não ocorrem a profundidades superiores a 10 metros, devido aos efeitos negativos da pressão extra no xilema
e floema. No entanto, alguns briófitos podem ocorrer a profundidades muito superiores, desde que haja transparência suficiente
para fazerem a fotossíntese. A distribuição dos macrófitos vai condicionar a distribuição dos outros produtores primários.
A profundidade superior, como acontece frequentemente nos lagos, os macrófitos não surgem e são pouco usados como
biondicadores. Nos lagos, ao contrário dos rios, a produção primária vem acima de tudo do fitoplâncton e não de
macrófitos/perifitra porque nos lagos os macrófitos não tem capacidade de instalação devido à turbidez das águas e da
profundidade.
Disco de Secchi: circunferência com fatias a preto e a branco, ligada a uma fita
métrica, coloca-se no rio, charco ou lago e vai-se deixando descair, olhando
sempre para a face do disco, a partir do momento em que o preto e o branco são
indistinguíveis, então chegamos ao limite de transparência, vemos onde
corresponde à fita métrica e apontamos. A transparência vai ser influenciada por
muitos factores, quanto mais transparência, mais espécies ocorrem em
profundidade porque há mais acesso à luz.
Distribuição ao longo das margens dos rios:

Distribuição dos macrófitos em lagos: É uma distribuição condicionada por dois fatores principais, a profundidade da água
reduzida – para a luz atingir o substrato, e a estabilidade física suficiente.

1.4 Temperatura
Crescimento e fotossíntese óptimos entre os 20ºC-35ºC, mais precisamente 28-32º.
A temperatura induz a um crescimento sazonal. O desenvolvimento máximo dá-se no final do Verão – são plantas anuais
momento em que se provoca a senescência, morte, decomposição e entrada de nutrientes na cadeia trófica.

1.5 Substrato
A maior parte dos macrófitos requerem substratos finos, se as plantas tiverem estruturas radiculares finas, daí estas serem
encontradas nas margens.
Os substratos grosseiros são em geral desfavoráveis ao crescimento de plantas submergentes. Elevada dependência da
disponibilidade de nutrientes e oxigénio no substrato.
Algumas espécies apresentam estruturas tubulares com lacunas que facilitam a aeração.
Algumas espécies possuem células radiculares que suportam a carência de oxigénio.

1.6 Concentração de Nutrientes – C, P e N


Sistemas Eutróficos: Com muitos nutrientes e pouco oxigénio, vão ter mais macrófitos.
Carbono: Plantas que só usam dióxido de carbono do ar, água, ou substrato. Ou plantas que usam dióxido de carbono e carbonato
(HCO3).
Azoto e fósforo: Absorção pelas raízes – substrato, e rebentos – água. É de importância relativa já que depende das concentrações
no meio.

O crescimento de biomassa é totalmente dependente dos locais com muitos ou poucos nutrientes nos sedimentos, isto é, se existe
muita ou pouca concentração de nitrogénio e fósforo na água. Pela tabela, a dependência de nutrientes do solo é maior do que os
solos encontrados na água.

1.7 Movimento da água


Efeitos diretos: Vai haver uma maior força exercida ao nível das raízes e
outros órgãos, podendo haver a fragmentação dos mesmos, caso a
corrente seja mais intensa. Também se dá a reconfiguração – alteração da
forma e compactação das folhas, desenvolvimento de estruturas de
suporte.
Efeitos indiretos: Ressuspensão de sedimentos e diminuição da
penetração luminosa. Quanto maior for a corrente, mais sedimento se
levanta e fica em suspensão, menos luz, menos macrófitos.

O modelo da imagem mostra os potenciais


destinos de um macrofito enraizado sujeito a
forças de corrente e dependente da força
coesiva dos sedimentos do solo a que as
raízes estão fixas. Quando a coesão de
sedimentos é baixa e a força do rio também é
baixa, não há danos, porém, há medida que a
força da corrente vai aumentando, caso a
coesão dos sedimentos seja baixa, há
tendência para haver uma falha na
ancoragem e as plantas acabam por morrer.
A partir do momento em que a corrente já é
muito intensa, por mais coesão que exista
nos sedimentos, embora os macrofitos
continuem fixos ao solo, acabam por
quebrar.

1.8 Cheias e secas


De uma maneira geral, os macrófitos têm desenvolvido estratégias para os períodos sazonais de cheia e de seca, como por exemplo,
a dispersão de sementes.
A recuperação é dependente da existência de refúgios, da dispersão de sementes/fragmentos e também da flexibilidade das
estratégias de crescimento e reprodução.
Existem vários grupos associados à capacidade e aos desafios no que compete a suportar a variabilidade do fluxo de água e a
intensidade do fluxo.
Grupo de fluxo 1: Intensidade da descarga elevada e variabilidade moderada - desafios associados à tolerância a grandes descargas
de fluxo e a stress hidráulico.
Grupo de fluxo 2: Intensidade e variedade baixa - desafios associados à elevada competição.
Grupo de fluxo 3: Intensidade e variedade moderadas – desafios variados relacionados com a tolerância à intensidade e variedade
de correntes.
Grupo de fluxo 4: Intensidade da descarga baixa e variedade alta – desafios associados à tolerância à dessecação e a descargas que
podem ser elevadas.

1.9 Factores bióticos condicionantes


Competição por luz, para uma maior capacidade de produção de folhas
flutuantes ou emergentes.
Produção e libertação de substâncias químicas que inibem o crescimento de
outras plantas.
Herbívoria, como o Grasing – modo como perifitra comem os macrófitos
vivos ou decompostos.

1.10 Distribuições esperadas dos macrófitos


A distribuição dos macrófitos varia de acordo com a disponibilidade de nutrientes e, ao mesmo tempo, com a frequência e
intensidade dos distúrbios bióticos e abióticos.
Por exemplo, com uma elevada concentração de nutrientes e pouco distúrbio, encontramos plantas altas caulescentes, há medida
que o distúrbio vai aumentando, passamos a ver uma maior frequência de espécies altas com folhas flutuantes e plantas flutuantes –
desenraizadas. Quando os nutrientes diminuem e os distúrbios continuam a aumentar, vemos, por ordem crescente de distúrbio,
plantas caulescentes pequenas e finalmente pequenas rosettes, as mais resistentes a distúrbios e fracas condições de nutrientes.

2 Perifiton
Perífiton é a fina camada de seres vivos (plantas e
bactérias fotossintéticas)ou os seus detritos que
colonizam superfícies sólidas em habitats aquáticos,
tanto em água doce como no mar. O nome desta
comunidade tem origem no significado de “à volta de
uma planta” porque inicialmente foram estudadas as
associações que se acumulavam sobre folhas submersas
de macróftias aquáticas. No entanto, podem
desenvolver-se na superfície de rochas submersas ou nas
conchas e carapaças de animais aquáticos.
Estas associações são principalmente formadas por
protistas, como as diatomáceas e outros microrganismos
tradicionalmente classificados entre as algas e, por isso,
são importantes na fonte de produção primária nos ecossistemas aquáticos, principalmente nas zonas costeiras e nos lagos. Os
cadáveres são um substrato orgânico onde se desenvolvem bactérias e protistas heterotróficos.
O perifiton atrai pequenos crustáceos e vermes, alguns dos quais se tornam residentes e torna-se uma fonte de alimentação para
pequenos peixes e outros organismos.
Consistem no principal grupo de organismos autotróficos em rios. Tem um papel importante no ciclo de nutrientes,
nomeadamente no azoto e potássio da água.
O estudo destas comunidades pode fornecer importantes informações sobre eventuais poluentes que afectem uma massa de água,
por isso são utilizados como indicadores biológicos de qualidade da água.

2.1 Alguns grupos

Cianobactérias – Cyanophyta: Tem predominância de formas filamentosas em rios. A clorifila encontra-se distribuída nas células e
algumas são especializadas na fixação de azoto – heterocistos o que lhes confere uma vantagem sobre as algas verdes em ambientes
pobres em azoto.
Algas Verdes – Chlorophyta: Grande variedade de formas de crescimento. Formas filamentosas abundantes em rios. Estruturas de
fixação para resistir à corrente.
Diatomáceas – Bacillariophytaa: Frustulas de sílica, grande variedade de formas, unicelulares ou coloniais, facilidade de aderência
sob corrente elevada e muito abundantes em rios.

2.2 Substrato de aderência e tapetes de perifiton – periphyton mats

SUBGRUPOS DE PERIFITON BASEADOS NA NATUREZA DO SUBSTRATO QUE COLONIZAM


TERMO HABITAT
Substrato duro e inerte, como fragmentos de rocha e rochas clásticas muito superiores ao tamanho dos
Epilithon
indivíduos que a colonizam.
Plantas aquáticas e algas filamentosas que são muito maiores que os perifitra que as colonizam. As plantas
Epiphyton
que servem de hóspedes podem ser a maior fonte de nutrientes.
Episammon Grãos de areia que são duros e inertes, geralmente de menores dimensão que a maior parte dos taxa que os
colonizam.
Grãos de lodo e lama que são orgânicos ou inorgânicos mas menores que a maior parte dos taxa
Epipelon
unicelulares.
Algas filamentosas de extenso comprimento que não estão, geralmente, enraizadas no substrato. São locais
Metaphyton
comummente encontrados em águas paradas.
Epizoic Residem na superfície de animais, como conchas e cápsulas de larvas.

Tapetes de perifiton: Perifiton juntamente com biofilme e micro-metazoários.


Os biofilmes recebem um input autotrófico por parte das algas e heterotrófico de DOM (partículas orgânicas dissolvidas), COM,
POM (partículas orgânicas) de bactérias e fungos. A matriz dos biofilmes é constituída por fibrilhas de polissacáridos produzidos
pelas bactérias e fungos, e por material da libertação extracelular e de enzimas devido à morte celular.

A versão idealizada de um tapete de perifiton seria com uma arquitetura semelhante à das florestas, porém, na realidade, a
presença de muco destrói a arquitetura em andares idealizada.
2.3 Factores que influenciam o perifiton

Aquando o aumento de nutrientes, de luz e da temperatura, dá-se o aumento da biomassa e encontramos mais taxa filamentosos e
com caules.
Já os distúrbios como a instabilidade do substrato, a velocidade da corrente, sólidos suspensos e grazing por parte de invertebrados
e peixes vão fazer diminuir a biomassa do perifiton e vão estar mais presentes taxa com crescimento baixo e muito juntos ao
substrato.

2.4 Temperatura e luz


Existe uma tendência de aumento com a luminosidade uma vez que o ensombramento em rios estreitos ou em rios com canópia
desenvolvida pode limitar o desenvolvimento , isto é, limitar a fotossíntese.
Com o aumento da temperatura, existe um aumento da respiração e consequente produção de biomassa, embora não seja linear.

2.5 Variação sazonal das comunidades


As diatomáceas são favorecidas a temperaturas mais baixas.
As algas verdes e cianobacterias são favorecidas a temperaturas e luminosidade alta.
2.6 Nutrientes
A concentração de sílica – H4SiCO4 não é limitante para as diatomáceas.
Na presença de fósforo, a biomassa aumenta consideravelmente.
Existe, na presença de nitrogénio inorgânico solúvel, um aumento da quantidade de clorofila a, o que se vai traduzir num aumento
da fotossíntese e consequente produtividade e biomassa.

2.7 Velocidade da corrente


Tendência geral de decréscimo do desenvolvimento total.
Diferentes formas favorecidas sob diferentes condições.
A acumulação de perifiton é maior para correntes mais calmas, quando a velocidade do fluxo dos rios aumenta, a tendência para se
encontrar acumulações destes seres diminui.
Dependendo do tipo de comunidade, vão reagir de forma diferente à velocidade da corrente, por exemplo, as algas filamentosas
vão decrescer com o aumento da velocidade. Já as diastomáceas com caule atingem um pico a velocidades médias, não existindo
em correntes nem muito paradas nem muito rápidas. Por último, há um aumento de biofilmes de diatomáceas com o aumento da
velocidade da corrente.

2.8 Substrato
Facilmente mobilizável e de pouca resistência a algas bentónicas. Os taxa mais persistentes são os
Cascalho pequeno
pequenos que vivem em agregados localizados em superfícies de cascalho.
“Bedrock” – base de Imóvel. As irregularidades da superfície permitem o refúgio de algas que se prendem à rocha em áreas de
rocha sombra. Existe uma heterogeneidade espacial da biomassa das algas.
Zonas enterradas da
“bedrock” e Resistência dependente na composição da comunidade e no comprimento da zona enterrada.
empedrado de areia
Mobilizado por distúrbios de magnitude moderada e alta. As comunidades que se prendem a estas
Pedras e carvão
pedras são sujeitos a efeitos abrasivos e existe uma resistência diferencial. É um substrato com potencial
gigante
para ser privado da luz, caso seja invertida a sua posição devido a distúrbios.
Imóveis. Exposto a superfícies limadas pela corrente e com sedimentos que penetram os orifícios entre
Pedregulhos e seixos os pedregulhos. As algas persistem em superfícies protegidas e em locais protegidos da corrente – shaded
áreas.

2.9 Perturbação
A frequência de cheias faz diminuir a quantidade de clorofila.
Depois de uma cheia, o perifiton passa por um
ciclo mais ou menos típico, começando com a
colonização, seguido de um crescimento
exponencial que é estabilizado por processos
autogénicos, decrescendo até estabilizar no estado
de capacidade de carga.
Os processos autogénicos são os processos de
colonização e desagregamento controlado pelas
próprias colónias de algas ao longo do tempo.
Em condições de escuridão, as Bacillariophyceae
compreendem percentagens muito maiores do que em condições de luz. Nestas, as Cynobacteria e as Chlorophyceae são melhor
representadas, embora continuem sempre em menor quantidade que as Bacillariophyceae.
Outro tipo de perturbação é do tipo biótico, com os herbívoros de pequena dimensão que fazem pastagem (“grazing”) de uma
forma diferencial. Existem animais que tem mais versatilidade nos vários estratos de perifiton enquanto que alguns apenas comem
o perifiton de caules mais altos. Quanto menos pedras existirem num rio, menos proteção e portanto menos biomassa de algas
haverá.
Precisamente por serem de resposta rápida a diversas ações antrópicas, são utilizados como bioindicadores. As ações antrópicas
passam pela degradação de habitat, enriquecimento de nutrientes, aumento da concentração de metais, presença de herbicidas e
acidificação.

3 Fitoplancton
Entende-se pelo fitoplâncton o conjunto de organismos aquáticos microscópicos que têm a capacidade fotossintético e que vivem
dispersos flutuando na coluna de água sendo transportados pela corrente e pelo vento. São responsáveis pela produção de cerca de
98% do oxigénio da atmosfera terrestre e encontram-se na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos, pertencendo ao
nível trófico dos produtores.
Fazem parte deste grupo organismos tradicionalmente considerados algas, contudo, também há grupos classificados como bactéria
– cianofíceas (ou algas azuis) e outros protistas flagelados e ciliados com a capacidade de realizar a fotossíntese.
São autotróficos e em geral são unicelulares, mas podem formar colónias. São pouco abundantes em rios e muito importante em
lagos e albufeiras. Funcionam como bioindicador de qualidade da água em lagos. São responsáveis pelo florescimento ou “bloom”.

3.1 Fitoplancton nos rios e nos lagos


Fitoplâncton nos rios: Lavagem – “wash-off” – do perifiton, arrastamento para lagos e albufeiras e desenvolvimento local em zonas
remansadas.
Perfil diagramico de um rio mostra um aumento na profundidade do canal e turbidez e por outro lado, a mudança na relação entre
a produção primária de oxigénio planctónica (P) e o consumo total de oxigénio pela população (R).

Fitoplancton nos lagos: Grande variabilidade taxonômica e morfológica, principal elemento de base das cadeias tróficas e portador
de um papel importe nos ciclos de nutrientes (C, N, P).
3.2 Diversidade taxonómica
Algas castanhas: Grupo de algas multicelulares
fundamentalmente marinhas, ainda que alguns géneros
sejam de água doce, a sua cor característica vem da

fucoxantina.

Euglenoides: São protistas, muitos deles com flagelo.


Quando submetidos a situações adversas, em que a
fotossíntese seja dificultada pela falta de iluminação,
podem adquirir caraterísticas de protozoários e alimentar-

se como um ser heterotrófico.

Criptomados: Organismos unicelulares com dois flagelos quase iguais, as células são ovais.

Diatomáceas (Bacillariophyceae): Importante grupo de protistas, unicelulares que podem formar colónias. Têm uma parede de sílica
chamada frústula com ornamentos. Podem ser planctonicas (pouco poder de locomoção) ou bentónicas (vivem no substrato).
Correspondem à maior componente de fitoplâncton.

Dinoflagelados: São um grande grupo de protistas flagelados e relativamente comuns em água doce. Muitas destas espécies têm

capacidade fotossintética e formam o maior componente do fitoplâncton depois das diatomáceas.

 
3.3 Adaptações  
Reprodução: Assexuada por fissão binária ou sexuada.
Para evitar o afundamento: A maior parte possui flagelos – para contrariar a gravidade, e ainda vacúolos – para diminuir a
densidade e subir na coluna de água.
Para facilitar a absorção de nutrientes: São de pequeno tamanho, aumentando a relação entre área superficial/volume.
Para evitar predadores: Formam colónias e produzem mucilagem não digerível.

3.4 Diversidade de tamanhos  


3.5 Factores condicionantes – ABIÓTICOS  
Transparência: À medida que a matéria suspensa aumenta, que faz diminuir a transparência da água, vai fazendo diminuir a
quantidade de biomassa de fitoplancton. A tendência para a quantidade de matéria suspensa aumentar dá-se à medida que a água

se encaminha para jusante.

Luz: Consoante os grupos, a capacidade de adaptação à variação na intensidade da luz é


diferente. As cianobactérias em geral são tolerantes a luz reduzida, pois regulam a pressão nos
vacúolos para se posicionarem à melhor profundidade. Algumas algas verdes também podem
tolerar luz reduzida, já que alteram a concentração de pigmentos nas células para manter taxas
fotossintéticas adequadas. Em geral, as algas verdes estão bem adaptadas a condições de luz
elevada.

Temperatura: Apesar da temperatura também ser um fator crítico para a sobrevivência do


fitoplâncton, os seus efeitos são menos aparentes que os da luz ou da disponibilidade de nutrientes.

Relação entre a luz, temperatura e profundidade: Dá-se uma maior produção em áreas litorais e à superfície. A intensidade
luminosa elevada pode resultar na destruição temporária de algumas enzimas, provocando a fotoinibição. Em dias soalheiros, a
produção fotossintética pode ser mais reduzida à superfície do que a profundidades superiores. As diatomáceas dominam nos

períodos de menor temperatura e luz.

Nutrientes: O fitoplâncton tende a produzir densas populações onde os nutrientes inorgânicos são abundantes, quando os
indivíduos morrem e se decompõe, também fornecem alimento e nutrientes ao meio. Os nutrientes que mais comummente
provem dos aportes continentais são o silício, os nitratos e os fosfatos. Destes, o fosfato é o mais importante, havendo uma
correlação entre o conteúdo local de fosfato e a densidade das populações de fitoplâncton. A forma mas utilizada pelo fitoplâncton

e a mais abundante também, é o nitrato.

3.5 Factores condicionantes – BIÓTICOS  


Grazing: O pastoreio feito pelos taxa do zooplâncton herbívoro é um dos fatores que regula o tamanho da biomassa do
fitoplâncton, influenciando a taxa da produção primária. Em condições favoráveis, o fitoplâncton reproduz-se mais rapidamente
produzindo mais biomassa, já a população de zooplâncton aumenta mais lentamente com o aumento do pastoreiro devido a
fenómenos de competição. Os cladoceros, em especial Daphnia, são os principais consumidores de fitoplancton. Espécies de algas
com espinhos e outras estruturas aumentam o tamanho do corpo e são menos susceptíveis ao grazing. Certas cianobactérias e algas
filamentosas podem ser favorecidas por serem resistentes ao grazing.

Um grazing intenso reduz a abundância de fitoplancton mas um grazing


fraco/moderado pode resultar em maior abundância de fitoplancton por
aumento da disponibilidade de nutrientes. O grazing é mais intenso nos
meses de abril a julho.

3.6 Variação sazonal da composição  


Em lagos de regiões temperadas/frias o fitoplâncton pode apresentar uma
distribuição biomodal, passando por oito fases.
Summer
Spring Initial summer Late summer Late autumn
Mid Winter Late Winter Clearwater Fall circulation
Circulation stratification stratification decline
phase

Começa a Aumenta Aumento rápido


Temperatura Reduzida Elevada Elevada Redução rápida Baixa
aumentar gradualmente da temperatura

Penetração Aumento Rápido aumento Ainda elevada Em decréscimo


Reduzida Aumento Elevada Decrescente
luminosa (ainda baixa) (aprox. ao máx.) mas decrescente para o mínimo

Estável Estável Reduzida Estabilidade


Coluna de Estabilidade Estabilidade Redução da
(estratificação (estratificação estabilidade Estável reduzida
água elevada decrescente mistura de água
térmica) térmica) (mistura) (mistura)

Dispon. de Moderada - Moderada – Moderada – Reduzida mas Aumento


Redução Reduzida Reduzida
nutrientes Alta Alta Alta crescente reduzido

Redução
Próximo do
Grazing - - Ainda baixo Aumento Elevado - (declínio do
mínimo anual
zooplâncton)

Formas Aumento da
Comunidades
pequenas, Aumento Diminuição do Declínio das diversidade de
Aumento de de fitoplancton Declínio das
Comunidades móveis e rápido da fitoplancton, por comunidades fitoplancton,
formas móveis, dominadas por comunidades de
biológicas adaptadas a comunidade, decréscimo das de desenvolvimento
dinoflagelados algas grandes, fitoplancton
luminosidade diatomáceas diatomáceas fitoplancton de algas veres e
diatomáceas
reduzida cianobacterias

4 Zooplancton
Organismos heterotróficos em suspensão na coluna de água fazendo migrações verticais que lhes permite escapar dos predadores e
aproveitar correntes de fundo para se deslocarem para regiões onde as condições ambientais são mais favoráveis, também podem
ser transportados pelo vento. A sua capacidade de locomoção é reduzida.
São raros em rios mas são muito importantes em lagos e em albufeiras, servindo como bioindicador da qualidade de água destes
dois últimos meios. Esta importância advém do facto de serem os principais consumidores primários e o principal alimento para
diversos consumidores secundários.
Fazem parte deste grupo muitos animais, entre os quais os mais abundantes que são crustáceos, principalmente os copépodes.
Embora se considerem plâncton – organismos microscópicos ou pelo menos muito pequenos, há alguns organismos que formam
colónias que atingem alguns metros de comprimento.
Rotifera
DIVERSIDADE Cladocera
TAXONÓMICA
Crustacea
Copepoda

4.1 Rotífera
São pequenos, de 200 a 600 micrometros (µm).
São filtradores, a maior parte deles omnívoros. A
sua mobilidade é reduzida, mas o pequeno
tamanho permite evitar a predação por alguns
peixes planctonívoros.

O seu tempo geracional é de apenas uma semana.


São partenogenéticos, de reprodução sexuada
apenas em períodos de stress. Além disso,
apresentam “resting eggs”, cistos.

4.2 Cladoceros
São de tamanho variável, entre 300 micrómetros a 3 milímetros.
São filtradores, sendo consumidores maioritariamente de algas. Também existem alguns predadores de outros pequenos
cladoceros. Em geral, são de reduzidas mobilidade. O seu tempo geracional é de 2 semanas.

São partenogeneticos também. Os machos


aparecem em condições desfavoráveis apenas. A
produção de ovos por reprodução sexuada –
winter eggs – ephippia.
4.3 Copepodes
Os copépodes são um grupo muito importante na composição da fauna de invertebrados aquáticos. Certos copépodos de águas
continentais podem formar agregações com densidades muito elevadas. Outros podem parasitar peixes e invertebrados aquáticos.
É a classe mais diversificada e mais númerosa de crustáceos.
O seu tamanho é variável, de 500 micrómetros a 5 milímetros.
As duas ordens mais relevantes nas águas continentais são – Calanoida e Cyclopoida.
A maior parte são filtratores de fitoplâncton ou predadores de outros seres de zooplâncton.
Apresentam uma maior mobilidade que os referidos anteriormente.

Não possuem reprodução assexuada e os ovos fertilizados


originam larvas nauplius, sendo que passa por 6 fases nauplius
e 6 estados de copepodito contando com o adulto. O tempo
geracional pode ir de 1 a 12 meses.
O ciclo reprodutivo começa com cistos hibernantes, com os
embriões enclausurados sem atividade metabólica, quando as
condições são favoráveis, os cistos rompem e o embrião
abandona a carapaça em forma de náuplio, uma vez
completado o seu desenvolvimento, o náuplio emerge como um livre nadador e já é considerado copepodito.

Temperatura
FACTORES QUE
AFETAM O
ZOOPLANCTON Disponibilidade de
alimento (quantidade e
qualidade)

Predação

4.4 Temperatura e quantidade de alimento


O aumento da temperatura favorece o desenvolvimento do zooplâncton.
A disponibilidade de nutrientes influencia positivamente a biomassa de zooplâncton. A relação entre o aumento da concentração
de fósforo, por exemplo, é diretamente proporcional em relação ao aumento da biomassa, tal como acontecia com o fitoplâncton.
Tanto a temperatura como a quantidade de alimento limitam o crescimento populacional.
O crescimento aumenta com o alimento para a mesma temperatura e aumenta com a temperatura para o mesmo alimento.
Com o aumento da quantidade de alimento, os nascimentos aumentam e as mortes diminuem.
Algumas algas são mais favoráveis ao crescimento populacional do que outras.

4.5 Padrões de abundância sazonal relacionados com a predação (intraplancton e por peixes)
Em regiões com sazonalidade marcada, o desenvolvimento de zooplâncton é também sazonal, e com um delay posterior ao do
fitoplâncton, já que depende em grande parte do mesmo.
A taxa de nascimentos de Daphnia é alta em Julho mas a taxa de crescimento populacional é nula. Já a taxa de mortes de Daphnia é
alta em Julho correspondendo ao máximo populacional de Leptodora. Isto significa que os Leptodora predam os Daphnia.
Os peixes funcionam como reguladores populacionais fortes, e afectam o comportamento do zooplâncton – distribuição na coluna
de água. Dá-se uma agregação de zooplâncton junto a macrófitos durante o dia que, durante a noite, se deslocam para a coluna de
água para evitar a predação.

5 Macroinvertebrados
Destacam-se dos rotíferos e microcrustáceos pois o seu tamanho nos últimos estádios de desenvolvimento supera os 2mm. Neste
grupo de invertebrados incluem-se numerosos grupos de insectos que representam a principal fonte de almentação de muistos
peixes. Para além dos insectos, incluem-se as pequenas minhocas de água, os caracóis e mexilhões de rio e os crustáceos de água
doce. A maioria dos insectos aquáticos passa uma época do seu desenvolvimento na água, durante as fases de ovo, larva e pupa,
geralmente durante o Outono e Inverno.
Os macroinvertebrados são primitivamente terrestres. Ocorreram diversas colonizações do ambiente aquático dulciaquícola, o
mesmo aconteceu em pouca quantidade no ambiente marinho.
Os animais que vivem nos rios desenvolvem diversas adaptações morfológicas e comportamentais para fazer face à corrente. Nos
sistemas lênticos, também são desenvolvidas estratégias.

5.1 Habitat
- Lótico: Influenciado fortemente pela velocidade das correntes a nível do transporte de partículas (alimento ou sedimento), tipo
de substrato e tipicamente com um elevado nível de oxigénio. Os nutrientes podem ser alóctones e autóctones.
- Lêntico: Geralmente existe uma forte zonação (zona limnética – penetrada pela luz; zona profunda – sem muita luz)
Lótico Ambos Lêntico
Mineral: rocha, pedras, calhaus, Orgânico: plantas vivas,
Áreas de erosão: rios; ribeiras.
cascalho, areia, vasa. detritos.
- Áreas de deposição: lagos; charcos temporários; albufeiras. -

5.2 Adaptação ao modo de vida - habitats lóticos

Morfológicas
Achatamento dorsoventral: Permite que o organismo fique junto ao substrato onde existe uma camada de água parada como é o
caso dos Coleoptera e Ephemeroptera.
Construção de tubos: Existe uma diversidade de Trichoptera que constroem redes e tubos que auxiliam as larvas a tornar-se mais
hidrodinâmicas e funcionam como lastro.
Ventosas: Permite que o insecto se fixe a superfícies lisas e expostas; algumas larvas de Diptera usam esta estratégia
Tamanho: É vantajoso possuir pequenas dimensões e corpo flexível, o que permite que vivam no fundo do rio ou lago, entre os
calhaus e as pedras ou entre a vegetação submersa.

Comportamentais
Drift: Para se deslocarem de um local pouco favorável, alguns insectos como os Baetidae e Ephemeroptera têm um padrão diurno de
drift, outros, fazem o drift como resposta a perturbações físicas.
Enterro no substrato: Os insectos podem enterrar-se profundamente no substrato – zona Hyporreica – onde podem evitar
flutuações no ambiente.
Uso da tensão de superfície: Da água parada – alfaiate – Gerridade (hemíptera).
Oxigénio:
O oxigénio no ar corresponde a 20%, sendo 200 000 partes por milhão (ppm).
Ambientes lóticos (15ppm): Dependente da produção/consumo pelas plantas e
afectado pela turbulência e qualidade da água.
Ambientes lênticos: Os níveis de oxigénio variam com a temperatura,
salinidade/condutividade e profundidade, aqui também a turbulência afeta a
distribuição de nutrientes e oxigénio.
Ambientes anóxicos: Oxigénio ausente (lagos muito profundos por exemplo)

Oxigénio atmosférico: Os organismos mantêm parte do corpo fora de água ou


transportam o oxigénio para a água.

Oxigénio na água: Uso do sistema traqueal aberto em insectos adultos e em formas imaturas; uso do sistema traqueal fechado
através de estruturas especializadas para as trocas gasosas na água.
Sistema traqueal fechado: brânquias são extensões lamelares do sistema traqueal, encontrados em
muitas ordens de insectos, podem localizar-se em muitos locais como na base das patas, abdómen e
terminus do abdómen.
Sistema traqueal aberto: Nos díptera, há sifões respiratórios perto do abdómen ou tórax, diferente
localização nas larvas e pupas de mosquito. Já os coleóptera mergulham trazendo consigo uma bolha de ar
armazenada sob os élitros, as trocas gasosas podem então ocorrer na água. Outras forma de armazenar
oxigénio em bolhas de ar é através da manutenção de água por parte de cerdas – o oxigénio sofre difusão a
partir da água para o ar contra o corpo (ocorre em insectos com reduzida capacidade de movimento e

pouca necessidade de oxigénio).

Condições quase anóxicas: Muitas larvas de Chironomidae (Diptera) e alguns Notonectidae (Heteroptera), tem hemoglobinas com
uma elevada afinidade para o oxigénio contrariamente ao Homem, só baixa quando a concentração de oxigénio nos tecidos desce,
e não quando os tecidos ficam ácidos.

Duração do Ciclo de Vida nos insectos aquáticos


- Multivoltina: Várias gerações por ano.
- Univoltina: Uma geração por ano.
- Semivoltina: Uma geração de 2-3 anos.
A duração do ciclo de vida varia com as condições do
meio, como é o caso de um Ephemeroptera que é
univoltine a baixas altitudes e temperatura elevada e
semivoltine a altitudes superiores e menor temperatura.
5.3 Diversidade e ordens de insectos
A maior parte da vida nos rios é composta por macroinvertebrados bentónicos. Macroinvertebrados superiores a 500 micra que
vivem tipicamente em contacto com o substrato do fundo dos rios, de detritos vegetais e de macrófitos.
Existem os Platyhelminthes; Anelídeos (minhocas, sanguessugas); Moluscos (bivalves, gastrópodes); Crustáceos (Anfípodes;
Isópodes; Decápodes e Insectos de enorme diversidade.
Ordens de insectos: Phemeroptera; Odonata; Plecoptera; Trichoptera; Diptera; Hemiptera; Coleoptera; Megaloptera; Neuroptera;
Lepidoptera e outras menos representadas como Collmebola e Orthoptera.

5.4 Constrangimentos físicos nas ordens de insectos


Oxigénio dissolvido: O oxigénio dissolvido varia espacial e temporalmente, podendo estar ausente (anoxia). A concentração de
oxigénio nos sistemas lênticos varia com a profundidade porque no Verão surge uma estratificação térmica que impede a mistura
completa da água. A maioria dos lagos oligotróficos frios permanece oxigenada durante todo o ano porque a solubilidade aumenta
com a diminuição da temperatura, e a necessidade de oxigénio é baixa no fundo. Os insectos podem encontrar condições de
hipoxia (baixo teor de oxigénio) nos lagos.
Temperatura da água: Apesar da temperatura do ar poder atingir 30ºC, a temperatura da água não desce abaixo de 1ºC nas zonas
lênticas e 2ºC nas zonas lóticas. Os insectos têm, no entanto, uma enorme capacidade para suportar condições desfavoráveis de
temperatura próximas dos limites letais.

5.5 Comunidades lóticas


As comunidades lóticas são estrutural e funcionalmente muito diferentes das lênticas. A nível local, os factores físicos mais
importantes para a estruturação das comunidades são o substrato e a corrente. O substrato difere em tipo (orgânico/inorgânico) e
dimensão.
A menor diversidade de insectos surge em sedimentos finos (limitações de oxigénio). Substratos orgânicos com detritos vegetais
são muito importantes (alimento e abrigo). A velocidade da corrente impões restrições à distribuição das espécies (adaptações).
Variações de caudal (seca e cheia) são responsáveis por alterações na abundância e diversidade (temporárias).

Relação teórica entre a diversidade de espécies de macroinvertebrados e a


frequência de distúrbios nos ecossistemas fluviais.
Habitats que raramente são alvo de distúrbios contêm taxa maiores
e com maior duração de vida, cursos de água com níveis de
distúrbio intermédios geralmente contêm uma diversidade de fauna
superior. Já em habitats alvo de muitos distúrbios contêm
ligeiramente menos diversidade que os primeiros e contém seres
com tamanhos pequenos com ciclos de vida curtos e taxas de
reprodução muito elevadas.

Papéis funcionais – comunidades lóticas: Desempenham um papel


muito importante no ciclo de nutrientes e nas cadeias tróficas. São
descritos pela forma como se alimentam e não pelo que ingerem.
Grupos funcionais – categorias de insectos baseadas nas estruturas do
corpo e mecanismos comportamentais que utilizam para obter
alimento, isto é, para se alimentarem. Alterações na proporção de
trituradores, raspadores, colectores e predadores alteram o fluxo de

energia e o ciclo de nutrientes nas 3 secções do rio.

5.6 Comunidades lênticas

Habitat litoral: Existe


maior complexidade e
diversidade.

Habitat profundo: Lagos


eutróficos – condições de
hipoxia (sedimento
mineral e orgânico fino);
lagos oligotróficos –
oxigénio todo o ano
(sedimento mineral fino)
5.7 Grupo Funcional

Trituradores
Alimento dominante: Tecido lenhoso de macrófitos, matéria orgânica grosseira particulada (CPOM) e madeira.
Mecanismo de alimentação: Herbívoros – mastigam macrófitos, ou detritívoros (mastigam CPOM).
Os taxa de trituradores dominantes variam de acordo com o tipo de sistema e a biogeografia.

Colectores
Alimento dominante: Matéria orgânica fina particulada
(FPOM). Mecanismos de alimentação: Filtradores (coluna de
água) ou colectores (sedimento).

Raspadores
Alimento dominante: Perifiton (algas sésseis) e material
associado ao perifiton.
Mecanismos de alimentação: Raspam as superfícies minerais e
orgânicas.

Predadores
Alimento dominante: Tecido animal vivo.
Mecanismos de alimentação: Ataque das presas ingerindo-as inteiras (Odonata; Plecoptera; Megaloptera) ou ataque aos tecidos e
sugamento (Heteroptera; Hemiptera; Diptera).

PADRÕES LONGITUDINAIS NA DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS


FUNCIONAIS
Os grupos funcionais de macroinvertebrados variam desde a região de
cabeceira até ao curso terminal do rio (RCC).
Os trituradores diminuem com o aumento da dimensão do rio, na região de
cabeceira há grande input de CPOM da vegetação ripárica e muitos detritos
chegam a ser maiores que muitos trituradores. Já os colectores aumentam.

5.8 Importância dos macroinvertebrados


Os macroinvertebrados são uma componente essencial dos ecossistemas dulciaquícolas. Servem de alimento a outros organismos
(peixes, anfíbios e aves aquáticas). São fundamentais para a decomposição e o ciclo da matéria orgânica e nutrientes. A sua
diversidade é vital para o correto funcionamento do ecossistema.
Stress ambiental: Os macroinvertebrados têm uma determinada tolerância ao stress, quer seja natural (fogos florestais, cheias,
deslizes de terra) quer seja antropogénico (poluição, extração de água, barragens, remoção de vegetação ripárica).
Os invertebrados de água doce variam na sua capacidade de lidar com o stress ambiental. A análise da composição de
macroinvertebrados pode revelar o estado de saúde de um ecossistema e permitir identificar o problema. A biomonitorização, que
avalia a qualidade dos sistemas com base em elementos biológicos, utiliza este conhecimento para determinar se um ecossistema é
habitado predominantemente por espécies tolerantes a stress ou por organismos intolerantes a stress.

6 Peixes dulciaquicolas
Nas águas correntes podemos encontrar representantes de quase todos os grupos de peixes. A maioria das espécies piscícolas de
água doce evoluiu nos rios, atuando estes como excelentes locais para o processo de diferenciação de espécies, devido ao relativo
isolamento dos diferentes leitos fluviais e à grande variedade de habitats e condições ambientais que apresentam. Ao longo dos
tempos geológicos, os rios evoluem, alteram-se e fundem-se mas nunca desaparecem. Pelo contrário, os lagos são verdadeiras
armadilhas evolutivas pois acabam por ser cheios de sedimentos.

Os peixes dulciaquícolas são o grupo de organismos aquáticos melhor conhecido. São um bioindicador da qualidade da água e dos
rios. Tem um valor económico, social, histórico e cultural. Os países onde ocorre mais pesca são a China, a India, Bangladesh,

Cambodja, Indonésia e Egipto.

Importância ecológica: São os principais organismos consumidores em rios e lagos. Tomam um papel na regulação da dinâmica
trófica e no balanço de nutrientes. Regulação de processos sedimentares- bioturvação. Elementos de ligação entre ecossistemas –
mobile links. Grande diversidade taxonómica, morfológica e ecológica.

6.1 Diversidade taxonómica dos peixes


Fazendo uma relação entre a área e a quantidade de espécies existentes de peixes de água doce, entende-se que o país com mais
diversidade neste grupo é a América do Sul, seguida de Africa, América do Norte e finalmente, Europa.
Relativamente às famílias predominantes, por ordem crescente de representatividade em número de espécies, temos os Balitoridae,
Loricariidae, Characidae, Chichlidae, Gobiidae e finalmente os Cyprinidae.
No que diz respeito à distribuição geográfica destas famílias, temos os Salmonidae na América do Norte, Europa e Ásia. Os
Characiformes e os Chichlidae na América do Sul e África. Os Cyprinidae estão distribuídos por todos os continentes menos
Temos 80 espécies de peixes fluviais que pertencem a 25 famílias diferentes das quais 64 são autóctones. Apesar de pobre em
número de espécies, a Península Ibérica tem um grande interesse biogeográfico devido às particularidades torrenciais e temporais
dos nossos rios. Já Portugal, conta com uma série de endemismos nacionais com áreas de distribuição muito restritas, como o
Ruivaco do Oeste, a Boga de Lisboa, a Boga do Sudoeste, o Escalo do Mira e o Escalo do Arade.

6.2 Diversidade morfológica dos peixes


A linha sensorial dos peixes que vivem em habitat de rápido
fluxo de água, têm a linha bastante centrada e direita.
O mesmo não acontece em peixes que vivem em águas mais
paradas, pois a linha sensorial sofre ligeiras ondulações ao
longo do comprimento dos peixes.

Corpo fusiforme: Comprimento maior que a largura fornece


uma propensão para o movimento natatório com intensidade
suficiente para aguentar as correntes.
Corpo achatado: Dá-se em peixes em ambiente com corrente
menos intensa, em sistemas lênticos.
As condições ontogénicas condicionam a distribuições das espécies ao longo do sistema lótico bem como a distribuição ao longo
do rio dos próprios estágios de vida.
A plasticidade morfológica confere uma adaptação aos regimes de caudais e a cenários climáticos adversos. As espécies com esta
capacidade tem uma maior adaptação às variações ao terem formas distintas das originais que conferem adaptabilidade.

6.3 Tolerância Térmica

Coldwater Coolwater Warmwater


Temperatura
Inferior a 15ºC Entre 18 e 23ºC Superior a 25ºC
preferencial
Temperatura
24ºC 31-32ºC Superior a 33ºC
máxima letal
Em geral, todos os peixes fluviais toleram bem as águas frias, enquanto
que respondem de forma diferente segundo a espécie, a águas mais
quentes. Apesar de todas as espécies dos nossos rios viverem numa gama
de temperaturas relativamente ampla, não resistem a variações bruscas
deste parâmetro.
Quanto mais elevada a temperatura, menos espécies com preferência pelas
águas frias encontramos e mais espécies que preferem água quente
surgem, no caso da Península Ibérica, vai favorecer o aparecimento de espécies exóticas invasoras.
Os peixes não controlam a temperatura através do metabolismo, sendo muito sensíveis e limitados à amplitude térmica suportável.
Podem ser divididos em peixes de água fria, intermédia e quentes. Nas intermédias encontramos os salmonídeos, peixes sentinelas
devido à fácil monitorização para as alterações na temperatura, a comparação entre a abundância das espécies com as variações das
temperaturas indica-nos as temperaturas óptimas.

6.4 Diversidade Trófica


A capacidade de alimentação/predação depende da envergadura bocal, um peixe grande só pode ser comido por um peixe ainda
superior. Há peixes morfologicamente vocacionados para a predação junto ao substrato, outros nem tanto, depende da posição da
boca, se for a nível basal, provavelmente não vão predar a níveis altos na coluna de água. Peixes com esta capacidade podem
alimentar-se de macroinvertebrados terrestres que caem na água, introduzindo uma componente terrestre nas cadeias tróficas de
alta capacidade nutritiva, sendo de alta importância.

6.5 Guilds tróficas


Como os peixes são morfologicamente variáveis ao longo do seu ciclo de vida, vão ter dietas diferentes que vão ser encaixadas em
guildes tróficas diferentes, assim, padronizou-se que seriam classificados na fase adulta – maturação sexual.
De uma forma geral, a elevada proporção significa acima dos 50%, há uma presa que claramente é fundamental na dieta do
predador.
A caracterização da disponibilidade dos alimentos para os predadores influencia a dieta dos últimos, podendo ser 30% quando as
propensões morfológicas são ideais para % maiores, existem fases de escassez.
6.6 Variação ontogenética e guilds reprodutoras
Ao longo da ontogenia, há um aumento do tamanho da presa que é consumida pois a própria
armadura bucal aumenta, havendo um aumento qualitativo da sua dieta.
Maior diversificação das presas, maior amplitude de tamanhos disponíveis aquando maior o
tamanho do peixe – em geral.
Os primeiros consumidores são diferentes entre os rios e os lagos, nos rios, são os
microinvertebrados, o seu pico de abundância dá-se na primavera, depois saem para a sua fase
adulta, já nos lagos é o fitoplâncton.
Os vários estádios de ontogenia permitem que haja menos sobreposição nos nichos, diminuindo a competição intra-específica.

6.7 Uso de habitat


O fito e zooplâncton desloca-se pouco, mas procuram as
condições favoráveis. É pouco provável que uma espécie
desenvolva o seu ciclo de vida completo apenas num
determinado habitat. O esquema habitual num peixe consiste
num determinado local para desova, depois outro habitat de
crescimento e alimentação.
Utilizam ainda habitats de refúgio sazonais no caso das cheias
e outros habitats no período de secas. Este padrão ocorre em
quase todas as espécies de peixes, variando apenas no quão
distante se encontram esses de refúgio.
De acordo com o tipo de habitat que normalmente ocupam, podemos classificar os peixes fluviais em três grupos.
Centro da água em zonas de corrente: Apresentam adaptações com formas aerodinâmicas de secção transversal circular. É o caso
das trutas e dos salmões, barbos e bogas. Os seus músculos potentes exigem uma grande capacidade respiratória, pelo que estas
espécies estão quase sempre viradas contra a corrente, de tal forma que ao abrir a boca é a própria corrente que as ajuda a respirar.
Centro da água, evitam a corrente: Localizam-se nos remansos. É o caso da carpa e do peixe-sol. As suas formas são achatadas
lateralmente, com secção transversal alta verticalmente. A sua fisiologia está adaptada a tolerar maiores temperaturas e menores
concentrações de oxigénio na água, como acontece com frequência nos remansos dos rios que habitam.
Próximo do fundo: Tanto em águas lentas como em rápidos, vivem próximo do fundo. É o caso dos siluros e dos peixes-gato.
Estes peixes apresentam formas achatadas dorsoventralmente, são arqueados dorsalmente ou têm ventres achatados. Os seus olhos
tendem a situar-se dorsalmente e as suas barbatanas pélvicas e as aberturas branquiais localizam-se mais lateralmente. Em geral
têm o corpo sem escamas, sendo frequente possuírem espinhos venenosos, como no peixe-gato. Outra adaptação aos costumes
bentónicos é o desaparecimento ou redução da bexiga-natatória, pelo que o seu peso específico é sempre maior que o da água.

6.8 Padrões na variedade ambiental e zonação longitudinal


Quando falamos em padrões de variabilidade ambiental, distinguimos factores ligados ao tipo de habitat e outros ligados aos
regimes ambientais a que esse habitat está submetido.
Relativamente ao tipo de habitat, temos o gradiente da corrente do rio, a sua forma, as unidades de habitat, os esconderijos que
existem à velocidade e à predação. No que diz respeito aos regimes ambientais, falamos em fluxo do rio, na temperatura do
mesmo, na turbidez e nos nutrientes.

Temperatura fria: Zonas de cabeceira mais a


montante, ocorrem os salmonídeos, as espécies são
mais fusiformes.
Temperatura quente: Mais a jusante, mais radiação
entra, menos velocidade da corrente, ambiente
limnófilo ou lêntico, surgem mais ciprinídeos, menos
fusiformes e mais achatados. As espécies com vocação
tropical, as exóticas, entram em mais abundância,
como acontece nas albufeiras de barragem.

Variabilidade entre lagos


Águas frias Águas intermédias Águas quentes
Eutrofico - Percídeos Centrarcideos e Ictalurlids (peixe gato)
Mesotrofico Salmonideos Percídeos Centrarcideos e Ictalurlids (peixe gato)
Oligotrofico Salmonideos Salmonideos que usam refúgio no hypolimnio -

Gradiente de distribuição
Rio continuum: Quanto menos for a heterogeneidade topográfica, mais espécies vão ser iguais na distribuição.
Montante: Tem regos, run e pool, mais variedade, diferente persistência ao longo do tempo, muito instáveis, relativamente
efémero. A montante há menos riqueza específica, pois há pouco rio e é instável. Logo, de ano para ano temos riqueza de espécies
variável, não havendo tempo para se estabelecerem relações tróficas notáveis. Sofrem alterações profundas no período de seca.
Jusante: Homogénea, maios calmo, menos efémero. Mais variabilidade nas espécies e relações tróficas.
Processos de colonização e extinção
A capacidade natatória e os controlos populacionais dão se como? Porque motivo? Como é que os indivíduos conseguem sair de
um refúgio em período seco para a colonização de outras locais do rio favoráveis.
O que faz com que haja uma fração numa boa região que se muda para outra menos favorável são as relações bióticas, como a
competição e a predação, pois não se justifica saírem dos locais favoráveis por outro motivo que não interações negativas com
outros organismos.

6.9 Cadeias tróficas

Competição na utilização de recursos Risco de predação


Cascatas tróficas

Efeitos “bottom-up”: Alteração da concentração de nutrientes influencia a biomassa a níveis


tróficos superiores. O decréscimo de fósforo num lago por exemplo, vai provocar um decréscimo
quase correspondente da biomassa de peixes. Assim, o controlo da produção primária por fatores
abióticas tal como os nutrientes e a luz fazem parte deste tipo de efeito.

Efeitos “top-down”: Os predadores reduzem a biomassa das suas presas.


Isso provoca alterações globais da estrutura das comunidades locais. Os
animais podem controlar a biomassa de níveis trópicos mais baixos, isto é,
um carnívoro por exemplo vai controlar as populações de herbívoros,
podendo até ter uma influência positiva nas plantas. A ideia de que a
predação a um nível superior das cadeias alimentares tem um efeito
cascata para níveis inferiores através da cadeia alimentar é chamada de
cascata trófica em top-down control.

Existem mecanismos de defesa das presas, espécies que tem


mecanismos de defesa que podem prevalecer face a competidores
de crescimento rápido mas que não têm defesas. Como a baixa
detectabilidade – pequeno tamanho e transparência;
comportamento de defesa – migração vertical e actividade
noturna; impalatibilidade – espinhos e toxicidade; alteração do
ciclo de vida – diapausa. Outro comportamento de defesa é a

deriva noturna em macroinvertebrados


6.10 Comportamento
Quanto ao comportamento, podemos diferenciar dois tipos: aqueles que defendem um território e os que formam cardumes. O
comportamento territorial consiste na defesa por parte de cada indivíduo de um espaço ou território para uso exclusivo, detetando
a entrada de intrusos para a sua expulsão. O tamanho do território depende do tamanho do peixe. Nas confrontações domina em
geral o peixe de maior tamanho, e por esta razão é nos territórios com melhores refúgios e maior quantidade de presas que vivem
os maiores exemplares. Durante a desova, a maioria das espécies de corrente têm um comportamento territorial. Fora da época de
cio, muitos predadores continuam a ser territoriais. Pelo contrário, muitas espécies, em especial de ciprinídeos, caraterizam-se por
um comportamento mais social, dando lugar a grandes cardumes. A função destes grupos ou cardumes é a proteção face a
predadores, cuja presença é detetada de forma mais rápida por um grupo do que por um só individuo.
Migrações: Algumas espécies fluviais, entre as quais a truta, têm populações que são sedentárias em muitos rios. Mas o mais
frequente na Penísula Ibérica é que os peixes efetuem grandes deslocações por razões externas como as grandes cheias que arrastam
para jusante as populações ou a seca estival que obriga as espécies de corrente e de águas frias e emigrar para montante, ou por
razões biológicas, como a desova ou por pressão de outras populações.

AMEAÇAS À CONSERVAÇÃO E INTEGRIDADE DOS

SISTEMAS AQUÁTICOS CONTINENTAIS

1 A biodiversidade em águas doces contra as atividades humanas no sistema aquático


Os ecossistemas dulciaquícolas são os mais ameaçados no planeta devido à sua riqueza como habitat para plantas e animais. Mais
de 10 000 espécies de peixes (40% da diversidade global de peixes) e ¼ de todos os vertebrados do planeta vivem em água doce.
Além disso, 1/3 das espécies de vertebrados está confinada às águas doces.
Os habitats de água doce de superfície contêm 0,01% da água no planeta e cobrem apenas 0,08% da superfície do planeta. Existe
uma grande discrepância entre a quantidade de água doce que existe no planeta e a biodiversidade que contém.

As principais ameaças são a


sobreexploração, a poluição com a
agricultura, a degradação de habitat
com a erosão e movimentação de
materiais sólidos, a invasão de
espécies e alterações de caudal com o
carreamento de sedimentos e
modificação da morfologia do rio.

Os impactos associados aos ambientes dulciaquícolas não estão só associados a contactos diretos com o rio mas também com o seu
redor, como os aterros, a agricultura e a erosão das margens. Se o curso de água já estiver alterado, os fenómenos de erosão ainda
vão ser mais intensos porque os sedimentos depositam-se a montante da barreira. Distinguimos assim dois tipos de ameaças.
Ameaças diretas: São as ameaças que resultam de intervenções no canal do rio ou
no leito de cheia.

Ameaças indiretas: Aqueles em que a água não é usada diretamente.

2 Da agricultura à degradação da qualidade da água

2.1 Agricultura e desflorestação


Agricultura: Vai provocar o revolvimento do solo antes do cultivo, desagregando-o. Deste modo possibilita o carregamento dos
minerais pela água da chuva, gelo ou vento causando um assoreamento dos rios, já que vão se acumular mais sedimentos que o
natural. Este excesso de sedimentos vai trazer menos nutrientes ao rio, no sentido em que vai provocar a inibição da produção
primária, já que os sedimentos transportados dificultam a passagem da luz.
Os sólidos em suspensão também vão alterar a configuração do leito, diminuindo a capacidade de vazão da água, o que o torna
mais propenso a enchentes e consequentes cheias.
Por outro lado, o uso de agrotóxicos que se infiltram no solo e chegam por lixiviação aos rios, vão aumentar a quantidade de
químicos que comprometem as águas e desequilibram as cadeias alimentares.

Desflorestação: As florestas melhoram a drenagem dos terrenos, a sua ausência intensifica as inundações. A perda de florestas
ribeirinhas e costeiras vão tirar uma fonte de alimento e abrigo a uma parte substancial de grupos biológicos, empobrecendo as
águas continentais. Para além da perda de habitat e consequente alteração da morfologia do canal e leito de cheia, a erosão vai ser
facilitada, o consequente acúmulo de terra vai contribuir para o assoreamento pois a terra transportada pela água depositar-se à no
fundo de rios e lagos, obstruindo o fluxo.

2.2 Extração de materiais inertes


A extração de inertes consiste na intervenção de desassoreamento das zonas de escoamento e de expansão das águas de superfície,
bem como da faixa costeira, da qual resulta a retirada de materiais, como areia.
Embora uma solução para o problema anterior, da erosão, para permitir a navegação e evitar bloqueios nos canais, traz outras
consequências. Nomeadamente, o alargamento e consequente diminuição tanto da profundidade como da velocidade da corrente,
vai destruir habitats favoráveis a várias espécies e vão desaparecer locais de desova.
Por outro lado, o aumento da turbidez da água devido às partículas em suspensão traz um decréscimo da produção primária.

2.3 Uso industrial e urbano


Trazem problemas como a extração de água do ecossistema e consequente redução do caudal.
Devolvem água ao ecossistema mas com perda de qualidade, uma vez que vem com um aumento de matéria orgânica e sólidos em
suspensão e ainda com o aumento de químicos dissolvidos e da temperatura.
Ao avaliar o efeito do uso da água nas comunidades biológicas e nas pescas, é necessário ter em consideração a susceptibilidade do
meio.
A própria ocupação urbana do leito de cheia vai trazer prejuízos consideráveis, uma vez que este leito alimenta os lençóis por
debaixo que continuam com água mesmo depois de voltar ao leito normal. Assim, a ocupação do leito de cheia impermeabiliza o
local secando o leito de cheia subterrâneo, perdendo-se essa reserva – o que vai dificultar a alimentação do leito de estiagem nos
períodos menos favoráveis.

2.4 Uso para recreio e transporte


A necessidade de acesso traz consequências problemáticas semelhantes às que decorrem da instalação de centros urbanos, como a
destruição da massa vegetal, aumento de erosão e carreamento de sedimentos na água. Ainda provoca alterações na forma do curso
de água, modificações no padrão de circulação da água e poluição.
A navegabilidade vai obstruir os cursos de água através da instalação de comportas e eclusas, constituindo um dos principais
factores de extinção de peixes migradores.

2.5 Degradação da qualidade da água


Eutrofização do meio: Traz uma perda da qualidade e aumento da toxicidade da água, é provocada acima de tudo por três fontes:
- Efluentes não tratados de origem industrial.
- Efluentes não tratados de origem urbana.
- Fontes de poluição difusa devidas à intensificação da utilização de pesticidas e fertilizantes na agricultura. Os fertilizantes são
drenados e contaminam os lençóis freáticos, ainda por cima têm uma longevidade grande, mantendo-se durante períodos muito
longos de contaminação (na ordem das centenas de anos).

3 Reclamação de terras, drenagem e proteção contra cheias


Estes três conceitos antrópicos exigem a regularização das margens e drenagem das terras húmidas, a canalização do rio e o
revestimento – enrocamento – das margens e fundo dos canais. Cada uma, tem determinadas consequências.

3.1 Regularização das margens e drenagem das terras húmidas


Redução na diversidade de habitats.
Redução das inundações sazonais do leito de cheia, o que traz a uma redução da produtividade, que leva ao uso de fertilizantes,
herbicidas e pesticidas e à necessidade de irrigação, trazendo novos e mais problemas.
Os peixes ficam impossibilitados de ter acesso a habitats preferenciais de alimentação, reprodução e nursery – consiste num local
relativamente seguro para o crescimento dos seres em fases juvenis.

3.2 Canalização do rio


Grande redução na diversidade de habitats: Alargamento, aprofundamento, remoção de meandros (desaparecem os elementos
alócticos que impedem o correto funcionamento do sistema, para além de reduzir o leito de cheia.
Eliminação das características do habitat: Perda de canais secundários, criação de braços mortos.
Destruição da vegetação ripícola e dinâmica de nutrientes com redução de: Inputs alóctones, refúgios para alimentação e
reprodução.
A escavação dos canais impede o alargamento das margens e reduz a rugosidade do leito, destruindo o substrato de postura dos
peixes e reduzindo a produtividade.
A maior parte os rios estão canalizados, não há abrigo nas margens e perdem-se os locais de desova, deixa também de haver
vegetação ribeirinha (perda do continuum lateral).

3.3 Revestimento – enrocamento – das margens e fundo dos canais


A ligação vertical fica bloqueada: Trocas de água e nutrientes.
Redução da diversidade de habitats das margens: Áreas de abrigo – juvenis e espécies de pequenas dimensões.
O substrato que constitui o leito fica destruído: Diminuição da produção de macroinvertebrados, destruição de substratos de
postura.
Os peixes ficam com menor área para alimentação e reprodução. O substrato deve ter rugosidade, não só para abrigo como para
superfície de fixação, o enrocamento da base de um rio implica eliminar uma porção de habitat que altera todo o ecossistema.

4 Barragens e modificação dos cursos de água


Existe uma longa história de modificação dos cursos de água – os
Egípcios construíram canais de irrigação em 3200 a.C e
posteriormente as barragens, em 2760 d.C. A construção de
barragens aumentou a partir de 1800 e atingiu um pico nas décadas
de 70 e 80. Portugal tem uma obstrução elevada da maioria dos
cursos de água, sendo poucos os que não possuem mais de uma destas
infraestruturas hidráulicas.

Vantagens: As barragens trazem benefícios à humanidade, como o


fornecimento de água para consumo público e para a agricultura,
também permitem o fornecimento de energia hidroeléctrica, sendo
este o principal uso atualmente. Ainda controlam as cheias, na
medida em que diminuem a sua frequência, embora as torne mais
severa. Finalmente, ainda facilitam ou possibilitam em alguns casos a
navegação nos rios.

Efeitos físicos e biológicos: Desviar água para a rega, secar terrenos


para a agricultura, reclamar terras para a construção e evitar
inundações, são causas que vão trazer inúmeras consequências físicas
e biológicas nos cursos de água doce:
- Constituem obstáculos à livre circulação das espécies diádromas.
- Reduzem o habitat disponível – desaparecem meandros e microhabitats.
- Potenciam a acumulação de adultos a jusante, trazendo um maior furtivismo – predação de peixes por ouros peixes.
- Diminuem e alteram o regime de caudais, diminuindo os estímulos à migração e extinguindo organismos que não se adaptam a
diferenças de caudal.
- Constituem barreiras ao transporte de sedimentos e nutrientes, alterando o leito dos rios e os fluxos de energia.
4.1 Obstrução transversal do rio
Uma barreira ou açude, trata-se de um obstáculo à livre circulação dos peixes, em ambos os sentidos montante/jusante. Os peixes,
migradores de longas distâncias ou curtas distâncias, vão ver habitats favoráveis ao cumprimento de funções biológicas vitais
obstruídos. Como consequência, vai haver uma redução no número de migradores e pode haver o desaparecimento de espécies,
acima de tudo migradores anádromos, como o salmão, que não consegue desovar a montante da barragem.
Para além do “river continuum” ser interrompido, ou seja, de se perder a conectividade, ainda se dá uma elevada mortalidade direta
nas turbinas, por parte, por exemplo, de enguias adultas – catádromas. E ainda vai haver uma alteração intensa do leito e caudal
dos rios. A jusante, as alterações mais evidentes são as variações nas vazões e velocidades de fluxo, as alterações na quantidade, tipo
e granulometria dos sedimentos transportados e alterações nas conformações dos canais.

4.2 Formação de albufeira a montante


A montante, o que era um meio lótico, torna-se numa albufeira – meio lêntico, de água profunda e de pouco movimento – o que
vai trazer espécies exóticas habituadas a esses meios, saindo prejudicadas as espécies autóctones que assistem ao seu habitat
alterado. As espécies reofílicas vão sofrer uma redução que pode levar à extinção de várias populações locais.
Vai-se dar a inundação dos locais de postura e nursery e os juvenis não vão conseguir migrar para jusante, já que vai haver uma
relutância em deslocar-se para jusante através de uma grande massa de água com descargas intensas, para não referir novamente as
taxas de mortalidade nas turbinas das centrais hidroeléctricas, criando piscinas de peixes acumulados.

4.3 Alterações no regime de caudal


Vão haver maiores flutuações de caudal, tanto a nível diário como a nível sazonal.
A perda do ciclo sazonal dos baixos caudais de Verão e das cheias de Outono e Inverno pode levar a estímulos inapropriados para a
reprodução dos peixes.
Variações sazonais e diárias no caudal que não são as naturais, devido às descargas das barragens vão fazer com que haja água doce
a ir para o mar funcionando como um apelativo para os migradores que estão no mar a ir para as águas continentais, como o sável e
as lampreias. Quando há pouca chuva, há menos migradores que vêm ao rio devido à falta de pistas necessárias. Se for mandada
água continental para o mar fora da época normal, os migradores vão ser enganados porque vão para o rio nas épocas menos
favoráveis a nível de precipitação, temperatura, etc.

4.4 Alterações no regime térmico


Barragens que libertam água por cima e por baixo vão influenciar o ciclo de vida dos peixes de forma diferente porque as
temperaturas são diferentes em baixo e em cima no canal de água.
A regulação térmica imposta pelas albufeiras tende a suavizar as variações
naturais. Uma albufeira grande vai ter problemas de temperatura. No verão
supostamente haveria uma estratificação térmica saudável que, no caso dos
cursos de água regulados, é homogeneizado.
Geralmente, abaixo da barragem, a temperatura é mais elevada do que o
normal no Inverno e é mais baixa do que o normal no Verão. Flutua menos
sazonalmente, limitando os sinais térmicos para as espécies.
As comunidades de invertebrados alteram-se até distâncias consideráveis a
jusante das barragens, devido a alterações na diapausa e nas pistas erradas da
eclosão dos ovos.
4.5 O caso da enguia-europeia
A enguia-europeia, que habita o maior rio inteiramente português – Mondego (sujeito a enormes obras de engenharia hidráulica) é
um catádromo ameaçado que desova no mar, os seus juvenis atravessam o oceano em sentido contrário até às águas continentais
onde completam o seu crescimento nos rios europeus, de onde migrarão de novo para o mar na época de reprodução. Nos cursos
de água não obstruídos a capacidade de reptação das enguias pode compensar as limitações natatórias e as reduzidas dimensões
evitam quedas devido ao próprio peso. Só os juvenis conseguem transpor obstáculos verticais e de moderada dimensão.
Já na descida, a taxa de mortalidade nas turbinas é elevada, sendo um problema por resolver pois impede que muitas enguias
iniciem a sua migração para jusante em direção ao mar.. As secções para a reptação são praticamente inexistentes nas passagens
para peixes convencionais, portanto a eficiente passagem obriga à construção de dispositivos especiais para esta espécie. Podem ser
feitas passagens para enguias em forma de escova virada para cima ou então, colocar substratos de aderência na progressão para
montante. As passagens para peixes não resolvem o problema da livre circulação dos peixes, apenas permitem atenuar o impacte
causado pela barreira. Além do mais, passar enguias de montante para jusante é um disparate porque morrem nas turbinas.  

A mortalidade depende da densidade e proporção de sexos: Existe uma tendência para a densidade de enguias diminuir para
montante e, ao mesmo tempo, de haver um aumento da dimensão. Isto acontece porque vão se desenvolvendo e crescendo, ao
mesmo tempo, vão encontrando locais onde se estabelecem. A diferenciação sexual ocorre tardiamente e é influenciada pela
densidade, ao mesmo tempo, o sexo influência no tamanho, os juvenis indiferenciados são pequenos e quando se diferenciam em
machos, aumentam de tamanho, porém, são as fêmeas que ocupam maiores amplitudes na dimensão.
Desta forma, quanto maior for a densidade, menos enguias se diferenciam em fêmeas, pois consiste numa regulação populacional
que esta espécie desenvolveu.
Os obstáculos fornecem uma mensagem errada às enguias, pois acumulam-se muitas enguias a jusante, principalmente as maiores
que não conseguem fazer uso da reptação. Com isto, dá-se um aumento da densidade, e os juvenis começam a diferenciar-se em
machos que não colocam ovos, de modo a não aumentar o tamanho da população, porém, a população não está com uma
dimensão alta, está sim demasiado concentrada.

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