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A ciência que estuda as águas continentais é chamada limnologia. As águas continentais dividem-se em sistemas lóticos e sistemas
lênticos. Nos ecossistemas lóticos, a água é corrente, como por exemplo, rios, nascentes, ribeiras e riachos – esses sistemas tem
como características o movimento da água, o contacto entre a água e a paisagem e o teor de oxigénio relativamente alto. Já os
sistemas onde a água é parada na maior parte do tempo, são chamados ecossistemas lênticos, como lagos, lagos, pântanos e charcos
e correspondem a habitats bem definidos e específicos.
A água doce é usada, acima de tudo, para a agricultura, seguindo-se o uso industrial e depois o uso doméstico, embora varie de país
para país.
Existe um difícil acesso à água doce, uma vez que é uma fração dificilmente explorável, nomeadamente a água subterrânea nos
lençóis freáticos.
Um rio pode ser decomposto em três cursos, de acordo com a sua localização.
Curso superior : Também chamada de zona de cabeceira, corresponde ao troço do rio mais a montante, em que a água tem muita
energia e na qual se dão a maior parte dos fenómenos de erosão.
Curso médio: A água tem menos energia, dá-se essencialmente o transporte de sedimentos, a erosão nesta zona do rio provoca a
regularização do seu leito formando o seu perfil.
Curso inferior: Corresponde à fase final do rio, em que se aproxima do mar e forma um estuário e onde se dá a deposição de
alguns sedimentos. À medida que um rio se vai aproximando do curso inferior, vai perdendo velocidade e tem tendência a formar
curvas e contracurvas, nesta fase podem se formar meandros, ou seja, curvas do rio que podem ser encaixados (quando as voltas do
rio se circunscrevem num vale de paredes abruptas) ou divergentes (desenvolvem-se na planície de inundação). A formação de
meandros tendem a acentuar a sua curvatura uma vez que a corrente se torna mais forte na sua margem côncava, e portanto uma
maior erosão, já na margem convexa dá-se a sedimentação da carga sólida do rio.
Perfil de um rio: Um grande rio que desagua no mar tem no nível médio das águas do mar o seu nível de base – ponto mais baixo,
em função do qual regula o seu perfil. A regularização do curso do rio decorre de jusante para montante – erosão regressiva –
formação do vale do rio no sentido contrário da corrente, o rio acabará por atingir o perfil de equilíbrio com as irregularidades
gradualmente a desaparecer, e os rápidos a recuar. Para os afluentes, o nível de base local é a cota à qual se dá a confluência com o
rio principal.
O leito de um rio inclui não só a zona por onde o rio circula mas também a planície de inundação, que pode ficar cheia
aquando de chuvas fortes.
Planície de inundação: Zona que o rio pode ocupar em condições de grande caudal, ocupada durante as cheias, é
normalmente bastante fértil e vegetado, pode ser periódico/sazonal caso seja ocupado por cheias com alguma
regularidade, como uma vez por ano ou pode ser excepcional aquando ocupado apenas durante cheias que ocorrem em
períodos de recorrência de alguns anos ou décadas.
Leito aparente: É o leito periodicamente utilizado pelo curso fluvial durante a época das chuvas, normalmente é bem
delimitado.
Leio de estiagem: Em climas temperados e no verão, nem sempre existe caudal suficiente para ocupar o leito aparente,
assim, este é o leito utilizado na estação seca, geralmente serpenteia dentro do leito aparente e normalmente é de fácil
delimitação.
Vertical: Relação entre a massa de água superficial e a subterrânea - que só não existe nos lençóis de água quando há um run-off
total - é a dimensão menos abordada a nível ecológico porque é menos visível.
É sempre importante reconhecer que os corpos aquáticos não são apenas superficiais, os rios e canais constantemente interagem
com a água subterrânea – aquífero – e trocam água, compostos químicos e organismos com os lençóis de água que só não existem
quando há um run-off total. Ao longo do perfil longitudinal, o rio muitas vezes varia entre trechos como influente, onde a água de
superfície do canal entra para baixo no aquífero, e trechos como efluente, onde o canal recebe água adicional do lençol subterrâneo.
Lateral: Abrangendo o canal, planície de inundação e as vertentes, significantes variações ocorrem entre os tipos de canais, mas um
padrão comum inclui o canal, as partes mais profundas (talvegue), as partes baixas (a planície de inundação) que são inundadas
frequentemente, as partes mais altas de planícies inundadas menos frequentemente, os terraços, que são planícies de inundação
abandonadas e as vertentes ou outras áreas altas que estão dentro dos limites da bacia de drenagem.
Relações do rio com a massa de terra envolvente, planícies aluviais em períodos de inundação criam novos habitats temporários
fundamentais para algumas espécies que usam esses locais para reprodução, desova ou para o crescimento de juvenis. Quando a
água volta a diminuir, também pode trazer novos materiais influenciáveis que podem alterar a composição do rio acima de tudo em
microhabitats.
Sistemas numéricos para classificar dimensões de sistemas lódicos de modo universal. Um deles (Sistema de Horto-Strahler) usa
uma escala geográfica (1/25.000; 1/50.000) que classifica com o número 1 quando é visível nos cabeceiros. Depois aumenta 1 valor
sempre que 2 cursos de igual número se juntam (1+2=continua igual; 2+2=3), é um sistema conservador e não aditivo porque 2+3
mantem o mesmo número simplificando algo que não corresponde bem à realidade, de qualquer modo é uma métrica para a
dimensão do rio e outras características importantes bastante útil. “D-Link” é o ponto resultante à adição de todos os pontos do
rio.
Meandros: Curva acentuada de um rio que corre na sua planície de aluvial e que
mude de forma e posição com as variações de maior ou menor energia e cargas
fluviais durante as várias estações do ano. São típicos em planícies aluviais –
topografia madura – mas podem ocorrer de forma mais restrita caso haja terrenos
sedimentares horizontalizados.
Os meandros vão reduzir a velocidade da corrente, criando microhabitats nas
zonas erodidas e nas zonas sedimentares.
O motivo para a formação dos meandros dá-se através de um processo contínuo
de erosão e deposição nas suas margens. Como a velocidade do fluxo fluvial é maior na parte externa do que na parte interna do
meandro, as margens externas – côncavas - apresentam barrancas (banks) progressivamente erodidas e na margem interna –
convexa – ocorre a deposição de sedimentos, acima de tudo de areia. Desta forma, o curso fluvial tem tendência permanente para
se deslocar na direção da margem côncava do meandro.
Meandrização reduzida: Gradiente elevado; substratos grosseiros. A base do
canal do rio é feito através de escadas, compostas por pedras de maiores
dimensões, intercaladas de zonas de substrato mais fino (pool), formando
pequenas cascatas, geralmente encontrando-se em locais mais a montante do
curso de água.
Por vezes, o meandro atinge os 360º, deixando a corrente fluvial de o utilizar, passando a fluir pela via mais direta e fácil, o
meandro acaba por ficar abandonado, correspondendo a um lago em forma de U.
1
1:
(Overland
flow):
ocorre
quando
a
precipitação
excede
a
capacidade
de
infiltração
do
solo.
2:
A
água
que
entra
no
solo
é
adicionada
ao
fluxo
de
água
subterrânea
e
geralmente
acaba
por
chegar
aos
canais
dos
rios
ou
então,
chega
aos
oceanos.
3:
Uma
camada
relativamente
impermeável
vai
fazer
com
que
a
água se mova lateralmente através do solo sendo considerado fluxo de chuva superficial. 4: A saturação do solo pode forçar a camada de água imediatamente
abaixo
da
superfície
(3)
a
subir
à
superfície
juntando-‐se
à
água
da
precipitação.
Parte da água da chuva evapora a partir da superfície da vegetação imediatamente depois do período de precipitação, nunca
chegando a atingir o solo ou a ser absorvido pelas plantas.
A este fenómeno chamamos de intercepção e é incluído na evapotranspiração. Outra parte da água da chuva passa através da
vegetação descendo pelos ramos e troncos e alguma dessa água interceptada chega ao chão – canopy drip. Uma vez que a água da
chuva ou a água que passou através da vegetação encontra o solo, segue uma série de possíveis caminhos até chegar a um canal de
um rio ou até a reservas de água subterrânea.
Fluxo superficial
Aumenta quando os terrenos: estão saturados (chuvas intensas) e
têm baixa permeabilidade (argila).
É influenciado fortemente pelo uso do solo: artificialização e
impermeabilização, práticas florestais e agrícolas. A caracterização da variação do fluxo de água a nível espacial e temporal vai
identificar um número de regimes de fluxo que se agrupam dentro de determinadas características, referidos como hidroclimas.
Em regimes húmidos, a água que fica acumulada abaixo da water table é de tal forma acumulada que satura os solos e alimenta o
fluxo, já em climas áridos, a zona permeável à água é muito maior, assim, a water table está mais abaixo, por sua vez os lençóis
freáticos raramente saturam e é o fluxo de água que alimenta os solos.
A velocidade do fluxo de água varia muito ao longo da secção transversal de um rio, dependendo da fricção que o fluxo enfrente
com o solo de um lado ao outro das margens, da sinuosidade e das obstruções. Maiores velocidades são encontradas onde a fricção
é menor, geralmente no fluxo superficial e mais central, longe das margens. Em cursos de água pouco profundos, a velocidade é
maior na superfície devido à pouca atenuação provocada pela fricção com a base do canal, já nos rios mais profundos, a velocidade
máxima é encontrada não na superfície mas imediatamente abaixo, devido à fricção com a atmosfera que também reduz a
velocidade da corrente.
4.3 Efeitos do uso humano das terras no fluxo de água
A alteração que o Homem provoca na terra devido ao seu uso pode ter alterações significativas no fluxo de água ao alterar o
balanço entre a evapotranspiração e o run-off (bem como os caminhos que a água pode seguir no run-off). Em circunstâncias
extremas, vai alterar até mesmo a precipitação, aquando a desflorestação reduz a evapotranspiração numa grande área, reduzindo a
humidade atmosférica. Quando a floresta ocupa uma extensa cobertura do solo por parte das suas copas (canopy) e as raízes
profundas são predominantes, a intercepção e a transpiração da água pelas florestas é quase máxima. Consequentemente, a
desflorestação ou a substituição das florestas por plantações vão aumentar o fluxo de água. O desenvolvimento de sistemas de
drenagem para evitar o excesso de água em zonas urbanizadas impermeabilizadas vai ainda contribuir para um aumento do fluxo à
superfície para o fluxo do rio,
aumentando o caudal. Assim, as
zonas que anteriormente eram
alvo de armazenamento de água
no solo incluindo em reservas
subterrâneas passam a ser regiões
que escoam toda a água em run-
off. Na verdade, o run-off duplica
com a desflorestação e pode
triplicar aquando a cimentação do
solo.
5 Cheias e hidrogramas
Entende-se por cheia, uma situação natural de transbordamento de água do seu leito natural, provocado por chuvas intensas e
contínuas. Nestes momentos, dá-se um aumento sensível da água superficial. Embora com conotação negativa pelos impactos, é
um fenómeno natural e importante. As cheias, que surgem também devido ao facto da infiltração da água ser baixa ou da
capacidade de retenção do solo saturar, alteram o caudal de uma forma rápida e sensível devido ao rápido run-off causado pela
impermeabilidade dos solos devido à urbanização. As cheias levantam os sedimentos, tornando as águas mais castanhas e
consequentemente, provocando um decréscimo na fotossíntese, por outro lado, o aumento da corrente vai erodir o fundo e as
margens do rio de forma mais intensa.
A probabilidade de cheia pode ser uma em 100 anos, que é de 0,01 ou 1%. É definida como P=1/T isto é, P a probabilidade de
cheia e T o intervalo de recorrência. Podem ser previstos os eventos mais frequentes e tomadas as adequadas medidas de urgência,
porém, quando se trata de uma previsão a larga escala é mais difícil acertar. Deste modo, as cheias graves e de difícil controlo
surgem devido a uma grande queda de água de difícil previsibilidade (500-600 anos de frequência).
É fundamental estudar estes eventos extremos porque estima-se com as alterações climáticas um aumento da frequência de cheias
e secas, ou seja, até pode vir a chover menos, o problema é que não vai ser de forma equidistribuida ao longo do período húmido e
sim de uma forma concentrada num curto período de tempo.
Hidrograma: Consiste num registo contínuo da descarga de água através da precipitação em relação ao tempo em horas. Pode
descrever com detalhe um evento de cheias ao longo de várias horas ou dias.
Base flow – input de água no rio por parte das reservas subterrâneas.
Stormflow – descarga de água que deriva da água adicionada pela precipitação ou derretimento do gelo.
Recession limb – corresponde ao regresso às condições de fluxo base.
6.1 Meteorização
A meteorização e erosão consistem no desgaste e extração dos materiais do fundo do leito e das margens pela ação da corrente da
água. Esta ação é mais intensa nas regiões junto da nascente, onde ocorrem maiores desníveis e a água corre a uma maior
velocidade, consequentemente, a energia da corrente é maior.
6.2 Transporte sedimentar
Os materiais rochosos extraídos são transportados pelo rio para distâncias maiores ou menores, dependendo do tamanho e do peso
dos fragmentos, bem como da velocidade da corrente. O transporte dos detritos pode ser feito através da suspensão – se os
materiais forem finos, por saltação, rolamento ou arrastamento para materiais mais pesados e grosseiros.
O transporte sedimentar por parte dos rios vai provocar um arredondamento dos sedimentos devido aos choques entre si e à
granotriagem, isto é, à separação de acordo com o seu tamanho, forma e densidade ao longo do curso de um rio. Pelo tipo de
arredondamento é possível conjeturar a duração do transporte, se o grau de arredondamento for elevado, significa que os
sedimentos foram transportados com grande energia e durante mais tempo. Estes sedimentos vão ser encontrados mais a jusante.
O transporte varia de rio para rio de acordo com os processos de erosão e deposição dos sedimentos, depende da natureza
geológica e velocidade dos rios. O retrocedimento dos rios devido à retenção de sedimentos provoca prejuízos humanos – logística
na navegação e biológicas – perda de habitat – espécies.
Um grande rio que desagua no mar tem no nível médio das água do mar o
seu nível de base em funçãoo do qual regula o seu perfil.
A regularização do perfil faz-se da foz – jusante para a nascente –
montante. As irregularidades vão desaparecendo, os rápidos e as cataratas
vão recuando, o mesmo acontece às cabeceiras que vão penetrando na
montanha. Esta progressão da erosão no sentido contrário da corrente é a
erosão regressiva. Em geral um curso de água percorre, inicialmente um
vale cujo talvegue, zona mais profunda do leito, tem um perfil longitudinal
muito irregular com alterações mais ou menos bruscas, de declive que
podem constituir rápidos.
Após a evolução mais ou menos prolongada e desde que o nível de base se
mantenha o tempo necessário, o rio acabará por regularizar o seu perfil
atingindo o perfil de equilíbrio. Diz-se que o atingiu a partir do momento
em que são unicamente efetuados o transporte de sedimentos,
principalmente as partículas em suspensão.
Progressão para jusante: aumento da largura do canal, aumento da profundidade, igual velocidade média, diminuição da
granulometria do substrato, menos declive, mais deposição de sedimento.
Corrente
Físicos
Substrato
Abióticos
Temperatura
Químicos
Concentração de
FACTORES oxigénio
Fontes
Bióticos
Processamento/
(fluxo de matéria Armazenamento
orgânica)
Conceito "River
Continuum"
7.1 Corrente
É a corrente que vai distinguir sistemas lóticos dos restantes sistemas aquáticos. Influencia todas as entidades biológicas a nível de
adaptações morfológicas, comportamento e distribuição, bem como a estrutura das comunidades. Ainda toma um papel fulcral na
própria forma do rio, cujo principal factor de modelação é a velocidade da corrente.
Velocidade da corrente: É considerado o principal factor determinante da ocorrência e abundância local de organismos, e da
variação das comunidades ao longo do rio. A velocidade vai depender do declive da superfície, da rugosidade do leito e da
profundidade e largura do canal. Varia horizontal e verticalmente no canal, isto é explicado pela variação da corrente no canal que
pode ser de fluxo laminar ou de fluxo turbulento.
Fluxo laminar: Várias camadas de fluido circulam lentamente, paralelas umas às outras, está associado a uma velocidade menor.
Fluxo turbulento: Varias camadas de fluido interceptam-se umas às outras havendo misturas de linhas de fluxo e com formação de
redemoinhos. Quanto mais profunda a geometria do canal de drenagem, mais turbulento é o escoamento. Por sua vez, quanto
maior a velocidade e menos viscoso o fluido, também mais turbulento vai ser o escoamento. O fluxo turbulento tem maior
capacidade erosiva e de transporte do que o fluxo laminar.
Diferenças de velocidade ao longo da massa de água: A água corre mais rapidamente à superfície do que em profundidade porque
em profundidade o próprio leito do rio provoca atrito. Nas zonas menos profundas há uma elevada velocidade.
Há gradientes biológicos de acordo com a profundidade porque a velocidade do rio influencia a distribuição dos organismos e por
sua vez é influenciada pela profundidade.
Seleção da velocidade de corrente por parte dos organismos: Os organismos, de acordo com a velocidade da corrente preferencial
ao seu modo de vida, são agrupados em dois grupos, já que a sua distribuição é heterogénea ao longo da profundidade e velocidade
do rio.
REOFÍLICOS: “Reo” significa corrente. Tratam-se de organismos cuja velocidade elevada da corrente lhes é preferencial ou
participa de uma forma importante no seu ciclo de vida. São tendencialmente migratórios, mesmo aquando de pequenas
dimensões.
LIMNOFILICOS: “Limno” significa parado e limnologia é a disciplina que estuda massas de água sem fluxo como lagos,
albufeiras e barragens. Corresponde a organismos cuja velocidade da corrente deve ser baixa ou quase parada para corresponder às
condições óptimas. No habitat mediterrâneo, os organismos limnofilicos
geralmente são espécies introduzidas porque o nosso habitat é mais propício para
os reófilos, dai haver uma concentração de limnofilicos maior nos locais a
montante das barragens.
7.2 Substrato
A diversidade de materiais que compõem o substrato é elevada e dinâmica. São
distinguidos através de escalas de granulometria, como o caso da escala de
Wentworth. Esta é uma escala clássica e possui um problema no que toca ao
trabalho de campo pois é extremamente trabalhoso e complicado distinguir
alguns tamanhos demasiado precisos. A solução passou por arranjar valores mais
redondos e referencias visuais para os tamanhos (folha A4, açúcar, ovo, grãos de
café). Perde-se a precisão mas possibilita um aumento no número de locais
amostrados.
Diagrama de Hjulstrom: O tamanho dos sedimentos que vão ser erodidos,
transportados na zona de transição e sedimentados fazendo parte do substrato,
são largamente influenciados pela velocidade da corrente do rio.
Influência do substrato nos organismos vivos: Materiais orgânicos como ramos e troncos tendem a funcionar como substrato para
os organismos aquáticos, já que partículas orgânicas com menos de 1mm servem como alimento a grande parte dos organismos.
A presença de material orgânico no substrato pode influenciar a diversidade e a densidade de organismos aquáticos. A composição
do substrato também tem um papel importante na determinação da distribuição dos organismos aquáticos.
A pedra e o bloco têm igual tamanho mas a superfície de contacto é
diferente devido à forma o que altera o tipo de comunidade que se
encontra em meios com blocos ou pedras.
7.3 Temperatura
A temperatura é um factor que influencia a taxa de fotossíntese dos organismos autotróficos, as taxas metabólicas da generalidade
dos organismos aquáticos e a concentração de oxigénio na água. A maior parte dos organismos aquáticos dependem da
temperatura externa porque não regulam a sua temperatura corporal por metabolismo.
Há fatores de habitat – geográficos, biológicos e de paisagens - que alteram a temperatura a nível local, criando microhabitats
ocupados por diferentes organismos.
Zonas de maior amplitude da temperatura são de padronização mais difícil, geralmente ocorrem na zona intermédia do rio. As
condições são muito distintas de acordo com as condições biogeográficas.
7.4 Oxigénio
O oxigénio é produzido durante a fotossíntese e consumido durante a respiração e decomposição. Existe uma utilização diferencial
do oxigénio, de acordo com as exigências dos organismos, alguns são consumidores e produtores, outros são só consumidores.
Duma maneira geral, nos rios não poluídos, há uma saturação por oxigénio nos rios, ou seja, não costuma ser um fator limitante.
Os organismos têm diferentes níveis de tolerância em relação às taxas de oxigénio, porém, para concentrações de oxigénio menores
que 3mg por litro temos um decréscimo considerável na diversidade das comunidades biológicas.
Variação sazonal: A variação sazonal está ligada à relação entre o oxigénio e a temperatura uma
vez que quanto maior for a temperatura, menos oxigénio se vai solubilizar na água, não se
tornando disponível.
No inverno, a temperatura é mais baixa e há mais oxigénio disponível, porém, devido aos dias
mais curtos, a fotossíntese é menos intensa e acaba por contrabalançar a quantidade de oxigénio.
Já no final do verão, na época mais seca e com as temperaturas mais altas, verifica-se
uma diminuição das concentrações de oxigénio, trata-se de um período muito
stressante que desafia os indivíduos mais resistentes. O caudal fica mais reduzido, a
solubilidade de oxigénio aéreo é inferior, os organismos entram em maior competição
pois há uma maior concentração de indivíduos, mais interações positivas e negativas
uma vez que há um igual efetivo populacional numa área de caudal mais reduzida –
claramente os organismos estritamente aquáticos são os que sofrem mais. Os predadores aproveitam-se da situação, pois há
Variação espacial: É nos riffles que ocorre uma maior troca e mistura de oxigénio atmosférico com oxigénio da água, uma vez que
as correntes circulares aproximam as moléculas de oxigénio à superfície e trazem outras moléculas para zonas mais profundas. Nas
pools, acumulam-se muitos organismos que aproveitam o oxigénio acumulado. Em muitos rios, montante consegue ter mais de
80% de concentração de oxigénio, já a jusante, pode chegar abaixo dos 40%, é natural que se encontre a montante peixes mais
saudáveis e a jusante, menos diversidade de peixes.
Fontes da matéria orgânica: Existem duas fontes de matéria orgânica, ligado à conectividade lateral.
Alóctone: Material originado fora do rio (Litter Inputs) a partir das zonas circundantes, sendo muito variáveis ao longo do trajeto
longitudinal
Autóctone: Material originado dentro do próprio rio (Net Primary Production).
Em relação às categorias, pode ser matéria orgânica dissolvida (DOM) ideal para organismos filtradores, como compostos solúveis
originados a partir de folhas, raízes ou organismos em decomposição. Pode ser matéria orgânica particulada (POM) que se divide
em partículas finas (FPOM) como fragmentos de folhas e fezes com menos de 1mm, usadas pelos organismos a jusante pois
deslocam-se pela corrente ou partículas grosseiras (CPOM) como material lenhoso e folhas com mais de 1mm, apenas usados por
organismos com capacidade para fragmentar esta matéria. A matéria orgânica particulada vai existir em concentrações baixas no
inverno e elevadas no verão variando em função da alteração de caudal e de processos metabólicos. O input de matéria orgânica vai
variar grandemente de acordo com o tipo de rio, por exemplo, um rio florestado vai ter muita matéria alóctone a entrar e pouca
matéria autóctone, o contrário acontece num rio de canopia aberta.
Armazenamento da matéria orgânica: O material que chega ao rio grosseiro pode ser processado por organismos de maneira a
ficar finos e os restos que vão para jusante e acabam por ser usados por outros organismos. Na verdade a matéria retida nas
margens ou no leito – 25%, acaba eventualmente por ser usado a taxas muito lentas, como é o caso do uso por parte dos castores
por exemplo. Relativamente à matéria que é levada para jusante, corresponde a 50%. Já a matéria metabolizada pelos organismos
aquáticos no próprio local em que é feito o input, corresponde a 25%.
O tempo de retenção da matéria orgânica, tende a aumentar, com a diminuição do fluxo de água, associada a características
geomorfológicas dos terrenos e presença de barreiras naturais ou artificiais à sua circulação.
É claro que há sistemas que não seguem este modelo. Ex.: zonas desérticas não há ensombramento e o caule é mais pequeno, etc.
8 Lagos
CARACTERÍSTICAS DOS
Os lagos constituem depressões continentais onde ocorre a LAGOS
acumulação de água, localizados numa bacia que é rodeada por
terra e se encontra isolada. Essa água pode ser proveniente da Físicas Químicas Biológicas
chuva, de uma nascente local ou de um curso de água, como rios e
glaciares que desaguam nessa depressão. A quantidade de água que
Oxigénio
Formação dissolvido Zonação
um lago contém depende do clima regional. As dimensões dos
lagos são muito variáveis, desde alguns metros até centenas de
Variáveis
quilómetros, o mesmo acontece com a sua profundidade. O estudo Variedade Nutrientes estátivas vs
dinâmicas
ecológico dos lagos designam-se por limnologia. O Mar Cáspio,
Variações
gera controvérsia como definição de lago, é considerado porque temporais/
Luz
não possui conexões com oceanos e não despeja as suas águas em espaciais
Bacia de
drenagem
8.1 Formação dos Lagos
Tectónica: A origem tectónica de lagos está associada a movimentações que ocorreram na crosta terrestre, conduzindo ao
estabelecimento de dois fenómenos principais, as depressões formadas por movimentos de elevação e abaixamento da camada
superficial com a finalidade de manutenção do equilíbrio isostático e as falhas decorrentes de descontinuidades da crosta terrestre.
Vulcânica: Qualquer cavidade vulcânica, desde que não possua nenhuma drenagem natural, acaba ao longo do tempo por se
transformar num lago devido ao acúmulo de água proveniente das precipitações atmosféricas. Os lagos com génese vulcânica
podem ser formados através de dois processos, um deles, é o represamento de águas de rios por meio de lava vulcânica solidificada,
outra, são as explosões vulcânicas com consequente criação de depressões e cavidades, já que a câmara magmática se esvazia e
desabafa.
Glaciária: Esta é a origem mais comum dos lagos, principalmente aqueles situados em regiões de clima temperados. Os efeitos da
erosão e sedimentação, provenientes da movimentação do gelo, provocam a formação de depressões sobre a superfície do planeta,
as quais posteriormente se enchem de água. Um dos tipos mais frequentes da origem glacial de lagos ocorre em vales barrados por
morainas glaciais que são sedimentos transportados por geleiras.
Outras: Conhecidas como lagoas costeiras, são formadas por sedimentos que o rio transporta mas cujo caudal não é suficiente para
manter a abertura ao mar. Em Portugal existem várias lagoas costeiras fechadas, as quais são mantidas em contacto com o mar
artificialmente. Podem ainda ser formadas pelo impacto de meteoritos, pela ação erosiva do vento ou pela dissolução de rochas.
Bacias endorreicas: Áreas na qual a água não tem saída superficial, isto é, por rios, até ao mar. Qualquer chuva que caia numa bacia
endorreica permanece ali abandonando o sistema unicamente por infiltração ou evaporação, o que contribui para a concentração de
sais – os lagos salgados. Estes podem ser criados em qualquer clima, mas são mais comuns em zonas de deserto quente. Estes
lagos costeiros podem ser formados por diferentes processos geológicos que ocorrem na região próxima ao litoral, podendo
designar-se também por lagunas.
8.2 Geomorfologia
A geomorfologia é fundamental para se compreender os fenómenos que ocorrem nos sistemas lacustres, tanto de natureza física,
como química ou biológica. Desempenha um papel importante porque controla a natureza da drenagem e as entradas de
nutrientes para o lago. Também é crucial para entender a origem dos lagos. A origem destes ambientes lacustres está associada à
ocorrência de fenómenos de natureza geológica, cujos processos podem ser endógenos – originados do interior da crosta terrestre
ou exógenos – a partir de causas exteriores à crosta. As origens mais comuns de lagos estão vinculadas a fenómenos glaciais –
movimentação ou derretimentos do gelo formado durante o período glacial, vulcânicos ou tectónicos.
8.4 Luz
As propriedades mais importantes nos lagos estão relacionadas com a interação entre a luz, a temperatura e o vento. A absorção e
atenuação da luz pela coluna de água são os principais factores no controlo da temperatura e da fotossíntese. Por sua vez, a última
fornece alimento que suporta a maior parte da cadeia trófica ao fazer parte da produção primária. Também fornece grande parte
do oxigénio dissolvido na água.
A radiação solar é a principal fonte de calor na coluna de água e é o principal factor que determina os padrões de movimento de
água no lago.
A intensidade da luz na superfície da água varia sazonalmente, e decresce tanto com a sobreposição de nuvens como ao longo da
profundidade do lago. O quão profundo consegue a radiação chegar a um lago corresponde ao quão fundo a fotossíntese pode
ocorrer. Os organismos fotossintéticos incluem as algas suspensas na água – fitoplâncton, as algas presas ao substrato – perifiton e
as plantas aquáticas – macrófitas.
A taxa a que a incidência de luz diminui com a profundidade depende da quantidade de
substâncias que absorvem a luz que se encontram dissolvidas na água, a maior parte
compostos de carbono orgânicos vindos da decomposição da vegetação e também materiais
suspensos como partículas do solo e detritos. A percentagem da luz absorvida num metro de
distância vertical na coluna de água, é o chamado coeficiente vertical de extinção – “K”.
Assim, em lagos com valores K mais baixos a luz penetra até mais fundo.
8.7 Nutrientes
Os organismos aquáticos influenciam e são influenciados pela composição química da água. O fitoplâncton retira nutrientes da
água e o zooplâncton alimenta-se dele.
Há uma redistribuição de nutrientes da camada superficial para o fundo com o afundamento do plâncton que morre e com as
migrações verticais do plâncton.
O fósforo e azoto aumentam na Primavera com o run-off do degelo e da mistura dos nutrientes que se acumularam ao fundo,
resultante da total mistura dos estratos que ocorre na Primavera.
Zona Limnética: Área de água aberta de um lago onde a luz não penetra até ao fundo destas águas continentais. O sedimento do
fundo – zona bêntica – tem uma camada superficial com organismos cujos sedimentos podem ser misturados com a actividade dos
organismos bentónicos, correspondendo a uma zona rica em sedimentos orgânicos. Na zona bêntica encontram-se invertebrados,
como larvas de insectos dípteros e pequenos crustáceos.
A produtividade desta zona depende do conteúdo orgânico do sedimento que constitui a base, da sua estrutura física e por vezes da
taxa de predação por parte de outros peixes.
Por exemplo, substratos arenosos contêm pouca matéria orgânica que sirva de alimento para os organismos bentónicos e por outro
lado são um mau local para se protegerem dos peixes predatórios pois tem poucas plantas que sirvam de esconderijo, já que é um
solo fraco em nutrientes e instável para a fixação. Já um substrato rochoso tem uma grande diversidade de habitats que fornecem a
proteção e refúgio, constitui um bom substrato para as algas – perifiton agarrado às rochas, e armazena material orgânico. Um
substrato plano e mucoso tem muito alimento para a fauna bêntica e é colonizado por plantas superiores, porém, fornece pouca
proteção e variedade de habitats a nível estrutural.
9 Charcos Temporários
Os charcos temporários são massas de água tipicamente pouco profundas, podendo ser pequenas poças ou áreas relativamente
extensas, como lagos efémeros. São, tal como o nome indica, charcos temporários que se formam quando chove ou quando a neve
derrete, ou na presença de um lençol freático alto.
Os charcos, como são pouco profundos, são muito vulneráveis a poluição. Fornecem recursos e habitat a muitos organismos
terrestres e aquáticos, no Mediterrâneo
chegam a ser vitais para a reprodução dos
anfíbios. Possuem elevado número de
espécies raras e endémicas e portanto estão,
na diretiva habitats, como habitat prioritário.
A agricultura destrói os charcos temporários
porque nivela os solos, é necessário haver
depressões da paisagem para se formarem
charcos, para além disso, revolvem as terras destruindo a camada impermeável que mantêm a água à superfície.
Estes habitats para além de vitais para os anfíbios, beneficiam algumas espécies de répteis como os cágados - para completar o seu
ciclo de vida, já os mamíferos usam como reserva de água (o gado estraga o solo e escasseia a água dos charcos, sendo uma possível
ameaça).
9.1 Localização
Na Europa, os charcos ocorrem por todo o lado e em todas as regiões biogeográficas desde que as condições sejam favoráveis. As
condições passam por ser uma depressão no solo e algum lodo para impedir a infiltração da água.
Um charco de maiores dimensões tem mais tempo de vida, mais diversidade e mais indivíduos a vir de fora, logo as cadeias tróficas
são mais complexas porque os predadores entram na equação, já que um charco maior dá tempo para estas relações ocorrerem.
Quanto mais tempo de vida tem um charco, mais diversidade vai ter.
10 Pauis
Os pauis são zonas húmidas que são dominadas por plantas adaptadas a solos húmidos – herbáceas – porque são frequentemente
inundadas. Um paul, também chamado de pântano, é um ecossistema de tipo lacunar.
A diferença entre os pauis e os charcos temporários dá-se na composição da flora distinta e do facto da fauna nos charcos ser
temporária.
A vegetação típica dos pauis dá-se devido à necessidade das plantas terem a habilidade de se adaptar a locais em que há mudanças
muito grandes no encharcamento da água, adaptando-se a viver nos dois meios – dentro e fora de água. Assim, os pauis conferem
uma biodiversidade muito características, sendo reservas genéticas e habitats privilegiados de fauna e flora que é protegido pela
Convenção sobre Zonas Húmidas.
11 Estuários
Consistem em transições entre continente e mar/oceano, bem como entre água doce e água salgada. Tanto as descargas vindas da
corrente do rio como as mudanças de maré do oceano são fundamentais nestes ecossistemas.
Corpo de água costeiro semi-fechado que se encontra quer permanente quer periodicamente aberto ao mar, e em que existe uma
variação mensurável de salinidade devido à mistura de água salgada com água doce, derivada da drenagem terrestre.
Os caudais de água doce, por definição, originam e mantêm os estuários com nutrientes e sedimentos concretos, uma vez que é a
zona terminal de um rio onde a água doce, resultante do escoamento continental, se mistura com a água salgada sob influência do
efeito de maré.
11.1 Importância
Fornecem uma grande disponibilidade de alimento para muitas espécies.
São um local de passagem para migradores anádromos e por outro lado, de passagem e crescimento para catádromos.
Servem como local de nascimento e crescimento de crias de espécies marinhas.
É um importante local para a nidificação e alimentação de muitas aves.
Por outro lado, ainda regulam cheias e drenam a água ao fixar sedimentos e servem para depuração dos sistemas já que filtram a
água.
Portugal é uma zona de transição para a maioria dos grupos taxonómicos devido à grande quantidade de estuários e lagoas
costeiras. Os estuários estão sujeitos a descargas fluviais irregulares e são afectados por condições climatéricas extremas, bem como
são submetidos a grave stress antropogénico.
Produtores (bactérias, algas e plantas superiores): Funcionam como canais de passagem de matéria orgânica, nutrientes, sedimentos
e fluxos dulciaquícolas entre o rio e o mar, sendo também um receptáculo importante destes elementos. A água e os sedimentos
estuarinos são muito ricos em bactérias.
Os bancos de vasa intertidal são dominados por diatomáceas bentónicas, embora possam ocorrer igualmente algumas algas dos
géneros Ulva, Chaetomorpha e Cladophora, entre outros. Os sedimentos vasosos favorecem a proliferação de cianobactérias
filamentosas.
Em termos de biomassa, a vegetação dominante corresponde às plantas emergentes que se fixam no limite superior do intertidal, e
que formam os sapais – normalmente dominados por espécies do género Spartina.
As zonas de sapal têm uma excelente capacidade depuradora, pelo que são habitats essenciais na retenção e eliminação de
poluentes. Fornecem ainda alimento e abrigo para a fauna e p rotegem os habitats terrestres da ação das águas.
No subtial, a elevada turbidez e o tipo de sedimento condicionam fortemente a ocorrência de macroflora, sendo na parte terminal
dos estuários que podemos encontrar algumas macroalgas e pradarias marinhas.
Consumidores (invertebrados, peixes e vertebrados)
Os invertebrados bentónicos estuarinos apresentam baixa diversidade, mas muitos deles são particularmente abundantes, quer no
intertidal, quer no subtidal.
Os grupos melhor representados são normalmente os oligoquetas, poliquetas, gastrópodes, bivalves, isópodes e anfípodes.
Alguns crustáceos decápodes e cefalópodes são também constituintes importantes das comunidades estuarinas.
No primeiro caso, destaca-se nos sistemas portugueses o caranguejo-verde e mais algumas espécies de camarões do género
Palaemon.
A comunidade piscícola estuarina é constituída por um número reduzido de espécies residentes (famílias. Syngnathidae; Labridae;
Gobiidae; Batrachoididae), já as espécies migradoras diádromas que incluem os estuários nas suas rotas migratórias (catádromas:
enguia; anádromas: salmão, Alosa alosa, Lampreia) e as espécies marinhas e dulciaquícolas tolerantes à salinidade surgem com
maior frequência. Também podem aparecer espécies ocasionais.
Em Portugal, os lodos e as ostreiras que ficam a descoberto durante a maré-baixa são os locais onde a maioria das aves se alimenta,
utilizando os bancos de vasa para procurar alimento. Por sua vez, alguns peixes utilizam bancos de vasa para se alimentar durante a
maré cheia.
As salinas constituem excelentes zonas de repouso e alimentação, principalmente durante a maré-cheia, e funcionam, no período
estival, como áreas preferenciais de reprodução.
12 Lagoas costeiras
As lagoas costeiras são massas de água pouco profundas, separadas do mar por uma barreira de areia.
As condições de entrada de água do mar são variáveis, uma lagoa pode por vezes estar aberta ao mar e noutras alturas, fechada,
dadas as condições da maré. Uma lagoa costeira, pode ser considerada um estuário intermitentemente aberto.
A maior parte das lagos costeiras estão isoladas do mar quase todo o ano, quando fechadas, retêm e assimilam todos os inputs
humanos, o que os torna especialmente sensíveis e vulneráveis. Muitas vezes procedem-se a aberturas artificiais das lagoas
costeiras.
Ecologicamente, são únicas e difíceis de padronizar, já que dão-se grandes oscilações do nível de água, da salinidade e da qualidade
da água. Existem consequentemente oportunidades intermitentes de recrutamento e dispersão de diversas espécies.
Macrófitos
Autotróficos
Fitoplancton
Perifiton
ORGANISMOS
Zooplancton
Heterotróficos Macroinvertebrados
Peixes
1 Macrófitos
Os macrófitos são plantas aquáticas cuja estrutura é visível a olho nu. A sua distribuição dá-se num mosaico concreto e tem um
elevado dinamismo temporal. São muito dependentes da quantidade e qualidade da água, bem como são particularmente
importantes nos sistemas lóticos, por isso são usadas como indicador biológico de qualidade e na bioremediação.
Podem ser encontrados macrófitos numa vasta diversidade taxonómica: algas, briófitos, líquenes, gimnospermicas e
angiospérmicas, todas dependentes do meio aquático, embora com uma dependência variável.
Altamente sensíveis na quantidade – caudal – e qualidade – nutrientes, oxigénio – da água, sendo que passam por diferentes
condições sazonais e interanuais.
Macrófitos emergentes: Ocupam a zona de transição entre a terra e a água. Situam-se em habitats de corrente calma, a jusante
maioritariamente e em zonas de transição, como juncos. Também são encontrados nas margens dos rios e dos lagos. São
enraizadas no substrato, na proximidade de ou em áreas que mantêm água a maior parte do tempo. As folhas e os órgãos
reprodutores estendem-se para fora da água, isto é, aéreos, flutuando à superfície da água, utilizando dióxido de carbono da
atmosfera.
Macrófitos submergentes: Ocupam zonas de baixa/média profundidade ao longo do canal. Estão enraizadas no substrato, ams
com folhas totalmente imersas, algumas podem ainda incluir folhas aéreas também. As folhas imersas são finas ou laminares.
Macrófitos com folhas flutuantes: Ocupam as margens dos rios e lagos, com águas paradas. Estão enraizadas no substrato, com
folhas flutuantes na superfície da água. Dá-se um crescimento limitado pelo tamanho dos caules e pecíolos.
zonas de baixa e média profundidade, as folhas tendencialmente estão totalmente submersas na água.
mais abundantes em zonas de corrente fraca, tipo pegos e lagos, desde que consigam atingir um crescimento suficiente para ter as
folhas expostas à atmosfera, ou seja, superior à massa de água.
Macrófitos desenraizados: Podem ser flutuantes, formando extensos tapetes ou submersas. Funcionam tanto submersos como
expostos, como o caso do jacinto de água. Formam as conhecidas “weeds”, que são macrófitos em desenvolvimento extensivo
tornando-se uma peste pois impõe problemas na circulação da água, na oxigenação e na entrada de luz.
Transparência,
Luminosidade
e
Profundidade
Temperatura
Substrato
Movimento
da
água
Nutrientes
(C,P,N)
Factores
abió@cos
condicionantes
Movimentos
da
água
Perturbações Cheias
Secas
Distribuição dos macrófitos em lagos: É uma distribuição condicionada por dois fatores principais, a profundidade da água
reduzida – para a luz atingir o substrato, e a estabilidade física suficiente.
1.4 Temperatura
Crescimento e fotossíntese óptimos entre os 20ºC-35ºC, mais precisamente 28-32º.
A temperatura induz a um crescimento sazonal. O desenvolvimento máximo dá-se no final do Verão – são plantas anuais
momento em que se provoca a senescência, morte, decomposição e entrada de nutrientes na cadeia trófica.
1.5 Substrato
A maior parte dos macrófitos requerem substratos finos, se as plantas tiverem estruturas radiculares finas, daí estas serem
encontradas nas margens.
Os substratos grosseiros são em geral desfavoráveis ao crescimento de plantas submergentes. Elevada dependência da
disponibilidade de nutrientes e oxigénio no substrato.
Algumas espécies apresentam estruturas tubulares com lacunas que facilitam a aeração.
Algumas espécies possuem células radiculares que suportam a carência de oxigénio.
O crescimento de biomassa é totalmente dependente dos locais com muitos ou poucos nutrientes nos sedimentos, isto é, se existe
muita ou pouca concentração de nitrogénio e fósforo na água. Pela tabela, a dependência de nutrientes do solo é maior do que os
solos encontrados na água.
2 Perifiton
Perífiton é a fina camada de seres vivos (plantas e
bactérias fotossintéticas)ou os seus detritos que
colonizam superfícies sólidas em habitats aquáticos,
tanto em água doce como no mar. O nome desta
comunidade tem origem no significado de “à volta de
uma planta” porque inicialmente foram estudadas as
associações que se acumulavam sobre folhas submersas
de macróftias aquáticas. No entanto, podem
desenvolver-se na superfície de rochas submersas ou nas
conchas e carapaças de animais aquáticos.
Estas associações são principalmente formadas por
protistas, como as diatomáceas e outros microrganismos
tradicionalmente classificados entre as algas e, por isso,
são importantes na fonte de produção primária nos ecossistemas aquáticos, principalmente nas zonas costeiras e nos lagos. Os
cadáveres são um substrato orgânico onde se desenvolvem bactérias e protistas heterotróficos.
O perifiton atrai pequenos crustáceos e vermes, alguns dos quais se tornam residentes e torna-se uma fonte de alimentação para
pequenos peixes e outros organismos.
Consistem no principal grupo de organismos autotróficos em rios. Tem um papel importante no ciclo de nutrientes,
nomeadamente no azoto e potássio da água.
O estudo destas comunidades pode fornecer importantes informações sobre eventuais poluentes que afectem uma massa de água,
por isso são utilizados como indicadores biológicos de qualidade da água.
Cianobactérias – Cyanophyta: Tem predominância de formas filamentosas em rios. A clorifila encontra-se distribuída nas células e
algumas são especializadas na fixação de azoto – heterocistos o que lhes confere uma vantagem sobre as algas verdes em ambientes
pobres em azoto.
Algas Verdes – Chlorophyta: Grande variedade de formas de crescimento. Formas filamentosas abundantes em rios. Estruturas de
fixação para resistir à corrente.
Diatomáceas – Bacillariophytaa: Frustulas de sílica, grande variedade de formas, unicelulares ou coloniais, facilidade de aderência
sob corrente elevada e muito abundantes em rios.
A versão idealizada de um tapete de perifiton seria com uma arquitetura semelhante à das florestas, porém, na realidade, a
presença de muco destrói a arquitetura em andares idealizada.
2.3 Factores que influenciam o perifiton
Aquando o aumento de nutrientes, de luz e da temperatura, dá-se o aumento da biomassa e encontramos mais taxa filamentosos e
com caules.
Já os distúrbios como a instabilidade do substrato, a velocidade da corrente, sólidos suspensos e grazing por parte de invertebrados
e peixes vão fazer diminuir a biomassa do perifiton e vão estar mais presentes taxa com crescimento baixo e muito juntos ao
substrato.
2.8 Substrato
Facilmente mobilizável e de pouca resistência a algas bentónicas. Os taxa mais persistentes são os
Cascalho pequeno
pequenos que vivem em agregados localizados em superfícies de cascalho.
“Bedrock” – base de Imóvel. As irregularidades da superfície permitem o refúgio de algas que se prendem à rocha em áreas de
rocha sombra. Existe uma heterogeneidade espacial da biomassa das algas.
Zonas enterradas da
“bedrock” e Resistência dependente na composição da comunidade e no comprimento da zona enterrada.
empedrado de areia
Mobilizado por distúrbios de magnitude moderada e alta. As comunidades que se prendem a estas
Pedras e carvão
pedras são sujeitos a efeitos abrasivos e existe uma resistência diferencial. É um substrato com potencial
gigante
para ser privado da luz, caso seja invertida a sua posição devido a distúrbios.
Imóveis. Exposto a superfícies limadas pela corrente e com sedimentos que penetram os orifícios entre
Pedregulhos e seixos os pedregulhos. As algas persistem em superfícies protegidas e em locais protegidos da corrente – shaded
áreas.
2.9 Perturbação
A frequência de cheias faz diminuir a quantidade de clorofila.
Depois de uma cheia, o perifiton passa por um
ciclo mais ou menos típico, começando com a
colonização, seguido de um crescimento
exponencial que é estabilizado por processos
autogénicos, decrescendo até estabilizar no estado
de capacidade de carga.
Os processos autogénicos são os processos de
colonização e desagregamento controlado pelas
próprias colónias de algas ao longo do tempo.
Em condições de escuridão, as Bacillariophyceae
compreendem percentagens muito maiores do que em condições de luz. Nestas, as Cynobacteria e as Chlorophyceae são melhor
representadas, embora continuem sempre em menor quantidade que as Bacillariophyceae.
Outro tipo de perturbação é do tipo biótico, com os herbívoros de pequena dimensão que fazem pastagem (“grazing”) de uma
forma diferencial. Existem animais que tem mais versatilidade nos vários estratos de perifiton enquanto que alguns apenas comem
o perifiton de caules mais altos. Quanto menos pedras existirem num rio, menos proteção e portanto menos biomassa de algas
haverá.
Precisamente por serem de resposta rápida a diversas ações antrópicas, são utilizados como bioindicadores. As ações antrópicas
passam pela degradação de habitat, enriquecimento de nutrientes, aumento da concentração de metais, presença de herbicidas e
acidificação.
3 Fitoplancton
Entende-se pelo fitoplâncton o conjunto de organismos aquáticos microscópicos que têm a capacidade fotossintético e que vivem
dispersos flutuando na coluna de água sendo transportados pela corrente e pelo vento. São responsáveis pela produção de cerca de
98% do oxigénio da atmosfera terrestre e encontram-se na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos, pertencendo ao
nível trófico dos produtores.
Fazem parte deste grupo organismos tradicionalmente considerados algas, contudo, também há grupos classificados como bactéria
– cianofíceas (ou algas azuis) e outros protistas flagelados e ciliados com a capacidade de realizar a fotossíntese.
São autotróficos e em geral são unicelulares, mas podem formar colónias. São pouco abundantes em rios e muito importante em
lagos e albufeiras. Funcionam como bioindicador de qualidade da água em lagos. São responsáveis pelo florescimento ou “bloom”.
Fitoplancton nos lagos: Grande variabilidade taxonômica e morfológica, principal elemento de base das cadeias tróficas e portador
de um papel importe nos ciclos de nutrientes (C, N, P).
3.2 Diversidade taxonómica
Algas castanhas: Grupo de algas multicelulares
fundamentalmente marinhas, ainda que alguns géneros
sejam de água doce, a sua cor característica vem da
fucoxantina.
Criptomados: Organismos unicelulares com dois flagelos quase iguais, as células são ovais.
Diatomáceas (Bacillariophyceae): Importante grupo de protistas, unicelulares que podem formar colónias. Têm uma parede de sílica
chamada frústula com ornamentos. Podem ser planctonicas (pouco poder de locomoção) ou bentónicas (vivem no substrato).
Correspondem à maior componente de fitoplâncton.
Dinoflagelados: São um grande grupo de protistas flagelados e relativamente comuns em água doce. Muitas destas espécies têm
3.3 Adaptações
Reprodução: Assexuada por fissão binária ou sexuada.
Para evitar o afundamento: A maior parte possui flagelos – para contrariar a gravidade, e ainda vacúolos – para diminuir a
densidade e subir na coluna de água.
Para facilitar a absorção de nutrientes: São de pequeno tamanho, aumentando a relação entre área superficial/volume.
Para evitar predadores: Formam colónias e produzem mucilagem não digerível.
Relação entre a luz, temperatura e profundidade: Dá-se uma maior produção em áreas litorais e à superfície. A intensidade
luminosa elevada pode resultar na destruição temporária de algumas enzimas, provocando a fotoinibição. Em dias soalheiros, a
produção fotossintética pode ser mais reduzida à superfície do que a profundidades superiores. As diatomáceas dominam nos
Nutrientes: O fitoplâncton tende a produzir densas populações onde os nutrientes inorgânicos são abundantes, quando os
indivíduos morrem e se decompõe, também fornecem alimento e nutrientes ao meio. Os nutrientes que mais comummente
provem dos aportes continentais são o silício, os nitratos e os fosfatos. Destes, o fosfato é o mais importante, havendo uma
correlação entre o conteúdo local de fosfato e a densidade das populações de fitoplâncton. A forma mas utilizada pelo fitoplâncton
Redução
Próximo do
Grazing - - Ainda baixo Aumento Elevado - (declínio do
mínimo anual
zooplâncton)
Formas Aumento da
Comunidades
pequenas, Aumento Diminuição do Declínio das diversidade de
Aumento de de fitoplancton Declínio das
Comunidades móveis e rápido da fitoplancton, por comunidades fitoplancton,
formas móveis, dominadas por comunidades de
biológicas adaptadas a comunidade, decréscimo das de desenvolvimento
dinoflagelados algas grandes, fitoplancton
luminosidade diatomáceas diatomáceas fitoplancton de algas veres e
diatomáceas
reduzida cianobacterias
4 Zooplancton
Organismos heterotróficos em suspensão na coluna de água fazendo migrações verticais que lhes permite escapar dos predadores e
aproveitar correntes de fundo para se deslocarem para regiões onde as condições ambientais são mais favoráveis, também podem
ser transportados pelo vento. A sua capacidade de locomoção é reduzida.
São raros em rios mas são muito importantes em lagos e em albufeiras, servindo como bioindicador da qualidade de água destes
dois últimos meios. Esta importância advém do facto de serem os principais consumidores primários e o principal alimento para
diversos consumidores secundários.
Fazem parte deste grupo muitos animais, entre os quais os mais abundantes que são crustáceos, principalmente os copépodes.
Embora se considerem plâncton – organismos microscópicos ou pelo menos muito pequenos, há alguns organismos que formam
colónias que atingem alguns metros de comprimento.
Rotifera
DIVERSIDADE Cladocera
TAXONÓMICA
Crustacea
Copepoda
4.1 Rotífera
São pequenos, de 200 a 600 micrometros (µm).
São filtradores, a maior parte deles omnívoros. A
sua mobilidade é reduzida, mas o pequeno
tamanho permite evitar a predação por alguns
peixes planctonívoros.
4.2 Cladoceros
São de tamanho variável, entre 300 micrómetros a 3 milímetros.
São filtradores, sendo consumidores maioritariamente de algas. Também existem alguns predadores de outros pequenos
cladoceros. Em geral, são de reduzidas mobilidade. O seu tempo geracional é de 2 semanas.
Temperatura
FACTORES QUE
AFETAM O
ZOOPLANCTON Disponibilidade de
alimento (quantidade e
qualidade)
Predação
4.5 Padrões de abundância sazonal relacionados com a predação (intraplancton e por peixes)
Em regiões com sazonalidade marcada, o desenvolvimento de zooplâncton é também sazonal, e com um delay posterior ao do
fitoplâncton, já que depende em grande parte do mesmo.
A taxa de nascimentos de Daphnia é alta em Julho mas a taxa de crescimento populacional é nula. Já a taxa de mortes de Daphnia é
alta em Julho correspondendo ao máximo populacional de Leptodora. Isto significa que os Leptodora predam os Daphnia.
Os peixes funcionam como reguladores populacionais fortes, e afectam o comportamento do zooplâncton – distribuição na coluna
de água. Dá-se uma agregação de zooplâncton junto a macrófitos durante o dia que, durante a noite, se deslocam para a coluna de
água para evitar a predação.
5 Macroinvertebrados
Destacam-se dos rotíferos e microcrustáceos pois o seu tamanho nos últimos estádios de desenvolvimento supera os 2mm. Neste
grupo de invertebrados incluem-se numerosos grupos de insectos que representam a principal fonte de almentação de muistos
peixes. Para além dos insectos, incluem-se as pequenas minhocas de água, os caracóis e mexilhões de rio e os crustáceos de água
doce. A maioria dos insectos aquáticos passa uma época do seu desenvolvimento na água, durante as fases de ovo, larva e pupa,
geralmente durante o Outono e Inverno.
Os macroinvertebrados são primitivamente terrestres. Ocorreram diversas colonizações do ambiente aquático dulciaquícola, o
mesmo aconteceu em pouca quantidade no ambiente marinho.
Os animais que vivem nos rios desenvolvem diversas adaptações morfológicas e comportamentais para fazer face à corrente. Nos
sistemas lênticos, também são desenvolvidas estratégias.
5.1 Habitat
- Lótico: Influenciado fortemente pela velocidade das correntes a nível do transporte de partículas (alimento ou sedimento), tipo
de substrato e tipicamente com um elevado nível de oxigénio. Os nutrientes podem ser alóctones e autóctones.
- Lêntico: Geralmente existe uma forte zonação (zona limnética – penetrada pela luz; zona profunda – sem muita luz)
Lótico Ambos Lêntico
Mineral: rocha, pedras, calhaus, Orgânico: plantas vivas,
Áreas de erosão: rios; ribeiras.
cascalho, areia, vasa. detritos.
- Áreas de deposição: lagos; charcos temporários; albufeiras. -
Morfológicas
Achatamento dorsoventral: Permite que o organismo fique junto ao substrato onde existe uma camada de água parada como é o
caso dos Coleoptera e Ephemeroptera.
Construção de tubos: Existe uma diversidade de Trichoptera que constroem redes e tubos que auxiliam as larvas a tornar-se mais
hidrodinâmicas e funcionam como lastro.
Ventosas: Permite que o insecto se fixe a superfícies lisas e expostas; algumas larvas de Diptera usam esta estratégia
Tamanho: É vantajoso possuir pequenas dimensões e corpo flexível, o que permite que vivam no fundo do rio ou lago, entre os
calhaus e as pedras ou entre a vegetação submersa.
Comportamentais
Drift: Para se deslocarem de um local pouco favorável, alguns insectos como os Baetidae e Ephemeroptera têm um padrão diurno de
drift, outros, fazem o drift como resposta a perturbações físicas.
Enterro no substrato: Os insectos podem enterrar-se profundamente no substrato – zona Hyporreica – onde podem evitar
flutuações no ambiente.
Uso da tensão de superfície: Da água parada – alfaiate – Gerridade (hemíptera).
Oxigénio:
O oxigénio no ar corresponde a 20%, sendo 200 000 partes por milhão (ppm).
Ambientes lóticos (15ppm): Dependente da produção/consumo pelas plantas e
afectado pela turbulência e qualidade da água.
Ambientes lênticos: Os níveis de oxigénio variam com a temperatura,
salinidade/condutividade e profundidade, aqui também a turbulência afeta a
distribuição de nutrientes e oxigénio.
Ambientes anóxicos: Oxigénio ausente (lagos muito profundos por exemplo)
Oxigénio na água: Uso do sistema traqueal aberto em insectos adultos e em formas imaturas; uso do sistema traqueal fechado
através de estruturas especializadas para as trocas gasosas na água.
Sistema traqueal fechado: brânquias são extensões lamelares do sistema traqueal, encontrados em
muitas ordens de insectos, podem localizar-se em muitos locais como na base das patas, abdómen e
terminus do abdómen.
Sistema traqueal aberto: Nos díptera, há sifões respiratórios perto do abdómen ou tórax, diferente
localização nas larvas e pupas de mosquito. Já os coleóptera mergulham trazendo consigo uma bolha de ar
armazenada sob os élitros, as trocas gasosas podem então ocorrer na água. Outras forma de armazenar
oxigénio em bolhas de ar é através da manutenção de água por parte de cerdas – o oxigénio sofre difusão a
partir da água para o ar contra o corpo (ocorre em insectos com reduzida capacidade de movimento e
Condições quase anóxicas: Muitas larvas de Chironomidae (Diptera) e alguns Notonectidae (Heteroptera), tem hemoglobinas com
uma elevada afinidade para o oxigénio contrariamente ao Homem, só baixa quando a concentração de oxigénio nos tecidos desce,
e não quando os tecidos ficam ácidos.
Trituradores
Alimento dominante: Tecido lenhoso de macrófitos, matéria orgânica grosseira particulada (CPOM) e madeira.
Mecanismo de alimentação: Herbívoros – mastigam macrófitos, ou detritívoros (mastigam CPOM).
Os taxa de trituradores dominantes variam de acordo com o tipo de sistema e a biogeografia.
Colectores
Alimento dominante: Matéria orgânica fina particulada
(FPOM). Mecanismos de alimentação: Filtradores (coluna de
água) ou colectores (sedimento).
Raspadores
Alimento dominante: Perifiton (algas sésseis) e material
associado ao perifiton.
Mecanismos de alimentação: Raspam as superfícies minerais e
orgânicas.
Predadores
Alimento dominante: Tecido animal vivo.
Mecanismos de alimentação: Ataque das presas ingerindo-as inteiras (Odonata; Plecoptera; Megaloptera) ou ataque aos tecidos e
sugamento (Heteroptera; Hemiptera; Diptera).
6 Peixes dulciaquicolas
Nas águas correntes podemos encontrar representantes de quase todos os grupos de peixes. A maioria das espécies piscícolas de
água doce evoluiu nos rios, atuando estes como excelentes locais para o processo de diferenciação de espécies, devido ao relativo
isolamento dos diferentes leitos fluviais e à grande variedade de habitats e condições ambientais que apresentam. Ao longo dos
tempos geológicos, os rios evoluem, alteram-se e fundem-se mas nunca desaparecem. Pelo contrário, os lagos são verdadeiras
armadilhas evolutivas pois acabam por ser cheios de sedimentos.
Os peixes dulciaquícolas são o grupo de organismos aquáticos melhor conhecido. São um bioindicador da qualidade da água e dos
rios. Tem um valor económico, social, histórico e cultural. Os países onde ocorre mais pesca são a China, a India, Bangladesh,
Importância ecológica: São os principais organismos consumidores em rios e lagos. Tomam um papel na regulação da dinâmica
trófica e no balanço de nutrientes. Regulação de processos sedimentares- bioturvação. Elementos de ligação entre ecossistemas –
mobile links. Grande diversidade taxonómica, morfológica e ecológica.
Gradiente de distribuição
Rio continuum: Quanto menos for a heterogeneidade topográfica, mais espécies vão ser iguais na distribuição.
Montante: Tem regos, run e pool, mais variedade, diferente persistência ao longo do tempo, muito instáveis, relativamente
efémero. A montante há menos riqueza específica, pois há pouco rio e é instável. Logo, de ano para ano temos riqueza de espécies
variável, não havendo tempo para se estabelecerem relações tróficas notáveis. Sofrem alterações profundas no período de seca.
Jusante: Homogénea, maios calmo, menos efémero. Mais variabilidade nas espécies e relações tróficas.
Processos de colonização e extinção
A capacidade natatória e os controlos populacionais dão se como? Porque motivo? Como é que os indivíduos conseguem sair de
um refúgio em período seco para a colonização de outras locais do rio favoráveis.
O que faz com que haja uma fração numa boa região que se muda para outra menos favorável são as relações bióticas, como a
competição e a predação, pois não se justifica saírem dos locais favoráveis por outro motivo que não interações negativas com
outros organismos.
Os impactos associados aos ambientes dulciaquícolas não estão só associados a contactos diretos com o rio mas também com o seu
redor, como os aterros, a agricultura e a erosão das margens. Se o curso de água já estiver alterado, os fenómenos de erosão ainda
vão ser mais intensos porque os sedimentos depositam-se a montante da barreira. Distinguimos assim dois tipos de ameaças.
Ameaças diretas: São as ameaças que resultam de intervenções no canal do rio ou
no leito de cheia.
Desflorestação: As florestas melhoram a drenagem dos terrenos, a sua ausência intensifica as inundações. A perda de florestas
ribeirinhas e costeiras vão tirar uma fonte de alimento e abrigo a uma parte substancial de grupos biológicos, empobrecendo as
águas continentais. Para além da perda de habitat e consequente alteração da morfologia do canal e leito de cheia, a erosão vai ser
facilitada, o consequente acúmulo de terra vai contribuir para o assoreamento pois a terra transportada pela água depositar-se à no
fundo de rios e lagos, obstruindo o fluxo.
A mortalidade depende da densidade e proporção de sexos: Existe uma tendência para a densidade de enguias diminuir para
montante e, ao mesmo tempo, de haver um aumento da dimensão. Isto acontece porque vão se desenvolvendo e crescendo, ao
mesmo tempo, vão encontrando locais onde se estabelecem. A diferenciação sexual ocorre tardiamente e é influenciada pela
densidade, ao mesmo tempo, o sexo influência no tamanho, os juvenis indiferenciados são pequenos e quando se diferenciam em
machos, aumentam de tamanho, porém, são as fêmeas que ocupam maiores amplitudes na dimensão.
Desta forma, quanto maior for a densidade, menos enguias se diferenciam em fêmeas, pois consiste numa regulação populacional
que esta espécie desenvolveu.
Os obstáculos fornecem uma mensagem errada às enguias, pois acumulam-se muitas enguias a jusante, principalmente as maiores
que não conseguem fazer uso da reptação. Com isto, dá-se um aumento da densidade, e os juvenis começam a diferenciar-se em
machos que não colocam ovos, de modo a não aumentar o tamanho da população, porém, a população não está com uma
dimensão alta, está sim demasiado concentrada.