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Na tentativa de golpe branco em curso no país, o papel de liderança da grande mídia salta aos olhos. O termo grande mídia diz respeito ao reduzido número de poderosas corporações de imprensa que controlam os meios de comunicação, em desacordo com determinações da Constituição de 1988 (carentes de regulamentação), que proíbem monopólio ou oligopólio nesse setor. Algumas dessas corporações — proprietárias, simultaneamente, de redes de televisão aberta e fechada, emissoras de rádio (AM/FM), jornais, revistas e portais na Internet — lideram, na esfera sociopolítica, sobretudo desde o início da Operação Lava Jato, uma campanha de oposição ao governo federal, que tem funcionado como alavanca-chave de poder do movimento de deposição da presidente Dilma Roussef, por impeachment ou renúncia.
Na tentativa de golpe branco em curso no país, o papel de liderança da grande mídia salta aos olhos. O termo grande mídia diz respeito ao reduzido número de poderosas corporações de imprensa que controlam os meios de comunicação, em desacordo com determinações da Constituição de 1988 (carentes de regulamentação), que proíbem monopólio ou oligopólio nesse setor. Algumas dessas corporações — proprietárias, simultaneamente, de redes de televisão aberta e fechada, emissoras de rádio (AM/FM), jornais, revistas e portais na Internet — lideram, na esfera sociopolítica, sobretudo desde o início da Operação Lava Jato, uma campanha de oposição ao governo federal, que tem funcionado como alavanca-chave de poder do movimento de deposição da presidente Dilma Roussef, por impeachment ou renúncia.
Na tentativa de golpe branco em curso no país, o papel de liderança da grande mídia salta aos olhos. O termo grande mídia diz respeito ao reduzido número de poderosas corporações de imprensa que controlam os meios de comunicação, em desacordo com determinações da Constituição de 1988 (carentes de regulamentação), que proíbem monopólio ou oligopólio nesse setor. Algumas dessas corporações — proprietárias, simultaneamente, de redes de televisão aberta e fechada, emissoras de rádio (AM/FM), jornais, revistas e portais na Internet — lideram, na esfera sociopolítica, sobretudo desde o início da Operação Lava Jato, uma campanha de oposição ao governo federal, que tem funcionado como alavanca-chave de poder do movimento de deposição da presidente Dilma Roussef, por impeachment ou renúncia.
Texto de Marcus Ianoni, cientista poltico, professor do Departamento de
Cincia Poltica da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisador das relaes entre Poltica e Economia e Visiting Researcher Associate da Universidade de Oxford (Latin American Centre)
Na tentativa de golpe branco em curso no pas, o papel de liderana da
grande mdia salta aos olhos. O termo grande mdia diz respeito ao reduzido nmero de poderosas corporaes de imprensa que controlam os meios de comunicao, em desacordo com determinaes da Constituio de 1988 (carentes de regulamentao), que probem monoplio ou oligoplio nesse setor. Algumas dessas corporaes proprietrias, simultaneamente, de redes de televiso aberta e fechada, emissoras de rdio (AM/FM), jornais, revistas e portais na Internet lideram, na esfera sociopoltica, sobretudo desde o incio da Operao Lava Jato, uma campanha de oposio ao governo federal, que tem funcionado como alavanca-chave de poder do movimento de deposio da presidente Dilma Roussef, por impeachment ou renncia. Essa campanha da grande mdia articula-se com foras partidrias e do Congresso Nacional, procurando fornecer legitimidade s aes da frente
institucional da coalizo do golpe branco, os polticos de oposio, o
movimento parlamentar pr-impeachment. A crise poltica est evidenciando como nunca o quanto a concentrao da propriedade da mdia compromete a igualdade poltica como fundamento da democracia. No limite, a disputa pela opinio pblica entre quem tem ou no voz, mesmo sabendo que o governo, formalmente, no mudo. As corporaes miditicas e seus aliados esto promovendo uma campanha desigual contra um partido poltico e suas lideranas, cuja sntese o movimento para tentar derrubar uma presidente da Repblica eleita a menos de um ano sem que ela tenha cometido crime de responsabilidade. Isso tudo to danoso igualdade poltica democrtica quanto o financiamento empresarial das eleies. Uma outra regulao da comunicao poltica fundamental para a democracia brasileira evoluir.
A grande mdia tem feito a cobertura da corrupo atravs de um
sensacionalismo seletivo e partidarizado, praticamente sem discutir suas causas. Ela se omite, por exemplo, sobre a questo do financiamento empresarial de campanhas eleitorais (s muito recentemente abolido da legislao). No discute a relao entre desigualdade poltica e captura do Estado pelo interesse econmico das grandes corporaes, sendo o financiamento empresarial da poltica um meio de produo da sntese das duas primeiras variveis e, assim, elo para a corrupo ativa e passiva. Motivo da omisso: preciso manter a poltica como uma espcie de escrava a ser perversamente usada e maltratada pelo senhor, o poder econmico. Motivo do sensacionalismo: corrupo escndalo, gera audincia, atrai anunciantes, vende jornal. Motivo do partidarismo: um partido de esquerda, que promoveu mudanas sociais importantes em um dos pases mais desiguais do mundo, no interessa coalizo neoliberal, do rentismo e da financeirizao, qual a grande mdia se vincula. Combater a pobreza e, se possvel, a desigualdade social, tem custos que os supostos defensores da sociedade meritocrtica no querem bancar. A ideologia liberal informa a grande mdia em relao a temas como inflao, juros, oramento pblico, Estado, polticas sociais e segurana pblica. Por outro lado, corrupo um mal a ser universalmente combatido, doa a quem doer, mas a mdia tem abordado o problema com a velha mxima: aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei. Para Eduardo Cunha e suas contas milionrias na Sua, com recursos provenientes de desvios na Petrobras, tolerncia. Para o mensalo e trensalo tucanos, tolerncia tambm. E por a vai.
A pesquisa semanal do Manchetmetro evidencia a cobertura negativa
que a mdia tem feito de Dilma desde 2014. H inmeras evidncias, algumas de grandes propores, de que se trata de um vis antipetista da grande mdia, pois ocorreu discriminao contra Lula tambm nas trs campanhas presidenciais em que ele foi derrotado, 1989, 1994 e 1998, ou
seja, quando, at ento, o PT no havia se envolvido em problemas de
corrupo. Em 1989, a Rede Globo, por exemplo, na reta final do segundo turno, em contexto de acirrada disputa entre Collor e Lula, tomou partido ainda mais incisivo a favor do primeiro, conforme assumiu em 2011 o exexecutivo da emissora, Jos Bonifcio de Oliveira Sobrinho. Em 1994, a mesma emissora, que, sob pretexto de apoiar o Plano Real, apoiava, na verdade, o candidato FHC, envolveu-se no escndalo da antena parablica, com o ministro da Fazenda. Em 1998, o Manchetmetro mostra que a cobertura dos jornais na corrida presidencial apresentou mais contedos contrrios a Lula, ento candidato de oposio, que a FHC, candidato reeleio. Em 2010, pode-se destacar o episdio da bolinha de papel arremessada na cabea do candidato Jos Serra, que disputava com Dilma Roussef, durante um evento de campanha no Rio de Janeiro, em local escolhido criteriosamente pelos autores do espetculo farsante. O Jornal Nacional noticiou que Serra teria sido agredido por um objeto contundente atirado por militantes petistas e, devido a isso, precisou fazer exames mdicos em um hospital. A armao foi desmascarada. O fato inspirou um grupo de sambistas cariocas, liderados por Tantinho da Mangueira, a comporem o hilrio Samba da Bolinha de Papel. Em 2014, s vsperas do segundo turno, a revista Veja antecipou a publicao de sua edio semanal e estampou na capa, exibida tambm nas redes de televiso, fotos de Lula e Dilma com a seguinte manchete, escrita em vermelho: "Eles sabiam de tudo". O objetivo era vincular Dilma e Lula ao escndalo poltico-miditico que tem sido a cobertura da Operao Lava Jato pelas corporaes da radiodifuso e imprensa. A campanha oposicionista da mdia no contra a corrupo, contra uma agremiao partidria de esquerda. A recente cobertura da apreciao das contas da Unio pelo TCU no dizia respeito a problema de corrupo, mas s chamadas "pedaladas fiscais". No entanto, um arranjo de comunicao poltica foi montado, com a colaborao de um politizado TCU, visando fazer da divulgao do esperado resultado desfavorvel presidente da Repblica mais um gol espetacular da coalizo da deposio a ser exibido nacionalmente para a audincia, em horrio nobre. Desde a campanha eleitoral de 2014, que acabou resultando na quarta vitria consecutiva de presidentes petistas, a presso oposicionista, sectria e golpista da mdia tm aumentado e no s servido de suporte organizativo para contestaes de rua e panelaos, como tambm, indiretamente, para as manifestaes de intolerncia e dio que esto ocorrendo no pas contra polticos petistas, lideranas de movimentos sociais, intelectuais e eleitores do PT em geral. Trata-se de uma campanha contra a esquerda enquanto ideologia social e poltica e organizao. Fanticos, por assim dizer, falam em chavismo e bolivarianismo, chaves vocalizados na mdia oposicionista, como se fossem heresias e associam o petismo a elas. Referem-se a Cuba, onde empreiteiras brasileiras fizeram obras de infraestrutura, como se fosse a ptria do anticristo. Obama que se cuide desses brasileiros, aps ter restabelecido relaes diplomticas com a Ilha!
Salvo raras excees, os meios de comunicao oligopolizados atacam,
direta e subliminarmente, a poltica e o Estado, deixando implcito que o mundo da virtude o mercado. Mas o fato que, na esfera das relaes econmicas em mercados competitivos, as corporaes, nacionais e internacionais, envolvem-se, corriqueiramente, em ilicitudes de inmeros tipos, fraudes contbeis, manipulao de licitaes pblicas, cartis, espionagem industrial, concorrncia desleal, sonegao fiscal etc. A Operao Zelotes, de fraudes com dvida tributria envolvendo burocracia pblica e grandes empresas, investiga irregularidades que somam quase 20 bilhes de reais, mas os telespectadores pouco sabem sobre ela. O que isso tudo tem a ver com o golpe branco miditico? Quem endeusa o mercado, sobretudo estando em um pas em desenvolvimento e profundamente desigual, demoniza as foras que defendem polticas de desmercantilizao, mesmo que em todo o mundo capitalista desenvolvido elas tenham sido implementadas. Essas polticas tambm existem no Brasil, mas os neoliberais resistem sua expanso. Quem endeusa o mercado cobia uma companhia mista do porte da Petrobras, acha um bom negcio compr-la ou vend-la, ou, ao menos, que ela no exera a funo de operadora nica do pr-sal. Quem endeusa o mercado no se preocupa com poltica industrial, no tem simpatia por bancos de desenvolvimento como o BNDES, no quer investir em poltica externa independente, Mercosul, Brics etc. Na grande mdia, a cobertura econmica tira o chapu para os mercados desregulados. As polticas desenvolvimentistas e sociais implementadas, com resultados positivos e negativos, por Lula e Dilma, provocam visvel repulsa nos porta-vozes dos mercados, o oligoplio da radiodifuso e imprensa. No toa, emergiu em estratos das camadas mdias tradicionais uma crtica vulgar, por exemplo, ao programa Bolsa Famlia. Recentemente, o jornalista Ignacio Ramonet, do Le Monde Diplomatique, afirmou o seguinte, referindo-se Amrica do Sul: "Nos ltimos 15 anos, todos os governos progressistas que chegaram ao poder democraticamente na regio vm sendo mantidos por via eleitoral. Nenhum deles foi derrotado nas urnas. Por isso, a resistncia mudana vem sendo cada vez mais brutal, apelando para novos tipos de golpes, alguns com fachada judicial, parlamentar, e sempre com forte ajuda da mdia". Dois exemplos de golpe branco so a Venezuela, em 2002, e o Paraguai, em 2012. O primeiro caso foi, inclusive, caracterizado de golpe miditico, embora tenha fracassado. O assdio moral da mdia ao PT se d de vrias maneiras: pelas crticas s polticas de seus governos e aos problemas de corrupo, pelo modo de divulgao e precrio nvel de esclarecimento de procedimentos de instituies de controle externo que podem ser prejudiciais ao governo petista, como ocorreu na semana passada no TCU, pelas manipulaes polticas, algumas acima mencionadas etc. A mdia est meramente exercendo a imprescindvel liberdade de imprensa ou, sob esse guarda-sol, tambm a liberdade de empresa interessada e o papel de
partido poltico? Ento, preciso regular melhor esse mercado de
comunicao. Em um de seus trabalhos, o socilogo Francisco Weffort argumenta que, quando a mdia vai alm da emisso de opinies e parte para a ao, ela se comporta tal como partido poltico, que possui ideias e atua para coloc-las em prtica. Assim ele avalia que atuou a grande imprensa brasileira em 1964. Se j no dia a dia a mdia no emite mera opinio, mas juzos de valor, como fica para a democracia se um pequeno oligoplio de meios de comunicao resolve mesmo partir para a ao para depor um governo eleito? Obviamente, a mdia no a nica fora em jogo, no se trata disso. Em 1964, o desfecho foi o golpe militar. Hoje, com instituies democrticas fortes, a opo do regime autoritrio est descartada, mas a sntese entre autoritarismo sociopoltico, crise econmica, politizao da ao tcnica de alguns atores institucionais, em vrios rgos pblicos, oportunismo parlamentar e estabilidade da democracia eleitoral pode ser, prevalecendo o interesse da coalizo liberal-conservadora, com a grande mdia frente, o golpe branco. Que a democracia brasileira resista, dentro da lei, e no d passagem a esse retrocesso vexaminoso! Que o Congresso Nacional no se deixe aventurar pelo caminho da irresponsabilidade! Que o STF garanta o respeito Carta Magna! Que a sociedade brasileira enfrente o problema da estrutura concentrada da mdia, para garantir condies mnimas de igualdade democrtica de produo e veiculao de informao e comunicao, dentro da ordem capitalista e com plena liberdade de imprensa, como j fizeram outros pases sul-americanos e do norte desenvolvido!
Marcus Ianoni cientista poltico, professor do Departamento de Cincia
Poltica da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisador das relaes entre Poltica e Economia e Visiting Researcher Associate da Universidade de Oxford (Latin American Centre) Artigo originalmente publicado no JB
Pesquisa Da USP e Unifesp Mostra A Formação e Grau de "Profundidade" Da Mentalidade Dos Manifestantes Paulistas Que Pedem Impeachment Da Presidenta Dilma Rousseff