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P rojeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESErsTTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos estar
preparados para dar a razáo da nossa
esperanca a todo aquele que no-la pedir
(1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta


da nossa esperanga e da nossa fé hoje é
mais premente do que outrora, visto que
somos bombardeados por numerosas
correntes filosóficas e religiosas contrarias á
fé católica. Somos assim incitados a procurar
consolidar nossa crenca católica mediante
um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


— Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
'■: controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
1 dissipem e a vivencia católica se fortaleca no
Brasil e no mundo. Queira Deus abencoar
este trabalho assim como a equipe de
Veritatis Splendor que se encarrega do
respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada


em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral
assim demonstrados.
Ano xli Junho 2000 4: M
"Abandonaste o teu primeiro Amor" (Ap 2,4)

Ela reconheceu Jesús através das Escrituras

Aprovagáo de Escritos na Igreja

"A Confissáo e o Perdáo" por Jean Delumeau

A Formacáo da Consciéncia

A Comunháo Eucarística na Máo

Oracáo Mariana do sáculo III

Acólito e Acolita de Missa?


PERGUNTE E RESPONDEREMOS JUNHO2000
Publica9áo Mensal N°457

Diretor Responsável SUMARIO


Estéváo Bettencourt OSB "Abandonaste o teu primeiro
Autor e Redator de toda a materia Amor" (Ap 2, 4) 241
publicada neste periódico
Judeus Messiánicos:
Ela reconheceu Jesús através
Diretor-Administrador:
das Escrituras 242
D. Hildebrando P. Martins OSB
Preservacáo da Fé:
Administracáo e Distribu¡9áo: Aprovacáo de Escritos na Igreja 254
Edades 'Lumen Christi"
Em foco o Sacramento da Reconciliacáo:
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5o andar-sala 501 "A Confissáo e o Perdáo" por Jean
Tel.: (021) 291-7122 Delumeau 261
Fax (021) 263-5679
Como fazer?
Enderezo para Correspondencia: A Formacáo da Consciéncia 267
Ed. "Lumen Christi" Com reverencia e dignidade:
Caixa Postal 2666 A Comunháo Eucarística na máo 273
CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ
Fragmento papiráceo:
Oracáo Mariana do Século III 280
Visiteo MOSTEIRO DE SAO BENTO
e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Pergunta-se:
na INTERNET: http://www.osb.org.br Acólito e Acolita de Missa? 285
e-mail: lumen.christi@osb.org.br

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA

NO PRÓXIMO NÚMERO:

O Papa aos Anciáos. - "Procuráis o Jesús Histórico?" (Rochus Zuurmond). - "Vida,


Paixáo e Glorificacáo do Cordeiro de Deus" (A. C. Emmerich). - "Labirintos do Corpo e da
Alma' (Eduardo Aquino). - Pode-se confessar a um Leigo?" - Curso em Milagres. -
Dinastía: que é? - Meditacáo Transcendental: que é?

(PARA RENOVACÁO OU NOVA ASSINATURA: R$ 35,00).


(NÚMERO AVULSO R$ 3,50).

O pagamento poderá ser á sua escolha:

1. Enviar em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.

2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, para agencia 0435-9 Rio na


C/C 31.304-1 do Mosteiro de S. Bento/RJ, enviando em seguida por carta ou fax,
comprovante do depósito, para nosso controle.

3. Em qualquer agencia dos Correios, VALE POSTAL, enderecado as EDICÓES "LUMEN


CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ

Obs.: Correspondencia para: Edicóes "Lumen Christi"


Caixa Postal 2666
20001-970 Rio de Janeiro RJ
"ABANDONASTE O TEU PRIMEIRO AMOR"
(Ap2,4)

"Abandonaste o teu prímeiro amor" (Ap 2,4)... É esta a condicáo de quem


passa por urna crise de fé, condicáo nao rara em nossos días. - Por que se dá
isto?

Nao é fácil sustentar por muito tempo um nobre ideal, principalmente quanto
este tem em mira valores espirituais ou transcendentais. Muitas outras metas
parecem gozar de mais poder de atracáo. O materialismo da vida contemporá
nea tende a absorver o cristáo, levando-o á procura de solucoes ¡mediatas; cede
assim ao pragmatismo e á superficialidade de vida. Se o senso religioso nao
desaparece, vem a ser ao menos um "artigo" colocado a servico do bem-estar
temporal.

A fé suscita urna santa inquietude,... a inquietude de quem nao encontra


resposta cabal em nenhuma criatura visível. Bem dizia S. Agostinho: "Senhor, Tu
nos fizeste para Ti, e inquieto é o nosso coracáo enquanto nao repousa em Ti"
(Confissóes 11). Acontece, porém, que a inquietacáo em demanda dos bens
temporais é mais realista e proficua para muitos, de modo a nao deixar lugar para
outro anseio. Alega entáo o cristáo em crise: "Nao tenho tempo para a religiáo...
Guardo minha fé... Rezo minhas oracóes..."; em suma, cada qual faz "sua reli
giáo".

Também se poderia apontar a lei "do mais fácil". Há certos assuntos que
incomodam; entre eles, o pensar no sentido da vida, no "por que e para que
existo?". Num mundo em que tudo é passageiro e relativo, a nocáo do Absoluto
fica um tanto pálida e pode mesmo despertar medo,... o medo do Definitivo e
Necessário, ... o medo de reconhecer o vazio dos bens materiais, fugazes e
ilusorios como sao. Esse medo pode induzir o cristáo a procurar "urna religiáo
tranquilizante", com algumas práticas piedosas que nao exijam muito dos seus
devotos.

Tal estado de coisas prepara urna grande decepcáo. É mais válido enfren
tar a plena Verdade do que tentar fugir déla; cedo ou tarde os engodos cairáo e a
plena luz se mostrará.

Que fazer entáo?

Se é verdade que todo ser humano precisa de educacáo, mais verdade


ainda é que o cristáo necessita de ser sacudido e estimulado na busca dos autén
ticos valores, que sao invisíveis, sim, mais reais porém do que os visíveis. Esses
genuínos valores nao podem ser apreendidos pelos sentidos (olhos, ouvidos,
tato...), mas podem ser experimentados. Sim; Deus é o Ser em plenitude, é o
grande TU para o qual o homem foi feito; quem O procura corajosamente, avi
vando sempre o seu ideal, pode fazer a experiencia de Deus, experiencia que
resulta da afinidade ou da familiaridade com Deus. Assim como existe a vida
exterior de trabalho e producáo concreta, existe a vida interior, que caracteriza as
grandes personalidades e, especialmente, os Santos; é preciso que o cristáo viva
nao a partir do exterior, mas a partir do interior ou da profundidade de sua vida
espiritual.
E.B.

241
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XLI - Ns 457 - Junho de 2000

Judeus Messiánicos:

ELA RECONHECEU JESÚS


ATRAVÉS DAS ESCRITURAS

Em síntese: Existem atualmente alguns grupos de judeus, como


também nao poucos individuos israelitas, que reconhecem Jesús como
Messias. Aderem a Jesús ora mais destemidamente, ora mais tímida
mente. Ñas páginas subseqüentes é apresentado o relato de urna senho-
ra judia que, educada na mais estrila observancia da Yiddishkeit, se
voltoupara as Escrituras do Antigo Testamento e os comentarios rabínicos,
a fim de tentar converter ao judaismo seu marido protestante: acaboupor
reconhecer em Jesús o seu Messias. Já que Jesús era judeu, aderir a
Jesús nao implica renunciarás tradigóes judaicas nem perderá identida-
de israelita.

Via Internet, a Redacáo de PR recebeu interessante relato da Sra.


Sharon R. Alien que, educada na absoluta fidelidade as leis religiosas
judaicas, quis estudar a Biblia para convencer seu marido cristáo de que
Jesús nao podia ser o Messias aguardado e, por isto, deveria converter
se ao judaismo. Leu todo o Antigo Testamento com o máximo cuidado;
leu também os melhores comentarios rabínicos, consultou varios mes-
tres do judaismo... e acabou convencendo-se de que a figura de Jesús
de Nazaré já está esbocada no Antigo Testamento, de modo que aderir a
Ele Ihe pareceu lógico e necessário, apesar de quantos argumentos Ihe
foram apresentados em contrario.

Um Apéndice ao relato da Sra. Sharon, da autoría de Sid Roth,


observa que professar a messianidade de Jesús nao significa renunciar
a ser judeu, pois Jesús é o Salvador prometido pelas Escrituras judaicas.

Segue-se o texto da Sra. Sharon R. Alien:

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ELA RECONHECEU JESÚS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS

YIDDISHKEIT

O estilo de vida judaico


Sharon R. Alien

Eu nasci em 1945 no Hospital "Beith Israel" na cidade de Nova


York. Meu nome hebraico é Tura Rifka. Eu fui criada num lar que obser-
vava o judaismo. Desde o instante em que minha máe acendia as velas
do Shabbat ao entardecer de 6a feira até urna hora depois do pór-do-sol
na noite de sábado, havia certas regras e regulamentos que nos seguía
mos. Eles nao nos causavam constrangimento ou opressáo. Era o nosso
modo de mostrar nosso amor, nosso respeito e nossa devocao a DEUS.

Nos seguíamos as ordens rabínicas, tais como: nao usar eletrici-


dade nos Shabbats. Nos deixávamos urna luz acesa no corredor, que era
ligada antes que o Shabbat comecasse, e era deixada ao longo da noite
e do próximo día até urna hora depois do pór-do-sol de sábado a noite,
quando terminava o Shabbat. Nos nao tínhamos permissáo para traba-
Ihar no Shabbat; isto incluía minha licao de casa, pois que nos Shabbats
nao é permitido escrever, cortar ou rasgar papel. Nos sabíamos que o
Shabbat era especial por causa daquilo que fazíamos ou nao fazíamos, e
era diferente dos outros dias da semana.

Naturalmente, minha máe mantinha urna cozinha Kosher1, onde


apenas alimentos Kosher eram permitidos. Conjuntos separados de pra
tos e utensilios para laticínios (milchig) ou derivados de carne (fleishig)
eram estritamente obrigatórios. Meu irmáo e eu sabíamos, desde o tem-
po em que conseguimos alcancar as gavetas e prateleiras, nunca con
fundir os utensilios de laticínios e carnes. Conjuntos separados de pratos
eram também necessários para a Páscoa. Aqueles pratos eram somente
retirados do alto do armario "difícil de alcancar" urna vez por ano, para
serem usados apenas na Páscoa.

Nos guardávamos todos os feriados judaicos. Meu irmáo e eu fre-


qüentávamos a escola hebraica. Nos crescemos, sabendo quem nos éra
mos dentro da comunidade judaica.

Mudando para Oeste

Quando jovem, eu casei-me com um homem de igual origem judai


ca. Nos tivemos urna filha, a quem chamamos Elisa. Seu nome hebraico
era Chava Leah. Quando ela tinha apenas alguns anos de idade, meu
marido e eu nos divorciamos. O divorcio judaico que nos obtivemos, era
conhecido como um "Get".

1 Kosher = segundo a Leí de Moisés (N.d.Redagáo).

243
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Eu trabalhava no "Centro de Roupas" na cidade de Nova York.


Durante este tempo Elisa freqüentava a Escola Judaica. Lembro-me da-
queles primeiros anos, quando Elisa e eu devíamos esperar pelo seu
ónibus escolar as 7 horas ñas manhas de invernó frías, escuras e cheias
de nevé. Nos nos acotovelávamos, gelando juntas no vento. Foi numa tal
manhá que eu sussurrei para minha filha: "Assim nao dá".

Mudar de regiáo parecía um passo na direcao certa...

Em 27 de agosto de 1974, Elisa e eu chegamos em Los Angeles,


California. Quase ¡mediatamente eu a matriculei na Yavneh Yeshiva, por
que a escola comecaria em setembro. Ela tinha seis anos. Nos vivíamos
perto da escola no Distrito de Fairfax, a secáo ortodoxa da cidade, e
ficamos envolvidas com a congregacáo Shaari Tefillah.

Alguns anos depois, meus país mudaram-se para Los Angeles, a


fim de nos encontrar; logo depois disso nos nos mudamos para o Sul,
para Orange Country. Naquela época havia um grande estouro ¡mobilia
rio, e, como muitos outros, eu decidí tirar minha licenca de corretera.
Urna vez obtida minha licenca, comecei a trabalhar num escritorio cujo
dono era chamado Ron Alien. Ele se tornaría meu marido.

Negocios era sua religiio

Quando eu e Ron nos encontramos pela primeíra vez, ele sabia


que eu era judia e que tinha sido criada num lar judeu religioso. Tudo que
eu sabia sobre sua orígem religiosa, era que ele era um protestante. Ele
nunca mencíonou Jesús, o Novo Testamento ou a igreja. Se ele o tivesse
feito, eu teria corrido na direcao oposta. Aparentemente, ele nao ia a
igreja desde a adolescencia. Ele tinha 42 anos. Eu tinha 32 anos. Relí-
giáo era a coisa mais longínqua na mente de Ron; negocios era sua religiao.

Á medida que Ron veio a conhecer nossas tradicóes judaicas, ele


aceitou-as como se fossem dele mesmo e participava ardorosamente.
Por causa do seu modo caloroso e agradável, meus pais o abencoaram
em nossa familia. Minha máe costumava dizer sobre Ron: "Ele é táo
hamisha", o que em Yiddish significa: "Ele é tao agradável".

Nos éramos ativos na Chabad e nos tornamos ligados ao rabino


Mendel Duchman, a quem admirávamos e respeitávamos. Um pouco
homem de letras; um pouco "showman" e um pouco homem de negoci
os, o rabino Duchman tinha sucesso em renovar o interesse das pessoas
pelo estilo de vida judaico. Sua esposa Raquel era agradável, atenciosa
e sabia. Ela era o retrato da jovem dona de casa judia conscienciosa,
urna rebbetzen's rebbetzen (esposa de rabino), por assim dizer. Ron e
eu entendemos logo que estávamos no lugar certo. Eu tomei-me muito
ativa no grupo de mulheres do Chabad.

244
ELA RECONHECEU JESÚS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS 5

Convertendo ao judaismo

Alguns anos depois de Ron e eu termo-nos casado, as discussóes


sobre sua conversáo ao judaismo tornaram-se serias. Eu sabia que nos-
so futuro conjugal poderia ser prejudicado, se ñon recusasse. Ter um lar
judaico e criar Elisa como judia era a coisa mais importante para mim.
Porque, para ser um judeu bem sucedido, vocé precisa de fazer a si mes-
mo a seguinte pergunta: "Os seus netos sao judeus?" e poder responder
com urna afirmativa. Quando Ron adotou legalmente Elisa logo após nosso
casamento, até os papéis de adocáo estipularam que Elisa seria criada
como judia.

Além disso, os judeus consideram o funeral e a vida após a morte


de vital importancia. Como judia, eu sabia que o sepultamento num cemi-
tério judaico era essencial. Acreditamos que, se somos sepultados num
cemitério judaico, viajaremos por debaixo da térra até Eretz1 Israel e es
taremos entre os primeiros a ressuscitar. Como judeus, acreditamos que
iremos ao paraíso ou seio de Abraáo. Se acidentalmente vagarmos pelo
"outro lugar", o pai Abraáo "nos trará de volta".

A importancia, para mim, de ser urna judia praticante é enfatizada


pela seguinte estória do Talmud (Tractate Berachot 28b) sobre Rabbi
Yochanon Ben Zakkai no seu leito de morte. Os alunos do rabino ficaram
chocados ao encontrarem seu mestre chorando. Ao pedirem que expll-
casse seu comportamento, o sabio respondeu que, se ele fosse levado
perante um rei de carne e sangue, cujo castigo nao fosse eterno e que
pudesse ser subornado e apaziguado, ele ainda assim estaría morrendo
de medo; imaginassem entao como ele se deveria sentir ao encontrar-se
diante do Rei dos Reis, que vive para sempre, cujo castigo é eterno e que
nao pode ser comprado ou apaziguado! Além disso, dois caminhos esta-
vam diante dele, o sabio explicou: um levava ao céu e o outro ao inferno;
diante de tais perspectivas nao deveria ele estar com medo?

Na edicao de Janeiro de 1989, do B'nai B'rith Messenger, pensa-


mentos da Tora, o Rebbe Menachem M. Schneerson escreve sobre esta
estória: "O Talmude relata que, quando o grande sabio rabino Yochanon
Ben Zakkai chorou diante de sua morte, ele disse: 'Há dois caminhos
estendidos diante de mim: um para Gan Edén (céu) e um para Gehinon;
eu nao sei em qual serei conduzido'. Nao é preciso dizer que o rabino
Yochanon Ben Zakkai estava preocupado com seu estado espiritual; te-
ria ele atingido um nivel suficiente de santidade para entrar no céu?".

Estas preocupacóes eram de um hornero que recebeu o crédito


pela sobrevivencia da Diáspora Judaica e cuja influencia tem sido senti-

1 Eretz: térra, país (N. d. R.).

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6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

da através dos sáculos. Mas ele nao sabia com certeza se estava indo
para o céu ou para o inferno.

Causa surpresa esta estória ter-me chamado a atencáo? Se um


táo eminente e renomado estudante da Tora como rabino Yochanon Ben
Zakkai estava em dúvida quanto ao seu destino, é obrigatório fazermos o
que seja necessário para garantirmos nosso destino futuro e sermos con
siderados dignos do Gan Edén.

Urna outra consideracao a respeito da conversao de Ron estava


ligada com o Rabino Israeli, o qual aceita somente conversóes ortodo
xas. Sabíamos que somente urna conversao Kosher seria aceitável.

Como parte de qualquer conversao judaica, o estudo do estilo de


vida judaica, da historia e da ética é vital. A Ron foi exposta a Yiddishkeit
(o estilo de vida judaico) em nossa casa. Eu me alegrava com o pensa-
mentó de que ele iria estudar com Rabbi Duchman.

Antes desta conversao se realizar, eu queria deixar o Ron ciente


das tres cerimónias que seriam exigidas. Eu Ihe expliquei que va roes
precisam de ser circuncidados. Era também necessário que ele fosse
imerso em agua num Mikvah. Isto é semelhante ao batismo e simboliza
a purificacáo e a ¡dentif¡cacao com o povo judeu. A terceira cerimónia,
embora nem sempre feita em Conversóes Reformadas ou Conservado
ras, deve sempre acompanhar urna Conversao Ortodoxa ou Kosher e
esta é a renuncia as crencas anteriores da pessoa perante o Beit Din ou
corte rabínica (conselho de rabinos).

É táo pagáo
Ron concordou com todas as cerimónias, menos a última. Ele dis-
se que simplesmente nao podia renunciar a Jesús.

Eu fiquei horrorizada! Meu marido nunca tinha mencionado Jesús,


nao tinha ido á Igreja por mais de 30 anos, e nunca tinha usado as pala-
vras "cristáo", "Cristo" ou "Novo Testamento". Estávamos levando urna
vida judaica - ajudava a construir a sinagoga judaica, nossa filha estava
freqüentando urna Academia Hebraica - e meu marido estava-me dizen-
do que ele nao podia renunciar a Jesús!

Eu fiquei muito aborrecida. Disse ao meu marido: "Isto é loucura.


Vocé é urna pessoa táo lógica e esperta e um empresario de sucesso.
Como pode vocé crer em algo táo pagáo? É urna fantasía. É como mito-
logia gregal"

Entáo, no meio do meu horror, tive este pensamento tranquilizador:


Simplesmente comecarei a ler a Biblia judaica e em pouco tempo serei
capaz de mostrar a meu marido as Escrituras que Ihe provaráo que Je-

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ELA RECONHECEU JESÚS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS 7

sus nunca poderia ter sido o cumprimento da Biblia judaica. Eu sabia que
estaría na minha Biblia judaica tudo que Deus quería que Seu povo judai
co soubesse sobre Seu Messias judaico, de maneira que nos, judeus, o
reconhecéssemos quando Ele viesse.

Está Jesús na Biblia judaica?

Eu desci as escadas para a sala e peguei minha Biblia judaica da


prateleira. Enquanto eu a abría naquele dia, fiz urna prece muito especi
al. Orei ao Deus de Abraáo, Isaque e Jaco para me mostrar a verdade e
para ajudar meu marido a tornar-se um judeu.

Naquela manhá, quando meu marido saiu para trabalhar e minha


filha para a escola, eu comecei a ler a Biblia. Eu comecei da página um,
"No comeco...", e continuei a ler página após página. Quando meu mari
do veio do trabalho para casa e minha filha da escola, lá estava eu aínda
lendo. Na manhá seguinte meu marido foi trabalhar e minha filha foi á
escola, lá estava eu lendo. Quando eles voltaram novamente para casa,
lá estava eu aínda lendo. Isto continuou por dias, semanas e meses.

Eu fiquei admirada com o que encontrei escrito dentro das páginas


da minha Biblia judaica, em relacáo ao Messias - onde Ele deveria nas-
cer, como Ele viveria sua vida, os milagres que Ele faria. A Biblia também
fala do Seu sofrimento e morte. Isto assustou-me porque o que eu li soa-
va muito parecido com o que eu ouvira dizer sobre Jesús.

Quem quer que esteja considerando se "Yeshua" (Jesús) aparece


na Biblia judaica precisa apenas de ler as murtas passagens relativas ao
Malach Há Shem, o mensageiro do SENHOR. Pelo estudo cuidadoso
das passagens relativas a suas manifestares e como Ele se conduziria,
alguém pode deduzir que Ele nao é um ser meramente criado. Ele fala
como Deus e aceita a adoracáo que somente pode ser dada ao próprio
Deus. E Ele traz em sí o inefável nome de Deus, o Tetragrama, em hebraico
o Yud Hay Vav Hay (Éxodo 23, 21).
Além disso, Yeshua, o nome hebraico de Jesús, significa "Salva-
cáo". Em todo lugar na Biblia judaica e nos nossos sagrados Nvros judai
cos de oracáo, sempre que a palavra "Salvacáo" aparece, nos estamos
proferindo o nome hebraico de Jesús, Yeshua.
Em Isaías 49,6 as Escrituras falam de urna época quando o Servo
sofredor se lamenta frente a Deus porque Ele tinha falhado nao restau
rando as doze tribos de Israel; Deus responde dizendo: "É coisa muito
leve para ti ser um servo somente de Israel; Eu te darei como luz para
todas as nacóes do mundo". Em hebraico a palavra "nacóes" é "goyim".
Assim eu tive que fazer a mim mesma a pergunta: "Quando o Messias
veio e falhou nao trazendo de volta as tribos de Israel e quando Deus deu
o Messias aos goyim?".

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8 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Eu fiquei sabendo que os escritores judaicos da antigüidade reco-


nheciam que havia dois retratos do Messias apresentados ñas páginas
da Biblia judaica. Eles até tinham nomes para eles: Mashiach Ben Yoseph
(Messias filho de José) o Servo sofredor e Mashiach Ben David (Messi
as filho de Davi) - o Messias que viria como herói conquistador.

Tem Deus um Filho?

Em Proverbios 30, 4 encontrei que Deus tem Filho:

"Quem subiu ao céu e de lá desceu? Quem encerrou os ventos nos


seus punhos? Quem amarrou as aguas do marnuma túnica? Quem esta-
beleceu todas as extremidades da térra? Qual é o seu nome? E qual é o
nome de seu filho, se é que o sabes?".

Poderia o Rebbe ser o Messias?

Quando terminei de ler todas as páginas da minha Biblia judaica,


estava confusa e assustada. O pensamento veio a mim: "Sharon, como
vocé se atreve a pensar que vocé pode interpretar a Biblia por si mesma,
como se vocé soubesse tanto quanto um rabino?" Mas entáo eu pensava
sobre as passagens que eu lera onde Deus disse aos filhos de Israel que
viessem e ouvissem sua palavra por si mesmos (Deuteronómio 4,10; 11,
18-20; 4, 29 e Jeremías 29, 13).

Eu sabia que nao podía parar ali. Havia muita coisa em jogo.

Como eu mesma poderia suportar a idéia de ser urna proscrita de


meu povo? Quáo absurdo era pensar que um homem que os gentíos
chamavam Jesús Cristo poderia ser o Messias para os judeus! Assim eu
disse a mim mesma: "Sharon, alguma coisa deve ter-te escapado".

Eu me lembrei de que os rabinos dizem: "Vocé nao pode entender


a Biblia sem os Comentarios Judaicos". Assim eu comprei os comentari
os de Rashi, os comentarios de Soncíno e os últimos comentarios judai
cos chamados The Artscroll Tarach Series de Mesorah Publications.
E, á medida que eu lia os comentarios, mais eu quería ler. Eu também
trouxe para casa os textos do Talmude Babilónico, da Enciclopedia Ju
daica, Midrash Rabbah, Mishneh Torah de Maimónides, Targum Onkelos,
Targumim Jonathan, os Textos Messiánicos de Raphael Patai e o Guia
para os Perplexos de Maimónides. Eu continuava estudando, dia após
dia. Cada texto que eu estudava, eu pensava: talvez este trará a respos-
ta, a chave para destruir o pensamento de que o Messias dos gentíos era
a "verdade". - O Messias Judaico!

Tudo isto estava comecando a afetar minha vida. Quando me per-


guntaram se eu aceitaría um papel de lideranca como a próxima presi
dente do "Chabad Women", sentí que tinha de rejeitar porque estava le
vando urna existencia dupla.

248
ELA RECONHECEU JESÚS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS 9

Nao se preocupar

Urna tarde Elisa veio da Academia Hebraica para casa e me disse


que precisavam de máes a fim de conduzirem estudantes para visitarem
urna padaria Kosher. Ela perguntou se eu poderia ser voluntaria. Eu es
tava feliz por ajudar. Naquele dia, enquanto andava pelo distrito Fairfax,
percebi que em urna vitrine da livraria Chabad havia alguns livros anti-
missionários em exposicao. Quando ninguém estava olhando, precipitei-
me para a livraria e comprei cada livro anti-missionário disponível.

Eu estava ficando mais e mais perturbada por minha pesquisa. Até


aquele momento eu vinha estudando sozinha. Apenas minha filha sabia
o que estava lendo. Mas chegou o tempo da necessidade de ajuda de
fora e assim eu voltei-me para o meu rabino. Eu chamei Mendel Rochel e
pedi que eles viessem a minha casa. Quando eles chegaram, nos nos
sentamos na biblioteca e eu mostrei a eles meus livros. Eu disse-lhes
que, quando eu lia minha Biblia, eu via Jesús. Pedi a Mendel que me
ajudasse. Eles cochicharam entre si. Depois eles se viraram para mim, e
Mendel disse: "Nao se preocupe". Ele tinha justamente o homem para
mim - um profissional que trabalha com pessoas como eu. Ele daria a
esse profissional meu número de telefone e o homem me chamaría. Eu
Ihes agradecí quando saíram. Eu me sentí táo grata e aliviada, porque ¡a
ter a ajuda de que precisava e as respostas que táo desesperadamente
quería.

Duas noites mais tarde, recebi um telefonema do Rabino Ben Tzion


Kravitz. Apresentei a ele um pequeño retrospecto sobre minhas pesqui
sas e expliquei como tudo comecou. Ele escutou e disse que nao me
preocupasse. Ele até mencionou urna fita de vídeo que ele tinha, de pes
soas que sairam renunciando a sua fé em Jesús. Eu pedi-lhe que a trou-
xesse quando viesse á minha casa. No nosso primeiro encontró o rabino
e eu discutimos a Biblia, a historia judaica e tradicóes por dez horas.

Desesperadamente buscando a verdade

Após muitas conversas, o rabino sugeriu que eu falasse com outra


pessoa. Ele recomendou Gerald Sigal no Brooklyn, Nova York, autor de
A Resposta Judaica aos Missionários Cristáos. Rabino Kravitz disse
que ele telefonaría para o Senhor Sigal, contaría a ele mínha situacáo e
deixaria que nos dois discutiésemos varias questóes ao telefone.
O rabino e o Senhor Sigal desenvolveram um plano. O Senhor Sigal
chamaría a cobrar toda segunda-feira á noite. Nos deveríamos discutir
varios tópicos e depois ele proporia urna pergunta que eu pesquisaría
durante a semana. Na segunda-feira seguinte eu deveria dar-lhe a res-
posta. Por exemplo, urna semana o senhor Sigal disse que a genealogia
de Jesús era falha porque, no judaismo, nenhuma mulher era incluida

249
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

ñas genealogías judaicas. Eu fiquei perplexa por esta declaracáo, por


que eu tinha lido recentemente a longa lista de genealogías em 1 ° Cróni
cas nos Anais Históricos da Biblia Judaica, e mulheres sao mencionadas
nesses registros1. Os nomes das mulheres foram incluidos para ajudar o
conhecimento específico necessário quando um pai tinha somente filhas
e nenhum filho, ou quando havia mais de urna esposa ou havia concubinas.

Nossas conversas continuaram por algum tempo até que o senhor


Sigal disse ao Rabino Kravitz que eu tínha ido longe demais para ser
ajudada. Rabino Kravitz estava aborrecido comigo e disse que eu deve-
ria ter aceitado o que quer que o senhor Sigal tívesse dito. Ele acusou-
me de realmente nao querer conhecer a verdade. O rabino nao entendía
que eu estava desesperadamente procurando a verdade e faria qualquer
coísa para encontrá-la. Rabino Kravitz estava provavelmente embaraca-
do também porque o Rabino Duchman ficava perguntando: "Vocé ainda
nao a ajudou?"

Quando eu leio minha Biblia, eu vejo "Aquele Homem"!

Pouco tempo depois disto, recebi um telefonema do Rabino


Duchman. Ele me falou sobre um perito especialista conhecido internaci-
onalmente, Rabino J. Immanuel Schochet, que estaría falando em breve
no Yeshiva de minha fílha. Eu disse que iría.

A noite em que eu ouvi o Rabino Schochet, foi urna hora decisiva


na minha pesquisa pela verdade. Minha familia e eu sentamo-nos na
frente, porque minha filha estava freqüentando a Academia e nos sentía
mos confortáveis sentando-nos perto do orador.

Cedo naquela tarde Ron, Elisa e eu tínhamos decidido que iríamos


apenas para ouvir e nao diríamos nada até que o programa terminasse.
Entáo, e apenas entáo, eu iría tranquilamente ao rabino e perguntaria se
ele poderia ajudar-me.

A fala do rabino centralizou-se em generalidades da vida do lar


judaico e os problemas encarados pela familia. Ele também discutiu va
rias religióes e como elas diferiam do judaismo.

Após o rabino ter completado sua fala, ele solicitou perguntas. Urna
pessoa perguntou ao rabino como ela poderia proteger seus filhos contra
a influencia crista. O rabino declarou que, se as tradicóes fossem respei-
tadas e seguidas dentro de um lar judaico, haveria menos oportunidade
de urna enanca se extraviar.

Outra pessoa expressou sua preocupacáo acerca de missionários


que queriam doutrinar suas enancas sobre Jesús. O rabino reiterou o

1 Ver, por exemplo. 1Cr2, 3s. 17-21; 3, 1-9... (N.d.R.).

250
ELA RECONHECEU JESÚS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS 11_

valor de tertradicoes judaicas no lar, mas também insistiu na importancia


de mandar nossas criancas para as escolas judaicas e Yeshivas.

A terceira pergunta veio de um homem que perguntou o que ele


poderia fazer quando seu filho fosse para casa perguntando-lhe sobre
Escrituras com as quais ele, como pai judaico, nao estava familiarizado.
Neste ponto, Rabino Schochet agarrou os lados do podio e gritou para a
audiencia: "Nunca em nenhuma ocasiáo um judeu sabio se volta para
Aquele Homem!" ("Aquele Homem" é como os judeus chamam Jesús
quando eles nao querem dizer seu nome).

Eu senti que o rabino estava talando diretamente para mim. Assim


agarrei a mao de Ron e cochichei: "Devo dizer alguma coisa?" E Ron
disse: "Sim!"

Entáo agarrei a máo de Elisa e cochichei: "Devo dizer alguma coi


sa?" E Elisa disse: "Sim!".

Assim levantei a máo e perguntei: "Rabino, o que diz a alguém


como eu, que conheco Yiddishkeit, sigo o judaismo, tenho um lar judaico
e no entanto, quando eu leio a Biblia judaica, vejo Aquele Homem!!?"
Havendo tantas familias judaicas e rabinos na sala, minha pergun
ta bateu como urna granada. Pelas próximas 4 ou 5 horas até meia-noite
o Rabino Schochet e eu discutimos Yiddishkeit, costumes judaicos, a
Biblia, e outros assuntos. Quando a meia-noite se aproximou, o rabino
estava ansioso para terminar o encontró; assim ele disse o que conside-
rava serem as palavras que mostrariam a mim e a todos na sala por que
Jesús nao podía ser o Messias prometido. Ele gritou para a audiencia
que Jesús cometerá blasfemia quando estava na cruz. E, num zangado
tom de deboche, citou Jesús dizendo: "Meu Deus, meu Deus, por que me
desamparaste?" (SI 22, 2; Mt 27, 46s).

Eu fiquei horrorizada com o tom de voz do Rabino Schochet e a


acusacáo de que Jesús havia cometido blasfemia. Eu disse-lhe que ha-
via muitas razóes para Jesús ter feito esta declaracáo. Ele podia ter grita
do numa voz triste ou de súplica. Mas o rabino Schochet recusou-se a
ver meu ponto de vista. Achei incrível que na sua raiva ele aparentemen
te esqueceu que a declaracáo de Jesús feita na cruz fora primeiramente
feita pelo nosso próprio amado Rei Davi no Salmo 22. E ALGUM JUDEU
OUSARIA DIZER QUE DAVI COMETEU BLASFEMIA?!1
' As últimas palavras de Jesús Crucificado: "Meu Deus, meu Deus, por que me aban
donaste?" (Mt 27, 46) nao exprimem desespero nem revoita da parte de Jesús, mas
significam que Ele se quis identificar com o homem pecador; este se afasia de Deus
e senté a solidáo, como se Deus se tivesse afastado. Jesús quis experimentar tal
situagáo na Cruz para déla nos livrar. Ademáis é de notar que as palavras de Mt 27,
46 sao a citagáo do SI 22, 2, que Jesús quis recitar na Cruz, porque descreve, como
nenhum outro, pormenores da Paixao e da Vitoria do Messias. (N.d.R.).

251
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Nao digo que seja urna erudita em hebraico ou urna erudita na


Biblia. Eu sou apenas urna simples mulher judia comum, que ama
Yiddishkeit e que táo somente quer conhecer a verdade.

Naquela noite eu disse a meu marido e minha filha: "Nao tenho


mais dúvidas. Jesús é meu Messias judaico".

Comentario por Sid Roth

Incidentalmente, eu nao oro para o Messias, mas eu oro a Deus no


nome do Messias. Meus antepassados oravam a Deus por intermedio do
sumo sacerdote judeu. Meu Sumo Sacerdote é Jesús.

A última razáo por que algumas pessoas judias nao procuram a


Jesús é porque os rabinos dizem a eles que, se eles créem em Jesús,
eles nao sao mais judeus. Mas, se Jesús é o Messias judaico, nao há
nada mais judeu do que crer nEle. Entáo a questáo nao é "Como vocé
pode ser judeu e crer em Jesús?" mas, em lugar disto, "Quem é Jesús?"

Os seguidores de Rabino Schneerson poderiam ter evitado urna


porcao de problemas se eles tivessem pensado por si mesmos. O messi
as tinha que ter nascido em Belém de acordó com as nossas Escrituras.
Rabino Schneerson nem mesmo visitou Israel!

LINKS JUDAICO-MESSIÁNICOS

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REFLETINDO...

O texto em pauta sugere tres reflexóes:

1) A Escritura do Antigo Testamento anuncia profeticamente a vin-


da e a figura do Messias, pois toda a razáo de ser do povo de Israel é a
espera da chegada do Messias. Com razáo, pois, se diz que "o Novo
Testamento está latente no Antigo Testamento e o Antigo está patente no
Novo". Verdade é que a exegese da Sra. Sharon Alien foi assaz subjetiva

252
ELA RECONHECEU JESÚS ATRAVÉS DAS ESCRITURAS 13

e pessoal, de modo a nao convencer qualquer leitor. Todavía urna leitura


objetiva e científica da Biblia leva a descobrir nos escritos do Antigo Tes
tamento traeos muito nítidos do Messias, que se realizaram plenamente
no Senhor Jesús, como entenderam as primeiras geracoes cristas, inclu
sive os autores do Novo Testamento.

2) Conseqüentemente verifica-se que, quando um judeu se faz cris-


tao, nao faz senáo atender á dinámica mesma do judaismo. Desde os
tempos de Abraáo (século XIX a.C.) o povo israelita aguarda o Messias
prometido, de modo que aderir a Ele (devidamente credenciado) nao é
senáo confirmar a índole própria do judaismo. Importantes vultos judeus
convertidos ao Cristianismo tém declarado nao haver deixado de ser ju
deus. Observe-se também o número de correntes de judeus messiánicos,
que nao hesitam em ver na figura de Jesús o Messias prometido a Abra
áo e aos Patriarcas. A questáo que se coloca a esses judeus é: como
viver propriamente a fé crista? - Há diversas maneiras de responder a tal
pergunta. Cf. PR 375/1993, pp. 345-356.

3) O que possibilitou á Sra. Sharon Alien reconhecer Jesús como


Messias, foi a sua sinceridade; foi urna pesquisadora disposta a desco
brir a verdade onde quer que ela se encontrasse e apesar do antagonis
mo de seus mestres. A sinceridade, a candura ou a boa fé tém importan
cia decisiva quando se trata de procurar a Deus. O nao cristáo ou mesmo
o ateu que indaga sem preconceitos e de coracáo livre chega, cedo ou
tarde, a Deus e a Jesús Cristo. Ao contrario, quem tem fé, mas se entre
ga a paíxóes desregradas, vai aos poucos perdendo a fé, pois se desfi
gura e descaracteriza. Daí o valor enorme das chamadas "virtudes hu
manas" (lealdade, honra, brío, honestidade, veracidade, responsabilida-
de...); sao elas que fazem resplandecer a imagem e semelhanca de Deus
na criatura intelectual; pode-se dizer que Deus está no ámbito de tais
virtudes; Ele ai pode ser encontrado com certa facilidade. Ao contrario,
onde tais virtudes sao conculcadas (o que infelizmente nao é raro em
nossos días), a imagem de Deus se obnubila e tende a desaparecer;
Deus nao está no clima de quem menospreza a base humana de sua
vida religiosa. Sabiamente diz o axioma: "A graca nao destrói a natureza,
mas a supóe e aperfeicoa".

Á faixa incrédula da sociedade contemporánea pode-se recomen


dar que, ao menos, cultive as virtudes humanas, virtudes alias que toda
personalidade ciosa de sua dignidade nao pode deixar de observar e
estimar.

253
Preservado da Fé:

APROVApÁO DE ESCRITOS NA IGREJA

Em síntese: O Senhor Jesús confiou a sua Igreja o precioso depó


sito das verdades da fé, para que sejam transmitidas ao mundo inteiro. A
fim de guardar puro esse tesouro, a Igreja se vé obrigada a examinar os
livros relativos a fé e a Moral que os fiéis católicos (clérigos e leigos)
tencionam publicar. Eis por que o Código de Direito Canónico aborda
essa temática em diversos cánorjs. O presente artigo propóe as normas
emanadas desses cánones em urna seqüéncia sistemática.

Sao Paulo termina sua primeira carta a Timoteo com as seguintes


palavras:

'Timoteo, guarda o depósito. Evita... as contradicóes de urna falsa


ciencia" (6, 20).

Destes dizeres se depreende que, já na época dos Apostólos, ha-


via proposites que deturpavam o depósito da fé, precioso tesouro con
fiado por Jesús á sua Igreja. Sao Paulo insiste nao poucas vezes na
preservado das verdades da fé contra toda tentativa de as deteriorar
mediante concepcóes heterogéneas; chegava ele a dizer que a heresia
"é como urna gangrena que corroí" (2Tm 2,17).

O zelo do Apostólo se prolonga na Igreja através dos séculos, de


modo que ainda hoje existem normas do Direito Canónico destinadas a
defender os artigos da fé e da Moral contra falsas interpretares. Tais
normas se acham esparsas no Código de Direito Canónico, de sorte que
se torna oportuno recolhé-las e dispó-las sistemáticamente para facilitar
a consulta dos interessados. É o que se fará ñas páginas subseqüentes.
1. Duas observacóes preliminares

1.1. Obrigacáo e Recomendacáo

A grande novidade nesta materia, introduzida em 1983 pelo atual


Código de Direito Canónico, consiste em que nao se requer obrigatoria-
mente a revisao previa e a licenca da autoridade eclesiástica para publi
car todo e qualquer livro ou escrito atinente á fé e á Moral. Há, sim, casos
em que é obrigatório pedir autorizacáo para publicar, como há outros
em que apenas se recomenda que o iivro ou escrito seja submetido ao

254
APROVAQÁO DE ESCRITOS NA IGREJA 15

juízo da autoridade. Nos casos de mera recomendacáo, o autor do escri


to há de ter consciéncia de sua responsabilidade perante o público, de
modo a nao propor doutrina alguma que fira a fé ortodoxa e os bons
costumes; há de proceder com seriedade e baseado sobre motivos
ponderáveis para nao pedir a autorizacáo eclesiástica; como motivo
ponderável, apontam os comentadores o fato de que um autor católico
deseje publicar urna obra auténticamente crista em ambiente nao católico.
1.2. Aprovacáo e Licenca

O Código de Direito Canónico ora fala de aprovacio de escritos


(can. 825 § 1o, 826 § 2 ...), ora de licenca ... (can. 826 § 3, 827 § 4), ora
de aprovacáo ou licenca da autoridade eclesiástica (can. 824 § 1,827 §
4,830 § 1). Donde a pergunta: haverá diferenca entre aprovacáo e licen
ca (ou autorizacáo)? - De acordó com o Prof. Carlos J. Errázuriz M.,
pode-se crer na equivalencia dos conceitos; ambos supóem que a auto
ridade eclesiástica tenha mandado examinar tal ou tal obra e emita urna
declaracáo que garanta nada haver ai que se oponha aos artigos da fé e
da Moral católicas.1 Todavía poder-se-ia estabelecer urna distincáo base-
ada no Código de Direito das Igrejas Orientáis, canon 661: a licen^a ou
autorizacáo significaría que a obra em foco está isenta de erros em maté-
ría de fé e de Moral, ao passo que aprovacáo implicaría algo mais, a
saber: a aceitacáo da obra por parte da Igreja ou a declaracáo de que o
conteúdo da obra está plenamente conforme com a doutrina da Igreja. -
Esta distincáo, porém, nao se impóe necessariamente ao nosso caso, poís o
Código latino emprega como sinónimos os termos "aprovacáo" e "licenca".

2. Os casos de aprovacáo obrigatória

Requer-se obrigatoriamente a aprovacáo eclesiástica para editar:

a) os livros da S. Escritura em sua língua original e em suas tradu


ces vernáculas. A autoridade competente, no caso, é a Santa Sé ou a
Conferencia Nacional dos Bispos. As traducóes vernáculas háo de ser
acompanhadas de notas explicativas suficientemente claras para que se
cumpra o que preconiza a Constituicáo Dei Verbum (do Vaticano II), n° 25:

"As versóes dos textos sagrados sejam acompanhadas das expli-


cagoes necessárias e realmente suficientes, a fim de que os filhos da
Igreja, segura e utilmente, se familiarizem com as Escrituras Sagradas e
de seu espirito fiquem imbuidos". Cf. can. 824 § 1 °.

b) As versóes da S. Escritura preparadas por fiéis católicos, mes-


mo que o facam em colaboracáo com irmáos separados, háo de ser sub-
metidas á aprovacáo da Conferencia dos Bispos; cf. can. 825 § 2.

1 Comentario Exegético al Código de Derecho Canónico 111/1. EUNSA, Pamplona, p.


326.

255
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

O canon exige que tais traducóes ecuménicas sejam acompanha-


das também de notas explicativas nao apenas de ordem técnica, mas
também relativas á doutrina, apresentando a interpretacáo católica da
Biblia. Esta exigencia tem por conseqüéncia que a mesma traducáo seja
publicada em duas edicoes: uma sem notas doutrinárias, destinada aos
cristáos em geral, e outra com as notas referentes ao entendimento cató
lico do texto sagrado.

c) Os livros litúrgicos e suas traducóes vernáculas háo de ser sub-


metidos á aprovacáo da Santa Sé ou da Conferencia Episcopal respecti
va. Esta aprovacáo significa que o texto a ser publicado está em confor-
midade com a "edicáo típica" ou o texto oficial latino (para a Liturgia de
língua latina).

Quando se quer reproduzir um texto já aprovado, deve-se pedir a


autorizacáo do Ordinario (Bispo ou prelado) do lugar em que se publica
tal texto. Cf. can. 826 §§ 1 e 2.

d) Os livros de oracáo, sejam de uso público, sejam de uso particu


lar, devem ter a aprovacáo do Ordinario do lugar. Cf. can. 826 § 3.

e) Os catecismos oficiáis adotados pelos Bispos para o ensino da


religiáo em qualquer nivel e em cada país háo de ter a aprovacáo da
respectiva Conferencia Episcopal. Cf. can. 827 § 1o. Para esses catecis
mos existe o livro-padráo que é o grande Catecismo da Igreja Católica.

Para os demais livros de ensino da religiáo requer-se a aprovacáo


do Ordinario do lugar. Cf. can. 827 § 2.

f) As colecóes de decretos e atos da autoridade eclesiástica de


vem ser autorizadas pela mesma autoridade eclesiástica. Cf. can 828.

Note-se que o canon só trata de colecóes, ficando livre a reprodu-


cáo fiel dos textos legislativos tomados isoladamente.

g) Nos periódicos, boletins, jomáis, revistas que manifestamente


costumam atacar a religiáo católica ou os bons costumes, os fiéis Ieigos
nao devem escrever a menos que para tanto tenham justa e razoável
causa. Ponderem, portanto, os dois extremos: o escándalo que sua cola-
boracáo possa acarretar, como também o beneficio que uma explanacáo
católica bem ponderada possa produzir em favor dos leitores de tais pe
riódicos.

Quanto aos clérigos e Religiosos, só escrevam em tais periódicos


após receber a autorizacáo do respectivo Ordinario. Cf. can. 831 § 1o.

Reza ainda o can. 831 § 2: "Compete á Conferencia dos Bispos


estabelecer normas quanto aos requisitos para que clérigos e membros

256
APROVAgÁO DE ESCRITOS NA IGREJA 17

de Institutos Religiosos possam participar de programas radiofónicos ou


televisivos sobre assuntos referentes á doutrina católica e aos costumes".
h) Para que os Religiosos possam publicar escritos que tratem de
assuntos de fé ou de Moral, devem obter a licenca do seu Superior maior,
de acordó com as respectivas Constituicóes. O Superior, por sua vez, há
de contar com o previo juízo de ao menos um censor de sua confianca. O
censor, em qualquer caso, emite, se bem Ihe parece, o seu Nihil obstat
(quo minus publici iuris fiat) ou "Nada se opóe á publicacáo" o que
deve ser garantía de que o escrito nada contém de contrario á fé e aos
bons costumes. Tal declaracao é suficiente para que o Superior ou o
Ordinario dé o seu Imprimatur (caso aceite o juízo do censor). Note-se,
porém, que nem o Nihil obstat nem o Imprimatur significam que a auto-
ridade eclesial faz sua a doutrina do livro em foco; ela apenas declara
negativamente que a obra nao se opóe aos ensinamentos da Igreja (sem
que por isto seja o que de melhor se poderia dizer sobre tal ou tal assunto).

Compreende-se que, para os diarios católicos confeccionados com


urgencia no decorrer de poucas horas, nao possa haver censura previa.
Qualquer retificacáo há de ser feita em edicáo subseqüente.

3. Recomendacao

O Código recomenda que os livros referentes á Sagrada Escritura,


á Teología, ao Direito Canónico, á Historia da Igreja e a disciplinas religi
osas e moráis, ainda que nao sejam utilizados como textos de ensíno,
assim como os escritos nos quais existem elementos que se referem de
modo peculiar á Religiao e á honestidade dos costumes, sejam submeti-
dos ao juízo do Ordinario local. Cf. can. 827 § 3.

Por Ordinario local entende-se o Bispo ou prelado em cujo territo


rio o autor da obra tem residencia, ou o Ordinario ao qual o autor esteja
vinculado por questáo de rito ou algo semelhante, ou ainda o Ordinario
do lugar em que fica a editora do livro. Quando a licenga para publicar é
negada por um destes tres Prelados, é lícito ao autor recorrer a um dos
dois outros; deve-se, porém, mencionar a recusa precedente; o novo
Ordinario abordado nao deverá conceder a licenca sem ter obtido do
precedente Ordinario as ¡nformacóes relativas á causa da recusa. Cf.
can. 65 § 1o.

Contra a recusa de licenca ou aprovacáo, é lícito um recurso, nos


termos dos cánones 1732-1739, á Congregacáo para a Doutrina da Fé,
órgáo competente na materia.

4. Especiáis direitos-deveres dos Bispos

O canon 823 § 1° enuncia tres direitos que sao, ao mesmo tempo,


deveres da hierarquia eclesiástica:

257
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

a) a vigilancia sobre questóes de doutrina e de Moral, de tal modo


que se guarde incólume o patrimonio da fé e da vivencia derivadas do
Evangelho.

b) Em conseqüéncia toca aos Bispos o direito-dever de exigir a


revisáo previa dos escritos relacionados com a fé e os costumes, poden-
do incidir nesta norma qualquer escrito relativo á fé e á Moral (mesmo
que nao esteja mencionado nos cánones 824-832).
c) Ainda em conseqüéncia, compete á hierarquia reprovar os escri
tos nocivos á reta fé e aos bons costumes.

O § 2 do mesmo canon 823 define que a hierarquia, no caso, é


representada pelos Bispos (quer individualmente, quer reunidos em Con
cilios particulares), pelas Conferencias Episcopais e pela suprema auto-
ridade da Igreja. - Nao se deve esquecer, porém, que a vigilancia em prol
da preservacáo da fé e dos bons costumes é também dever de todos os
fiéis batizados, que háo de cooperar com seus pastores em vista da mes-
ma meta.

A tarefa de proteger o patrimonio da fé e da Moral tem suscitado


críticas como se tal procedimento ferisse a liberdade e os direitos dos
teólogos e do povo de Deus. - Em resposta, deve-se dizer que o ponto
de partida da teología é a fé. O teólogo há de ser homem de fé,... fé
aceita consciente e livremente, de modo que nao Ihe compete discutir os
artigos de fé e, sim, aprofundá-los. O teólogo que ponha em questáo
alguma proposicáo de fé, é incoerente; já nao faz teología. Ora a fé nos é
transmitida por dois cañáis: a Tradigáo escrita (Biblia) e a Tradicáo oral,
das quais o magisterio da Igreja é o intérprete credenciado pela assistén-
cia do Espirito Santo (cf. Jo 14, 26; 16,13-15). Eis por que o magisterio
da Igreja, através de suas diversas instancias, tem o direito e o dever de
chamar a atencáo daqueles que se desviam da reta fé.

Ademáis é de observar que os direitos dos teólogos terminam onde


comecam os direitos dos fiéis ou do povo de Deus. Ora este tem o direito
de ser instruido a respeito do Credo da Igreja em sua plena autenticida-
de, em oposicáo ao credo particular de algum estudioso, por mais erudito
que este seja. Entende-se, pois, o exercício da vigilancia como um servi-
90 prestado aos próprios teólogos e a todo o povo de Deus.

A Igreja deseja que cada diocese tenha sua Comissáo de Fé e


Doutrina como a tem cada Conferencia Episcopal. Existem normas que
garantem a todo autor de livro já publicado, mas sujeito a questionamentos,
o direito de se defender, expondo claramente seu modo de pensar.

Considerando-se o fato de que algum determinado escrito pode


propor sentencas que somente aos especialistas interessem, ou que po-

258
APROVACÁO DE ESCRITOS NA IGREJA 19

dem causar confusáo em determinados ambientes, a licenca da autori


dade eclesiástica pode ser concedida sob condicóes definidas ou restrita
a certo ámbito, de modo a se evitar o perigo mencionado.

5. O Censor

O atual Código de Direito Canónico conservou o nome e a funcáo


de "censor". Este é um fiel - clérigo ou leigo1 -, perito em materia teológi
ca, que presta sua colaboracáo aos Pastores da Igreja em materia doutri-
nária.

O censor deve destacar-se por reta ciencia e prudencia. Se algum


censor nao se julga competente para examinar determinado escrito, tem
a obrigacáo de o dizer a autoridade eclesiástica, sugerindo outro mais
competente. Nao faca acepcáo de pessoas. O antigo Código prescrevia
que nao se publicasse o nome do censor antes que ele emitisse o seu
juízo, a fim de Ihe assegurar independencia em seu julgamento. Tal nor
ma pode ser válida aínda em nossos dias.

Dois sao os principáis criterios a ser adotados tanto pelo censor


como pela autoridade eclesiástica: 1) a procura incondicional de fidelida-
de doutrinária e 2) a prudencia, ... prudencia que significa ponderar os
efeitos que determínada(s) sentenca(s) - mesmo que seja(m) plenamen
te ortodoxa(s) - podem ocasionar na sociedade eclesiástica e civil. Na
verdade, pode haver ambientes nao preparados para assimilar urna de
terminada conclusáo teológica válida, mas insólita; impóe-se entáo urna
pedagogia que saiba dizer tudo o que deve ser dito de maneira delicada
a fim de nao provocar confusáo ou escándalo.

Se o alvitre do censor é desfavorável á publicacao de algum escri


to, a autoridade eclesiástica nao pode licitamente conceder o Imprimatur
(Imprima-se), mas deverá solicitar, se o quiser, o parecer de outros cen
sores, que poderáo confirmar ou nao o alvitre do primeiro. Caso seja
recusada a autorizacáo, toca ao Ordinario local informar o autor da obra,
expondo-lhe as razóes da recusa. A licenca pode ser concedida sob con-
dicáo de que o autor reveja tal ou tal ponto do seu escrito.

O Código de Direito Canónico nao exige que, ao conceder a licen


ca, a autoridade eclesiástica mencione o nome do censor. Mas requer-
se, feita a ressalva de casos excepcionais (como o de facilitar a circula-
gao do livro em ambientes nao católicos), que o nome da autoridade que
concede a licenca conste da obra, assim como o lugar e a data da con-
cessáo.
1 Reza o canon 228, § 2: "Os leigos que se distinguirem por adequada ciencia, pru
dencia e honestidade, estio habilitados a prestar auxilio aos Pastores da Igreja,
como peritos ou conselheiros, mesmo nos Conselhos, de acordó com o Direito".

259
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

É a autoridade eclesiástica que escolhe livremente as pessoas a


quem confere a tarefa de censor. É oportuno que haja especialistas em
materias diversas no corpo de censores. A Conferencia Nacional dos
Bispos poderá tracar um elenco de censores, que ela oferecerá a cada
diocese.

6. Conclusao

As normas até aqui expostas, depreendidas do Código de 1983,


sao mais brandas do que as do Código de 1917. A nova legislacáo pro-
curou levar em conta os direitos de expressáo e o respeito devido á pes-
soa humana, sem, porém, fazer concessóes ao relativismo doutrinário,
que seria traicao a Jesús Cristo. A sabedoria, no caso, consiste em asso-
ciar entre si incondicional fidelidade á verdade e compreensáo da pes-
soa humana.

Este artigo está baseado no Código de Direito Canónico e nos co


mentarios que a ele faz o Prof. Carlos J. ErrázurizM. na obra Comentario
Exegético al Código de Derecho Canónico, volume 111/1, pp. 319-352.
- Ed. EUNSA Pamplona (Espanha).

Maria. Breve Introducao á Mariologia, porMons. José Lélio Men-


des Ferreira. Ed. Santuario, Aparecida (SP), 140x219mm, 144pp.

O autor escreve sobre Maria SSma. tendo em vista principalmente


os aspectos pastorais da Mariologia. Após breve percurso do Antigo e do
Novo Testamento, detém-se sobre os pronunciamentos da Tradigáo e do
Magisterio sobre a Virgem SSma., e passa a considerar aparigóes e ma-
nifestacóes de Maria, santuarios marianos, devogóes mañanas, títulos
de Nossa Senhora, Maria e a Arte, gragas e milagres, Maria em nossa
vida. Oferece muitas informagoes que o público as vezes procura sem
saber onde encontrar. Especialmente interessante é o título 'Testemu-
nhos curiosos sobre Maria", sob o qual o autor apresenta depoimentos
de Lutero e Calvino, o Manifestó de Dresden, a Declaragáo Ecuménica
sobre Maria SSma. assinada a 15/9/83, dizeres dos videntes de Fátima...
Em suma, o repertorio de breves documentos é muito rico e valioso para
o sadio incremento da piedade mañana.

260
Em foco o sacramento da Reconciliacáo:

"A CONFISSÁO E O PERDÁO"


por Jean Delumeau

Em sintese: Jean Delumeau, historiador francés, colecionou do


cumentos que exprimem o pensamento dos teólogos do sáculo XIII ao
século XVIII com referencia a diversos aspectos do sacramento da Re-
conciliagáo: contrigao e atrigáo, satisfagáo expiatoria, acusagáo de peca
dos graves... O livro é interessante como documentarlo, pois oferece o
contato com textos que o leitor difícilmente encontraría em obras origi
náis. Todavía o livro é perpassado pela suposigáo de que a confissáo dos
pecados é devida simplesmente a urna instituigáo da Igreja - o que é
falso, como será evidenciado ñas páginas seguintes.

O autor da obra é um historiador francés católico1, que, na qualidade


de historiador, estuda as obras de teólogos do século XIII ao século XVIII
relativas á confissáo dos pecados: mostra como, da parte dos confessores e
clérigos, houve tendencias ora rigoristas, ora laxistas, e, da parte dos peni
tentes, alivio, alegría, mas também escrúpulos e medo. O livro é muito rico
em documentacáo, pois Delumeu parece ter percorrido exaustivamente as
fontes referentes ao assunto: apresenta em coloridos vivazes as expressoes
do pensamento teológico, respeita as diversas opinióes, sem pretender julgar, e
elogia Santo Afonso María de Ligório (1696-1787) por seu sabio equilibrio. To-
davia pode deixar na mente do leitor dúvidas, que passamos a considerar.

1. Confissáo dos pecados: mera exigencia da Igreja?

Delumeau dá a entender que a confissáo dos pecados é mera exi


gencia da Igreja (cf. p. 7) e, diante das dificuldades que comporta, deve-
ria ser substituida por "cerimónias penitenciáis" sem acusacao das fal
tas. Eis o que afirma na conclusáo do livro:
«A Igreja primitiva exigía o reconhecimento e a penitencia públicos
das faltas que haviam sido públicas. Nossa justiga civil nao age de outro
modo. Mas, quando se trata de faltas íntimas, é e será sempre psicológi
camente muito difícil exigir sua confissáo detalhada a alguém, mesmo
padre, que nao seja um amigo próximo...

Deus perdoa na Igreja e pela Igreja aqueles que se arrependem.


Mas essa reconciliagáo pode também realizarse - e a menores custos
psicológicos - através de "cerimónias penitenciáis" onde cada um proce
de no silencio de sua alma a urna revisáo de sua vida» (p. 135).
1 A Confissáo e o Perdáo, por Jean Delumeau. Tradugáo de Paulo Neves. - Com-
panhia das Letras, Sao Paulo 1991, 140x210mm, 152 pp.

261
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

A propósito notemos:

1.1. Origem do Sacramento da Reconciliacáo

A confissáo dos pecados nao tem fundamento apenas numa leí


positiva da Igreja, mas deve-se ao próprio Evangelho. Com efeito, na
noite de Páscoa Jesús apareceu aos Apostólos reunidos e disse-lhes:
"Assim como o Pai me enviou, eu também vos envió". A seguir, soprou-
Ihes na face e continuou: "Recebei o Espirito Santo. Aqueles a quem
perdoardes os pecados, seráo perdoados. A quem os retiverdes, seráo
retidos" (Jo 20, 22s).

Estas palavras significam que

1) Os Apostólos, nao por efeito de sua santidade própria, mas em


conseqüéncia de um dom de Deus ("Recebei o Espirito Santo"), sao ha
bilitados a perdoar os pecados.

2) Para que os Apostólos e seus sucessores possam exercer a


funcáo de perdoar ou nao perdoar os pecados, devem ter conhecimento
de causa. As razóes para nao absolver em nome de Deus sao geralmen-
te de ordem pessoal: falta de verdadeiro arrependimento, falta do propó
sito de emenda (tal é o caso da pessoa que leva vida dupla, mas nao tem
a coragem de se converter, ... o caso de quem guarda raiva, rancor e
desejos de vinganca deliberadamente alimentados...). Em tais casos o
ministro é obrigado a adiar a absolvicáo, para que o penitente crie em si
disposicóes para recebé-la. Ora o exercício de tal discernimento supóe o
conhecimento da materia em pauta, conhecimento que só o próprio peni
tente pode oferecer mediante confissáo. Eis por que a Igreja deduziu das
palavras de Cristo a obrigatoriedade da confissáo dos pecados para po
der ministrar o perdáo dos mesmos. Essa obrigacáo toca nao somente
aos fiéis leigos, mas também aos presbíteros, aos bispos e ao próprio
Papa; nao há quem nao esteja sujeito ao sacramento da Reconciliacáo.
A Igreja últimamente tem permitido que, em circunstancias muito especi
áis e com a devida autorizacáo do Bispo, os sacerdotes possam absolver
sacramentalmente sem confissáo previa. Em tais casos, a confissáo nao
é abolida, mas apenas postergada, pois fica sempre aos fiéis a obriga
cáo de confessar posteriormente pecados assim absolvidos; a confissáo
é apenas deslocada, visto que a Igreja nao tem o poder de extinguir urna
prática que Ihe é imposta por direito divino (ver Concilio de Trento, Enquirídio
dos Símbolos e Defintcoes de Denzinger - Schónmetzer, n°s 1679s).

1.2. Fundamento natural

A psicología poe em evidencia o valor da kathársis ou da purif¡ca


cao da consciéncia, que se faz mediante o reconhecimento das próprias
faltas. Reconhecendo suas fainas, a pessoa, de certo modo, sai do ema-
ranhado em que elas a envolvem; distancia-se das mesmas, deixa de se

262
"A CONFISSÁO E O PERDÁO" 23

identificar com suas faltas e comeca a expiá-las. Tal atitude, por certo,
liberta a pessoa; fá-la viver a verdade,... que, no caso, é desagradável
ou humilhante, mas que, em última análise, é um valor. Dizia muito a
propósito S. Ambrosio (t 397): "Pecar é comum a todos os homens, mas
arrepender-se é próprio dos santos" (Apología David ad Theodosium
Augustum II 5-6). Na verdade, ninguém tem motivo para se surpreender
pelo fato de que um semelhante peque, pois a condicáo de pecador é
comum a todos os homens. Há, porém, motivo para surpresa e mesmo
admiracáo quando alguém reconhece o seu pecado, pois tal sinceridade
nao é muito freqüente; ela exprime a nobreza que nao existe em todo
homem, embora em todo homem exista o pecado. A grandeza e a nobre
za de caráter de alguém se manifestam nao quando diz que nao peca
(isto, tomado em termos absolutos, é falso), mas quando aponta sincera
mente o seu pecado e se distancia dele, em vez de o encobrir com más
caras. Por máscaras no plano moral é menos digno do que reconhecer a
verdade quando necessário e propor reparar o que haja de falho.

Notemos aínda o seguinte: o pecado, por sua própria índole, tende a


furtar-se á luz: 'Todo aquele que comete o mal, odeia a luz, e nao vem á luz
para que as suas obras nao sejam manifestas. Mas aquele que pratica a
verdade, vem á luz" (Jo 3,20). Mais: o pecado tende até a tomar as aparén-
cias do bem e da luz. Por conseguinte, a confissáo do pecado ou a coloca-
cao do pecado sob a luz adequada vem a ser o primeiro antídoto do pecado:
a confissao desvenda e desmascara o mal com suas simulacóes. Por isto
toda conversáo ou mudanca de vida comeca pela confissao das próprias faltas.
Nao bastaría, porém, a confissao íntima, feita táo somente a Deus?
- Em resposta, á luz táo somente dos valores humanos, dizemos que a
natureza psicossomática do homem exige atitudes que manifestem sen-
sivelmente (somáticamente) o que ocorre em nosso psiquismo. A mani-
festacáo exterior do que trazemos na alma, contribuí para o amadureci-
mento dos nossos afetos íntimos e para o mais pleno conhecimento de
nos mesmos. O que exprimimos sensivelmente, se imprime mais nítida e
profundamente em nossa consciéncia: "O que só se projeta interiormen
te, nao derruba os muros da solidáo em que se fecha o mal e, por conse
guinte, nao liberta. É preciso que o pensamento se encarne ñas pala-
vras, para que ele se torne palpável e apareca aos nossos olhos em
plena luz" (A. Brunner, Aus dem Finsternis zum Licht. Ueber das
Bekenntnis der Sünden, em Geist und Leben, t. 23 [1950], p. 89).

Estas idéias sao claramente ilustradas pelo seguinte depoimento


do Mahatma Gandhi, que fala nao como cristáo, mas como homem reto.

1.3. Um testemunho significativo

Eis o que escreveu Gandhi:

"Eu tinha quinze anos. Cometí um furto. Tratava-se de um pequeño

263
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

fragmento de ouro tirado do bracelete de meu irmáo... Isto se tomoupara


mim pesado demais para que eu o pudesse suportar.

Tomei a resolucáo de nao mais roubar. Mas nao ousava falar do que
tinha feito. Nao por medo de ser esbofeteado por meu pai. Ele nunca nos
espancava. Mas eu tinha receto de penalizá-lo. Todavía eu sentía que tinha
de arriscar, e que nao podía puríficar-me sem urna confissáo completa.

Decidi-me, porfim, a redigira confissáo, a apresentá-la a meu pai e


a pedir-lhe perdáo. Escrevi-a sobre estreita faixa de papel, e apresentei-
a a meu pai. Nessa nota, nao somente eu admitía a minha culpa, mas
pedia um justo castigo e terminava suplicando a meu pai que nao se
punisse ele mesmo por causa de mim. Prometía já nao roubar no futuro.

Todo trémulo, entreguei-lhe essa confissáo. Meu pai entáo sofría de


urna fístula e achava-se de cama, urna cama que nao era senáo urna sim
ples prancha de madeira. Sentei-me do outro lado da prancha. Ele se pos a
ler, e as lágrimas com'am-lhe ao longo da face, molhando o papel... Essas
pérolas de amor purificaram-me o coracáo e apagaran) o meu pecado...

Essa especie de sublime perdáo nao estava nos hábitos de meu


pai. Eujulgara que ele se irritaría, diría palavras duras e batería na testa.
Mas ele permanecía estranhamente calmo; creio que isto era devido á
minha confissáo completa.

Urna confissáo acompanhada do desejo de nao mais pecar, quan-


do ela é feita diante de alguém que tem o direito de a receber, é a mais
pura especie de arrependimento. Sei que a minha confissáo tirou a meu
pai toda inquietagáo a meu respeito e aumentou desmedidamente a sua
afeicáo para comigo".

O testemunho de Gandhi pode ser completado por numerosos ou-


tros, colhidos ñas tradicoes de diversos povos nao cristáos. Manifestam
o valor psicológico da confissáo ou do reconhecimento das próprias fal
tas, segundo a cultura das mais diversas populacoes.

2. Rigorismo e Laxismo

Jean Delumeau cita em profusáo textos que ora propóem aos con-
fessores usar de severidade para com os penitentes, ora propóem bran-
dura até o extremo do laxismo ou da condescendencia exagerada. Isto
pode deixar o leitor perplexo. Todavía nada tem de estranho, caso se
pense que ao pai espiritual compete procurar o bem dos seus dirigidos
de acordó com as modalidades da cultura e da compreensáo de cada
um. A própria S. Escritura propoe normas ora muito severas, ora mais
brandas; tenham-se em vista:

Eclo 30, 1: "Aquele que ama seu filho, usará com freqüéncia o
chicote, para, no seu fim, alegrarse".

264
"A CONFISSÁO E O PERDÁO" 25

Pr 13,24: "Quem poupa a vara, odeia seu füho. Aquele que o ama
aplica a disciplina". Cf. Pr23, 13s;29, 15.

Ap 3, 19: "Quanto a mim, repreendo e educo todos aqueles que


amo".

Ao lado destes dizeres rigoristas, outros há que apregoam com-


preensáo indulgente:

2Cor 1, 23: "Invoco a Deus como testemunha da minha vida: foi


para vos poupar que nao voltei a Corinto".

2Cor 2,7: "Perdoai-lhe (ao injusto agressor) e consolai-o, a fim de


que nao seja absorvido por tristeza excessiva... Exorto-vos a que deis
provas de amor para com ele... Aquele a quem perdoais, eu perdoo".
Estas duas atitudes pastarais, guardadas as devidas proporcoes,
se reproduziram - nem podiam deixar de se reproduzir- no decorrer dos
séculos. Entende-se, pois, que tenha havido confessores severos e con-
fessores menos rigorosos e que tenham debatido entre si quanto ao modo
de promover o maior bem de seus penitentes. Delumeau nota que de
1564 a 1663 foram publicados no mínimo seiscentos tratados de
casuística, na procura do mais pastoral dos procedimentos dentro dos
costumes e das tendencias da época: cf. p. 104.

3. Alegría e medo

O psiquismo humano é tal que pode, diante do sacramento da Re-


conciliacáo, experimentar dois sentimentos opostos: a alegría do perdáo,
de um lado, e o medo ou o escrúpulo por causa da confissáo dos peca
dos, de outro lado. Nao há como evitar essa variedade de reacóes do ser
humano diante de propostas por mais razoáveis e sensatas que sejam;
tudo neste mundo é limitado e, por isto, pode suscitar rejeicáo. Até o
concertó de Deus perfeitíssimo, conhecido, porém, no claro-escuro da fé,
pode provocar alegría, adesao filial e plena como também é capaz de
provocar medo, aversáo e fuga. Nao é, pois, de estranhar que os peni
tentes de outrora tenham experimentado escrúpulos e receios diante do
sacramento do perdao.

Se o Senhor Jesús outorgou aos seus ministros a faculdade de


perdoar e nao perdoar os pecados, é obvio que estes háo de ser mani
festados ao sacerdote para que possa exercer o ministerio da reconcilia-
cáo. Ora as circunstancias modificam (para mais ou para menos) a gravi-
dade de um pecado; assim, por exemplo:

- quem rouba de um pobre, peca mais gravemente do que quem


roube de um rico a mesma quantia;

- os genitores ou os mestres que dáo mau exemplo, pecam mais


gravemente do que um colega que dé o mesmo mau exemplo;

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26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

- quem calunia em público, peca mais gravemente do que aquele


que faz a mesma afirmacáo numa conversa particular;

- quem danifica um objeto alheio em sonambulismo, nao peca for


malmente, ao passo que quem o danifica conscientemente, por vingan-
ca, peca gravemente (caso se trate de objeto de valor).
Donde se vé que a quem realmente deseja reconhecer seus peca
dos e procura ser leal e sincero, nao basta apenas que diga: "Roubei" ou
"Dei mau exemplo"; "Falei mal do próximo", "caluniei"... Há, por vezes,
circunstancias que mudam a pecaminosidade do ato. É por isto que o
Concilio de Trento (1545-1563) prescreveu que se acusem as circuns
tancias agravantes ou atenuantes do pecado.

Está claro também que quem adultera esporádicamente tem urna


carga de culpa menos pesada do que a pessoa que adultera habitual-
mente. Daí a prescricáo de acusar o número de pecados graves, para
que haja sinceridade da parte de quem se quer arrepender deles.

Tais prescricóes, porém, nao devem levar ao medo nem ao escrú


pulo. Deus nao pede mais do que aquilo que cada qual em sua lealdade
sabe e pode oferecer-lhe. Se alguém está impossibilitado, por motivo de
saúde ou outra causa plausível, de cumprir as exigencias de um exame
de consciéncia realista e sincero, está dispensado de o fazer. Ao sacer
dote compete reconhecé-lo e tranquilizar o penitente.

Vé-se, pois, que, por causa de fatores acidentais ou contingentes,


nao se deve privar o fiel católico da alegría que o Evangelho Ihe proporci
ona quando Ihe diz em Jo 20, 21-23 que Deus Ihe perdoa os pecados na
Igreja e pela Igreja.

4. Forma9§o da Consciéncia

Deve-se levar em conta também a necessidade de se formar a


consciéncia moral dos fiéis. Esta é a bússola ¡mediata do comportamen-
to humano. É ela que avalia, de um lado, o peso da lei e, de outro lado, as
circunstancias em que se acha o individuo (circunstancias que possam
dispensar do cumprimento da lei como também o podem tornar mais
premente). A consciéncia pode ser urna bússola mal programada ou de-
feituosa, que cause inquietacáo e atormente o respectivo sujeito, seja
porque impóe obrigacóes que nao existem, seja porque dispensa erróne
amente de certos deveres.

Deve-se entáo corrigir e educar a consciéncia, nao porém abolir o


sacramento da Reconciliacáo. Esta temática é táo importante que Ihe
dedicaremos nosso próximo artigo.

266
Como fazer?

A FORMAQÁO DA CONSCIÉNCIA

Em síntese: A consciéncia, como norma ¡mediata do comportamento


humano, pode ser deformada. Dafa importancia de formá-la corretamente.
Somente a consciéncia firme (nao hesitante) e reta pode ser tomada como
norma dos costumes. O artigo abaixo indica principios que contribuem para
que o ser humano chegue a ter urna consciéncia firme e verídica.

Em nosso artigo anterior foi dito que a consciéncia moral é a bus-


sola ou a norma ¡mediata do comportamento humano. Compete-lhe olhar,
de um lado, para a lei objetiva e seus exatos dizeres e, de outro lado,
para as circunstancias concretas em que o individuo se acha; o confronto
entre um e outro polo possibilitara á consciéncia ditar a norma da conduta do
sujeito. Ocorre, porém, que a consciéncia pode estar despreparada para táo
importante tarefa; nao poucas vezes ouvem-se pessoas dizer levianamente
que procederam de acordó com a sua consciéncia. Na verdade, nao qual-
quer alvitre da consciéncia legitima o comportamento humano. Só é bússoia
fidedigna a consciéncia bem formada ou a consciéncia verídica e firme.

A fim de aprofundar esta afirmacáo, proporemos, a seguir, 1) as


diversas modalidades de consciéncia e 2) os deveres do cristáo referen
tes á formacáo de sua consciéncia.

1. As modalidades da consciéncia

Como dito, o julgamento ¡mediato sobre a liceidade do ato humano


é proferido pela consciéncia. Há, porém, varias modalidades de consci
éncia, como se depreende do quadro abaixo:
a)consciéncia verídica ou reta
1)do ponto de vista
da conformidade
com a lei moral
'culpadamente
escrupulosa
errónea
Inconsciencia perplexa

errónea laxa
Consciéncia < nao
cauterizada
culpadamente
farisaica
errónea

2)do ponto de vista do grau de


JConsciéncia certa ou firme
asentimento
^ Conscenc.a provável
(. Consciéncia duvidosa ou hesitante

267
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Expliquemos o significado dos termos.

1) Do ponto de vista da conformidade com a leí moral

a) A consciéncia verídica ou reta é aquela que se apoia em prin


cipios moráis auténticos, declarando lícito ou ilícito o que realmente é tal.

b) A consciéncia errónea é a que parte de falsos principios mo


ráis tidos como genuínos ou parte de genuínos principios falsamente apli
cados ao caso. Em conseqüéncia, declara lícito ou ilícito aquilo que de
fato nao é tal. Os erros de tal consciéncia devem-se á ignorancia ou a
defeito de aplicacáo. A ignorancia pode existir apesar da diligencia do
respectivo sujeito para conhecer a verdade: neste caso, os erros proce
dentes de tal consciéncia nao sao culposos. Mas pode também a igno
rancia existir por causa da negligencia do sujeito em conhecer a verda
de; neste caso, os erros da consciéncia sao culposos.

A consciéncia errónea {com ou sem culpa do respectivo sujeito)


subdivide-se, de acordó com a situacáo psicológica da pessoa, em: es
crupulosa, perplexa, laxa, cauterizada e farisaica.

A consciéncia escrupulosa é a que, por motivos de pouca monta,


julga ou receia que tal acao seja pecaminosa, quando de fato nao é tal. O
escrupuloso vive em angustia quase incessante, pois em tudo vé graves
deveres e perigos. Muitas vezes é vítima de estado de alma doentio ou
de sistema nervoso abalado.

Merece especial aten cao o "escrúpulo de compensacáo"; costuma


versar sobre um preceito apenas, cujos pormenores a pessoa quer ob
servar com o máximo rigor, enquanto é extremamente liberal em relacáo
as outras normas da Moral (em particular, no que se refere ao amor ao
próximo ou a oracáo). O escrúpulo de compensacáo é urna especie de
fuga ou de auto-ilusáo; tem que ser desmascarado e, a seguir, combati
do mediante volta enérgica ao cumprimento dos deveres primordiais ne-
gligenciados pela fuga.

Para curar-se, o escrupuloso deve obedecer confiantemente as


ordens e aos conselhos do seu confessor. Esteja certo de que, obede-
cendo ao confessor, está livre de qualquer pecado formal. - Em vez de
se preocupar com seus problemas pessoais, pense no amor e na miseri
cordia de Deus. - Procure também dedicar-se regularmente a um traba-
Iho que Ihe interesse, a fim de nao se deter constantemente sobre seus
questionamentos.

Distingamos da consciéncia escrupulosa a consciéncia delicada.


Esta, movida por vivo amor a Deus, tem o olho aberto até para as mais
leves ocasióes de pecado, procurando zelosamente afastar-se de todas.

268
A FORMAgÁO DA CONSCIÉNCIA 29

A consciéncia perplexa é aquela que, posta diante de um dilema


(agir ou nao agir? ... agir deste ou daquele modo?) julga haver pecado
em qualquer opcáo; sinceramente nao vé como evitar a culpa.
Em tais casos irá pedir as luzes de um conselheiro prudente para
resolver a situacáo. Caso nao seja possível contemporizar, o interessado
optará pelo que julgar ser "o pecado menor", comprovando assim a sua
boa intencáo. É claro que quem age numa situacáo dessas, em verdade
nao comete pecado algum, pois, para que haja pecado, é necessária
plena liberdade de escolha entre o bem e o mal - coisa que a pessoa
perplexa julga nao ter.

A consciéncia laxa ou relaxada é a que levianamente julga nao


incorrer em pecado ou incorrer em falta leve quando na realidade comete
falta grave. Resulta de tibieza no servico de Deus, tibieza que há de ser
vencida mediante recursos insinuados em Ap 3,16-20: exame de consci
éncia, penitencia, zelo na prática das obras boas, aceitacáo generosa
das provacóes salutares que a Providencia Divina envia.
A consciéncia cauterizada (destruida ou extirpada) representa
um grau ainda mais evoluído de frouxidáo; embotada pelo hábito
inveterado de pecar, já quase nao percebe a iliceidade de suas faltas.
Um braco engessado se atrofia: assim também a consciéncia cujos ape
los sao constantemente contraditados, vai definhando; ela já quase nao
fala, e deixa seu portador em paz,... paz de cemitério.

A consciéncia farisaica é a que sem dificuldade aprova atos gra


vemente ilícitos, ao passo que exagera a gravidade de feitos de menor
importancia (cf. Mt 23, 24).

2) Do ponto de vista do grau de assentimento

a) Diz-se que alguém tem a consciéncia firme ou segura quan


do, sem temor prudente de errar, julga com firmeza que tal ou tal acáo é
lícita ou ilícita.

Notemos que a consciéncia firme ou segura difere da conscién


cia verídica, pois alguém pode, com seguranca e firmeza, proferir um
ditame erróneo. Assim, por exemplo, pode haver quem, com firmeza e
boa fé, julgue que é lícito roubar para ajudar o próximo (proposicáo esta
falsa).

b) A consciéncia provável é aquela que, embora receie errar, jul


ga ser lícita ou ilícita urna determinada acáo, baseando-se para isto em
razóes nao desprezíveis (razóes, porém, que nao Ihe oferecem plena
seguranca).

c) A consciéncia duvidosa deixa seu juízo suspenso ou, caso o


formule, nao vé por que nao optar pela proposicáo contraria.

269
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

2. Os deveres em relacáo á consciéncia

Sao quatro as principáis regras nesta materia.

1) Toda e qualquer pessoa tem a obrigacáo de empregar os


meios oportunos para possuir uma consciéncia verídica ou reta.

Compreende-se por qué. A consciéncia julga os atos humanos sob


a luz de Deus e da salvacáo eterna; trata de assuntos de importancia
capital. Por isto a reta ordem exige que a pessoa se esforcé para que a
sua consciéncia Ihe possa apontar os caminhos adequados. Negligencia
na formagáo da consciéncia é negligencia do Bem Supremo. Ora tal ne
gligencia, caso seja voluntaria, é culposa, pois injuria nao somente a Deus,
mas também ao próprio sujeito. Assemelha-se á atitude de quem entra
numa nave e se deixa levar para o alto mar sem procurar investigar onde
está o Norte; tal pessoa prepara seu suicidio físico.

Os meios principáis para formar uma consciéncia verídica sao:

a) a procura de informacóes (leitura, estudo,...) que levem ao devi-


do conhecimento das leis moráis. Está claro que o Senhor Deus nao
pede esforcos impossíveis, mas exige fidelidade e seriedade;
b) a procura do conselho de pessoas prudentes e comprovadas
nos caminhos de Deus;

c) a oracao perseverante;

d) o afastamento dos obstáculos respectivos, como seriam as pai-


xoes e os maus hábitos voluntarios, que sempre obcecam a consciéncia.
2) Todo homem está obrigado a observar estritamente os pre-
ceitos e as proibicoes de sua consciéncia, desde que esta seja a)
verídica ou b) inculpadamente errónea.

A obrigacao de obedecer á consciéncia verídica compreende-se


fácilmente. Com efeito; a consciéncia verídica é a que faz a aplicacáo fiel
da lei á situacáo precisa em que a pessoa se acha; por isto o ditame de
tal consciéncia obriga tanto quanto a própria lei justa.

Quanto á obrigacao de seguir a consciéncia inculpadamente erró


nea, ela decorre do seguinte raciocinio:
A consciéncia é a norma próxima da moralidade, pois ela faz a
aplicacáo da lei geral á situacáo concreta em que a pessoa se encontra.
Por conseguinte, quando a consciéncia, sem hesitar e de boa fé, julga
que tal acáo é obrigatória e tal outra proibida, há algo que, aos olhos do
sujeito, seria mau; querer, porém, o mal como mal é pecado. A conscién
cia pode enganar-se, julgando que uma acáo má é boa ou vice-versa;

270
A FORMACÁO DA CONSCIÉNCIA 31

mas, se ela se engaña sem culpa, o seu ditame é obrigatório. Exem-


plificando: se alguém de boa fé imagina que tem de roubar para ajudar
seu próximo, o roubo que comete nao será pecado formal1; se, ao contra
rio, deixar de roubar, cometerá pecado formal, porque estará contradi-
zendo á sua consciéncia (embora esta erre de boa fé).

Embora o erro de boa fé nao impeca que a conduta do sujeito seja


moralmente boa, o erro nao é o ideal. Por isso ninguém deve deixar-se
ficar nele; terá que aspirar sempre á plenitude da luz. Em caso contrario,
o erro deixaria de ser "de boa fé" e já nao gozaría dos privilegios da boa
fé; tornar-se-ia erro culpado.

3) Nao é lícito seguir a consciéncia culpadamente errónea; con-


tudo também nao é lícito agir contra tal consciéncia. Por conseguin-
te, antes da acáo torna-se necessário dissipar o erro de conscién
cia.

Para compreender esta proposicáo, notemos o sentido que tem a


expressáo "consciéncia culpadamente errónea": é aquela que está insu
ficientemente informada e que pode ser retificada, caso a pessoa o quei-
ra. Manter a consciéncia em tal estado implica em descaso da pessoa na
procura da verdade e do bem; implica, portanto, num estado de desor-
dem moral. E agir de acordó com os julgamentos erróneos que se origi-
nam dessa desordem equivale a reafirmar negligencia e desordem
culposa; equivale, por conseguinte, a urna culpa.

Vemos, pois, que, para quem está no erro decorrente de descaso


ou má fé, só há urna atitude certa: dissipar quanto antes esse erro, a fim
de poder agir esclarecidamente; entre os meios a aplicar no caso, cita
mos a reflexáo, a consulta de pessoas idóneas, a oracáo... Dado que a
pessoa nao consiga esclarecer-se, abstenha-se de agir no caso. E, se
nao Ihe é possível deixar de agir, faga o que parecer mais seguro.

4) Somente a consciéncia firme (nao a hesitante nem a prová-


vel) pode ser tomada como reta norma dos costumes.

Compreende-se bem este principio. A dignidade humana exige que


todo homem, ao agir, proceda de acordó com as leis objetivas do respec
tivo agir: o médico, por exemplo, ao atender aos doentes, deve proceder
segundo as normas da medicina, reconhecidas por ele como certas ou
válidas; ao médico nao é lícito agir sem ter certeza de que o trataménto
recomendado ao paciente é realmente útil e adequado (nao Ihe basta

1 Pecado formal é a agáo má da qual tenho responsabilidade e culpa. Pecado náo-


formal ou meramente material é a agáo má da qual nao tenho culpa, porque a cometí
sem saber que era má.

271
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

julgar que o tratamento é provavelmente indicado e conveniente). Assim


também todo homem, pelo fato mesmo de ser homem, deve agir sempre
conforme as regras da Moral, que tornam o homem bom no seu sentido
mais pleno, isto é, enquanto é um ser racional. Ora, para conseguir esta
proximidade do ideal, requer-se que o individuo se esforcé por conhecer
as normas objetivas da Moral; este esforco deve ser tal que gere a certe
za de ter encontrado o caminho devido. Sim; com relacáo ao Fim Supre
mo ninguém se pode contentar com meias-certezas, que impliquem no
risco de falhar o objetivo. O Fim Supremo é o que há de mais importante
para o ser humano e, por conseguirte, algo que nunca pode estar sujeito
a risco.

Notemos que o esforco para conhecer as normas objetivas da


moralidade pode ficar, em parte, frustrado; sim, a consciéncia pode apontar
com firmeza, e de boa fé, um caminho erróneo (por exemplo, alguém
pode julgar tranquilamente que tem de praticar a eutanasia direta ou pro
vocar positivamente a morte de sua máe para aliviá-la dos sofrimentos).
Em todo caso, se a pessoa nao consegue chegar á verdade objetiva,
procure ao menos atingir a certeza subjetiva de que deve agir deste ou
daquele modo; o seu esforco Ihe merecerá a vantagem de ficar sabendo
por que faz o que faz. Nao é digno do ser humano tomar atitudes sem
saber exatamente por que as toma; devemos proceder de maneira razo-
ável e justificada aos nossos olhos, rejeitando todo comportamento levi-
ano que possa acarretar riscos moráis.

A certeza que se requer ao se falar de consciéncia "firme" nao é a


certeza matemática (que jamáis pode sofrer contradicao), mas é a certe
za moral, isto é, a certeza que excluí toda dúvida razoável ou todo motivo
serio de duvidar, embora nao exclua um leve receio de erro. Assim, por
exemplo, é moralmente certo que a máe nao dá veneno ao seu filho ou
que um amigo fiel nao engaña seu amigo (embora o contrario possa acon
tecer excepcionalmente).

Na Busca do Senhor, por Frei Almir Ribeiro Guimaráes. - Ed.


Santuario, Aparecida (SP) 140x210mm, 128pp.

Freí Almir Guimaráes confeccionou urna hela antología de textos


da literatura crista antiga, medieval e moderna, que fazem pensar pro
fundamente. Varias dessas pegas tratam do silencio, da oragáo e da con-
templagáo, valendo-se da autoridade de grandes mestres. Outras abor-
dam a figura de Jesús Cristo e sua agáo redentora. Mais outras conside-
ram a evangelizagáo do mundo de hoje. Aparecem também graciosos
episodios da vida de Sao Francisco bem como notáveis preces inspira
das na mais pura espiritualidade crista. O livro será útil a meditagáo do
leitor como também á catequese.

272
Com reverencia e dignidade:

A COMUNHAO EUCARISTICA NA MAO

Em síntese: A Comunháo Eucarística foi ministrada ñas máos dos


comungantes até o século IX. Verificaram-se, porém, abusos e
irreverencias, que levaram a Igreja a preferir dar a Eucaristía na boca dos
fiéis. Em nossos dias a praxe antiga foi restaurada sob certas condigoes,
que visam a garantir o respeito ao Ssmo. Sacramento. Urna Declaragáo
recente da Santa Sé enfatiza o direito, dos fiéis, de recebera Comunháo
na boca desde que o desejem.

Foi proposta á Congregacáo para o Culto Divino a seguinte per-


gunta:

«Ñas dioceses em que é permitido distribuirá Comunháo ñas máos


dos fiéis, pode o sacerdote ou o ministro extraordinario da S. Eucaristía
obrigar os comungantes a receber a Comunháo ñas máos e nao sobre a
língua?»

Eis a resposta publicada no boletim Notitiae (marco-abril de 1999),


órgáo oficial da Congregacáo para o Culto Divino:

«Dos documentos da Santa Sé depreende-se claramente que ñas


dioceses em que o pao eucarístíco é depositado ñas máos dos fiéis, a
estes fica absolutamente garantido o direito de o receber sobre a língua.
Aqueles que obrigam os comungantes a recebera santa Comunháo úni
camente ñas máos como também aqueles que recusam aos fiéis a Co
munháo ñas máos ñas dioceses que utilizam tal indulto, procedem con
trariamente as normas estabelecidas.

Segundo as normas referentes á distribuigáo da Santa Comunháo,


estejam os ministros ordinarios e extraordinarios particularmente atentos
a que os fiéis consumam ¡mediatamente a partícula consagrada, de modo
que ninguém se afaste com as especies eucarístícas ñas máos.

Em todo caso, é para desejar que todos tenham presente que a


tradigáo secular consiste em receber a Comunháo sobre a língua. O sa
cerdote celebrante, caso exista perigo de sacrilegio, nao dé a Comunháo
ñas máos dos fiéis e exponha-lhes as razóes por que assim procede».

(Notitiae n9 392.393/1999)

273
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Este texto nos dá a ocasiáo de percorrer as grandes linhas da his


toria da Comunháo na máo.

1. A Praxe mais antiga

Nos primeiros séculos, a Comunháo era colocada sobre a palma


da máo dos fiéis para que a consumissem. Excetuavam-se apenas os
casos de enfermidades, em que era freqüentemente depositada sobre a
língua do comungante.

O mais antigo testemunho que se tem a tal respeito, é urna inscri-


cáo encontrada na Asia Menor, dita "de Pectório" e datada do século II.
Eis os seus dizeres simbolistas:

"Ó estirpe divina do Peixe Celeste... recebe o alimento doce como


o mel do Salvador dos santos; come segundo a tua fome; traze o Peixe
ñas máos".

Nesta passagem, o "Peixe" designa simbólicamente o Senhor Je


sús. Sabe-se que o Peixe (em grego, ICHTHYS) é antiquíssimo símbolo
de Cristo, pois as cinco letras gregas que compóem este nome sao as
iniciáis de urna profissao de fé em Cristo:

J(esous)= Jesús

CH(ristós) = Cristo

TH(eou) = de Deus

Y(iós) = Filho

S(otér) = Salvador

No séc. III, o escritor cristáo Tertuliano, no norte da África, repreen-


dia irmáos que tinham sacrificado aos deuses, dizendo que tais cristáos
se atreviam a "estender ao corpo do Senhor as mesmas máos que havi-
am levado corpos (carnes imoladas) aos demonios... Ó máos dignas de
ser amputadas!" (De idol. 7).

Um dos mais belos depoimentos sobre o rito de Comunháo na an-


tigüidade é o de Sao Cirilo de Jerusalém (t 381), do qual vai transcrita
aqui urna passagem dirigida a cristáos adultos, que se preparavam para
participar pela primeira vez do misterio eucarístico:

"Quando te aproximares, nao caminhes com as máos estendidas


ou os dedos separados, mas faze com a esquerda um trono para a direi-
ta, que está para receber o Reí; e logo, com a palma da máo, forma um
recipiente; recolhe o corpo do Senhor, e dize: 'Amém'. A seguir, santifica
com todo o cuidado teus olhos pelo contato do Corpo Sagrado, e toma-o.

274
A COMUNHÁO EUCARÍSTICA NA MÁO 35

Contudo cuida de que nada caia por térra, pois, o que caísse, tu o perde
rías como se fossem teus próprios membros. Responde-me: se alguém
te houvesse dado ouro em pó, nao o guardarías com todo o esmero e nao
tomarías cuidado para que nao te caísse das máos e para que nada se
perdesse? Sendo assim, nao deves com muito esmero cuidar de que nao
caia nem urna migalha daquilo que é mais precioso do que o ouro e as
pedras preciosas?" fCatequese Mistagógica V 21s).

Esta instrucáo do santo Bispo de Jerusalém dá-nos a saber que no


sáculo IV os fiéis nao somente recebiam a S. Eucaristía na palma da
máo, mas também passavam a partícula sagrada sobre os olhos a fim de
se santificar.

Outros depoimentos mais ou menos contemporáneos ao de S. Cirilo


confirmam o uso de se entregar a Comunháo na palma da máo direita do
comungante, ficando a esquerda por baixo desta. Em vista disso, havia
urna bacia no adro das grandes basílicas para que os fiéis lavassem as
máos ao entrar no recinto litúrgico.

Em muitos lugares, era prescrito que os comungantes colocassem


sobre a palma da máo urna pequeña toalha branca (dominicale) a fim de
receber ai o Corpo do Senhor.

O uso de passar a Eucaristía sobre os olhos e outros órgáos dos


sentidos parece ter tido origem entre os sirios. Foi provavelmente inspi
rado pelo texto de Ex 12, 7, em que Moisés, propondo o ritual da Páscoa
judaica, mandava ungir com o sangue do Cordeiro pascal as ombreiras e
as vergas das portas das casas dos israelitas. Estes dizeres, interpreta
dos alegóricamente, teráo sugerido a praxe de consagrar os sentidos
dos comungantes mediante o pao eucarístico.

Em certos lugares, os fiéis beijavam a partícula sagrada recebida


em suas máos.

2. Os Desvíos

A partir do século IV, aconteceu que a devocáo popular se foi tor


nando cada vez mais exuberante no uso da S. Eucaristía depositada ñas
máos dos comungantes.

Segundo um costume antigo, os cristáos, com a devida autorLa-


cáo dos Bispos, levavam o pao consagrado para casa a fim de comungar
nos días da semana em que nao houvesse Míssa. Todavía, de posse da
S. Eucaristía em suas residencias, os fiéis cediam fácilmente a tendencia
de utilizar o sacramento para finalidades varias, nem sempre
consentáneas com o espirito cristáo. Assim, no séc. V, por exemplo, S.
Agostinho refería que urna mulher costumava fazer, com a S. Eucaristía,

275
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

compressas para seu filho cegó (cf. Opus Imperfectum contra lulianum
III 162).1

Quem partía em viagem, freqüentemente levava consigo urna par


tícula da S. Eucaristía como penhor de protecáo e boa viagem. Isto se
dava principalmente nos casos de travessia marítima.

S. Ambrosio (t 397), por exemplo, refere o seguinte episodio ocor-


rido no sáculo IV:

Seu irmáo Sátiro, aínda catecúmeno, viajava da África setentrional


para a Italia, quando foi vítima de tremenda tempestade em alto mar.
Vendo-se em perigo ¡mínente de morte, Sátiro dirígiu-se aos companhei-
ros de viagem que ele sabia ser cristáos, e pediu-lhes colocassem numa
pequeña toalha um fragmento da S. Eucaristía, atassem entre si as qua-
tro pontas da toalha e Ihe prendessem ao pescoco esse precioso depósi
to. Assim munido, atírou-se ao mar, sem mesmo cuidar de levar consigo
urna tábua de salvacáo; julgava-se suficientemente protegido pela S.
Eucaristía, podendo dispensar qualquer socorro humano. A coragem de
Sátiro nao foi frustrada: enquanto os marujos perdíam ánimo, ele conse-
guiu escapar do naufragio e sobreviver (cf. S. Ambrosio, De excessu
fratris sui Satyri I 44).

Este episodio atesta claramente o uso de se levar a S. Eucaristía


em viagem; Sátiro, com toda a boa fé, utilizou-a para se livrar do perigo
de morte; os cristáos que com ele viajavam, atenderam com presteza ao
pedido de Sátiro, como se julgassem muito compreensível o plano do
companheiro catecúmeno.

Documentos posteriores atestam que a partícula sagrada era nao


raro pendurada ao pescoco dos fiéis, aos leitos, as paredes de casa, aos
cofres, como se fora um amuleto, um feitico dotado de poderes quase
mágicos ou um motivo de profilaxia contra doencas, desgracas, iními-
gos, etc. - A funcáo da "Eucaristía-alimento" ia sendo esquecida.

Estes fenómenos se devem, em grande parte, ao fato de que, no


século IV, tendo os Imperadores Romanos concedido paz e liberdade á
Igreja, as conversóes para o Cristianismo se efetuavam em grande esca
la e de maneira por vezes brusca; conseqüentemente, os novos cristáos
ainda guardavam consigo traeos da sua antiga mentalidade, muito dada
á supersticáo. Nao era fácil as autoridades da Igreja extirpar o uso popu
lar de amuletos e símbolos semelhantes.

1 O pao eucarístico levado para casa tinha, em grego, o nome de hygieia, "pao da
saúde", "broa da saúde". Notemos que em muitos lugares, tanto no Oriente como no
Ocidente, se consagrava pao fermentado, igual ao pao de mesa, e nao pao ázimo;
um e outro tipo de pao sao materia válida para o sacramento.

276
A COMUNHÁO EUCARÍSTICA NA MÁO 37

Em vista dos varios abusos cometidos com a S. Eucaristía, os Con


cilios regionais, desde o século IV, foram admoestando os fiéis. Tenham-
se em vista, por exemplo, o Concilio de Saragoca (Espanha) em 380
(can. 3) e o I de Toledo (Espanha), que em 400 assim legislava:

"Se alguém nao consumir realmente a Eucaristía recebida do sa


cerdote, seja expulso como um sacrilego" (can. 14).

Pouco tempo depois, no Oriente o historiador Sozómeno consig-


nava um curioso abuso:

Em Constantinopla, o bispo Sao Joáo Crisóstomo (t 407) pregava


com grande éxito a vultosas multidoes. Havia na cidade urna faccao de
hereges ditos "Macedonianos" (adeptos de Macedónio, que negava a
Divindade do Espirito Santo). Certa vez, um membro dessa faccáo viu-se
de tal modo impressionado pelos sermóes de Sao Joáo Crisóstomo que,
ao voltar á casa, intimou sua esposa a se fazer católica com ele. A mu-
Iher, porém, nao Ihe deu ouvidos, pois o círculo de suas amigas a detinha
no grupo herético. Declarou entáo o marido: "Se nao receberes, junta
mente comigo, os divinos misterios (= S. Eucaristía), já nao poderes con
tinuar a ser minha consorte". - Receber a S. Eucaristía era, sim, segundo
a mentalidade da época, o sinal mais expressivo de adesáo á S. Igreja.

A mulher, intimidada pela ameaca do marido, prometeu satisfazer-


Ihe. Concebeu um plano, que ela comunicou a urna serva de toda confi-
anca, e dirigiu-se com o esposo e a doméstica para a igreja católica. Na
hora da Comunháo, aproximaram-se do altar. A mulher, tendo recebido
na máo a partícula eucarística, baixou a cabeca como se a quisesse ado
rar e consumir. Nesse momento, porém, a serva, previamente instruida,
passou-lhe as máos outra partícula de pao, ou seja, o pao que em anteri
or ocasiáo Ihe fora distribuido na assembléia de culto dos macedonianos
e que ela havia secretamente levado de casa para a igreja católica. As
sim a esposa macedoniana julgou poder evitar rixas com seu marido,
sem contudo violentar a sua própria consciéncia.

Tal episodio é expressáo das circunstancias da vida crista nos sé-


culos IV/V. O que nos interessa ai realcar, é o desvirtuamento da S. Eu
caristía entregue as máos da pessoa comungante.

Casos análogos poderiam ser colhidos na literatura crista da anti-


güidade e do inicio da Idade Media.

Conscientes dos abusos, as autoridades eclesiásticas foram reco


mendando que ñas assembléias eucarísticas se desse a S. Comunháo
na boca dos fiéis, á semelhanca do que se fazia na administracáo do
mesmo sacramento aos enfermos. Em conseqüéncia, no século IX já
devia ser quase geral o costume de se depositar a S. Eucaristía nao

277
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

sobre a máo, mas sobre a língua dos fiéis. O concilio de Ruáo (Franca),
por exemplo, baixava por volta de 878 a seguinte norma geral:

"A nenhum homem leigo e a nenhuma mulher o sacerdote dará a


Eucaristía ñas máos; entregá-la-á sempre na boca" (can. 2).

Nos sáculos X/XI o "Ordo VI" (Cerimonial para Missas pontificáis)


guardava um vestigio do antigo uso, estipulando que aos presbíteros e
diáconos fosse dada a Eucaristía ñas máos; aos subdiáconos, porém, na
boca. Em breve, porém, tal excecáo também caiu em desuso.

A nova prescricáo se generalizou justamente na mesma época (sé-


culo IX), em que também se difundiu no Ocidente o uso do pao ázimo
como materia do sacramento, em lugar do pao fermentado: o pao ázimo
aderia mais fácilmente á língua do que os fragmentos (em geral, gran
des) de pao fermentado, que anteriormente se usava para a Comunháo.

O emprego do pao ázimo prevaleceu no Ocidente por razóes diver


sas: o respeito cada vez maior ao SS. Sacramento, e o conseqüente
desejo de diferenciar o pao eucarístico do pao profano; o intuito de usar
q pao mais branco e belo possível...; os textos bíblicos (os relatos da
Última Ceia do Senhor, a passagem de S. Paulo em 1 Cor 5,7s; os costu-
mes do Antigo Testamento formulados em Lv 2, 4.11; 6, 9; M11, 11...).

Na Alta Idade Media e em épocas posteriores, aínda se encontram


testemunhos de que os fiéis esporádicamente, ou em raras ocasioes,
recebiam a Comunháo ñas máos.

3. A Legislacáo vigente

A renovacao litúrgica desencadeada pelo Concilio do Vaticano II


Ievou a restaurar o uso da Comunháo na máo dentro de circunstancias
adequadas para se evitarem os inconvenientes registrados no decorrer
da historia.

Em 05/03/1975 Santa Sé concedeu aos Bispos do Brasil a faculda-


de de permitirem a Comunháo na máo em suas respectivas dioceses,
desde que sejam observadas as seguintes normas:

"1. Cada Bispo deve decidirse autoriza ou nao em sua Diocese a


introdugáo do novo rito, e isso com a condigno de que haja preparagáo
adequada dos fiéis e se afaste todo perigo de irreverencia.

2. A nova maneira de comungar nao deve ser imposta, mas cada


fiel conserve o direito de receber a Comunháo na boca, sempre que preferir.

3. Convém que o novo rito seja introduzido aos poucos, comegan-


do por pequeños grupos, e precedido por urna adequada catequese. Esta
visará a que nao diminua a fé na presenga eucarística, e que se evite

278
A COMUNHÁO EUCARÍSTICA NA MÁO 39

qualquer perígo de profanagáo.

4. A nova maneira de comungarnáo deve levar o fiel a menospre-


zara Comunháo, mas a valorizar o sentido de sua dignidade de membro
do Corpo Místico de Cristo.

5. A hostia deverá ser colocada sobre a palma da máo do fiel, que


a levará á boca antes de se movimentar para voltar ao lugar. Ou entáo,
embora por varias razdes isto nos parega menos aconselhável, o fiel apa-
nhará a hostia na patena ou no ciborio, que Ihe é apresentado pelo minis
tro que distribuí a Comunháo, e que assinala seu ministerio dizendo a
cada um a fórmula: "O Corpo de Cristo". É, pois, reprovado o costume de
deixar a patena ou o ciborio sobre o altar, para que os fiéis retirem do
mesmo a hostia, sem apresentagáo por parte do ministro. É também in
conveniente que os fiéis tomem a hostia com os dedos em pinga e, an
dando, a coloquem na boca.

6. É mister tomar cuidado com os fragmentos, para que nao se


percam, e instruir o povo a seu respeito. É preciso, também, recomendar
aos fiéis que tenham as máos limpas.

7. Nunca é permitido colocar na máo do fiel a hostia já molhada no


cálice".

Estas normas se acham na carta datada de 25/03/75, pela qual a


Presidencia da Conferencia Nacional dos Bispos transmitía a cada Bispo
as instrucóes da Santa Sé. A mesma carta aínda observava o seguinte:
"So mediante o respeito destas sabias condigóes, poderemos aguar
dar os frutos que todos desejam desta medida.

A experiencia da distríbuigáo da Comunháo na máo, em varios pon


tos do país, revelou pontos negativos, que deveráo ser cuidadosamente
eliminados. Assim, alguns ministros deram na máo do fíela hostia já mo
lhada no cálice, enquanto outros, para ganhar tempo, colocaram na pro-
pria máo varias hostias, fazendo-as escorregar rápidamente, urna a urna,
ñas máos dos fiéis, como quem distribuí balas ás criangas".
Vé-se que a Santa Sé enfatiza o máximo cuidado para que nao
haja profanacáo da S. Eucaristía nem ocorram irreverencias. Entre ou-
tras diretrízes, merecem especial atencáo as seguintes: nao se deve co-
mungar andando, mas quem recebeu na máo a partícula sagrada, afas-
te-se para o lado (a fim de deixar a pessoa seguinte aproximar-se) e,
parado, comungue. Cada comungante trate de verificar se nao ficou na
palma da máo ou entre os dedos alguma parcela de pao consagrado (em
caso positivo, deve consumi-la).

É lícito comungar duas vezes no mesmo dia se, em ambos os ca


sos, o fiel participe da S. Missa (canon 917).

279
Fragmento papiráceo

ORAQÁO MARIANA DO SÉCULO

Em síntese: Em 1917a Biblioteca John Ryland, de Manchester,


adquiriu no Egito um pequeño papiro, cujo conteúdo foi identificado em
1939; é o texto de urna oragáo dirigida a María Santíssima invocada como
Theotókos (Máe de Deus) no século III. Quando em 431 o Concilio de
Éfeso proclamou María Theotókos, fez eco a urna tradicáo cujo prímeiro
termo conhecido remonta a Orígenes (243).
* * *

Em 1917 a Biblioteca John Ryland, de Manchester (Inglaterra), ad


quiriu no Egito um pequeño fragmento de papiro de 18 x 9,4 cm, que foi
catalogado como Ryl. III, 470. Esse papiro apresenta urna oracáo mariana
de grande importancia tanto por seus dizeres como por sua data.
Examinaremos, a seguir, o conteúdo do papiro e a respectiva
datacáo.

1. O conteúdo do papiro

O texto do fragmento papiráceo foi editado em 1938, sem que se


tivessem até entáo identificado os seus dizeres. Isto só foi feito no ano
seguinte por F. Mercenier: este pesquisador verificou que se tratava da
oracáo mariana conhecida e recitada ainda hoje com as palavras iniciáis
"Sob a vossa protecáo" (Sub tuum praesidium... em latim). Embora o
texto nao esteja completo, mas deteriorado pelas intemperies dos sécu-
los (coisa normal entre os papiros), o sentido das palavras pode ser
depreendido com clareza e seguranza. Eis, a seguir, urna reproducáo do
papiro e a reconstrucáo do seu conteúdo. Entre colchetes estáo coloca
das as letras gregas subentendidas para dar significado ao texto:

280
ORAQÁO MARIANA DO SÉCULO I 41

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•no [i¡\nó [ri}v oi)v]
EYSnAA eiojtXa \y%í<xv\
KAA4>E kgc[t] a<pe[úyofisv]
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AAAEKKINAYNOY áXX ¿k Kvvdtívov
PY2AIHMA2 fivoai fjfjiQs
MONHA fióvt} á[yvf¡ ¡ióv\-
HEYAOr t¡ eúA.oy[nfiévn]

O texto, devidamente reconstituido, diz o seguinte:

Sob a tua misericordia nos refugiamos.

Máe de Deus!

Nao deixes de considerar as nossas súplicas

em nossas dificuldades,

Mas livra-nos do perígo,

Única casta e bendita!


281
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

A oracáo, redigida na primeira pessoa do plural, parece ser, por


isto mesmo, pertinente ao uso da Liturgia. Comentemo-la, levando em
conta astraducoes da mesma existentes ñas diversas tradicSes litúrgicas.

Sob a tua misericordia nos refugiamos... Urna das diferencas


mais notáveis quando consideramos as versóes recentes, está em que o
antigo orante se refugiava debaixo da misericordia de Maria, ao passo
que o texto latino diz praesidium, protecáo, asilo, defesa - o que parece
ser mais sobrio. A expressáo "sob a tua misericordia" se encontra ñas
versoes bizantina, copta e ambrosiana, ao passo que a Liturgia siria reza
mais enfáticamente ainda: "sob o manto da tua misericordia". Por sua
vez, o rito etíope diz: "sob a sombra de tuas asas".

Alguns manuscritos latinos do sáculo X traduzem literalmente: sub


tuis visceribus, isto é, em tuas entranhas nos refugiamos. Esta ver-
sáo faz ressoar um semitismo bíblico: a misericordia é comparada as
entranhas de urna máe, que em seu íntimo defende e abriga seu filho. Na
verdade, o vocábulo grego eusplanchían significa boas entranhas. Como
se vé, o texto original póe em relevo a confianca filial e a índole afetiva
das relacóes entre o cristáo orante e a Santa Máe de Deus.
Theotókos. O título que comumente se traduz por "Máe de Deus",
quer dizer, ao pé da letra: "Aquela que deu á luz Deus", em latim Deipara.
Este título professa que a pessoa que Maria deu á luz, é a pessoa do
Filho de Deus ou a segunda Pessoa da SSma. Trindade na medida em
que quis assumir a carne humana. Note-se que o vocábulo Theotóke é
forma de vocativo; donde se depreende que a oracáo é dirigida a Maria,
como expressáo da grande antigüidade da devocáo mariana no povo de
Deus.

Nao deixes de considerar as nossas súplicas em nossas difi-


culdades. Ao pé da letra, o fiel pede a Maria: "nao afastes de nossas
súplicas o teu olhar". Basta, pois, que a Máe de Deus esteja atenta as
nossas súplicas para que estejamos seguros. Nao se trata, porém, de
qualquer súplica, mas daquelas que brotam das dificuldades.
Mas livra-nos do perigo. Observe-se que o texto atual desta pre
ce menciona "os perigos", ao passo que o papiro fala "do perigo". Quem
recua até o ambiente egipcio do século III, verifica que o perigo por
antonomasia eram as perseguicóes movidas pelo Imperio Romano con
tra os cristáos. O historiador Eusébio de Cesaréia (t 339), em sua Histo
ria da Igreja, descreve a grande crueldade das perseguicóes havidas no
Egito. Por conseguinte, pode-se crer que a comunidade que compós tal
oracáo em tempo de perseguicáo, recorria á protecáo da misericordia da
Máe de Deus. Se tal suposicáo é correta, vé-se que a oracáo refletia
dramáticamente a alma do povo de Deus.

282
ORAQÁO MARIANA DO SÉCULO III 43

Única casta e bendita! A exclamacáo final professa a virgindade


de Maria Santíssima. O termo agne significa pura, casta, santa; além da
virgindade, proclama a fidelidade de Maria á vontade de Deus.

2. O problema da datacáo

Os estudiosos concordam entre si ao afirmar a grande antigüidade


do texto, mas oscilam entre o século III e o século IV.

Os que preferem o século III valem-se de argumentos papirológicos


(material sobre o qual se fez a escrita, tipo de letra, caligrafía...). Os par
tidarios do século IV baseiam-se em razóes de ordem doutrináría: o uso
da expressio Theotókos, dízem, nao se encontra antes do século IV.
Todavía a pesquisa atenta das fontes literarias ou patrísticas leva a con
cluir claramente em favor do século III. Eis o que se pode apurar:

Por volta de 428 Nestório, Patriarca de Constantinopla, rejeitou o


costume, arraigado no povo cristáo, de chamar Maria Theotókos; prefe
ría falar de Christotókos (a que deu á luz o Cristo). Com isto Nestório
quería pretensamente salvaguardar a humanidade completa de Cristo,
mas na verdade estava separando o divino e o humano em Jesús e ne
gando a verdadeira Encamacáo. A réplica a Nestório nao se fez esperar.
Sao Cirilo, Bispo de Alexandria, sede tradicionalmente oposta a
Constantinopla em questóes cristológicas, assumiu a defesa do título
Theotókos. O Concilio geral de Éfeso em 431, valendo-se das palavras
de Cirilo, declarou que os Santos Padres "nao duvidaram chamar
Theotókos a SSma. Virgem" - o que nao quería dizer que a Divindade
comecou a existir a partir de María, mas que Aquele que nasceu de Ma
ria, desde o seio materno está unido hipostaticamente ao Verbo de Deus.

A controversia assim oriunda tem suas raízes em épocas anterio


res. Com efeíto; quando Nestório se pos a negar o título Theotókos,
encontrou-o já inveterado no povo de Deus, principalmente no Egito ou
na regiáo de Alexandria. Retrocedendo ao século IV encontramos o grande
Bíspo Atanásio de Alexandria, que por volta de 340 atribuiu algumas ve-
zes o título Theotókos a Maria SSma., tanto nos seus escritos contra os
arianos quanto na sua Vida de Antáo.

O antecessor de Atanásio na sede alexandrina, S. Alexandre, tam-


bém usou tal título: numa de suas cartas afirma que o Verbo assumiu um
corpo verdadeíro, e nao aparente, de Maria, a Theotókos (PG 18,568c).

Em 300 foi eleito Bispo de Alexandria Pedro I: ao referir-se ao mis


terio da Encarnacao, chama duas vezes Maria Theotókos (PG 18,517b).
Nem Pedro nem Alexandre nem Atanásio sentem a necessidade de jus
tificar ou explicar o título - o que mostra que era tranquilamente aceito
pelo povo de Deus.

283
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Entrando agora no século III, notemos que o mártir alexandrino


Piero (t 300) cognominado Orígenes Júnior, escreveu um tratado sobre
a Theotókos (Peri tes Theotókou), como refere Filipe de Side.
Recuando mais aínda, registra-se uma observacáo do historiador
Sócrates, o Escolástico, na sua Historia da Igreja: afirma que Orígenes
de Alexandria (t 254) no inicio do seu comentario sobre a epístola aos
Romanos (redigido por volta de 243), elaborou ampia explicacáo do sen
tido que tem o termo Theotókos; em tal caso pode-se crer que Orígenes
sentía a necessidade de explicar o título mariano. Infelizmente, porém,
esse comentario da epístola aos Romanos se perdeu. O vocábulo
Theotókos ocorre ainda em alguns textos de Orígenes cuja autenticida-
de é discutida (o fragmento 80 sobre Lucas é tido geralmente como ge
nuino). Há certamente algumas afirmacóes de Orígenes, em suas homilías
sobre Sao Lucas, que sugerem tenha Orígenes, já na primeíra metade
do século III, chamado María SSma. Theotókos.
Este título ocorre outrossim na obra As Béncáos dos Patriarcas,
de Hipólito de Roma (t 235), que pode datar de fins do século II 0"ulga-se,
porém, que a referencia ao título é devída a uma interpolacáo e nao per-
tence a integridade do texto).
Como quer que seja, pode-se reconstituir a serie de autores
alexandrinos que aplicam a María a desígnacáo Theotókos: Orígenes,
Piero, Pedro I, Alexandre e Atanásio; tal serie vai de 243 a 340, evidenci
ando a antigüidade do texto.

Estes dados de literatura patrística sao assaz significativos para


que se possa atribuir a oracáo em pauta ao século ULE testemunho de
que a piedade mariana desde remotas épocas existe no povo de Deus,
pondo em relevo a figura maternal de Maria: Máe de Deus feito homem e
Máe dos homens que seguem a Cristo perseguido e vencedor da morte.

Marilyn e o Papa Joáo XXIII. Cartas entre o céu e o inferno, por


Dorothea Kühl-Martini. Tradugáo do Pe. Clóvis Bovo. - Ed. Santuario,
Aparecida (SP), 140x210mm, 136pp.

A autora redigiu um epistolario ficticio entre a atriz norte-americana


Marilyn Monroe e o Papa Joáo XXIII, tido como o Papa bom e santo. É
multo interessante a maneira como Dorothea Kühl-Martini interpreta os
anseios da mulher de vida libre em suas cartas dirigidas a quem Ihe po-
dia dar uma palavra de esclarecimento. Todo o drama da famosa estrela
do cinema se expande, deixando ver os tragos profundos do ser humano,
que, embora movido pelos atrativos da vida mundana e vazia, se expri
me, sem saber exatamente tomo, a procura de uma resposta para suas
mais legítimas aspiragóes de filha de Deus. O livro dá margem a sadias
reflexóes.

284
Pergunta-se:

ACÓLITO E ACOLITA DE MISSA?

Em síntese: A Santa Sé nao se opóe a que meninas e senhoras


sirvam ao altar na qualidade de acolitas (coroínhas). Todavía lembra que
sempre será muito oportuno seguir a nobre tradigáo do servigo ao altar
por parte dos meninos. Onde, porlicenga do Sr. Bispo, naja meninas ou
senhoras servindo ao altar, recomendase que esta praxe seja bem
explicada aos fiéis a luz das normas da Igreja. Ademáis a autorizagáo
para servir ao altar há de ser concedida temporariamente peb Sr. Bispo,
podendo este renovar ou nao a concessao feita.

Vém-se multiplicando os casos em que meninas e senhoras ser-


vem ao altar por ocasiáo da Santa Missa. Esta praxe tem suscitado a
interrogacao sobre o fundamento legal que a sustente. Em vista disto, a
legislacao canónica vigente a respeito será explanada ñas páginas sub-
seqüentes.

1. Urna Declaracio da Santa Sé

O Comunicado Mensal da Conferencia Nacional dos Bispos do


Brasil, n9 482 (junho-julho de 1994), pp. 1118s, traz a seguinte carta:

CONGREGAQÁO DO CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMEN


TOS

FUNCÓES LITÚRGICAS

Comunicagáo da Congregagáo do Culto Divino a res


peito das fungóes litúrgicas confiadas aos leigos, de
acordó com a resposta do Pontificio Conselho para
a Interpretagao dos Textos Legislativos.

Roma, 15 de margo de 1994.


Protoc. 2482/93

A Sua Excelencia Reverendíssima


Dom Luciano P. Mendes de Almeida S.J.
Presidente da CNBB

285
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

Excia. Reverendíssima,

Julgo ser meu dever comunicar aos Presidentes das Conferencias


Episcopais que será brevemente publicada em "Acta Apostolicae Sedis"
urna interpretagáo auténtica do can. 230 § 2 do Código de Direito
Canónico.

Como é sabido, peto referido can. 230 § 2, estabelecia-se que:

"Laici ex temporánea deputatione in actionibus liturgias munus


lectoris implere possunt; item omnes laici muneribus commentatoris,
cantoris aliisve ad norman iuris fungí possunf'.1

Últimamente foi perguntado ao Pontificio Conselhopara a Interpre


tagáo dos Textos Legislativos se as fungóes litúrgicas, que, segundo o
estipulado no citado canon, podem ser confiadas aos leigos, poderiam
ser desempenhadas indistintamente por homens e mulheres e se, entre
tais fungóes, poder-se-ia incluir também a de servir ao altar, em pé de
igualdade com as outras fungóes indicadas pelo mesmo canon.

Na reuniáo de 30 de Junho de 1992, os Padres do Pontificio Con


selhopara a Interpretagáo dos Textos Legislativos examinaram a seguin-
te dúvida, que Ihes fora posta:

"Utrum ínter muñera litúrgica quibus laici, sive viri sive mulleres,
iuxta C.I.C. can 230 §2, fungí possunt, adnumerari etiam possit servitium
ad altare".2

A resposta foi a seguinte: "Affirmative et iuxta instructiones a Sede


Apostólica dandas".3

Posteriormente o Sumo Pontífice Joño Paulo li, na Audiencia con


cedida em 11 de julho de 1992 ao Exmo. e Revmo. Mons. Vmcenzo
Fagiolo, Arcebispo emérito de Chieti-Vasto e Presidente do mencionado
Conselho para a Interpretagáo dos Textos Legislativos, confirmou tal de-
cisao e ordenou que fosse promulgada. O que brevemente acontecerá.
Ao comunicar a essa Conferencia Episcopal quanto fíca dito, sinto
o dever de precisar alguns aspectos do can. 230 §2eda sua interpreta
gáo auténtica:

1 "Os leigos podem desempenhar, por encargo temporario, as fungóes de leitor ñas
agóes litúrgicas; igualmente todos os leigos podem exercero encargo de comentador,
de cantor ou outros, de acordó com o Direito" (Nota da Redagáo).
2 "Entre as fungóes litúrgicas que aos leigos, homens e mulheres, é lícito exercer de
acordó com o canon 230 § 2, pódese incluir também o servigo ao altar?". (N.d.R).
3 "Afirmativamente, de acordó com as instrugóes a ser dadas pela Sé Apostólica"
(N.d.R.).

286
ACÓLITO E ACOLITA DE MISSA? 47

1) O Can. 230 § 2 tem caráter permissível e nao impositivo: "Laici


(...) possunt". Portanto, a autorizagáo dada a este propósito por alguns
Bispos nao pode minimamente ser invocada como obrigatória para os
outros Bispos.

De fato, compete a cada Bispo em sua diocese, ouvido o parecer


da Conferencia Episcopal, emitir um juízo prudente sobre como proceder
para um regular incremento da vida litúrgica na própria diocese.

2) A Santa Sé respeita a decisáo que alguns Bispos, por determi


nadas razoes locáis, adotaram, com base ao previsto no can. 230 § 2,
mas contemporáneamente a mesma Santa Sé recorda que sempre será
muito oportuno seguirá nobre tradigáo do servigo ao altar pelos meninos.
Isto, como se sabe, permitiu inclusive um consolador desenvolvimento
das vocagóes sacerdotais. Portanto, sempre existirá a obrigagáo de con
tinuar a sustentar tais grupos de coroinhas.

3) Se, em qualquer diocese, com base no can. 230 § 2, o Bispo


permitir que, por razóes particulares, o servigo do altar seja prestado tam-
bém por mulheres, isso deverá ser bem explicado aos fiéis, á luz da nor
ma citada, e recordando que ela encontrajá urna larga aplicagáo no fato
de as mulheres desempenharem muitas vezes o servigo de leitorna litur
gia e poderem ser chamadas também a distribuir a Sagrada Comunháo,
como Ministros Extraordinarios da Eucaristía, e realizarem outras fun-
góes, como previsto no §3 do mesmo can. 230.

4) Deve, ainda, ficar claro que os referidos servigos litúrgicos dos


leigos sao cumpridos "ex temporánea deputatione" a criterio do Bispo,
sem que haja qualquer direito a desempenhá-los por parte dos leigos,
homens ou mulheres que sejam.

Ao comunicar quando referido, esta Congregagáo para o Culto Di


vino e a Disciplina dos Sacramentos quis cumprir o mandato recebido
do Sumo Pontífice de dar instrugóes para ilustrar o can. 230 §2 do C.I.C.
e a interpretagao auténtica desse canon, que próximamente será
publicada.

Assim, os Bispos poderáo desempenhar melhor a sua missáo de


serem, na própria diocese, moderadores e promotores da vida litúrgica,
no ámbito das normas vigentes na Igreja Universal.

Em profunda comunháo com todos os membros dessa Conferen


cia, tenho o prazer de me professar.

Card. Javierre
Prefeito da Congregagáo do Culto Divino

287
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 457/2000

2. Comentando...

A Declarado da Congregado para o Culto Divino sugere alguns


comentarios:

1) Até nossos dias nao foi publicada em Acta Apostolicae Sedis


(periódico oficial da Santa Sé) a prometida interpretacáo auténtica do
canon 230 § 2 por parte do Pontificio Conselho para a Interpretacáo dos
Textos Legislativos. Estáo, pois, vigentes as normas emitidas pela Con-
gregacáo para o Culto Divino, que assim "cumpriu o mandato recebido
do Sumó Pontífice".

Essas normas referem que

2) A autorizacáo para servir ao altar é dada pelo Sr. Bispo em cará-


ter temporario, podendo ser renovada ou nao a criterio do prelado
diocesano.

3) A Santa Sé respeita a autorizacáo concedida pelos Bispos a


meninas e senhoras para que sirvam ao altar... Deseja, porém, que a
praxe seja devidamente explicada aos fiéis a fim de se evitar qualquer
mal-entendido entre estes. Mesmo quando nao é acolita da S. Missa, a
mulher nao é excluida do servico litúrgico, pois Ihe podem tocar as fun-
cóes de leitora, de ministra extraordinaria da Comunháo Eucarística e
outras mencionadas no canon 230 § 3.1

4) A Santa Sé deseja que se mantenha o costume tradicional e


oportuno de chamar meninos para acolitar a S. Missa, pois de tal prática
tém surgido vocacóes sacerdotais. O texto vai mais longe quando diz
que "sempre existirá a obrigacáo de continuar a sustentar tais grupos de
coroínhas" (grifo nosso).

5} Diante da situacáo assim configurada cada Bispo é livre para


proceder em sua diocese segundo melhor Ihe parecer, tendo sempre em
vista a digna celebracáo da S. Liturgia.

Estéváo Bettencourt O.S.B.

1 Canon 230 § 3: "Onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem também os


leigos, na falta de ministros, mesmo nao sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de
seus oficios, a saber, exercer o ministerio da palavra, presidir as oragoes litúrgicas,
administrar o Batismo e distribuir a Sagrada Comunháo, de acordó com as prescri-
góes do Direito".

288
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Estéváo. Sao professores da Escola Teológica, do Pontificio Ateneu de Santo Anselmo
em Roma, que ministraram varios cursos nesta e outros que o estimam. Sumario: His
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