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  • Mapeando A Negacao Sentencial Pos-Verbal: A Regiao Sul

    Încărcat de

    Rerisson Cavalcante
    18 vizualizări28 pagini
    Na literatura, consideram-se, geralmente, as sentenças com negativas pós-verbais, [não SV não] e especialmente [SV não], como inovações lingüísticas do português brasileiro (PB) em relação ao europeu (PE), oriundas de situações de contato (cf. Fonseca, 2010; Petter, 1994). Adicionalmente, muitas vezes se considera [SV não] como peculiaridade nordestina, ausente em dialetos do sul e de parte do sudeste. Trabalhos recentes mostram a presença das negativas pós-verbais no PE (cf. Martins, 2010; Pinto, 2010), embora com valores semânticos e funcionais distintos (cf. Cavalcante, 2012, p. 57-60). A presença de [não SV não] também pode ser atestada no sul e sudeste; e a de [SV não], no sudeste. Por outro lado, a presença, a distribuição e o valor de [SV não] na região sul não estão claros: a estrutura parece ausente do Rio Grande do Sul (RS), mas presente ao menos em parte do Paraná (PA) e de Santa Catarina (SC). O objetivo deste trabalho, então, é mapear a presença de [não SV não] e, especialmente, de [SV não] nos inquéritos do ALiB da região sul do país, para detectar a partir de que ponto do território elas aparecem, e descrever as funções discursivas/pragmáticas que elas codificam e os tipos sintático-semânticos dos verbos com que ocorrem. O levantamento dos dados se baseará na audição completa dos inquéritos, uma vez que as negativas pós-verbais são mais aceitáveis/produtivas em contextos de respostas diretas, imperativos e perguntas polares, e menos aceitáveis em situações de discurso livre e narrativas. Assumo as hipóteses: (i) [SV não] deve estar ausente no RS; (ii) mas deve ser documentada em partes de SC e PA; (iii) quando documentada, a estrutura [não SV não] deve ter valor enfático, diferentemente do que ocorre na região nordeste, em que é apenas anafórica (cf. Cavalcante, 2012, p. 28-133). 12º Workshop do Projeto Atlas Lingüístico do Brasil http://www.12workalib.ufba.br/ 2 a 4 de dezembro de 2015 Universidade Federal da Bahia

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    Mapeando a Negacao Sentencial Pos-Verbal: a Regiao Sul

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    Na literatura, consideram-se, geralmente, as sentenças com negativas pós-verbais, [não SV não] e especialmente [SV não], como inovações lingüísticas do português brasileiro (PB) em relação ao europeu (PE), oriundas de situações de contato (cf. Fonseca, 2010; Petter, 1994). Adicionalmente, muitas vezes se considera [SV não] como peculiaridade nordestina, ausente em dialetos do sul e de parte do sudeste. Trabalhos recentes mostram a presença das negativas pós-verbais no PE (cf. Martins, 2010; Pinto, 2010), embora com valores semânticos e funcionais distintos (cf. Cavalcante, 2012, p. 57-60). A presença de [não SV não] também pode ser atestada no sul e sudeste; e a de [SV não], no sudeste. Por outro lado, a presença, a distribuição e o valor de [SV não] na região sul não estão claros: a estrutura parece ausente do Rio Grande do Sul (RS), mas presente ao menos em parte do Paraná (PA) e de Santa Catarina (SC). O objetivo deste trabalho, então, é mapear a presença de [não SV não] e, especialmente, de [SV não] nos inquéritos do ALiB da região sul do país, para detectar a partir de que ponto do território elas aparecem, e descrever as funções discursivas/pragmáticas que elas codificam e os tipos sintático-semânticos dos verbos com que ocorrem. O levantamento dos dados se baseará na audição completa dos inquéritos, uma vez que as negativas pós-verbais são mais aceitáveis/produtivas em contextos de respostas diretas, imperativos e perguntas polares, e menos aceitáveis em situações de discurso livre e narrativas. Assumo as hipóteses: (i) [SV não] deve estar ausente no RS; (ii) mas deve ser documentada em partes de SC e PA; (iii) quando documentada, a estrutura [não SV não] deve ter valor enfático, diferentemente do que ocorre na região nordeste, em que é apenas anafórica (cf. Cavalcante, 2012, p. 28-133). 12º Workshop do Projeto Atlas Lingüístico do Brasil http://www.12workalib.ufba.br/ 2 a 4 de dezembro de 2015 Universidade Federal da Bahia

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    Mapeando A Negacao Sentencial Pos-Verbal: A Regiao Sul

    Încărcat de

    Rerisson Cavalcante
    Na literatura, consideram-se, geralmente, as sentenças com negativas pós-verbais, [não SV não] e especialmente [SV não], como inovações lingüísticas do português brasileiro (PB) em relação ao europeu (PE), oriundas de situações de contato (cf. Fonseca, 2010; Petter, 1994). Adicionalmente, muitas vezes se considera [SV não] como peculiaridade nordestina, ausente em dialetos do sul e de parte do sudeste. Trabalhos recentes mostram a presença das negativas pós-verbais no PE (cf. Martins, 2010; Pinto, 2010), embora com valores semânticos e funcionais distintos (cf. Cavalcante, 2012, p. 57-60). A presença de [não SV não] também pode ser atestada no sul e sudeste; e a de [SV não], no sudeste. Por outro lado, a presença, a distribuição e o valor de [SV não] na região sul não estão claros: a estrutura parece ausente do Rio Grande do Sul (RS), mas presente ao menos em parte do Paraná (PA) e de Santa Catarina (SC). O objetivo deste trabalho, então, é mapear a presença de [não SV não] e, especialmente, de [SV não] nos inquéritos do ALiB da região sul do país, para detectar a partir de que ponto do território elas aparecem, e descrever as funções discursivas/pragmáticas que elas codificam e os tipos sintático-semânticos dos verbos com que ocorrem. O levantamento dos dados se baseará na audição completa dos inquéritos, uma vez que as negativas pós-verbais são mais aceitáveis/produtivas em contextos de respostas diretas, imperativos e perguntas polares, e menos aceitáveis em situações de discurso livre e narrativas. Assumo as hipóteses: (i) [SV não] deve estar ausente no RS; (ii) mas deve ser documentada em partes de SC e PA; (iii) quando documentada, a estrutura [não SV não] deve ter valor enfático, diferentemente do que ocorre na região nordeste, em que é apenas anafórica (cf. Cavalcante, 2012, p. 28-133). 12º Workshop do Projeto Atlas Lingüístico do Brasil http://www.12workalib.ufba.br/ 2 a 4 de dezembro de 2015 Universidade Federal da Bahia

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    MAPEANDO A NEGAO

    SENTENCIAL PS-VERBAL:
    A REGIO SUL
    Rerisson Cavalcante de Arajo (UFBA)
    12 Workshop do Projeto Atlas Lingstico do Brasil
    2 a 4 de dezembro de 2015 - UFBA

    Objetivo geral

    Descrever a distribuio das estruturas


    de negao sentencial na regio Sul do
    Brasil e identificar as reas de uso e de
    ausncia do marcador negativo psverbal.

    Trs negativas sentenciais bsicas


    [no SV]
    Eu no quero sair hoje.

    [no SV no]
    Eu no quero sair hoje no.

    [SV no]
    Quero sair hoje no.

    Negativas sentenciais especial

    Uso no-argumental do quantificador


    nada como marcador negativo
    enftico.
    A: Ele fez o trabalho que eu pedi?
    B: Fez (o trabalho) nada!
    A: Voce fala muito palavro!
    B: Falo (palavro) nada!

    Trs pressuposies sobre as


    negativas ps-verbais

    1) As negativas ps-verbais seriam


    inovaes/exclusivas do PB, ausentes do PE.

    2) A negativa [no SV no] seria


    necessariamente enftica.

    3) A negativa [SV no] seria tipicamente


    nordestina.

    1) Exclusividade do PB?

    H autores que consideram o no psverbal como inovao do PB em relao ao


    PE;

    E que seria resultado do contato lingstico


    (cf. Fonseca, 2010; Petter, 1994; Lucchesi,
    2001).

    Exclusividade do PB? No.

    Martins (2010, 2012) e Pinto (2010) do


    exemplos de [no SV no] e [SV no] no PE, o
    que mostra que a negao ps-verbal no
    exclusiva do PB.
    O Pedro no disse que vendeu o carro no. (PE)
    No gosta de ningum no. (PE)
    A: A crianca comeu a sopa toda.
    B: Comeu a sopa toda, no. Deixou metade no prato. (PE)

    2) Necessariamente enftica?

    Opinio popular de que [no SV no]


    diferiria de [no SV] por ser enftica ou por
    ser mais forte.

    Na literatura sobre o tema, pelo menos


    Cunha (1996, 2001) e Roncarati (1996)
    defendem [no SV no] como enftica.

    2) Necessariamente enftica? No!

    A nfase algo que pode ser acrescentado


    negativa pr-verbal ou dupla via prosdia:
    (1) Eu NO QUERO!
    (2) Eu j disse que NO VOU!
    (3) NO SAIA dai!

    E a negativa dupla perfeitamente aceitvel


    sem nfase ou maior fora.
    (4) No quero no, obrigado.
    (resposta)
    (5) Num lembro no.
    (resposta)
    (6) Num teve aula no?
    (interrogativa polar)
    (7) (O, por favor,) num saia hoje no! (imperativo)

    Enftica(s), no! Anafrica(s)

    Negativas ps-verbais do PB ocorrem em


    respostas, imperativos e interrogativas
    polares.

    Nos trs tipos de contextos, so


    motivadas/licenciadas por algo do contexto
    lingstico ou no-lingstico. So rplicas.

    Enftica(s), no! Anafrica(s)

    Perguntas polares
    A: (Acho que) Joo num veio para festa.
    B: E nem era pra ele vir.
    A: (Num) convidou ele no? (Pensei que voc tivesse
    convidado...)

    Imperativos
    A: Acho que vou convidar Joo para a festa...
    B: Num convide ele no! / Convide ele no!

    Mas no PE...

    Se, no PB, a dupla negativa no enftica e pode


    ocorrer em declarativa (matrizes ou
    completivas), interrogativas polares e
    imperativos...

    ... por outro lado, no PE, esta tem a funo


    enftica (segundo Martins 2010, 2012), e s pode
    ocorrer em declarativas matrizes, estando
    excluda em interrogativas, imperativas e mesmo
    em declarativas subordinadas.

    Tipicamente nordestina?

    Afirmaes sobre [SV no] ser tipicamente


    nordestina (cf. Roncarati, 1996).

    Intuies/relatos de ausncia de [SV no]


    nas regies sulistas do pas, especialmente
    no Rio Grande do Sul.

    ... e de valor enftico para [no SV no] no


    Sul.

    Tipicamente nordestina? No,


    mas...

    H trabalhos que analisam ou citam [SV


    no] em regies do Sudeste.

    Relatos pessoais e intuio apontam


    existncia de [SV no] no sudeste e em
    parte do sul (Paran e parte de Santa
    Catarina).

    Mas permanecem relatos da inexistncia de


    [SV no] no Rio Grande do Sul.

    Questes da pesquisa

    1) Se o no ps-verbal est ausente em parte


    do Sul do pas, em que localidades surge o seu
    uso, especialmente na estrutura [SV no]?

    2) Que funes discursivas/pragmticas [no SV


    no] e [SV no] exercem nos locais em que
    ocorrem no Sul?

    3) As negativas finais no Sul ocorrem em


    interrogativas e imperativas ou apenas em
    declarativas?

    Metodologia (I)
    Audio de inquritos da capital e interior do
    RS e de SC. (1 fase) em andamento/iniciada
    h um ms e meio.
    Audio de todos os questionrios de cada
    inqurito.
    Contextos: i) respostas e rplicas; ii)
    imperativos; iii) perguntas polares
    Colaborao de: Luma Maria Ribeiro
    Gomes da Silva (Iniciao cientfica)

    Metodologia (II)
    Levantamento

    apenas em fase inicial.:


    Inquritos examinados:
    dois de Florianpolis: Inf-1 e Inf-2;
    um de Porto Alegre: Inf-1;
    um de Uruguaiana-RS (parcial): Inf-1
    um de Bag-RS (parcial): Inf-1.
    um de Itaja-SC (parcial): Inf-1.

    Estudo anterior para


    comparao: Salvador

    Cavalcante (2004): estudo da negao em


    inquritos experimentais de Salvador.

    Fonte: Cavalcante, 2004, adaptado

    Resultados iniciais (II)


    Florianpolis:
    INF 1: Apenas [no SV].
    INQ: Aquilo que se faz da nata do leite. Que vem no
    potinho assim... (pausa) que amarela, n... (...)
    INF: No sei. (INF. 230/1; 5 min)

    INF

    2: [no SV] e [no SV no].

    INF: A minhoca? No, a minhoca d em qualquer lugar.


    No isso no. (230/2; 1h09min)

    Resultados iniciais (III)


    Porto Alegre:

    Inf.1:

    apenas [no SV].

    Inq: Tu tem algum apelido?


    Inf: Apelido?
    Inq: .
    Inf: No, no tenho. [Inf. 243-1;]

    Inq: Se o menino est mexendo em alguma coisa


    e algum quer falar pra que ele no mexa?
    Inf: (...) no mexe a, que isso a no... no... no
    teu... e no pode mexer.

    Resultados iniciais (IV)


    Uruguaiana

    (RS):
    Inf. 245/1: [no SV] e [no SV no].
    Inq: Uma coisa parecida com essa aqui, . A o lombo
    do cavalo fica aqui. Pe no lombo do cavalo e pendura
    cestos. Isso aqui, que nome tem?
    Inf: Bah, nunca ouvi falar no. [59 min]

    Resultados iniciais (V)


    Itaja

    (SC):
    Inf-228/1: [no SV] e [no SV no]
    Inq: ... aqui em Itaja tem muitos desses animais?
    Inf: No tem muito no. [8 min]
    Inf: A no sei o nome no... [1h 13 min]

    Resultados iniciais (VI)


    Bag
    INF-1:

    (RS):

    levantamento em andamento;
    no houve uso de negao sentencial
    pelo informante.

    Em resumo...
    Localidade [no SV no]

    [SV no]

    Florianpolis

    sim

    no

    Itaja

    sim

    no

    Bag

    ???

    ???

    Uruguaiana

    sim

    no

    Porto Alegre

    no

    no

    Em resumo...

    1) [SV no] ainda no foi documentada.

    2) [no SV no] se mostrou ausente apenas


    em Porto Alegre.

    3) os casos de [no SV no] no so enfticos


    (= PB nordestino, PE).

    4) [no SV no] at agora apenas em


    declarativas ( PB nordestino, = PE).

    Para a continuao da pesquisa

    Prosseguir no levantamento dos dados


    nas localidades j iniciadas e nas demais
    localidades do RS e de SC.

    Em uma segunda fase, ampliar o


    levantamento para o estado do Paran.

    Referncias
    CAVALCANTE, Rerisson. (2012). Negao anafrica no portugus
    brasileiro: negao sentencial, negao enftica e negao de
    constituinte. Universidade de So Paulo.
    CAVALCANTE, Rerisson. (2004). Construes negativas no
    portugus falado em Salvador. Hyperion, n. 7, Salvador. Disponvel
    em: http://www.hyperion.ufba.br/revista_7_04.htm
    CUNHA, M. A. Furtado da. (1996). Gramaticalizao dos mecanismos
    de negao em Natal. In: MARTELOTTA, Mario Eduardo;VOTRE,
    Sebastiao Josue; CEZARIO, Maria Maura. (Orgs.). Gramaticalizacao no
    portugues do Brasil. 1 ed. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, v. , p. 167- 189.
    CUNHA, M. A. Furtado da. (2001). O modelo das motivacoes competidoras
    no dominio funcional da negacao. DELTA: Documentacao de Estudos em
    Linguistica Teorica e Aplicada, Sao Paulo, v. 17, n. 1, p. 1-30.
    FONSECA, Hely Dutra Cabral da. (2009). A nocao default e a sintaxe da
    negacao. Estudos da Lingua(gem), v. 7, n. 2, dezembro de 2009, p. 109-132.

    Referncias
    FONSECA, Hely Dutra Cabral da. (2011). Linguas africanas e a estrutura
    V+NEG no portugues do Brasil e dAngola. In: Papia 21, v. 2, p. 195-208.
    LUCCHESI, Dante. (2001). As duas grandes vertente da histria
    sociolingstica do Brasil. DELTA. Documentao de Estudos em
    Lingstica Terica e Aplicada, So Paulo, v. 17, n.1, p. 97-132.
    MARTINS, Ana Maria. (2010b). Negao metalingstica (la, ca e
    agora). In: BRITO, Ana Maria. (ed.). Actas do XXV Encontro da Associacao
    Portuguesa de Linguistica. Lisboa. APL. p. 567-587.
    RONCARATI, Claudia. (1996). A negacao no portugues falado. IN:
    MACEDO, Alzira Tavares de; RONCARATI, Claudia; MOLLICA, Maria
    Cecilia. (orgs). Variacao e discurso. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, p.
    97-112.
    PETTER, Margarida. Observao sobre o uso da estrutura negativa.
    Papia, Braslia, v. 3, p. 98-108, 1994.
    PINTO, Clara. (2010). Negao Metalinguistica e Estruturas com nada
    no Portugus Europeu. Universidade de Lisboa. Dissertao de
    Mestrado.

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