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DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

EVELSON DE FREITAS/AE–5/5/2004

Recuperação. Depois de ter sido quase dizimada por pragas, a produção brasileira de algodão voltou a crescer quando migrou para Mato Grosso. Subsídios dos EUA prejudicavam o esforço

Alémdisso,oassuntotinhapo-

A briga que o País tencial para se tornar um tor-


mento político. Os subsídios
iam para grandes produtores – o
pagamento per capita chegava a
US$ 5 milhões por ano. Enquan-
CRONOLOGIA

Uma longa e Setembro de 2006


a junho de 2008

evitou e da qual to isso, países pobres do Oeste


da África sofriam com a distor-
ção dos preços.
O dano para o Brasil era sim-
ples de provar. O País já tinha
cara disputa
Outubro de 2002
Primeira ação
O governo brasileiro decidi
Na malha da burocracia
Mais de dois anos são gastos
em procedimentos burocráti-
cos e apelações dos EUA.

já não pode sair sidoumgrandeprodutordealgo-


dão, mas a cultura foi devastada
pelaspragas.Em 2002,comami-
graçãoparaoMatoGrosso,apro-
dução de algodão brasileira re-
contestar os subsídios conce-
didos pelos EUA

Março de 2003
Início do processo
Agosto de 2008
País cobra definições
Brasil retoma o processo do
algodão e pede a OMC para
definir valor e retaliação
nascia. Esse esforço estava em A OMC inicia o processo con-
Marcada por disputas políticas dentro do governo, a briga de risco com o subsídio americano. tra os EUA a pedido do Brasil Agosto de 2009
8 anos com os EUA pelos subsídios do algodão chega ao desfecho Bandeira política. Os painéis Setembro de 2004
Sai a punição aos EUA
OMC define retaliação de US$
doalgodãoedoaçúcar,no entan- Primeira vitória 830 milhões ( US$ 530 mi-
Raquel Landim intensas disputas políticas. Ao assumir o cargo, Camargo to, não nasceram de reclama- A OMC divulga seu relatório lhões em bens). Aprovada tam-
Em nota técnica de junho de Neto pediu aos técnicos que ções dos produtores agrícolas. final e dá vitória ao Brasil, con- bém a “retaliação cruzada”
Era outubro de 2002, e a equipe 2002, o Itamaraty alertava que “varressem” os subsídios dos Disputas do comércio interna- denando os subsídios dos com quebra de patentes
de Fernando Henrique Cardoso seria “extremamente complexo EUA e da União Europeia. Para cional costumam surgir quando EUA aos produtores. Os EUA
se preparava para deixar o po- estabelecer a ligação entre os os europeus, o produto seria o gruposprivadossesentempreju- apelam da decisão Março de 2010
der. Após uma análise minucio- subsídiosamericanoseosprejuí- açúcar. Para os EUA, surgiu a dicadosepedemajudaaosgover- A lista da retaliação
sa do caso, o ministro da Fazen- zos ao Brasil”. Os diplomatas es- ideia da soja, mas foi perdendo nos.Mas,nessescasos,osempre- Março de 2005 Lista definitiva da retaliação é
da, Pedro Malan, estava conven- tavam preocupados com as con- forçaporqueaproduçãobrasilei- sáriosforam chamados a enfren- Segunda vitória divulgada. Número de bens
cido de que os Estados Unidos sequências políticas. “Trata-se ra crescia exponencialmente. tar americanos e europeus. O órgão de apelação da OMC afetados cai para 102. País ini-
subsidiavam ilegalmente os pro- de um contencioso que questio- Foi quando um funcionário “Eraparaserumabandeirapo- mantém a vitória do Brasil. cia consulta pública sobre “re-
dutoresde algodão,relataseuas- nará o cerne da política agrícola de carreira do ministério, Lino lítica mesmo. Pretendíamos ter Mas os EUA não se mexem taliação cruzada”
sessor na época, Eduardo Leão. americana”, dizia o documento. Colsera, sugeriu o algodão. “Os um caso contra o Japão também,
“Nós que fizemos. Vamos dar O Itamaraty apontava, ainda, te- EUA dominavam o mercado in- mas não deu tempo”, confessa Agosto de 2006 Maio de 2010
entrada no processo. Não vamos mores de contrarretaliação. ternacional. Tudo que faziam Camargo Neto. O objetivo do Reforma nos EUA O Dia D
deixar para o próximo governo”, “Houve uma forte objeção do afetavaospreços”,explicaColse- Brasil era liderar o descontenta- EUA reformam seus subsí- Se não houver acordo, retalia-
disseMalan, emuma das últimas Itamaraty. Eles tinham medo de ra. De 1998 a 2002, o governo mento que surgia entre os países dios. Brasil pede a OMC para ção vai entrar em vigor no dia
reuniões da Câmara de Comér- perder. Diziam que ficaria feio americano pagou entre US$ 1,9 em desenvolvimento. checar se painel foi cumprido 7 de maio, uma quarta-feira
cio Exterior do governo FHC. paraoBrasil”,disse Marcus Viní- bilhão e US$ 3,9 bilhão, por ano, Um conflito como esse tem
Dessa maneira, ele resolveu uma cius Pratini de Moraes, que era aos produtores de algodão. raízes profundas. A China ainda
queda de braço entre Itamaraty ministro da Agricultura. Celso Os valores estavam acima do não tinhadespertado seu apetite E surgia uma burguesia no cam- tem 24 horas para responder.”
e ministério da Agricultura que Lafer, que ocupava a pasta das teto deUS$ 1,4bilhão estabeleci- por commodities eos preços dos po, da qual Camargo Neto fazia Maeda reuniu os principais
ameaçava acabar com o painel Relações Exteriores, nega resis- do na Rodada Uruguai. Logo, os produtos agrícolas despenca- parte, atenta a questões comple- produtoresagrícolasdoPaíseex-
do algodão em seu nascedouro. tências. “Era a hora de abrir o americanos não estavam mais ramnadécadade90.OsEUArea- xas como os subsídios. plicou o problema: o Tesouro
A decisão de Malan selou o processo, mas eu sabia que ia ser protegidos pela “Cláusula da giramdespejandosubsídiosede- Jorge Maeda presidia a Asso- americanosubsidiava, aumenta-
destino de uma das mais emble- complicado, como de fato foi.” Paz” – um dos parágrafos do primindo mais as cotações. ciação Brasileira de Produtores va a produção e os preços caíam.
máticas disputas da Organiza- acordo que permitia subsídios A atitude americana irritou de Algodão. Filho de imigrantes “Disse a eles que, quanto mais
ção Mundial de Comércio Bom de briga. Quando o assun- desde que respeitassem limites. agricultores ao redor do mundo. japoneses, Maeda cultiva hoje desgraça,maisosamericanosga-
(OMC). Hoje, quase oito anos to chegou à Camex, o Ministério Somado a isso, a Rodada Uru- mais de 100 mil hectares de ter- nhavam dinheiro”, disse.
depois, o painel do algodão pedi- da Agricultura avaliava três pro- guai tinha sido uma frustração. ra. Ele conta que recebeu um te- Os agricultores concordaram
do pelo Brasil contra os EUA na dutos para contestar os subsí- ● A conta para o setor privado Nos corredores da OMC, em Ge- lefonema de Camargo Neto. emapoiarabriga,masnãoimagi-
OMC parece chegar ao final. dios dos países ricos: soja, açú- Quando aceitaram financiar o nebra, já se falava em agrupar os “O Pedro me disse: ‘Maeda, navam que a conta chegaria a
Napróxima quarta-feira, ogo- car e algodão. Pratini convidou painel na OMC, os produtores países pobres contra os subsí- tem uma oportunidade aqui de quaseUS$3milhões.Comrecur-
vernobrasileiro deve iniciar are- Pedro de Camargo Neto, ex-pre- agrícolas achavam que o proces- dios do mundo rico. abrir um processo na OMC con- so do setor privado e consenso
taliação contra os americanos se sidentedaSociedadeRuralBrasi- so custaria cerca de U$$ 200 mil. A agricultura brasileira come- tra os EUA. Vocês querem enca- no governo, Camargo Neto foi a
os dois países não chegarem a leira,parasersecretáriodePolíti- Em 8 anos, já gastaram çava o salto tecnológico que per- parisso?’ Respondi:OMC écom- Genebra protocolar o painel do
um acordo. Não foi uma briga fá- ca Agrícola. “Chamei o Pedro US$ 3 milhões em advogados. mitiu ao País se tornar um dos plicado... Ele falou: ‘não vai cus- algodão, em que o Brasil desafia-
cil. O processo foi marcado por porque ele era bom de briga.” maiores produtores do mundo. tar mais de US$ 200 mil’. Você va os Estados Unidos.

pobres contra os subsídios agrí- Brasil deixou de pressionar com ticas ao então presidente eleito
Caso se transformou colas.OdesafioaosEUAdeucre-
dibilidade ao País.
REPERCUSSÃO o painel em troca de os EUA se
engajarem na Rodada Doha.
dos EUA, Barack Obama.
“Mas o timingde utilizar o pai-
OItamaratygostariaqueoBra- nel do algodão para influenciar
em bandeira política Cancún. Cinco meses depois
do início do painel, em agosto de
O ‘The New York Times’ pu-
blicou, em dezembro de
sil fosse o grande condutor do
acordo global de livre comércio.
na reforma da Farm Bill (lei agrí-
cola dos EUA) de 2008 já tinha
2003, foi realizada a conferência 2003, um editorial intitula- Aomesmotempo,umaboanego- passado”,disseAndréNassar,di-
do governo Lula da OMC em Cancún, no México.
Havia muita expectativa sobre o
do: “O caso contra King Cot-
ton”. O NYT chamou os sub-
ciação na Rodada resolveria o
problema do algodão.
retor executivo do Instituto de
EstudosdoComércio eNegocia-
encontro, mas os países não che- sídios de “injustos” e disse Em dezembro de 2005, Brasil ções Internacionais (Icone).
garam a um acordo. que a “subsistência dos paí- eEUAchegaramafinadosnacon- Emagosto de2009,aOMCde-
Relações Exteriores no governo O Brasil foi um dos responsá- ses pobres do Oeste da África ferência da OMC de Hong Kong terminou a retaliação em US$
Desafio aos EUA Lula, Amorim deu o aval para a veis pelo fracasso, mas, ao mes- estava ameaçada”. King Cot- e conseguiram algum avanço, 830 milhões. Desde então, o Bra-
fortaleceu o Brasil como abertura oficial do caso. O pro- mo tempo, saiu vitorioso. O País ton era a maneira que os su- mas sem conclusões. No painel sil vem tomando todas as medi-
cesso surgiu na administração reuniu um grupo de nações em listas se referiam ao algodão do algodão, 2006 e 2007 foram das administrativas. O País pre-
líder dos países pobres Fernando Henrique, mas se tor- desenvolvimento,incluindoChi- na época da Guerra Civil. gastos na burocracia. fere um acordo, mas os america-
contra os subsídios nou uma das bandeiras da políti- na e Índia, contra os subsídios nos dizem que podem fazer pou-
agrícolas dos ricos ca externa de Lula. agrícolas. Surgiu aí o G-20. Erro. Os analistas dizem que o ca coisa até 2012, quando a Farm
Os rumos do painel do algo- Depois disso, o caso do algo- ram, e perderam. Mesmo assim, errodoBrasil foiter apostado tu- Bill será novamente discutida.
Desde quando era embaixador dãosemisturaramcomas priori- dão caiu nas graças da mídia in- não fizeram qualquer mudança do na Rodada Doha. Em julho de Na semana passada, negocia-
em Genebra, Celso Amorim sa- dades dessa política externa e ternacional. Artigos favoráveis em seus subsídios. Foi quando o 2008, por intransigência de EUA dores americanos estiveram no
bia detalhes do painel do algo- com o destino das negociações saíram no The New York Times, Brasil deu uma trégua ao não pe- e Índia, as negociações desanda- País e sinalizaram alternativas.
dão. Ele se indignava com a de- da Rodada Doha, da Organiza- no Wall Street Journal, no Wa- dir imediatamente a retaliação. ram em Genebra. Um mês de- Se não for fechado acordo, o Bra-
mora do Itamaraty. “Como não ção Mundial do Comércio – para shington Post, no Le Figaro. Osgovernosbrasileiroeameri- pois, o Brasil pediu à OMC para sil vai retaliar na quarta-feira. Só
aprovaram isso ainda?”, dizia a o bem e para o mal. Em setembro de 2004, a OMC cano nunca confirmaram, mas determinar o valor da retaliação que sem o apoio maciço da opi-
pessoas próximas. O contencioso ajudou a caci- condenou os subsídios america- negociadores afirmam que foi aos EUA. Em dezembro de 2008, niãopúblicainternacionalqueti-
Ao assumir o Ministério das far o Brasil como líder dos países nos ao algodão. Os EUA recorre- feito um “acordo informal”. O Amorimchegouafazerduras crí- nha nos velhos tempos. / R.L.

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