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1
Jocelda Gonçalves OLIVEIRA
2
Marli Terezinha Stein BACKES
3
Sílvia Lúcia Castro OLIVEIRA
4
Carliuza Luna FERNANDES
5
Alexandra Bittencourt MADUREIRA
6
Antônio Carlos Gastaud MAÇADA
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• Trabalho Elaborado durante a Disciplina de Sistemas de Informação em Saúde do Curso de Mestrado de
Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
1 – Enfermeira Assistencial do Hospital Universitário Prof. Miguel Riet-Corrêa Júnior (FURG), Especialista em
Projetos Assistenciais pela ESPENSUL, Mestranda do Curso de Mestrado de Enfermagem da FURG
2 – Enfermeira, atua no Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestranda do Curso de
Mestrado de Enfermagem da FURG
3 – Psicóloga, Licenciada em Psicologia, Mestranda do Curso de Mestrado de Enfermagem da FURG
4 – Enfermeira Assistencial da Rede Básica da Prefeitura Municipal de Rio Grande, Mestranda do Curso de Mestrado
de Enfermagem da FURG
5 – Enfermeira, Especialista em Projetos Assistenciais pela ESPENSUL, Mestranda do Curso de Mestrado de
Enfermagem da FURG
6 – Doutor em Sistemas de Informação e de Decisão, Professor Adjunto da UFRGS, Professor da Disciplina de
Sistemas de Informação em Saúde do Curso de Mestrado de Enfermagem da FURG, Orientador do presente
Estudo.
O processo decisório no trabalho em enfermagem 2
Summary: The nurse is continuously confronted with situations which demand decisions
and she is not always sufficiently prepared to participate in the decision-making process
in the health care center where she works. This research has an exploratory nature
aiming at identifying what nurses understand as decision-making processes and what
part they have taken with reference to decision-making in their jobs in a hospital. The
data were collected by means of a semi-structured interview applied to five nurses,
heads of internment units in large hospitals in the city of Rio Grande – Rio Grande do
Sul/Brazil. From the results obtained, we found that the decision-making process for
nurses is more common at an operational level which results, is most cases, in
immediate attitudes and enables individualization at the moment of problem-solving.
Although the nurses work both in inter and transdisciplinary teams, they don’t always
take group decisions and they also play a small role in the decision-making process at an
organizational level in the health care center. It is therefore necessary that the nurses’
education be reviewed and that the nurse be equipped with administrative activity
knowledge for a stronger participation in the decision-making process with other health
professionals.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Moron (1998, p.13), “as decisões são tomadas em resposta a algum
problema a ser resolvido, alguma necessidade a ser satisfeita ou algum objetivo a ser
do Paraná, com enfermeiros que atuam nas Unidades Básicas de Saúde e Centros de
Saúde, por Berto e Cunha (2000). Outro estudo de que se tem conhecimento, é o
zona Sul do Estado do Rio Grande do Sul, com uma das equipes de Enfermagem
O presente estudo tem por objetivo identificar o que os enfermeiros entendem por
processo decisório e qual o papel por eles desenvolvido frente à tomada de decisões em
2. O PROCESSO DECISÓRIO
1991).
conhecer e considerar todos os aspectos que seriam relevantes para a decisão a ser
tomada. “Os seres humanos tem um conhecimento restrito, têm capacidades limitadas
para poder analisar as conseqüências do próprio saber que detém. Há sérios limites
para poder predizer o futuro e as reações dos outros as suas decisões (SIMON, 2001).
entanto, ela não é infalível, uma vez que a pessoa racional pode escolher apenas o que
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acredita ser o melhor meio. O processo pode ser racional e ainda assim deixar de
mais tempo deliberarmos, mas precisamos avaliar bem as situações para evitarmos que
uma vez tendo alcançado uma decisão, não tenha passado a oportunidade de agir
(ELSTER, 1994).
Ainda segundo Elster (1994), agir racionalmente é fazer tão bem por si mesmo
quanto se é capaz. No entanto, este autor refere que quando dois ou mais indivíduos
interagem, eles podem fazer muito pior por si mesmos do que quando agem
isoladamente.
Em situações que são únicas, novas e urgentes, tanto custos como benefícios
são altamente incertos e há, por um lado, um risco de agir cedo demais, com informação
de menos e, por outro lado, um risco de protelar até que seja tarde demais. Então, como
não podemos esperar tomar uma decisão ótima, teremos que contentar-nos com uma
Portanto, a decisão passa da simples forma de determinar o que deve ser feito
reforçada pela ética profissional. O aspecto ético , segundo Silva, 2002), corresponde a
uma escolha pessoal e ativa, que busca conciliar os interesses individuais aos da
compromisso dos profissionais de saúde de não provocar nenhum mal ou dano aos
clientes. O princípio de Justiça implica o direito a todos terem acesso aos cuidados de
(SILVA, 2002).
exercidas pelo enfermeiro no seu dia a dia de trabalho: função administrativa, função
inter e intraconexões (ARNDT & HUCKABAY, 1983). Hospitais sem leitos disponíveis,
(médicos, enfermeiros, dentre outros) são os problemas mais freqüentes. O serviço por
vezes é abreviado por falta de tempo devido a esses problemas (LUNARDI FILHO et al.,
2000).
características desta função são: não é regida detalhadamente por normas, depende
mais da competência do indivíduo, deixa lugar para a criatividade, deixa espaço para um
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estilo pessoal. São exemplos da função administrativa não-burocrática: fazer visitas aos
pacientes; orientar paciente e família sobre exames, cirurgias, cuidados pós-alta, retorno
Tudo isto nos mostra que a função burocrática é comandada pelo compromisso à
função administrativa terá como centro a assistência ao paciente. Para isto, o enfermeiro
assistência. Conforme Pires (1999), o enfermeiro faz a gerência do trabalho dos demais
enfermagem.
isto, sofre a pressão da cobrança de todos os “problemas” por parte dos médicos,
responsabilidade por parte das profissões que detém o controle não é acompanhada da
O enfermeiro muitas vezes limita seu trabalho aos contornos estabelecidos pelas
ser auxiliares dos médicos e da instituição para focalizar sua ação no auxílio dos
pacientes. Para desenvolver esse trabalho, a enfermeira pode até mesmo ter que
auxiliar o paciente para que ele não cumpra ordem médica que possa vir a prejudicá-lo.
Da mesma forma, pode intervir para solucionar conflitos entre o paciente e a política da
instituição, sempre buscando focalizar sua ação no indivíduo e no seu bem estar
decidir, ou seja, determinar o que deve ser feito, opinar, escolher e optar acerca de algo,
administrativo.
e de decisão clínica (JESUS, 2002). Essas habilidades não estão relacionadas à idade
pensamento.
que o tomador de decisão construa alternativas para a sua ação. Utilizando este recurso
4. METODOLOGIA
pesquisa, os hospitais de uma cidade da região sul do estado do Rio Grande do Sul. Os
sujeitos do estudo foram cinco enfermeiras desses hospitais gerais, das seguintes
4. Qual foi a decisão mais difícil que você teve de tomar em sua unidade de trabalho e
por que?
Após a transcrição dos dados obtidos por meio das entrevistas, explorou-se as
dia, onde os atores envolvidos na decisão interagem como centro das suas atitudes
relato de uma das entrevistadas, a qual adjetivou-se como democrática, desde que as
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qualidade do trabalho; como fatores técnicos: o melhor para o paciente de acordo com
“Quando você tem um paciente que o médico deixa dito que não vai mais investir e
a paciente “para” e você tem que ir contra seus princípios e tem que fazer o que ele diz.
Isto é difícil, aconteceu várias vezes quando eu trabalhava em UTI, logo que a gente se
forma é muito difícil porque não é isso que passam para a gente em estágios.”
6. DISCUSSÃO
uma visão clara do processo decisório, como uma decisão que é tomada em resposta a
algum problema a ser resolvido, alguma necessidade a ser satisfeita ou a algum objetivo
a ser alcançado, como é conceituado por Moron (1998). O principal objetivo observado
hospitalar onde trabalham. Necessidade esta que, para Trevizan (1999), advêm de
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entrevistadas, fica claro que: democracia compreende, no sentido lato, direitos iguais
por Petersen et al. (1988). Já o termo autocracia refere-se a uma única deliberação,
uma vez que estipula limites para as ações democráticas frente a equipe em que
trabalha.
problema.
e, as decisões são centralizadas. Dei Svaldi (2000) considera que esta forma de
Ainda segundo Dei Svaldi (2000), a enfermagem, até os dias atuais, na maioria das
vezes, tem usado o empirismo para administrar suas atividades e, desta forma, sua
usufrui dos benefícios desta produção por não colocar tal produção ao seu serviço ou a
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serviço de sua clientela. Para romper com esta prática, a autora aponta o uso de
tecnologias da Gestão de Qualidade Total (GQT), como uma possível estratégia que
melhores resultados para a clientela e para a própria instituição de saúde onde estes
trabalhadores.
posição de profissão qualificada para gerenciar, porém, na maioria das ve zes, nas
pessoal vinculado aos serviços técnicos, tendo em vista a manutenção desse trabalho
No que se refere aos fatores considerados para a tomada das decisões, partindo
não-programadas, nas quais não se tem regras a seguir e nem possuem um esquema
específico para ser utilizado, sendo mais arriscadas e ambíguas (MORON, 1998). Estas
profissional diante de uma múltipla escolha que implica na interpretação dos dados e na
Além disso, conforme citam Berto e Cunha (2000), a tomada de decisão em uma
lógica entre meios e fins. “[...] as enfermeiras possuem poder em potencial, mas
necessitam de entendimento básico sobre como utilizar este potencial para provocar as
De acordo com Dei Svaldi (2000), em seu estudo, os serviços prestados pela
Na abordagem sobre a decisão mais difícil que tiveram de tomar , nota-se que o
do enfermeiro é limitada em suas possibilidades , como refere Pires (1999). Além disso,
como nos mostra Lunardi Filho (2000, p.161) “tanto a formação para a obediência
de decidir por não decidir. Não esquecendo-se, de que uma atuação em equipe exige a
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
do trabalho da enfermagem.
avaliados. Problemas e limitações consta ntes tem que ser superadas para buscar
são nitidamente separadas, embora haja por parte dos enfermeiros uma clara diferença
da função administrativa não chegou a ficar aparente nos relatos, mas é reconhecida
pelos profissionais da área. Essa rejeição ao valor das funções administrativas precisa
ser melhor estudada pois, possivelmente, é mais um obstáculo para que os profissionais
merecida autoridade.
autêntica autoridade, como refere Mucchielli (1979). Entretanto, ficou evidenciado que
ainda hoje o enfermeiro tem seu trabalho submetido à autorização do médico. Mesmo
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
LEONARD MK; CRANE MD; ORLANDO IJ. In: GEORGE, J. B. e cols. Teorias de
Enfermagem: os fundamentos para a prática profissional. Porto Alegre: Artes Médicas,
1993. 338p.