Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
http://www.grupoinconfidencia.com.br/jornais/111/arevolta.php
*A. C. Portinari Greggio
A greve da USP revelou ao pblico alguns instantneos da vida
dentro daquela instituio, suficientes para mostrar o nvel de
degradao a que chegaram as universidades pblicas
brasileiras.
Se o leitor acompanhou a greve pelos jornais e pela tev cuja
cobertura foi parcial e tendenciosa, j que, como se sabe,
muitos jornalistas e comuniqueiros so formados ali mesmo,
naquela casa deve ter reparado que a USP um laboratrio revolucionrio
no qual os lenininhos, trotsquinhos, maozinhos e castrinhos tm todos os
recursos para ensaiar a sua futura Revoluo dos Idiotas.
O primeiro ingrediente da revoluo, como se sabe, a classe trabalhadora.
Como na USP no h fbricas nem latifndios que possam fornecer
operrios e camponeses, improvisou-se um mini-proletariado, dando ao
sindicato dos funcionrios o nome de Sindicato dos Trabalhadores da USP,
ou SINTUSP. claro que no se trata de operrios, nem de longe. So
bedis, porteiros, faxineiros, datilgrafos, burocratas. Mas no interessa:
embora a imagem no seja aquela dos cartazes de propaganda soviticos
o sujeito forte, duro, com um martelo na mo, olhando firme para o
horizonte comunista ningum pode dizer que no sejam trabalhadores. V
l: um tipo peculiar de trabalhadores sem patro, com emprego garantido, e
certamente no explorados pelo capitalismo, pois no geram nenhuma
mais-valia na sua folgada rotina.
O leitor atento deve ter notado, nas imagens dos jornais e da tev, a bizarra
figura do presidente desse SINTUSP. Reparou? O cara to bolchevique que
usa uma fantasia de comissrio do povo sovitico, modelo 1917. No
comeo, pensei que era de Trtsqui, mas agora estou convencido de que
de Felix Djerjinski, o psicopata fundador
da Tcheka, a precursora do KGB. Pois :
o
homem usa a mesma barbicha e o
mesmo bon de couro do comunista
polons. Antigamente, gente assim ia
parar no Pinel ou no asilo do doutor
Franco da Rocha. Hoje, bolchevizam na
USP.
Alm do mini-operariado in-house, a
USP tem tambm a sua prpria
comunidade de excludos. a nica
universidade no mundo cujo campus
integrado por uma favela de 60 mil
metros quadrados e 8 mil habitantes.
Uma favela-modelo, com excelentes ndices de doenas contagiosas,
bastardia, criminalidade, evaso escolar, narcotrfico e outras qualidades
do gnero, capaz de fazer inveja s melhores quebradas do Rio de Janeiro. A