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Prezados colegas e amigos,

Entrego a cada participante deste encontro, os anexos de uma carta que enviei à professora Ana Cabral, pro -
reitora da UFPE. Escolhi mandar a carta para ela porque a considero uma pessoa justa, séria, humana e
grande conhecedora dos problemas ligados aos sistemas de seleção de candidatos, por ter sido presidente da
COVEST durante vários anos, onde aliás, teve uma atuação renovadora, sem invencionices; séria, sem ser
distante; humana, sem ser leniente com excessos.

Outrossim, reúno-me aqui com vocês, colegas professores, coordenadores e diretores de escolas e cursinhos
da cidade, para expor um pouco do que expus à PROACAD da UFPE através da referida carta.

Já fui professor de quase todas as grandes escolas da cidade. Fui fundador de algumas delas, com muito
orgulho. Tenho um cursinho de matérias isoladas, há quase 25 anos. No nosso cursinho, fazemos um trabalho
bom, sério, honesto. Recebo, anualmente, centenas de alunos de quase todas as escolas, públicas e privadas
da nossa cidade. Temos obtido, há muitos anos, resultados de grande destaque nos vestibulares. Considerando
apenas os cursos de medicina das Universidades Públicas do Recife, são hoje alunos delas mais de 1300 ex-
alunos nossos. Sinto-me na obrigação de me posicionar com relação ao momento por que passa o nosso
sistema de seleção de candidatos às nossas universidades.

Neste contexto, me posiciono:

Há quase um ano foi lançado o NOVO ENEM. Segundo a proposta, o vestibular precisava acabar, porque era a
causa de incontáveis problemas para a educação brasileira, tais como:

1. As provas continham “pegadinhas” cujo objetivo era desviar a atenção do aluno e não avaliar a sua
capacidade;
2. Exigia memorização de datas, fórmulas, dados... coisa inaceitável;
3. Era conteudista, porque exigia inúmeras informações não aplicáveis à vida real;
4. Orientava mal o ensino médio, pois as escolas pautavam seu ensino pelo adestramento ao modelo
do vestibular;
5. Causava transtornos na vida dos jovens, por pressões psicológicas e sociais;
6. As Universidades amargavam, anualmente, a persistência de vagas ociosas, sobretudo em alguns
cursos de menor demanda;
7. Era excludente socialmente, porque os alunos de uma região ou cidade não só poderiam fazer
vestibular em outra região se deslocando para tal região;
8. Tinha um caráter definitivo, porque não tinha validade para dois anos ou mais, uma vez que não era
feito por provas que pudessem ser “comparáveis no tempo”, obrigando alunos a fazer vestibular
novamente, no caso de desilusão ao iniciar um curso superior;
9. Era caro, porque cobrava altas taxas de inscrição;
10. Era cansativo, pois exigia que o aluno viajasse para várias cidades para fazer provas;
11. Não permitia que o aluno fizesse escolhas diferentes, entre cursos ou entre universidades;
12. Alimentava a “indústria dos cursinho”, o maior dos males da nossa educação;
13. Não permitia a mobilidade estudantil, deixando o Brasil atrás dos Estados Unidos e da Europa, onde a
mobilidade é cerca de vinte vezes superior a nossa.
14. Era uma prova antiga, antiquada, repetitiva, pouco criativa;
15. Não permitia uniformização de conteúdos programáticos, deixando os alunos enlouquecidos por não
saber o que estudar;
16. Permitia a ocupação predatória de vagas, na medida em que era possível um aluno ser aprovado em
dois ou mais cursos de diferentes universidades, ocasionando perda de vagas;
17. Não permitia que o candidato fizesse uma auto-avaliação, que pudesse mensurar o se desempenho
relativo nas provas;
18. Era uma prova baseada em modelos empíricos e antigos, com quase cem anos de existência;
19. As questões eram arbitrárias, aleatórias, não testadas previamente;
20. Era excludente socialmente, porque os alunos pobres do interior não tinham como concorrer às
vagas da capital, sem se deslocar para lá;

A solução proposta, que parecia perfeita, foi o Novo Enem. Segundo os dados da época, o novo Enem...

1. Não haveria “pegadinhas” o que permitiria que o candidato realmente respondesse às questões com
base em sua capacidade e seu raciocínio; (VEJA O ANEXO 1)
2. Não exigiria memorização de fórmulas, datas, etc... seria uma prova pautada em habilidades e
competências, semelhante aos Enems antigos, com um certo acréscimo de “conteúdos” para permitir
uma melhor seleção de candidatos; (VEJA O ANEXO 2)
3. Não seria conteudista, utilizando sempre dados e informações relacionadas à vida real; (VEJA O
ANEXO 3)
4. Seria um grande balizador do ensino médio, fazendo com que as escolas pudessem ensinar coisas
de verdade e não apenas treinar para marcar um xis na resposta certa; (VEJA O ANEXO 4)
5. Acabaria com a pressão e o nervosismo típicos dos vestibulares, afinal, seriam provas adequadas
para avaliar “habilidades e competências”, para fazer pensar, refletir, associar... (VEJA O ANEXO 5)
6. Permitiria, facilmente, a ocupação das vagas ociosas, otimizando a utilização dos recursos públicos.
(VEJA O ANEXO 6)
7. Permitiria que o candidato pudesse optar por até cinco diferentes Universidades do País, mesmo
em outros estados ou regiões, sem precisar se descolar para fazer vários vestibulares; (VEJA O
ANEXO 7)
8. Utilizaria a Teoria da Resposta ao Item (TRI), o que permitiria e emissão de um boletim com notas
válidas por dois a três anos. Desse modo, se o aluno começasse um curso superior e não se
adaptasse bem, poderia usar a mesma nota obtida no Enem anterior e se candidatar a uma vaga na
próxima seleção que houvesse; (VEJA O ANEXO 8)
9. Seria barato, cerca de 35 reais, e gratuito para todos os alunos de escolas públicas; (VEJA O ANEXO
9)
10. Não provocaria o mesmo cansaço e desgaste provocados pelos vestibulares torturantes; (VEJA O
ANEXO 10)
11. Acabaria com a “indústria dos cursinhos”, uma mazela produzida pelos vestibulares tradicionais;
(VEJA O ANEXO 11)
12. Aumentaria a mobilidade estudantil, produzindo um intercâmbio cultural, estimularia a
independência do jovem e até aquecendo a economia de algumas cidades; a meta seria atingir uma
mobilidade de, no máximo, 10%;(VEJA O ANEXO 12)
13. Seria uma prova moderna, sistematizada, criativa, original; (VEJA O ANEXO 13)
14. Teria uma matriz de referência, na qual se basearia toda a formulação da prova; (VEJA O ANEXO 14)
15. Não teria regionalismos, exigindo apenas uma visão geral e abrangente. (VEJA O ANEXO 15)
16. Teria um sistema inteligente para ocupação de vagas – O SISU – que já era usado no PROUNI com
muito sucesso e perfeição; este sistema impediria a ocupação predatória de vagas; (VEJA O ANEXO
16)
17. O aluno receberia, em sua residência, um boletim com os seus resultados individuais, na segunda
quinzena de janeiro; (VEJA O ANEXO 17)
18. Seria baseado no SAT (prova americana que permite avaliar os estudantes no final do equivalente ao
nosso ensino médio); (VEJA O ANEXO 18)
19. As questões seriam todas calibradas, pré-testadas, “etiquetadas”. (VEJA O ANEXO 19)
20. Seria aplicado em milhares de municípios, simultaneamente, e isso permitiria que um candidato de
uma cidade pequena pudesse concorrer às vagas da capital, sem precisar se deslocar para lá; (VEJA O
ANEXO 20)

Aquilo que parecia ser a solução milagrosa para problemas educacionais brasileiros se mostrou como um
problema a mais. Faltou transparência, comunicação, logística, segurança, igualdade de condições para os
candidatos. A frustração foi enorme. A mobilidade se mostrou predatória. A inclusão ocorreu às avessas. As
provas foram roubadas e, quando refeitas e reaplicadas, estavam com outro perfil bem distinto (prejudicando a
comparabilidade no tempo). O tempo dado para resolver os itens foi claramente insuficiente, o desgaste físico e
emocional dos candidatos só aumentou. A utilização do SISU trouxe incontáveis problemas, de toda sorte. As
grandes universidades não só não aderiram ao sistema como forma única de seleção como chegaram até a
cancelar sua participação no meio do processo. As pequenas universidades, pressionadas pelo rolo-
compressor do poder, não cansam de elogiar os avanços que não vejo.

Três problemas me assustaram, neste processo.

O primeiro foi o caso da aluna LIVIA RODRIGUES, que foi aprovada em medicina no Piauí e no Rio Grande do
Sul, simultaneamente, com dois números de inscrição distintos. Será que estamos diante de duas LÍVIAS que
têm somente um nome e um sobrenome (idênticos) e um mesmo sonho, mas moram longe? Será que não
houve uma falha ou manipulação do sistema?

O segundo foi o fato de até hoje o INEP não ter divulgado as provas que foram aplicadas em janeiro aos
presidiários e alunos de duas cidades onde a chuva não permitiu a aplicação do exame em dezembro (foram
duas provas distintas, em dois finais de semana diferentes). Assim, o INEP deve, ao povo brasileiro, a
divulgação dos 360 itens que foram usados para as provas de janeiro. Por que não foi divulgado até agora, se
tem sido pedido com insistência? Será que aplicaram a mesma prova que já havia sido usada? Será que não
divulgaram para evitar que a sociedade fizesse comparação de nível entre as provas?

O terceiro é a injustificável falta de informação, no tocante à procedência dos candidatos. Por que não foram
divulgadas listagens com a procedência de cada estudante? Acredito que isso ocorreu propositalmente, para
evitar que a sociedade percebesse o quanto os cursos mais concorridos das regiões mais pobres estavam
sendo tomados por alunos de fora da cidade, da região ou do estado. Desse modo, se divulgaria apenas um
dado geral dando conta de uma mobilidade de 10 ou 20 ou 30 por cento e as pessoas achariam até normal.

Sei que não tenho legitimidade para falar em nome das escolas de Pernambuco, nem dos Cursinhos ou Cursos
de Matérias Isoladas. Falo por mim mesmo e peço a cada um: estudem este tema, discutam-no. Nós,
educadores, somos responsáveis, pelo menos em parte, pelo equilíbrio psicossocial dos nossos alunos.

A indefinição de programas, sistemas, regras de seleção de candidatos tem provocado ansiedade e angústia
em todos. Será justo modificar os sistemas de seleção de candidatos em pleno ano letivo? Como estamos nos
sentindo? Como estão se sentindo os alunos? O que nós podemos fazer? Qual a posição de cada professor, de
cada escola, de cada família?

Finalizo, colocando a vossa disposição os anexos nos quais ponho na mesa, os meus argumentos:
ANEXO 01

O Enem não tem pegadinhas?

Observe que todos os dados do gráfico foram dados em MILHARES DE PESSOAS. Porém, ao pedir que o
aluno calcule a população economicamente ativa em 06/09, foi pedido o número de pessoas. Para responder
este item, seria necessário multiplicar último valor, 23.020 por 1,04 (equivalente a aumentar em 4% este valor).
O valor encontrado seria aproximadamente 23.940 (o que está na letra A... pegadinha!). Claro que milhares ou
milhões de alunos que sabiam a resposta e que fizeram o cálculo certo, NÃO VIRAM A PEGADINHA DO
ENUNCIADO, QUE PEDIA O NÚMERO DE PESSOAS (e não o número de milhares de pessoas, como fora
construído o gráfico).

ANEXO 02

O Enem não exige decoreba. O aluno não precisa decorar fórmulas, nomes, datas, etc. O que será avaliado é a
capacidade de raciocinar. Havendo necessidade, serão fornecidas fórmulas ou dados pertinentes.

Para resolver esta questão de Ciências de Natureza...


V2
O aluno teria que saber a fórmula: acp =
R

Era impossível a dedução natural da fórmula, a qual também não foi citada em nenhum lugar da prova. Ou seja,
aqueles que não DECORARAM A FÓRMULA... se deram mal!

ANEXO 03

O Enem não será conteudista, ao contrário, trará coisas aplicáveis ao nosso dia-a-dia.
Se isto não é conteúdo, não sei mais o que devemos considerar com tal. O que isso tem a ver com a nossa vida
diária? O fato de ser uma obra de arte?

Veja a resolução deste item feita pela equipe de professores do Colégio Anglo de São Paulo (não esqueça que
os professores tiveram a sua disposição calculadora, papel e principalmente TEMPO):

O que disse o MEC? Nada. Manteve o item como válido e silenciou. Até que ponto isso é aceitável?

ANEXO 04

O novo Enem vai balizar os conteúdos do ensino médio? O que ele conseguiu até agora, foi banalizar, misturar,
confundir. Porque com ventos soprando em todas as direções, não há bússola que indique para onde devem ir
os nossos jovens.

Se havia problemas para as escolas programarem adequadamente as suas atividades, porque o vestibular
tradicional orientava os seus currículos de modo exagerado, equivocado, desatualizado, não contextualizado,
etc... com a chegada do novo Enem, a coisa piorou, e muito! Por quê? Porque até que todas as universidades
públicas adiram ao sistema vão se passar vários anos... ou décadas. Assim, enquanto durar a transição será
impossível fazer programação.

O pior: Nunca, na história desse País, se mudou tanto a programação das escolas em pleno andamento do ano
letivo (a matriz com os objetivos do novo Enem só foi lançada no meio de Maio e o simulado orientador – que
na verdade pouco serviu – só foi divulgado em agosto). Isto fez com que o ano letivo de 2009 fosse um
desastre, um tormento, um suplício para alunos, professores e gestores de escolas.

Pior ainda: Estamos quase em Abril e ainda não se sabe em que data será aplicada a prova deste ano.
Especula-se que venha a ser em novembro. Será? No caso específico dos Pernambucanos, há boatos de que
A UNIVASF vai manter o Enem para todas as vagas, a Rural vai adotá-lo também para a segunda entrada
(coisa que não o fez em 2009), a UPE vai rechaçá-lo por inteiro e a UFPE vai voltar a usar a sua nota como
parte da primeira etapa. Suposições, boatos, especulações... desconheço coisa pior para estimular os jovens a
estudar.
ANEXO 05

O novo Enem vai acabar com a pressão e o nervosismo porque é uma prova para fazer pensar, refletir,
raciocinar?

Eu até achei que isso pudesse vir a ser uma verdade. Porém, não foi o que vimos.

No Enem antigo era dado um tempo de 5 horas (300 minutos, no total) para que o candidato pudesse fazer 63
questões mais uma redação. No novo Enem, onde SUPOSTAMENTE se deveria aumentar o grau de
dificuldade e abrangência das questões, foi oferecido um tempo de 10 horas e 30 minutos (630 minutos, no
total) para que o candidato fizesse 180 questões mais uma redação. Veja que a média de tempo por questão foi
DRASTICAMENTE diminuída, o que prova que ou era dado tempo demais no Enem antigo (o que significaria
uma ABSURDA INCOMPETÊNCIA ANTERIOR) ou foi dado tempo de menos no novo Enem (o que significaria
um MASSACRE). Como pode uma prova mais difícil ser feita em menos tempo?

O novo Enem foi lançado com a proposta de FAZER PENSAR, REFLETIR, ASSOCIAR... então porque ele
NÃO OFERECEU TEMPO SUFICIENTE PARA TAL? Pergunte aos candidatos aprovados e eles lhes dirão: O
TEMPO FOI ABSURDAMENTE INSUFICIENTE E AS PROVAS FORAM MONSTRUOSAMENTE
CANSATIVAS.

ANEXO 06:

O novo Enem acabaria com o fantasma das vagas ociosas...

O que vimos, infelizmente, foi um grande aumento de tais vagas, inclusive em cursos que nunca haviam
experimentado tal problemática. Por quê? Por vários fatores. Primeiro: muitos candidatos aprovados no SISU
não dispunham, sequer, do dinheiro da passagem para se deslocar para a cidade onde tinham conseguido a tal
vaga; segundo: muitos alunos se inscreveram no SISU somente para mostrar aos parentes e amigos que eram
capazes de passar em alguma coisa, mesmo sem interesse em cursar; terceiro: muitos alunos somente
conseguiram vagas em cursos que nem de longe “faziam a sua cabeça”, e isso foi um balde de água fria em
seus sonhos; quarto: alguns alunos se inscreveram nas vagas do SISU enquanto aguardavam as listagens ou
remanejamentos das Universidades pelas quais realmente tinham interesse; quinto: alguns alunos se
inscreveram apenas por rebeldia, protesto, influência de amigos, imaturidade, birra, loucura, etc, etc

ANEXO 07

O novo Enem possibilitará a escolha de até CINCO OPÇÕES DE CURSOS OU UNIVERSIDADES, sem que o
aluno tenha a despesa com passagens e estadia. Será?

Na prática, o que assistimos foi que o SISU ofereceu apenas uma opção de curso ou universidade, mesmo
assim, sem que o candidato soubesse de verdade, como estavam os seus concorrentes, porque o sistema não
funcionava em tempo real e trazia apenas uma nota de corte, com base em dados do dia anterior. Ainda mais: o
sistema trazia a nota mínima de corte, mas não mostrava quem eram os concorrentes que estavam à frente do
candidato, para que ele pudesse pelo menos sonhar que, sendo forasteiros em sua maioria, estariam na lista do
SISU apenas de modo temporário, até sair a listagem de aprovados da UFRJ, por exemplo, que somente
divulgou o seu resultado 2009, no dia 22 de março.

Quanto às viagens... Amazonenses, Tocantinenses, Pernambucanos, Maranhenses, Piauienses... a maioria dos


“enses” já não viajava mesmo para fazer vestibulares por aí. Quem viajava, e muito, eram os paulistas,
cariocas, mineiros, capixabas, paranaenses, catarinenses, goianos, brasilienses e gaúchos... viajavam, sim! E
continuaram viajando. A prova disso é que nas listas dos vestibulares da USP, UFMG, UFRJ, UFPR, UFRGS,
UFSC, UFG, UNB, UNICAMP e outras que não deram bolas ao Enem, há uma infinidade de coincidências de
nomes de candidatos. Assim, os que podiam viajar, continuaram a fazê-lo. Só que agora, eles puderam ir além:
conseguiram, via Enem, vagas em cursos concorridos em Manaus, Petrolina, Palmas, Cuiabá, Pelotas,
Petrolina, Mossoró, Teresina, Porto Velho, São Luis... mesmo sem saber, sequer, onde ficavam estes
“lugarejos”, como vivia o povo destas “terras de ninguém”. Não pretendiam tomar vaga de ninguém... só no
último caso, porque entre escolher uma faculdade particular do Sudeste e uma Universidade Federal dos
“quintos dos infernos”, a segunda opção ainda encanta mais.

ANEXO 08

A nota do Enem terá a validade estendida. Pode ser utilizada durante dois ou três anos, a resolver.

Como é que nós podemos achar normal que a prova de 2010 (que será aplicada, depois da eleição por motivos
de segurança?!), produza uma nota comparável com a prova do Enem de 2009? É muito difícil acreditar nisso,
até porque haverá mudanças substanciais, como a INCLUSÃO DE INGLÊS, FRANCÊS E ESPANHOL,
ausentes na primeira edição por falta de tempo hábil, segundo dados oficiais e declarações do próprio ministro
da educação, em 2009. Será concebível que uma prova onde são inseridas não apenas novas questões, mas
inseridas novas disciplinas, permita que possamos avaliar comparativamente, no tempo, usando apenas a TRI?
Isto me parece invencionice.

Aliás, Muito do que se prometeu era invencionice, mesmo. Quer ver? Foi prometido que o sistema do SISU era
perfeito, inteligente (palavras do próprio Ministro); que já havia sido bem testado (no PROUNI, segundo a
mesma fonte). O problema é que o público-alvo do PROUNI são os alunos carentes, que consideram qualquer
coisa que lhes dão como se fosse um presente do governo e, por isso, não reclamam. Ah, no PROUNI também
tem aqueles PILANTRAS que têm dinheiro mas falsificam documentos para se fazer de pobres e fazer
faculdade privada por conta do contribuinte (dá pra entender que esses pilantras não vão reclamar muito, não
é?). Esqueceram de comparar os dois tipos de público.

Voltando à questão de que a nota do Enem pode valer para dois ou três anos, porque as provas são calibradas,
comparáveis no tempo, ou seja, têm nível pré-determinado, pré-testado, faço aqui um desafio mortal: DUVIDO,
duvido mesmo, que algum matemático do Brasil ou do Mundo diga, mesmo que nem prove, que as duas provas
do novo Enem que foram publicadas (a que foi roubada em setembro e a que foi aplicada em dezembro), têm
nível semelhante. IMPOSSÍVEL! Mesmo quem não entende nada de educação, nem de matemática, percebe a
grande diferença que há entre as referidas provas, sendo a segunda bem mais trabalhosa, bem mais difícil e
contando, inclusive, com várias pegadinhas e armadilhas, além de contas absurdas a serem feitas, sem que
fosse dado espaço ou papel-rascunho para o candidato... e ainda queremos que o candidato pense, reflita...
que é isso?

ANEXO 09

O Enem vai ser um barato!

O Enem saiu caro, muito caro. Afinal, de onde saiu o dinheiro para financiar a sua execução (inclusive com o
prejuízo provocado pela infeliz tentativa de improviso, seguida de vazamento das primeiras provas)? Foram
milhões de reais do contribuinte brasileiro, aplicados (bem ou mal?) neste projeto. Assim, não podemos dizer
que ele saiu barato, mesmo para aqueles que não pagaram diretamente.

Quanto ao fato dos alunos de escolas públicas não pagarem pelo exame, eu acho justo e importante, desde
que eles realmente precisem de tal dispensa. Isto porque há várias escolas públicas cujos alunos têm
condições financeiras muito superiores aos alunos carentes que freqüentaram escolas privadas. Dou um
exemplo:

A Escola do Recife é considerada uma escola pública estadual. Acontece que, os seus alunos pagam uma
pequena quantia (em 2009 era cerca de 130 reais por mês). Ora, centenas de escolas de bairro ou do interior
têm mensalidades bem inferiores aos 130 cobrados pela citada escola. Nessas escolas, frequentemente,
encontramos alunos muito, muito, muito mais carentes do que os freqüentadores da Escola do Recife (digo isto
porque o meu cursinho está repleto de alunos – bons pagadores e bons alunos, inclusive – da Escola do Recife,
há vários anos).

ANEXO 10

O novo Enem pouparia o jovem do cansaço e do desgaste das provas dos vestibulares tradicionais.

Não foi isso que assistimos. Até por conta do enorme número de candidatos inscritos, foram utilizados todos os
tipos possíveis de prédios (alguns excelentes, bem localizados, com ar-condicionado, estacionamento,
bebedouros e outras regalias e outros com salas sem janelas, nem ventiladores, sem a menor condição de
receber um candidato para fazer uma prova que exige resistência física (dez horas e meia em dois dias
seguidos). Piorando a situação, o horário da prova seria o horário de Brasília, o que obrigou os estados mais
pobres da federação a começarem a prova às 11h ou às 12h. Qual o problema em começar neste horário? É
simples. Como o estudante deve chegar ao prédio com antecedência de uma hora, e como o trânsito nos dias
de prova fica caótico, por motivos óbvios, qual seria a hora ideal para o aluno almoçar nos dois dias de prova?
Às 9:30? Às 10h? Registre-se, ainda, que como as provas estavam extremamente longas e cansativas, não
havia tempo, sequer, de parar um pouco a prova para lanchar (aqueles que levaram o seu lanche, é claro).
Enquanto isso, na parte rica do Brasil, as provas começaram às 13h e o aluno pôde sair de casa às 11:30h...
bem melhor, não?

Quer ver desgaste mesmo? Basta pensar na situação do candidato X. Ele mora em uma pequena cidade que
fica há um dia de barco de Manaus. Inscreveu-se no Enem, pegou a canoa, chegou a capital Amazonense.
Como era adepto da religião “Adventistas do Sétimo Dia”, foi obrigado, pelo MEC, a se apresentar para a prova
às 12h, horário de Brasília (10h, horário de Manaus). Porém, como o primeiro dia de provas era um sábado, e a
sua religião exige que se guarde este dia, o aluno X ficou em uma sala isolado, sem nada pra fazer, esperando
o pôr-do-sol para poder iniciar a maratona de 5 horas de prova, que só terminaria por volta das 23h. Doze horas
em atividade para no dia seguinte enfrentar mais outra batalha de cinco horas e meia... haja fé!
ANEXO 11

O novo Enem acabaria com a indústria dos cursinhos

A indústria dos cursinhos virou vitrine em 2009, quando o Sr. Ministro da Educação, resolveu que a culpa da
má-educação dos nossos jovens era do vestibular malvado, que só cobrava pegadinhas e decoreba e que
interessava muito e apenas aos cursinhos, uma anomalia brasileira (sic). O mais impressionante é que ninguém
critica tanto as falhas, os erros, a falta de contextualização, os excessos de pegadinhas e de conteudismos das
provas, quanto os professores de cursinho. Ou alguém já viu jornalistas e professores universitários criticando
especificamente as provas elaboradas pelas bancas examinadoras de cada instituição. Ora, aos professores de
cursinho cabe a tarefa de preparar o aluno para aquilo que é pedido pelas comissões de vestibulares ou, em
tempos de Enem, pelos técnicos do INEP. Não lhes cabe dar diretrizes, nem indicar os caminhos, nem fiscalizar
o sistema. Acreditem, os professores de cursinhos são, isto sim, heróicos educadores. Educadores? Sim!
Saibam que, em cursinhos, não são admitidos professores faltosos, nem hipocondríacos, nem enganadores,
nem protegidos de fulano, nem concursados... somente os eficientes ficam, conforme a lei da seleção natural já
há tanto descrita.
Foi tão injusta a crítica feita pelo Ministro, que o mesmo pagou um preço muito alto por tê-la feito. Senão
vejamos: no dia 6 de dezembro, ao acabarem as provas do Enem, foi divulgado no site do INEP, o GABARITO
OFICIAL da prova. Acontece que o gabarito estava errado, bem errado. Foi retirado do ar e prometeu-se um
novo gabarito para as 10h do dia seguinte. Só foi divulgado o novo gabarito às 12h... e estava errado,
novamente. Finalmente, lá pelas 3 da tarde, saiu o gabarito final... IGUALZINHO AO QUE FORA DIVULGADO
NA NOITE ANTERIOR, PELOS CURSINHOS. Assim, na noite de domingo do segundo dia do Enem, a única
coisa na qual 3 milhões de brasileiros podiam acreditar era na resolução extra-oficial da prova, feita pela
“escória” da educação brasileira. Isto é o Brasil.

ANEXO 12

O novo Enem aumentaria a mobilidade estudantil, que passaria de menos de 1% para cerca de 10%.

Onde estão as listagens completas dos alunos? Por que não foi divulgada procedência dos candidatos desde a
primeira etapa do SISU? Por que mesmo agora, que a seleção através do SISU já acabou, ainda não existem
dados claros, públicos? É lamentável ver aparecerem dados aos pedaços, oferecidos apenas a alguns
jornalistas privilegiados. Porém, vamos ao que temos de Oficial, palavras da Profa. Maria Paula Dalari:

“A respeito da matéria sobre o ENEM na coluna do jornalista ELIO GASPARI (21/3), é importante esclarecer:
1) Os dados que deram origem à matéria publicada e que inspiraram o colunista foram repassados pela
Assessoria de Comunicação do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO aos repórteres.
2) Com a utilização do ENEM/Sisu, o Brasil sai da quase inexistência de mobilidade acadêmica, com histórico
de pouco mais de 1%, para taxas que o aproximam da tendência internacional verificada nos Estados Unidos e
na União Europeia.
3) No primeiro processo de seleção do Sisu, alcançamos um dado global de 25% de mobilidade acadêmica, o
que significa que um quarto dos cerca de 40 mil estudantes matriculados até a terceira etapa sairá de seus
estados de origem para cursar o ENSINO SUPERIOR. Apenas 13% se deslocarão entre regiões, número que
cai para 10%, se considerarmos também a mobilidade para estados fronteiriços de diferentes regiões (por
exemplo, Minas e Goiás).
4) Com relação à suposta invasão paulista no Piauí, na prática são 202 estudantes de São Paulo que se
deslocarão por toda a região Nordeste.”

Comentando as afirmações:
1. Se os dados existem, por que não foram divulgados para toda a imprensa? Por que não foram
disponibilizados na própria página do INEP?

2. Dizer que a mobilidade provocada pelo Enem nos aproxima dos Estados Unidos ou da Europa é piada. O
que houve por aqui, foi uma via de mão única, onde as regiões mais pobres ofereceram as vagas (UFTO,
UFAM, UNIVASF, UFMT, UFPI, UFMA e tantas outras de igual ou menor porte) e as regiões mais ricas
ofereceram os candidatos (SÃO PAULO, MINAS, GOIÁS, BRASÍLIA, SANTA CATARINA, etc). Quase ninguém
sabe, porque a imprensa engoliu a ideia de que 51 universidades haviam adotado o Enem, que não foi
oferecida nenhuma vaga em curso concorrido como medicina, direito ou engenharia elétrica, em nenhuma
dessas grandes universidades: UFRJ, UNIFESP, UFMG, UNICAMP, UFPR, USP, UFSC, UFG, UFRGS, UNB,
UFES. Será coincidência?

3. O problema não está no percentual de 10%, ou de 20%. Se estas percentagens estivessem igualmente
distribuídas entre os diversos cursos e não concentradas nos de maior demanda (efeito predatório) ou mesmo
se houvesse pelo menos a possibilidade dos alunos de estados pobres disputar vagas das grandes
universidades citadas no item 3... mas, elas não aderiram e algumas ainda pioraram a situação, somente
divulgando suas listagens há poucos dias, como foi o caso da UFRJ.

4. Parece pequeno o fato de 202 estudantes de São Paulo se deslocarem por toda a região Nordeste. Mas não
é. Desafio o MEC a divulgar a listagem nominal destes alunos e os cursos e universidades que farão. Sabe por
quê? Porque muito provavelmente, 99% deles estão matriculados em Pernambuco, Piauí e Maranhão (estados
que ofereceram suas vagas em cursos concorridos, como medicina e direito, para os outros estados mais
pobres, como Sampa e Minas). Ou seja, se fossem 200 paulistas espalhados por 15 ou 20 universidades
Nordestinas, em 10 ou 12 cursos distintos isto até seria mobilidade... mas, o que está havendo é predatismo. E
tem mais: eu DESAFIO, agora com letra maiúscula, o MEC provar que dos nove estados que compõem o
Nordeste saíram 200 alunos para ocupar vagas em quaisquer cursos, de quaisquer universidades de todo o Sul
e Sudeste... e tenho dito!

ANEXO 13

O novo Enem representaria um avanço, trazendo uma prova moderna, criativa, original.

Que balela. Veja estes dois exemplos:

Primeiro, uma questão de Física:

O que tem de errado? Quase nada. Somente duas coisinhas:

1. Esta questão é um plágio. Foi copiada da FUVEST 2002, o que é um absurdo, pois o Brasil gastou quase
150 milhões para uma prova ter questões plagiadas. O que é isso?

2. Esta questão exige que o aluno tenha decorado duas fórmulas...


U2
Q = mc∆ T e P =
R
... sem decoreba, nada feito!”
Agora, a questão de biologia:

Estas foi uma cópia da FUVEST 1999... pensaram que eu tinha esquecido. Porém, eu estou ficando velho, mas
não besta!

Se a gente procurar direitinho, vai achar mais coisa (dê uma olhadinha na prova da UNB 2010)

ANEXO 14

A prova do Enem vai ter uma matriz de referência, com habilidades e competências que pautarão a prova.

Quem acompanhou todas as edições anteriores do Enem antigo, como eu, sabe o que é seguir uma matriz de
referência. No Enem antigo, eram 63 questões, de 21 habilidades. Assim, havia em cada prova,
obrigatoriamente, 3 questões abordando cada habilidade.

No novo Enem, isso se perdeu. Isto já ficou claro em agosto, quando foi divulgado o simulado oficial. Este
simulado trazia 10 questões de cada área (quando deveria trazer 45 para imitar bem a realidade). Mas, em
matemática, por exemplo, das 10 questões, duas abordavam a mesma habilidade. O mesmo vimos na prova
que foi aplicada em dezembro: várias questões de uma mesma habilidade e algumas habilidades não
contempladas: que pena!

Anexo 15

O novo Enem não traria regionalismos, cobrando do estudante uma visão geral, ampla.

Veja esta questão do Enem 2009 (daquela prova que foi roubada):
Se esta questão não é regionalismo, eu não sei o que é! Alguém pode até dizer: mas, é uma questão fácil, ao
alcance de qualquer pessoa. Mas é regionalismo puro. A obra do Mestre Vitalino apesar de conhecida em boa
parte do Brasil e até em alguns países, não é uma caracterização nacional, ampla, geral. É algo típico,
exclusivo da região Nordeste que, por acaso, é a região onde vivo. Não sei se devo exigir de um brasileiro que
vive há 3 ou 4 mil quilômetros do Nordeste conheça este tipo de artesanato e se reconheça nele.

ANEXO 16

O novo Enem terá um sistema inteligente para a ocupação das vagas, o SISU.

Se o SISU era o que se dispunha de melhor, eu agora posso dizer: foi um erro enorme ter aceitado usar o
Enem como forma única de seleção para vagas de algumas das nossas Universidades. Foram erros e falhas
em todas as etapas do SISU. Vejamos algumas “inconsistências” (para usar o linguajar palaciano):
• Logo no seu lançamento, estava previsto que a ordem de inscrição no SISU seria um critério de
desempate... mudaram, no meio do processo, esta regra. Por quê? Simplesmente porque foi um
pandemônio o que ocorreu nas primeiras 72 horas de implantação do SISU/parte 1. Os computadores
travavam, as páginas não abriam, os números de inscrição não eram reconhecidos, etc, etc... e, na
mídia o que aparecia era que “os alunos não estão acostumados com o sistema”. Tanto viram que o
problema não era dos alunos que acabaram com o critério antiguidade para desempate;
• Na primeira seleção do SISU, havia uma aluna, LÍVIA RODRIGUES, aprovada simultaneamente, em
medicina, no Piauí e no Rio Grande do Sul. Seriam duas Lívias (com mesmo nome, somente um nome
próprio e um sobrenome... sei não!)? Seria um erro por inconsistência ou desalinhamento do sistema?
Seria uma Fraude? É impossível saber, porque em nenhum momento foram divulgadas as
procedências e os RGs dos candidatos.
• Em todas as edições do SISU, o candidato precisava entrar na internet várias vezes, todos os dias,
para ficar de olho na sua vaga, porque alguém com nota maior poderia alcançá-lo e tomar a vaga. Isto é
excludente porque prejudica exatamente os que não têm acesso a internet de qualidade, em casa, 24h
por dia. O sistema somente poderia ser adequado se fosse em tempo real e se indicasse, on line, os
nomes e as procedências dos candidatos que estivessem acima da nota do pretendente (assim ele
poderia ter ideia da sua real situação).
• Segundo os Jornais, houve o desaparecimento misterioso de vagas na UFMT, após a segunda rodada
do SISU. A explicação foi: foram matrículas que chegaram atrasadas ao sistema. Será que não foram
matrículas colocadas de última hora, de protegidos? Ninguém pode saber, porque não houve
transparência.
• Eram divulgadas notas de corte baseadas no dia anterior, mas o sistema conta com milhões de
candidatos e uma nota de corte pode aumentar muito e tirar a vaga que parecia garantida.
• O sistema SISU é tão perverso que ele permitiu que algumas escolas ou cursinhos, fizessem uma
campanha: “inscreva-se no SISU, conquiste uma vaga (mesmo que não esteja interessado nela) e
venha a nossa escola trocar o comprovante de aprovação por um cupom de sorteio para uma
passagem aérea para a Europa...” De posse dos comprovantes, a escola poderia se auto-declarar
supercampeã do Enem, pois aprovara centenas de alunos em cursos concorridos de todo o Brasil. E
veja que havendo três ou quatro rodadas, o mesmo aluno poderia ser aprovado três ou quatro vezes,
em diferentes cursos/universidades. No Piauí, por exemplo, houve caso de aluno aprovado na UFPI de
duas maneiras: pelo PSIU e pelo SISU... que lindo!
• Na última etapa do SISU, que deu origem às listas de espera, foram divulgados como aprovados e
depois foram excluídos tais nomes. A explicação: tinha havido ordem judicial para colocar alguém... o
que já prova que as coisas não foram assim tão boas. Aliás, de novo, só quem tem acesso a impetrar
mandados judiciais vitoriosos em tempo record contra órgãos públicos é quem tem como pagar um bom
advogado (bota bom nisso). Segundo a versão oficial foram apenas cerca de 30 casos. Pelas
reclamações publicadas na imprensa, parece que este número seria muito maior.
• O SISU patrocinou a maior ocupação predatória de vagas já vista no Brasil. Foram alunos de regiões
ricas ocupando vagas de regiões pobres; alunos de cursos concorridos ocupando vagas em cursos
menos concorridos; alunos já aprovados nos melhores vestibulares do Brasil brincando de ocupar
vagas como quem participa de um videogame (a culpa disso é do sistema, não do aluno que é apenas
um jovem em busca, inclusive, de reconhecimento).

Alguns perguntam: por que este mesmo sistema sempre funcionou tão bem no PROUNI e agora deu
errado? Veja o anexo 8.

ANEXO 17

O aluno receberia, em sua residência, relatório mostrando seu desempenho para que pudesse usar, inclusive,
como autoavaliação.

Até agora, ninguém recebeu o seu relatório de desempenho. E olhe que esta história de relatório entregue em
casa é coisa já bem antiga, consolidada. Por que não entregaram ainda, se estava prometido para janeiro?
ANEXO 18

O novo Enem seria baseado no SAT americano.

Isto deve ser uma piada. Desde quando, nas terras do Tio Sam um aluno marca um monte de xis, faz uma
redação de dez linhas e consegue vaga em curso concorrido por aí? O SAT é parte de um processo, que leva
em conta para oferecer vagas em bons cursos de boas universidades, uma série de outros fatores, tais como:
provas práticas, provas escritas específicas, provas orais, apresentação de currículo, apresentação de cartas de
recomendação, na análise de boletins, etc.

O modelo do vestibular tradicional tem e sempre teve defeitos. Mas, achar que uma novidade empacotada
pode, por si só, ser melhor, mais eficiente e mais justa, é uma tolice. Não é verdade, nem justo dizer que os
nossos vestibulares se parecem com aqueles que fizemos quando nós, cinqüentões, fizemos vestibular outrora.
Há muita mudança boa, há muito mais criatividade e contextualização, há muito menos invencionice nos
vestibulares da UNICAMP, da UFMG, da UNB, da UFRGS, da UFRN, etc, do que no novo Enem. O que o novo
Enem está trazendo de novo mesmo é o TRI (que é bom e interessante, mas só pode servir para uma prova
realmente calibrada, sem erros e com tempo suficiente para que o aluno possa fazê-la com tranqüilidade)... o
resto é invencionice e politicagem.

ANEXO 19

No novo Enem as questões serão todas calibradas, pré-testadas.

Isto parece bacana. Porém, aponto dois pecados mortais:


1. Segundo dados oficiais, a calibragem das questões – que consumiu quase dois milhões de reais – foi
feita em junho e julho, utilizando para isso, 50 mil alunos de 10 cidades brasileiras, de todas as regiões
do País. Estes alunos-testadores eram alunos do segundo ano do ensino médio ou calouros de
universidades. Aí está o primeiro problema: eles não serviriam para testar. O primeiro grupo, porque
não tinha visto, sequer, metade do conteúdo programático do ensino médio; o segundo, não tinha a
menor motivação para levar a sério uma tarefa de tamanha responsabilidade. Voltando ao primeiro
grupo, alguém poderia retrucar: mas o objetivo não é medir conteúdos, é avaliar habilidades e
competências! Eu retruco: então podemos achar que um adolescente que está no meio do ensino
médio tem a mesma maturidade de um terceiranista? Tem não. Nesta fase da vida, as transformações
são diárias, semanais, são intensas.... um ou dois semestres fazem diferença, sim. Alguém poderia,
ainda, ponderar: então, como poderíamos testar estes itens? Respondo: É simples. Ao invés de
apressar loucamente o novo Enem, teríamos usado o velho Enem e acrescentado, ao final da prova de
cada candidato e de forma randômica, 5 questões para teste (valendo um bônus na nota, por
exemplo)... e bum! Poderíamos testar milhares ou milhões de itens imitando as reais condições de reais
candidatos.

2. Se a calibragem houve mesmo, e eu acredito nisso, como o INEP explica a existência de questões
cujos textos ou dados foram retirados de publicações de agosto de 2009? (lembro que a calibragem
ocorreu em junho)
Só há duas conclusões possíveis: ou a prova não foi calibrada, como prometido, ou foi feita uma nova
calibragem de itens, desta feita em pleno setembro ou coisa que o valha (se isto ocorreu, quanto foi gasto a
mais? Por que não se divulgou? )

ANEXO 20

Por ser aplicado em milhares de cidades, o novo Enem seria mais INCLUSIVO, possibilitando a um aluno de
uma pequena cidade concorrer a uma vaga na capital.

Isto até parece muito bacana. Porém, excluindo exceções – como sempre devemos fazer – o que pudemos
observar foram milhares de estudantes prestando o vestibular somente para fazer número, ou seja, sem
qualquer competitividade. Não que eles fossem inferiores ou incapazes. Antes disso, as provas é que não se
mostravam conforme o prometido. Além disso, as tais vagas na capital, tão cobiçadas pelos alunos mais pobres
do interior viriam a ser tomadas por alunos da própria capital, melhor preparados, mas não tanto que tiveram,
de novo por deficiências do sistema, suas vagas usurpadas por alunos de outras regiões e capitais onde o
Enem não havia sido adotado como forma única de seleção.

Exemplifico:
O aluno A, residente em Petrolina, queria fazer vestibular para medicina na UNIVASF. Sua nota, não lhe
permitiu tal conquista. Tudo bem. Aí, lhe vem a ideia: vou me matricular em enfermagem, na própria UNIVASF,
porque assim eu consigo duas coisas: a aprovação dos meus pais e amigos e uma carteira de estudante (já que
aluno de cursinho pré-vestibular não tem esta “regalia”); em seguida, me matriculo em um cursinho para que, no
próximo ano, eu possa passar no curso dos meus sonhos.

O aluno B, residente na cidade de Cabrobó, queria muito estudar enfermagem, na UNIVASF. Fez as provas e,
de posse da sua nota, percebeu que não era uma nota suficiente para tal curso. Soube que o colega A estava
se matriculando em enfermagem somente por capricho. Ficou com raiva, xingou o colega, sentiu-se
injustiçado... e foi.

O aluno C, residente em Serra Talhada, sonhava com uma vaga em letras, na UFRPE de Serra Talhada
mesmo. Fez o Enem. Gostou das provas. Inscreveu-se no SISU e, até o penúltimo dia, ocupava a última vaga
do pretendido curso.

Neste ínterim, o aluno B, desgostoso que estava, viu-se na opção de usar a sua nota – inferior para
enfermagem, na UNIVASF – para conseguir uma vaga em letras, em Serra... e conseguiu! Até se matriculou,
mas não levou adiante. Afinal, a família era pobre e não achava que valeria a pena morar longe de casa para
fazer um curso que não queria, gastando o dinheiro que já não tinha.

A vaga de medicina em Petrolina, objeto do desejo de A, fora ocupada por D (piauiense que teve a sua vaga
ocupada por um sul-mato-grossense que, por sua vez, perdera a vaga para um paulista... afinal, em Sampa não
havia vaga nenhuma de medicina para o Enem).

E foram infelizes para sempre!


PONDERAÇÕES FINAIS:

O que espero, a partir desse momento? Espero pouco, bem pouco. Quero apenas registrar meus pontos de
vista para não morrer de remorso, por ter calado. Não sou, nunca fui nem serei omisso.

Assim, ponho em resumo o que acho disso tudo:

1. Gosto muito da ideia de termos uma prova nacional, uma avaliação do ensino médio que tenha um
caráter não apenas conteudista, mas que se apresente como uma antena capaz de capturar e nos informar
a quantas anda a educação dos nossos jovens. Somente com uma prova nacional, abrangente, obrigatória
se pode chegar a este patamar.
2. Gosto muito da matriz de referências do Enem, sim, do novo Enem. Acho que ela contempla
razoavelmente o que esperamos encontrar na cabeça de um jovem brasileiro, antenado, moderno, bem
orientado.
3. Gosto muito de ver escolas públicas e privadas sendo avaliadas e até ranqueadas através dos
seus produtos, os alunos. Neste ponto, tenho minhas ressalvas: como interpretar os dados se há
discrepâncias de tamanho das escolas, de orientação pedagógica, religiosa ou mesmo diferenças brutais
entre o nível social no qual está inserida cada unidade educacional. É possível que a escola onde estejam
concentrados os maiores herois do Brasil seja tratada pelo ranking como se fosse coisa qualquer,
porquanto seus resultados podem não ter magnitude para serem vistos ou viés para ser detectado.
Acrescento: devemos deixar claro que esta avaliação é pontual e mede apenas um dos aspectos do que se
faz na escola, não todos, nem mesmo a maioria, talvez nem mesmo, o principal.
4. Gosto muito de ver o País discutindo a educação, de colocar pais, professores e alunos na mesma
roda, onde se debatem temas pertinentes à formação do jovem e o Enem pode trazer isso e até certo
ponto, já o fez.
5. Não concordo com a adesão facultativa das IFES. Se é para ser assim, proponho que as nossas (e
todas as pequenas e médias) somente aceitem qualquer novidade palaciana, depois que 10 entre as 10
maiores o fizerem (incluo nisso as públicas estaduais, municipais e até as privadas). Vimos em 2009 a
adesão isolada de algumas, prejudicando sobremaneira os habitantes das regiões onde estas se
localizavam, por conta da ocupação predatória de vagas. Proponho: Vamos testar bem o Enem antes de
usá-lo com amadorismo. Que tal começar com a UNB. Sim, somente com ela. Durante cinco anos,
ofereceríamos todas as vagas da UNB pelo Enem, só por ele. Lembro que Brasília está praticamente no
centro geográfico do Brasil o que tornaria igualitário o tamanho do deslocamento dos alunos. Acho, ainda
que, para isso, a UNB deve receber milhões de reais para custear salas de aulas novas, alojamentos,
alimentação de alunos, bibliotecas, laboratórios, etc. Depois de cinco anos, com Brasileiros de todos os
cantos tendo a chance de estudar na UNB, pensaríamos em expandir o sistema, primeiro para as grandes
universidades, que têm estrutura para suportar falhas do sistema e, por último, para a pequenas, as
neófitas, as mais frágeis.
6. Não acho correta a omissão de dados e a falta de transparência. Acho que tudo, tudo mesmo
deveria ser divulgado. Inclusive, se a intenção do MEC for, como parece estar ficando claro agora, dar mais
vagas aos pobres alunos paulistas que têm poucas vagas públicas (em termos relativos) nas diversas
unidades federativas. Onde estão as listagens completas com procedência e RG? Onde estão as provas
aplicadas em Janeiro? O que houve com os alunos que foram aprovados e desaprovados no mesmo dia no
final da terceira etapa do SISU? Quantas vagas de cada Universidade foram ocupadas por alunos da
própria cidade, de cidades vizinhas, do estado, da região e de fora dela?
7. Acho temeroso deixar na mão de políticos as decisões sobre a nossa educação. Ficamos a mercê
de eleições, de jogos de poder, de influências sombrias.
8. Acho horroroso trocar apoio a um projeto de avaliação nacional por dinheiro. Precisamos exigir
dinheiro de quem pode e deve nos pagar o que merecemos.
9. Não consigo imaginar o Enem como selecionador absoluto (mesmo com TRI) para a maioria dos
cursos de maior demanda. Podemos complementar a seleção com provas de primeira fase, de segunda
fase, provas práticas, provas escritas, etc.
10. Finalmente, não posso deixar de me posicionar contrário ao que considero o mais grave de tudo, a
indefinição. Na minha visão toda e qualquer mudança nos vestibulares, no Enem, nos sistemas de cotas e
congêneres deveria ser anunciado com, no mínimo, três anos de antecedência. Três anos é o tempo
que dura o ensino médio em nosso País. Assim, com uma antecedência razoável, escolas, famílias e
alunos teriam tempo hábil para se adaptar. A FUVEST, por exemplo, já divulgou detalhes do vestibular
2011 e promete divulgar nesses dias as obras literárias que serão cobradas nos seus vestibulares de 2013,
2014 e 2015. Enquanto isso, a UFPE e a UPE ainda não definiram como será o próximo exame. Não me
conformo com a possibilidade de mudanças durante o transcurso de um ano letivo, embora isso,
paradoxalmente, aumente muito a demanda dos cursinhos.

Estamos à disposição de todos para quaisquer esclarecimentos.


Professor Fernando Beltrão
Fone: 8763.2674
Email: fernandobeltrao@globo.com
Blog: http://fernandobeltrao.zip.net

Fernandinho e Cia
Rua Benfica, 480 – Madalena
Fone: 2122.8383

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