0 evaluări0% au considerat acest document util (0 voturi)
112 vizualizări2 pagini
O documento discute um livro sobre as representações utópicas no ensino de história segundo entrevistas com professoras. O autor analisa como essas professoras veem a história, educação e sua atuação docente no passado de acordo com suas memórias, reconhecendo a subjetividade das mesmas. Ele conclui que a utopia dessas professoras é a crença de ter realizado uma prática militante e de transformação através do ensino, mesmo que hoje tal prática não seja mais vista como crítica.
Descriere originală:
Resenha do livro Representações Utópicas No Ensino de História
O documento discute um livro sobre as representações utópicas no ensino de história segundo entrevistas com professoras. O autor analisa como essas professoras veem a história, educação e sua atuação docente no passado de acordo com suas memórias, reconhecendo a subjetividade das mesmas. Ele conclui que a utopia dessas professoras é a crença de ter realizado uma prática militante e de transformação através do ensino, mesmo que hoje tal prática não seja mais vista como crítica.
O documento discute um livro sobre as representações utópicas no ensino de história segundo entrevistas com professoras. O autor analisa como essas professoras veem a história, educação e sua atuação docente no passado de acordo com suas memórias, reconhecendo a subjetividade das mesmas. Ele conclui que a utopia dessas professoras é a crença de ter realizado uma prática militante e de transformação através do ensino, mesmo que hoje tal prática não seja mais vista como crítica.
Representaes Utpicas no Ensino de Histria, de Antnio Simplcio de
Almeida Neto So Paulo: Unifesp, 2011. Lcia Yara Farias Mestranda do
Programa de Ps-Graduao em Educao da Universidade Nove de Julho PPGE/Uninove.
Bacharelado em histria e mestre e doutor em educao pela Universidade
de So Paulo, Antnio Simplcio de Almeida Neto especializou-se nos estudos de ensino de histria e histria da educao, atuando principalmente com temas como ensino de histria, formao de professores, educao e ensino, histria, memria, representao e cultura escolar. Em seu mais recente livro, Representaes Utpicas no Ensino de Histria, o autor discute, de modo geral, as questes utpicas existentes no ato de ensinar e o discurso poltico de que lanam mo os professores da disciplina ao criarem representaes histricas. Dessa relao, segundo o autor, nasce um dilogo entre saber histrico, representaes e utopia, tudo devidamente inserido e concretizado na e pela prtica docente. Baseado em entrevistas com dois grupos de professoras um que teria lecionado entre os anos de 1960 e 1970 e outro, entre os anos de 1980 e 1990 , o procedimento metodolgico escolhido nos chama, de incio, a ateno, ao se concentrar no campo da histria oral, num processo que envolve representaes do presente e do passado, resultando, assim, num amplo movimento de ressignificao da prpria histria das entrevistadas. Dessa forma, o autor constri sua pesquisa traando algumas reflexes sobre a memria e histria e a crise da utopia na educao a partir da atuao docente num perodo histrico marcado por intensa agitao poltica e ideolgica e, por que no diz-lo, utpica. As categorias que servem como pontos de discusso levantados pelo autor so utopia, representao e memria. Sobre a primeira, o autor destaca a ideia de utopia como um convite ao, de quem as cincias sociais seriam uma espcie de anfitri, ao dizer que, particularmente no ensino de histria, pelas caractersticas dessa disciplina, a questo da utopia no poderia aparecer de modo diferente, revelando-se de permeio s [] possveis reconstrues do passado e a E c c o S R e v i s t a C i e n t f i c a Representaes Utpicas no Ensino de Histria, de Antnio Simplcio de Almeida Neto 292 EccoS Rev. Cient., So Paulo, n. 32, p. 291-293, set./dez. 2013. consequente desorganizao das construes em que se assenta o presente (p. 31). Em seguida, delimita a utopia no contexto da crise da modernidade, que confronta os ideais utpicos apregoados pela histria, afirmando que, dessa forma, os princpios fundantes da educao, da escola e do ensino so colocados sob suspeio. E, finalmente, conclui seu pensamento explicitando que o que realmente relevante no a projeo futura da utopia, mas seu potencial em resgatar as ausncias do presente, dando voz aos silenciados, mantendo vivo o prprio pensamento utpico de um passado ativo: neste momento que a utopia cruza com o ato pedaggico. Em relao segunda categoria, a das representaes, o autor questiona justamente as representaes criadas por professoras que viveram um momento de intenso ativismo poltico educacional. O objetivo traar a dimenso utpica dessas professoras na poca em que atuavam e quais eram suas representaes sobre o ensino de histria, suas possibilidades, permanncia, percepes, devaneios. A ideia de uma representao do
presente projetada sobre o futuro. Neste ponto, em particular, o autor se
defronta com a terceira categoria aqui explicitada: o conceito de memria, vinculado ao de histria oral e suas especificidades. Por ter como suporte a prpria memria do indivduo, seu contedo se torna seletivo e, portanto, questionvel; outro fator que se soma a esse o de que a fala trazida pela memria se apresenta como uma reconstruo de fatos, reinterpretados pelo distanciamento causado pelo tempo e passado por uma reavaliao dos acontecimentos. Dessa maneira, o relato narrado pelo entrevistado no mais aquele que foi vivido, mas, sim, aquele que sua memria recriou. Assim, a subjetividade do relato oral no pode ser ignorada. Segundo o autor, [] o tratamento dado construo da memria, via relato oral, requer que pensemos nas ambiguidades envolvidas no processo, tais como ansiar por maior objetividade num terreno sabidamente povoado de subjetividades (p. 57). Trata-se de um entendimento no apenas do que foi feito; mas do que julgavam estar fazendo, e de como pensam, hoje, que atuaram no passado. R e s e n h a s FARIAS, L. Y. EccoS Rev. Cient., So Paulo, n. 32, p. 291-293, set./dez. 2013. 293 Nos captulos que compem o livro, Antnio Simplcio discute, por meio das entrevistas, as representaes que as professoras tm sobre a histria enquanto disciplina e saber cientfico, noes de documentos e recursos histricos, referncias intelectuais relevantes para sua formao e sua prpria vivncia escolar: cotidiano, qualidade de ensino, relao com os alunos, intenes pedaggicas que mantm com a histria. Por fim, analisa a questo da utopia, ligando-a aos temas do conservadorismo, da transformao, da ruptura e da conscientizao, para concluir que a utopia que permeia o ensino de histria para essas professoras hoje aposentadas no propriamente o ensino crtico, ativo, mas a representao e a crena de realizar uma prtica militante. O importante para as professoras pesquisadas conclui o autor sentirem-se um agente transformador, cumpridor de seu papel, promovendo o ensino crtico por meio do ensino de histria. A utopia se mostra, assim, como a tentativa de redimensionamento da disciplina histria; de retomada da satisfao de um tempo considerado bom, em que alunos interessados podiam formar-se criticamente. A representao utpica, desse modo, projeta no futuro aquilo que se acreditou viver no passado, podendo trazer um ideal de conservao e de manuteno contrrio aos seus propsitos de supera- o e formao crtica. Trata-se, portanto, de um livro que faz uma importante discusso no campo das representaes e ensino de histria, cabendo, contudo, a ressalva de que se trata de um livro direcionado a um pblico especfico historiadores e professores de histria , os quais podero identificar-se em sua prtica cotidiana com os questionamentos propostos pelo autor e que ainda hoje perseguem aqueles que se propem a ensinar histria.