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Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE

Programa de Mestrado em Saúde e meio Ambiente

Disciplina:
Orientadora: Profª Drª Mônica Lopes Gonçalves
Mestrando: Engº Antonio Fernando de Araújo Navarro Pereira
Tema: A correlação entre a Ética Ambiental, a Percepção dos Riscos e
o Gestão de Riscos

I. Introdução:

Riscos são todos os insucessos ocorridos em uma determinada fase ou


época e não de todo esperados. (Navarro 1996)
A partir dessa primeira abordagem iremos estabelecer uma correlação entre os
métodos tradicionais de Gestão de Riscos, baseados em pesquisa, coleta de dados,
análises, etc., a percepção, pura e simples, baseada nos sentimentos das pessoas, na
sua informação anterior, nos seus medos e receios, nos seus comprometimentos, etc.
e as questões baseadas na ética ambiental.
È importante fazer-se essa apresentação haja vista que se pretende
correlacionar a eficácia das duas formas de avaliação, e consolidá-las, através da
interpretação de que quando se tratam de riscos, principalmente os ambientais, não
basta apenas informar as pessoas dos riscos que estão presentes ao redor das
pessoas, inerentes ao meio e à atividade ali desenvolvida. Deve-se levar em
consideração também, a sensação de segurança ou de insegurança repassada por
elas assim como as questões ético-ambientais envolvidas.
As técnicas de Gestão de Riscos têm evoluído gradativamente, com a
incorporação de conceitos adotados em programas de Qualidade e em Confiabilidade
de Processos, e a adoção das técnicas de avaliação de riscos, empregando-se
softwares, e, mais recentemente, envolvendo conceitos de "percepção de riscos". As
técnicas de gerenciamento trabalham com números, com evidências, com
prognósticos, ao passo que a percepção trabalha com o sentimento das pessoas.
As técnicas e conceitos relacionados à gestão ou Gestão de Riscos foram
introduzidos objetivando-se avaliar prematuramente os riscos, por meio da aplicação
de conceitos físico-matemáticos. Com a proximidade dos riscos a áreas povoadas, e a
interação entre as populações vizinhas e os empreendimentos, passou-se a valorizar
mais a percepção que as pessoas têm efetivamente dos riscos, associada ao
empreendimento próximo.
Grandes projetos de engenharia sempre alteraram fundamentalmente o meio
ambiente, como por exemplo: usinas hidrelétricas, portos, túneis, pontes, indústrias
químicas e petroquímicas, mineradoras, etc. Algumas vezes os empreendimentos
chegaram primeiro e as populações depois, essas quase sempre motivados pela oferta
farta de empregos e pelas facilidades geradas pelo poder púbico, pela proximidade de
rodovias, aeroportos e portos. Em outros momentos, os empreendimentos vieram
depois, justamente atrás de facilidades geradas pelos governos e pela disponibilidade
de mão-de-obra. Todavia, não só esses grandes empreendimentos alteram como
também o licenciamento para a construção de casas em encostas de morros, como por
exemplo. O que se verifica de comum é que muitos empreendimentos foram
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implantados sem que a primeira preocupação fosse com as pessoas ou com o meio
ambiente. Muitos viraram notícias de jornais, através dos acidentes ambientais que
ocasionaram ou dos problemas gerados pela sua atividade. Mais recentemente, uma
indústria de papel em Minas Gerais teve rompida uma barreira de uma lagoa de
rejeitos, com grandes danos ecológicos, comprometendo seriamente o abastecimento
de água de cidades, até mesmo do Rio de Janeiro. O mais inusitado é que os atuais
donos informavam que adquiriram a indústria e que as bacias já existiam, como se ao
adquirir uma empresa não fossem responsáveis por seus passivos ambientais.
Pelizzoli, em seu livro Correntes da Ética Ambiental, comenta: “falar em
ambiente é falar em pessoas e suas relações, ou seja, falar em ética, o que por sua
vez não é apenas falar em normas morais e comportamentos, mas em formas de
conhecimento (que são sempre relações), visões de mundo, daí a cosmologia, a
ontologia e a antropologia envolvidas, a saber, visões de sentido do mundo/universo,
do ser/essência e do humano / ético (Pelizzoli, 2003)”.
O mesmo autor, citado no parágrafo anterior, quando aborda as perspectivas
gerais de uma ótica holística, assim o faz: O ponto de partida comum é a crítica ao
modelo civilizatório baseado na noção de progresso material e desenvolvimento
econômico nos moldes da modernidade científica e industrial, e o que ocorre com o ser
humano e com os seres naturais em termos de desequilíbrio e perda de
harmonia/interligação com aspectos fundamentais da vida (Pelizzoli, 2003).
Mais uma vez entra em choque as ações dos seres humanos baseados em sua
busca incessante pela modernidade a qualquer custo e os gravames abandonados nos
colos dos indivíduos que co-habitam os mesmos espaços. Mais uma vez cabe a
reflexão sobre o futuro ou o amanhã. Projetos de hoje têm que levar em consideração
o amanhã, como não muito distante.
O planejamento e a administração hoje não podem mais suprimir a base
ambiental e o modus civilizatório, assim como não poderão mais prescindir de uma
ética de futuro. Não é mais possível, como enfatizou José Lutzenberger, vivermos
como se fôssemos à última geração. As éticas anteriores não contemplaram a
dinâmica de mutação e a exclusão inerente à sociedade tecnoindustrial. Tem seus
parâmetros inócuos e, muitas vezes, trazem em seu bojo as disposições profundas dos
riscos da razão instrumental e egológica hegemônica. São por vezes éticas
individualizadas e que não conseguem pensar os sujeitos e os objetos não-humanos,
ou pensar em longo prazo, ou ainda pensar a globalização econômica como ela se
impõe hoje. (Pelizzoli, 2003)
O que se observa é que as questões relacionadas à preservação do meio
ambiente ou a adoção de mecanismos seguros de prevenção de riscos são ou foram
passados para trás em detrimento da pressa em se iniciar as atividades ou a questões
financeiras, principalmente de obtenção de financiamentos de bancos públicos a juros
fortemente subsidiados. Muitos problemas causados pelas indústrias foram encerrados
sem qualquer solução porque era melhor ter como vizinha uma indústria poluente, que
gerava mão-de-obra para a família toda, do que um ambiente limpo e com as pessoas
desempregadas, ou tendo que se deslocar dezenas de quilômetros atrás de uma
oportunidade de emprego. De outra feita, era muito melhor ter um grande
empreendimento próximo à sua residência, proporcionando mais segurança e melhor
infraestrutura urbana do que tê-la por longe. Diz-se na gíria: ruim com ela pior sem ela.
A primeira questão que sobressai é a da importância da percepção das pessoas
frente a riscos, algumas vezes não palpáveis ou percebíveis frente o emprego de

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técnicas de avaliação baseadas em estatísticas, confiabilidade, estudos de situações
assemelhadas, pesquisas baseadas em bancos de dados, tudo com o objetivo de
definir-se medidas preventivas e/ou mitigadoras. Algumas vezes, como dito no
parágrafo anterior, a percepção era fruto de uma conivência entre uma população à
mercê das incertezas da vida ou de uma população sem muitas opções. As pessoas
sabiam que aquilo não era bom para elas mas aceitavam o fato pacificamente. Nesses
casos, apresentar elementos convincentes, mesmo baseados em formulações
matemáticas de que o risco não era bom era a sentença de morte do gestor do risco.

II. Objetivos:
O Objetivo principal foi o de avaliar-se, dentro de condições normais, a eficácia
de alguns métodos empregados no processo de Gestão de Riscos, notadamente
naqueles relativos a Meio Ambiente e à sua degradação.
Sabe-se hoje que em muitas circunstâncias o que mais vale é as pessoas se
sentirem seguras frente aos riscos que as envolvem do que o seu convencimento por
outro caminho que não o de sua própria percepção. A escolha dos riscos aos quais se
deve dar atenção não é simplesmente o reflexo de preocupações com a proteção da
saúde, da segurança e do ambiente. A escolha reflete também outros aspectos, como
as crenças das sociedades acerca dos valores, instituições sociais, natureza, justiça e
moral - sendo estes determinantes na superestimação ou subestimação de
determinados riscos (Douglas & Wildavsky, 1982).
Um ponto que cabe ser destacado é a importância que os sujeitos dão aos
riscos, e aos seus reflexos quanto a questões ambientais. Quase sempre as
prioridades das pessoas não obedecem à mesma cronologia da prioridade das
empresas, mormente se aquelas estiverem diretamente envolvidas com os resultados
das implantações dos empreendimentos. Ou seja, se as pessoas percebem que podem
vir a se beneficiar com a implantação dos empreendimentos, costumam relegar a um
plano inferior suas preocupações com outros aspectos que não o de sua contratação
ou de seus familiares. Assim, não adianta querer envolvê-los em questões mais
técnicas demonstrando por A mais B que poder-se-á ter problemas se sua
preocupação naquele momento é apenas a empregabilidade.
O enfoque das técnicas de avaliação sempre foi o de avaliar-se projetos e
processos com vistas à identificação dos riscos, para o seu tratamento, posteriormente.
Mais recentemente passou-se a incluir nesse rol de técnicas a avaliação do
consumidor quanto à sua percepção de risco. Um aspecto, importante, é o de se
avaliar o que pode ocorrer de errado em um projeto, sistema ou equipamento, que
venha a causar perdas. Outro aspecto é a da avaliação sob a ótica dos consumidores
ou dos usuários. Especificamente na avaliação de impactos ambientais espera-se que
os moradores da circunvizinhança do empreendimento também possam opinar sobre
as questões que dizem respeito à contaminação ambiental, antes mesmo de virem a se
afetados por essa.
Um exemplo clássico da percepção de riscos, digamos assim, intuitivo, é o de
um martelo. Isoladamente essa ferramenta não apresenta qualquer tipo de risco e nem
é motivo de preocupações, como por exemplo, o martelo em uma caixa de
ferramentas, ou sobre uma bancada de trabalho. Todavia, na mão de uma criança
pode vir a representar um risco para sua própria vida. Uma mãe, ao ver seu filho com
menos de dois anos andar pela casa com um martelo na mão tem a reação imediata
de tirá-lo do filho, por ter razões de sobra para perceber que pode ocorrer algo de ruim.
O mesmo pensamento pode não ocorrer com um pai. Que pode até querer entregar um
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prego para que o filho possa pregá-lo sobre uma tábua. Se forem tios ou avós,
certamente acharão graça da criança andar pela casa com o martelo, ao invés de
andar com um brinquedo.
A percepção dos riscos pode variar de acordo com o momento econômico pelo
qual as pessoas estão passando, com o nível de cultura, com o nível de informações,
com os interesses envolvidos, com aspectos familiares, etc.. Se há necessidade de se
construir um depósito de lixo em determinada localidade, e se houver tratamento
adequado, esse projeto poderá ser uma fonte de emprego para famílias de
desempregados, ou uma fonte de riscos para famílias estruturadas financeiramente
que não dependam da existência desse para sua subsistência. Outro fato interessante
é o que diz respeito à estrutura de família. Um rapaz solteiro que viva sozinho poderá
ter uma reação frente os riscos bem diferente do que se for casado, e mais diferente
ainda se tiver filhos pequenos. O mesmo ocorre com famílias com filhos pequenos. A
preocupação das mães, principalmente, torna-se maior quando esses são pequenos.

III. Metodologia:
O Gestão de Riscos (Risk Management) pode ser entendido como um conjunto
de técnicas de abordagem, com vistas à análise qualitativa e quantitativa dos eventos,
por meio das quais busca-se identificar, avaliar e tratar os riscos que sejam
emergenciais e/ou latentes, capazes de provocar perdas financeiras, pessoais,
patrimoniais e de responsabilidades civis. As técnicas de Gestão de Riscos, quando
bem empregadas transformam-se em um elemento de antecipação ou de previsão de
um cenário de perdas futuras. (Navarro 1996)
Através do Gestão de Riscos consegue-se estudar procedimentos que
promovem a redução do número de ocorrências ou a redução da extensão das perdas,
fatores esses importantíssimos para a mensuração das taxas de riscos. (Navarro 1996)
O processo, ou o conjunto de tecnologias empregadas no Gestão de Riscos
possibilita o surgimento de meios que atenuam as perdas ameaçadoras dos
patrimônios das empresas, reduzindo suas severidades ou gravidades, através da
eliminação dos riscos ou do controle dos eventos e de suas conseqüências. De uma
certa forma, ao se controlar as perdas e por conseguinte, reduzir a parte dos custos
variáveis, estar-se-á aumentando o nível de Produtividade da empresa. Todavia, sob o
enfoque do consumidor ou da população sob risco, o conceito passa a estar voltado
para a sensação de segurança. Um aspecto importante é saber-se o quão a empresa
encontra-se segura. Outro aspecto é saber-se o quão a população vizinha entende
estar segura. Se a população não se achar segura o empreendimento deve passar a
imagem de empresa segura, empregando, para tal, técnicas específicas de abordagem
que a convençam do contrário. (Navarro 1996)
Nessa apresentação vê-se que a utilização das técnicas de Gestão de Riscos
está mais voltada para a empresa em si e os seus riscos. Quando se volta o foco das
atenções para os "terceiros", vislumbra-se a questão da responsabilidade civil daí
advinda. Também deve ser ressaltado que o uso de técnicas de gestão de riscos dá-se
mais na fase do estabelecimento das premissas básicas de projeto, do que na
implantação do empreendimento. Trata-se de uma fase com pouca reverberação de
opiniões, ou seja, a portas fechadas, quando se avaliam os prós e os contras.
A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de
1963, com a publicação do livro Risk Management in the Business Enterprise, de
Robert Mehr e Bob Hedges. Seguramente uma das fontes de consulta ou de

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inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol, divulgado na França em 1916.
A origem da Gerência de Riscos é a mesma da Administração de Empresas, a qual,
por sua vez, conduziu aos processos de Qualidade e de Produtividade. (Navarro
1996)
Os conceitos de riscos são muito amplos. Risco não é somente aquilo que está
para acontecer ou aquilo que se tem receio de que aconteça em um determinado
momento: (Navarro 1996)

• Hoje teremos o risco de um temporal; Levem os seus casacos; Não cheguem tarde
da noite;
• Há risco de vocês serem assaltados, portanto, não cheguem tarde; Não andem por
ruas escuras;
• Se vocês não estudarem correrão o risco de não tirarem boas notas;
• Não empreste dinheiro para seu amigo porque ele está desempregado, há risco de
você perder o amigo ao cobrá-lo;
• Não tente consertar o chuveiro para não ter o risco de levar um choque.
Para cada exemplo citado a palavra “risco” tem um significado diferente. Não
chegar junto com o temporal apresenta o inconveniente, e não o "risco" da pessoa
molhar-se. No caso do assalto efetivamente há um risco de perda monetária ou de
danos à própria vida ou à saúde. Nas provas a pessoa pode ser reprovada. O único
risco, que não é aquele objeto da análise é o da perda financeira de ter que repetir o
ano letivo ou ter o dissabor do constrangimento pessoal. Finalmente, no caso do
chuveiro, o risco envolve a vida da própria pessoa. Se essa estiver sobre um piso
molhado poderá sofrer um choque mortal. (Navarro 1996)
A palavra Risco dá margem a uma série de interpretações. Contudo, está
sempre associada, em qualquer caso, a: um insucesso, um perigo, uma perda ou um
dano.
Riscos são todos os insucessos ocorridos em uma determinada fase ou
época e não de todo esperados. (Navarro 1996)
Dentro do enfoque escolhido por nós, de correlacionar os processos de
avaliação metodológica com a avaliação empírica, torna-se importante apresentar
algumas considerações sobre o que vem a ser um risco, como ele se materializa e
como pode ser avaliado, através de processos metodológicos.

Riscos são todos os fatos, situações, bens ou atividades sujeitas a perdas ou


danos. Para fins de estudos podem ser classificados em:

• voluntários;
• acidentais;
• aleatórios.
Riscos voluntários são todos aqueles em que há um ato voluntário presente,
ato esse que induz à participação humana no evento. A empresa que não faz uma
avaliação correta do lançamento de seus efluentes está consciente que de esses
podem atingir o meio ambiente. Pode também estar consciente de que estará
construindo um passivo ambiental. A indústria que adquire equipamentos sem fazer
uma avaliação criteriosa de seu funcionamento corre o risco de vir a provocar danos ao
meio ambiente e mesmo não ter a produtividade esperada. A criança que acende uma
fogueira está praticando um risco voluntário, porque ela assim o quer, ou seja, deseja

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acender o fogo. Pode estar praticando o ato de forma consciente ou não. Muitas vezes
a voluntariedade pode estar vinculada a algum propósito, como o da economia, a
postergação dos problemas ou aproveitar-se de determinada situação momentânea,
etc. O risco voluntário enquadra-se na categoria de riscos puros. (Navarro 1996)
Riscos acidentais são os riscos ocorridos sem que tenha havido contribuição
voluntária para tal. O desabamento de um prédio, o alagamento de um pátio de
estocagem são riscos acidentais. Os riscos a que estão sujeitos os construtores são
também riscos acidentais. Não se deve confundir a acidentalidade dos riscos com a
voluntariedade. O princípio básico é que neste caso em questão tanto o desabamento,
quanto o alagamento não se deveram porque o projeto foi mal executado ou o pátio de
estocagem não teve limpas as suas galerias de esgoto e de águas pluviais. Para que
não haja conflito de interpretação os riscos acidentais podem ser enquadrados dentro
das características daqueles decorrentes das atividades normais de uma empresa,
gerados acidentalmente. Da mesma forma como nos riscos voluntários, os riscos
acidentais também são riscos puros. (Navarro 1996)
Uma questão importante é relativa ao enquadramento dos riscos na natureza.
Os riscos causados por uma enchente ou um alagamento podem estar relacionados a
um risco acidental ou a um risco voluntário. Uma indústria que assenta seu
empreendimento na foz de um rio, por ser mais vantajoso para ela, poderá estar
causando um sério risco à população da cidade em um momento subseqüente.
Contínuos assoreamentos dos rios e o estreitamento da foz provocado pela
implantação da indústria poderão ser causadores de transbordamento de rios. Neste
caso, o risco é voluntário para a indústria.
Riscos aleatórios são aqueles eventos ocorridos sem a participação humana,
tais como: terremotos, tremores de terra naturais, vendavais, furacões, enchentes,
inundações. São os eventos de causa externa, ou seja, não dependem de nenhuma
influência do empreendimento para que ocorram. Os riscos aleatórios também são
conhecidos como riscos da natureza. A aleatoriedade dos riscos indica que não
podem ser previstos. Podem ocorrer a qualquer momento. (Navarro 1996)
Para ser capaz de gerar danos um risco materializa-se em função de um
infindável número de situações. No projeto de se lançar uma sonda espacial para fora
do sistema solar a fim de se estudar outros corpos celestes, deve-se aguardar, para
que o empreendimento venha a ter sucesso, que o veículo lançador e a nave espacial
não venham a falhar, deve-se aguardar o alinhamento dos planetas, o que só vem a
ocorrer a intervalos de tempo definidos, para que se aproveite ao máximo as forças de
atração dos astros para aumento da velocidade da espaçonave, e mesmo assim não
se tem total certeza do sucesso da missão. É o que se chama de imponderável. O
Gestão de Riscos avalia o imponderável. Chega-se a determinar, por intermédio de
técnicas de avaliação de riscos, qual a probabilidade de se ter sucesso no
empreendimento, e qual a probabilidade de se ter um fracasso. Para modelos de
análise mais simples, consegue-se descobrir os prováveis fatores causadores do
insucesso. Assim, elaboram-se previsões com elevado percentual de acertos. Algumas
técnicas de Estudos de Confiabilidade de Processos apresentam resultados bem
próximos de 100% de acerto. (Navarro 1996)
O risco, ou o evento, contra o qual se está elaborando um plano de prevenção
ou de eliminação de perdas, deve atender a algumas particularidades para que seja
enquadrado como tal, ou seja: deverá ser: futuro; incerto; possível; independente da
vontade das partes, conduzir a perdas mensuráveis. Um risco presente não é um
risco e sim um fato consumado. Um risco certo também não é um risco porque já se
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sabe quando e de que forma irá ocorrer. Um risco impossível também não é um risco,
já que não gerará qualquer tipo de perda ou dano. Por exemplo, não se pode falar em
incêndio em uma caixa d'água porque simplesmente lá, principalmente quando essa
está cheia de líquido, não apresenta as condições para o início de um incêndio, ou
fogo. Todavia, pode-se falar em um dano elétrico no motor de acionamento da bomba
que esteja próxima da caixa d'água. Um risco que dependa de um dos sujeitos para ser
iniciado também não é um risco. Lógico é que há exceções, como o risco de um
acidente provocado por uma pessoa demente. Aqui, nessa situação, a pessoa não tem
total domínio de suas faculdades mentais. Finalmente, um risco que não gere nem uma
perda e nem um dano também não pode ser entendido como risco, já que não se tem o
que reclamar e o que repor, porque não haverá perdas.
Procura-se entender como e porquê esse risco vem a se manifestar, qual a
periodicidade das manifestações, ou da freqüência das ocorrências ou eventos, e qual
é a extensão das perdas sentidas ou observadas, com fins de se reduzir à severidade
dos prejuízos. Ainda, buscam-se meios de reduzir a extensão das perdas a outros
ambientes, locais ou equipamentos, com o emprego de mecanismos de proteção,
confinando as conseqüências dos eventos. (Navarro 1996)
A função do Gestão de Riscos é a de reduzir perdas e minimizar os seus
efeitos. Isso quer dizer que se assume a existência de perdas em todos os processos
industriais, como um fato perfeitamente natural. Entretanto, por meio de técnicas,
basicamente de inspeções e de análises, procura-se evitar que essas perdas venham a
ocorrer com certa freqüência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas perdas, limitando-
as a valores aceitáveis, ou dentro do perfil estipulado pela empresa em seus
orçamentos anuais. (Navarro 1996)
Não existe um método único de Gestão de Riscos, ou uma metodologia padrão.
Costuma-se confrontar os procedimentos em vigor com procedimentos-padrão para
aquele tipo de etapa, analisando as possíveis alterações existentes, através de um
amplo conhecimento das várias etapas da atividade analisada. (Navarro 1996)
O Gestão de Riscos é um contínuo processo de busca de defeitos, ou de
quase-defeitos, com vistas à sua prevenção. Esses defeitos são chamados
riscos. (Navarro 1996)
Risco é uma chance de perda e provavelmente, o mais importante
degrau no processo de identificação e gerenciamento das perdas. (Navarro
1996)
Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas
adotadas na Gestão de Riscos e o emprego de metodologias específicas pode-se
também quantificar riscos. A partir do momento que se qualifica e quantifica um risco
tem-se a sua real magnitude ou sua expressão matemática.
A qualificação é a identificação do tipo de risco ou da qualidade, se é que
podemos assim dizer a respeito das características dos eventos que podem surgir.
Trata-se de um risco de incêndio, ou de um risco de explosão, ou de um risco de danos
elétricos, ou de um risco de contaminação ambiental, etc..
A quantificação é a determinação do valor da perda, expressa em percentual
do valor dos bens ou em valores absolutos, ou do tamanho do prejuízo a se verificar no
futuro. P.ex O risco, se ocorrer, poderá gerar uma perda que irá afetar 48% do
patrimônio da indústria. A perda potencial é de cerca de $ 500,000. No tocante a
questões ambientais, há que se considerar os danos diretos, os danos conseqüentes e
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os danos indiretos. Os danos diretos podem ser avaliados com certa precisão. Os
demais, necessita-se conhecer as características do empreendimento, da região e da
população atingida.
As técnicas empregadas nos estudos de Gestão de Riscos podem variar de
acordo com os objetivos inicialmente propostos para a análise das situações, como:
a) Check-list
O Check List é um método de caráter geral, com abordagens qualitativas,
através do diagnostico de situações de riscos a partir de um cenário, com o emprego
de perguntas previamente estabelecidas. Seu sucesso depende muito das análises
posteriores que se seguirão, bem como dos resultados pretendidos. Os relatórios, de
um modo geral, contém um grupo de perguntas básicas que serão formuladas a
operadores dos equipamentos, supervisores, vizinhos do empreendimento, terceiros
não envolvidos com o empreendimento, as quais permitirão que sejam traçados perfis
aproximados do risco.
b) What if
Trata-se de um método qualitativo, ou seja, um método que permite chegar ao
tipo e ao tamanho de risco, muito importante no emprego em discussões de caráter
geral acerca de um sistema, e para a abordagem das conseqüências maiores de um
acidente. Deve-se sempre separar, na aplicação da técnica, as causas das
conseqüências. As causas são os fatos geradores, e as conseqüências os resultados.
Existem perguntas clássicas que podem vir a ser feitas, como por exemplo:

 E se de repente uma pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado?


 E se a caldeira vier a explodir?
 E se a pressão da linha de vapor subir muito?
 E se a informação recebida da direção da empresa, para a desocupação da área,
não for confiável?
c) Técnica de Incidentes Críticos
Trata-se de uma técnica operacional qualitativa, que busca obter informações
relevantes acerca de incidentes ocorridos durante determinada fase ou período
relatados por testemunhas que os vivenciaram. Os incidentes são os quase acidentes,
ou os acidentes não geradores de perdas.
A metodologia emprega, principalmente, entrevistas com os operadores ou
mantenedores dos sistemas sujeitos a estudos. Alternativamente poderá se lançar mão
de trabalhos de bancos de dados, onde todos os acidentes ou incidentes foram
relacionados por tipo de ocorrência. Dentre as inúmeras formas de classificação dos
incidentes podemos ter o seguinte critério:
Classe I : Aqueles que provocam alterações no planejamento ou na produção.
Classe II : Aqueles que provocam atrasos no planejamento ou na produção;
Classe III : Aqueles que provocam paralisações ou o insucesso do planejamento;
Classe IV : Aqueles que afetam a integridade física das pessoas;
O incidente é importante como dado estatístico porque comprova a
existência de falhas operacionais ou de controle, possibilitando a sua imediata
reparação. (Navarro 1996)

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d) Análise Preliminar de Riscos (APR)
Trata-se de uma técnica de inspeção desenvolvida com o objetivo de se obter
análise superficial dos possíveis riscos, de suas causas, das conseqüências advindas
com a materialização desses bem como das medidas corretivas ou preditivas
adotadas. Em resumo, a APR visa à identificação de elementos perigosos do sistema,
das situações de risco, das falhas potenciais, etc., determinando a gravidade de suas
efetivações, normalmente obtidas por meio de simulações. A Análise Preliminar de
Riscos procura enquadrar os riscos segundo categorias, definidas de acordo com os
efeitos destrutivos que podem vir a ser observados, tabeladas como a seguir:

• Desprezível ou Negligenciavel (Classe I)


É aquele que gera efeitos imperceptíveis, não conduzindo a degradações físicas
ou ambientais que não sejam facilmente recompostas. Normalmente essa categoria de
riscos é perfeitamente absorvida pela empresa, juntamente com os custos de
manutenção ou revisão;

• Marginal ou Limítrofe (Classe II)


É o que gera ocorrências moderadas, controláveis, necessitando porém de
ações saneadoras em médio prazo. São riscos que podem surpreender em termos de
perdas. Usualmente as perdas estão associadas às conseqüências dos eventos;

• Crítica (Classe III)


É a que afeta substancialmente o meio ambiente, o patrimônio ou pessoas,
necessitando de ações corretivas imediatas. Esse tipo de perda é tratado através do
repasse do risco a uma instituição financeira ou uma seguradora;

• Catastróficas (Classe IV)


Ocorrência catastrófica é normalmente geradora de efeitos irreversíveis,
afetando pessoas, sistemas, patrimônios ou ambientes. Quase todos os Gerentes de
Risco recomendam, como técnica de tratamento de riscos o afastamento, ou seja, a
empresa deve renunciar a essa atividade.
e) Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE)
A AMFE é um método de análise detalhada, gerando resultados qualitativos e
quantitativos, ou seja, identifica o risco ao mesmo tempo em que a mensura. A AMFE
permite a análise das falhas dos equipamentos, dos componentes e dos sistemas com
estimativas de freqüência de ocorrências (taxa de falhas) e a determinação dos efeitos
ou conseqüências dessas mesmas falhas.
A técnica, também conhecida como FMEA - Failure Modes and Effects
Analysis, consiste em se estudar o sistema por partes, em conjuntos ou subconjuntos,
sob a forma de diagramas de bloco, analisando não só as ocorrências isoladamente
como também a interpelação existente entre essas e os demais subconjuntos.
Dessa análise particularizada obtém-se: revisão dos modos de falha de cada
componente; efeitos que tais falhas terão sobre outros componentes que, ao falhar
gerarão danos a todo o sistema. Como resultado final tem-se o calculo de
probabilidade das falhas do sistema, gerado a partir das falhas de seus componentes.
Logicamente, através desses estudos determinam-se às alternativas de redução das
probabilidades de falha.

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f) Análise de Árvore de Falha (FTA)
A Análise de Árvore de Falha é dos métodos de Confiabilidade de Sistemas o
mais conhecido. A AAF, ou Failure Tree Analysis - FTA, foi desenvolvida nos Estados
Unidos na década de 60, com o objetivo de estudar o comportamento de mísseis
balísticos intercontinentais. Esses mísseis representavam um alto custo unitário, de
milhões de dólares e um elevado risco potencial, não só durante a armazenagem e
transporte como também no lançamento. Os graus de acerto tinham de ser da ordem
de 100%. As probabilidades de perdas materiais eram enormes. Assim sendo,
partindo-se de um raciocínio lógico da ocorrência de um evento indesejável, ou evento
de topo, desenvolveu-se uma metodologia interativa, com o fim de se descobrir qual ou
quais as falhas que, atuando em conjunto ou isoladamente poderiam gerar o evento
não desejado.
É importante salientar que um evento, quando materializado, nunca traz consigo
somente um tipo de perda. Associado a essa poderão existir outras do tipo:

• perda material ou de insumos para a produção;


• perda de produção;
• perda financeira;
• perda pessoal;
• perda de imagem;
• perda de mercado;
• responsabilidades civis;
• danos ambientais, etc.
O contraponto da aplicação dessas técnicas, informadas anteriormente, é o da
percepção da perda ou do risco. Para Douglas & Wildavsky (1982), os indivíduos
selecionam alguns riscos pela impossibilidade de estarem conscientes de todos. Entre
decidir dentre os milhares que os cercam, a opção é a de pensar naqueles que
deveriam ser relevados e os ignorados. Os indivíduos podem não se preocupar, em um
primeiro momento, com o lançamento de resíduos poluentes em um rio, mas sim na
fumaça que sai pela chaminé da fábrica, porque ainda não estão preocupados com a
contaminação das águas e porque o rio não passa junto à sua cidade. Quase sempre
nos preocupamos com aquilo que vemos ou sentimos.
Para a mensuração dos riscos, pelos processos matemáticos, como visto
anteriormente, basta que conheçamos as metodologias e tenhamos experiência em
aplicá-las, empregando para tal conhecimento de campo e uso de banco de dados
confiáveis. Para a obtenção de informações sobre a percepção de riscos não há banco
de dados e nem metodologias específicas, visto que o sentimento quanto a riscos é
individualizado e fruto de um determinado momento. Assim, uma pessoa pode
apresentar um sentimento em um momento e outro, em momento seguinte. Pode
também vir a ser influenciada por informações que passa a ter. Por isso o processo de
avaliação é mais demorado e subjetivo. Quase sempre empregam-se entrevistas
pessoais e preenchimento de formulários específicos. A elaboração dos formulários
deve ser feita de maneira tal que não conduza o raciocínio das pessoas entrevistadas
para um determinado viés. O formulário deve ser o mais isento possível.
Pelas razões apresentadas anteriormente, ou seja, pela dificuldade de se obter
uma quantidade de respostas significativas que expressem a opinião da maioria das
pessoas envolvidas, costuma-se relegar a importância da obtenção das informações
dos envolvidos, priorizando apenas a utilização de processos e técnicas como
comentados anteriormente. É mister ressaltar-se que não se deve prescindir da
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obtenção de informações dos envolvidos, principalmente se estamos tratando da
análise de riscos de empreendimentos que sejam potencialmente danosos ao meio
ambiente.
Orway & Thomas (1982) consideravam que apesar de podermos conhecer, pelo
menos em princípio, cada aspecto acerca da percepção de riscos, devemos considerar
que esta percepção dependerá das informações que as pessoas têm recebido, bem
como em que tipos têm escolhido acreditar, dos valores e experiências sociais aos
quais têm sido expostas e da sua visão de mundo. Por sua vez, esses fatores
dependeriam da dinâmica dos interesses dos grupos, da legitimidade das instituições,
das características do processo político e do momento histórico que vivem.
Wynne (1982 e 1983) fez algumas considerações sobre qual deveria ser o papel
da pesquisa sociológica sobre a percepção de riscos. Para o autor, a tecnologia
deveria ser conceitualizada primariamente como uma organização social, e não como
uma entidade física. Esse conceito esclareceria que o risco, em si mesmo, pode ser
freqüentemente uma categoria de pensamento inserida artificialmente na mente das
pessoas, direcionando de algum modo à questão de como deveria ver os sistemas de
processos decisórios sobre o desenvolvimento e controle da tecnologia.
Ainda segundo Wynne (1987), suprimir a dimensão da experiência social
envolvida em uma dada tecnologia ou risco seria encobrir a legitimidade de valores
sociais e ansiedades que surgem desta experiência. A supressão da experiência social
pela Gestão de Riscos ou regulamentação colocaria em perigo a própria credibilidade
ao dizer para os indivíduos expostos que suas experiências sociais e busca de
significado não contariam.
A percepção de riscos não deve ser tomada como isolada ou dissociada das
questões concretas relacionadas às situações e eventos de riscos, já que interage com
inúmeros aspectos sociais.
De modo geral, os estudos demonstram que, se queremos estabelecer
estratégias de Gestão de Riscos mais eficazes, devemos considerar os aspectos
psicológicos, sociais, culturais e os valores morais que conformam as percepções do
público. Como argumentam Flynn et al. (1993), a racionalidade científica por si não irá
substituir, nem tampouco ser uma resposta final as preocupações do público, de modo
que, sozinha, não deverá guiar as políticas públicas e o gerenciamento de tecnologias
perigosas.
Há espaço e necessidade para a aplicação dessas abordagens distintas. A
empresa ou o empreendimento não pode só se valer da percepção das pessoas a
respeito dos riscos que poderá causar. Os organismos de licenciamento,
principalmente os ambientais, não podem somente se basear no que as pessoas dizem
ou pensam. Devem se preocupar com a análise técnica, com as avaliações
estatísticas, com as verificações de projeto e, com a aplicação de tecnologias que
qualifiquem e quantifiquem os riscos. Sabe-se que muitos riscos somente são
percebidos depois que se manifestaram. Ou seja, a percepção das pessoas não foi
suficiente para afastá-las dos riscos.
A Norma NBR ISO 14.001 - Sistemas de gestão ambiental comenta, em subitem
4.3.3 - Objetivos e Metas - "Ao estabelecer e revisar seus objetivos, a organização
deve considerar os requisitos legais e outros requisitos, seus aspectos ambientais
significativos, suas opções tecnológicas, seus requisitos financeiros, operacionais e
comerciais, bem como a visão das partes interessadas". Dentro desse enfoque, não só
os problemas da organização estão em cheque, como também a visão das partes
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interessadas. A vizinhança é parte interessada. As organizações não governamentais
também podem ser enquadradas como partes interessadas, na medida em que
representem legitimamente os interesses das comunidades afetadas.
No anexo "A" da mesma norma citada no parágrafo acima, no que diz respeito a
planejamento (subitem A.3) é informado: è recomendado que o processo para a
identificação dos aspectos ambientais significativos associados às atividades das
unidades operacionais considere, quando pertinente, ... letra f - outras questões locais
relativas ao meio ambiente e à comunidade. Há outras citações relativas à participação
da comunidade expressando a preocupação dos legisladores com o atendimento,
também, às necessidades das comunidades locais. A norma não faz referências
explícitas à percepção da comunidade frente a riscos, mas menciona os interesses das
comunidades afetadas.

IV. Conclusão:
O próprio Wynne (1987) conclui pela necessidade se considerar as experiência
e vivências de cada um, especialmente daqueles que serão envolvidos direta ou
indiretamente pelos projetos, opinião que também concordamos, haja vista que, para
se ter sucesso na análise dos resultados das avaliações técnicas deve-se aplicar
também parte do conhecimento adquirido pelo avaliador, mesmo que aplique inúmeras
técnicas. Assim, para a opinião pública envolvida em um projeto ambiental vale mais os
seus conceitos de risco e a sua percepção desses mesmos riscos do que a leitura de
extensos relatórios tentando lhes provar o contrário. Hoje em dia, quando se realizam
audiências públicas para a avaliação de um risco ambiental, reuni-se a população local,
apresentam-se os resultados do EIA/RIMA e discute-se a questão.
Os estudos sobre percepção demonstram que as questões relacionadas aos
riscos não podem ser restringidas somente aos processos físicos, químicos e
biológicos. O mundo em que se situam - seres humanos em suas relações sociais - é
constituído por outros aspectos, como os estilos de vida e as relações interpessoais, as
interações simbólicas e os movimentos sociais, as questões de poder e de distribuição
de riscos, controle social e instituições sociais. Estes aspectos conformatarão não
somente o modo como os indivíduos e especialistas percebem os riscos, mas também
o próprio modo como este risco ocorre (Freitas & Gomez, 1997)
Os riscos existem dentro de toda atividade humana. Uns ocorrem no início das
atividades, outros ao longo dessa. Há aqueles que têm um tempo de recorrência muito
longo, ou alongado com a adoção de medidas preventivas. Contudo, existem.
Considera-se também que as tecnologias empregadas para a detecção desses está
em contínuo processo de evolução. Sabe-se também que essas tecnologias apuram
informações e dados que precisam ser interpretados e que essa interpretação é feita
por profissionais com conhecimento específico. Influi bastante, no resultado dessas
análises o conhecimento específico dos profissionais. Algumas vezes esse
conhecimento não é tão profundo ou não é profundo o suficiente para avaliar toda a
gama de riscos. Nessas circunstâncias, a percepção do risco é importante e deve ser
relevante na avaliação final da análise. Também se deve reforçar a tese de que os
laços de afetividade entre a comunidade vizinha e o empreendimento devem ser
sempre fortes. Para reforçá-los é importante ouvir a opinião de seus representantes.
Finalmente, conclui-se que a percepção de riscos deve ser uma ferramenta a
mais, além das técnicas, utilizadas na avaliação dos riscos, em programas de Gestão
de Riscos, face à sua importância dentro de um contexto social. Também se conclui
que a percepção não deve ser um elemento único ou isolado na avaliação dos riscos,
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porque há possibilidade de não ser completamente verdadeira, face ao fato de que
contribui para o seu insucesso a falta de informação ou o comprometimento das
pessoas com o empreendimento.
Não se deve deixar de considerar o emprego das técnicas de gestão de riscos,
assim como não se deve deixar de ouvir a opinião dos sujeitos que irão ser
prejudicados com um acidente ambiental que envolva o empreendimento, como
também deixar de levar em consideração os aspectos éticos de todo o processo.
Todos os processos encontram-se inter-relacionados. A sociedade como um todo não
pode deixar de lado a premissa básica de que a semente de hoje será a arvore de
amanhã. O empreendimento de hoje poderá ser o algoz da população amanhã. Deve-
se ter o máximo cuidado nas avaliações técnicas bem como no respeito à opinião das
pessoas envolvidas.

V. Bibliografia:
1. American Society of Insurance Management Study of the Risk Manager and
ASIM - New York Woodward and Fondiller Inc, 1969.
2. Baglini, N.A. “Risk Management in American Multinational and International
Corporations - New York Risk Studies Foundation - 1976.
3. C. Arthur Williams,Jr. & Richard M. Heins - Risk Management and Insurance -
McGraw-Hill Book Company - 1976.
4. Carlos Machado de Freitas, A contribuição dos estudos de percepção de riscos
na avaliação e no Gestão de Riscos relacionados aos resíduos perigosos, artigo
contido no livro Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde.
5. Fayol, H. General and Industrial Management - New York Pitman Publishing
Corporation - 1949.
6. Greene, Mark R. & Seirbein, Oscar N. - Risk Management - Text and Cases -
Reston Publishing Comp. Inc.
7. Mehr,R.I. & Hedges,B.A. “Risk Management Concepts and Applications” -
Homewood Richard D. Irwin, Inc 1974.
8. Mehr,R.I. & Hedges,B.A. “Risk Management in the Business Enterprise” -
Homewood Richard D. Irwin, Inc 1963.
9. Navarro, Antonio Fernando - A evolução da Gerência de Riscos - Revista
FUNENSEG nº 53 – 1990
10. Navarro, Antonio Fernando - A evolução da Gerência de Riscos - Revista
FUNENSEG nº 53 - 1990
11. Navarro, Antonio Fernando - A gerência de riscos aplicada a riscos industriais -
Revista FUNENSEG nº 40 - 1988
12. Navarro, Antonio Fernando - A gerência de riscos aplicada a riscos industriais -
Revista FUNENSEG nº 40 – 1988
13. Navarro, Antonio Fernando – A importância de dados estatísticos na Segurança
Industrial - Boletim Informativo FENASEG - Ano XV - nº 739 - 1983
14. Navarro, Antonio Fernando - Gerência de Riscos - Prevendo o Imprevisível -
Revista de Seguros nº 759- 1985
15. Navarro, Antonio Fernando - Gestão de Riscos Industriais - registrado na
Biblioteca Nacional sob nº 123.087/1996
16. Navarro, Antonio Fernando - Os efeitos da poluição - Revista de Seguros nº 762
- 1985
17. Navarro, Antonio Fernando – Os riscos da industrialização – Jornal Gazeta
Mercantil – Caderno Paraná – 25/09/98
18. Navarro, Antonio Fernando – Pobre rio Iguaçu – Jornal Gazeta Mercantil –
Caderno Paraná – Ano II – nº 592
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19. Navarro, Antonio Fernando - Técnicas de avaliação de riscos - parte I - Revista
FUNENSEG nº 61 – 1992
20. Navarro, Antonio Fernando - Técnicas de avaliação de riscos - parte II - Revista
FUNENSEG nº 64 – 1992
21. Navarro, Antonio Fernando - Técnicas de avaliação de riscos - parte III - Revista
FUNENSEG nº 66 – 1993
22. Pelizzoli, M.L., Correntes da Ética Ambiental, Editora Vozes, 2003
23. Risk Management - A Reader Study - New York ASIM - 1973.

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