Sunteți pe pagina 1din 46

O DOLO EM DIREITO PENAL:

considerações históricas sobre o instituto

›  › 
 
RESUMO

Esse trabalho é apresentado para fins de avaliação e conclusão de


disciplina de Seminário III (Direito Público ± Direito Penal) cuja
orientação é do Prof. Paulo César Busato no curso de Doutorado em
Derecho y Ciências Sociales ± UMSA Universidad Del Museo Social
Argentino.

O tema da pesquisa foi eleito num elenco apresentado pelo


professor sempre com foco na disciplina de direito penal avançado. No
caso, a pesquisa foi desenvolvida com olhos no instituto do dolo no
âmbito do direito penal.

A pesquisa se desenvolveu com suporte em literatura e trabalhos


científicos sobre os temos abordados.
SUMÁRIO

I. Introdução ....................................................................... 5

II. História Geral do Direito Penal ............................................... 7


1. As fases de vingança e a lei de Talião ................................. 7
2. Direito Penal Antigo ......................................................... 8
2.1. O direito grego ..................................................... 8
2.2. O direito romano .................................................. 9
2.3. O direito germânico .............................................. 9
2.4. O direito canônicoc................................................ 10
2.5. O direito medievalc .............................................. 10
3. cO período humanitárioc................................................... 11
4 O período científico do Direito Penalc.................................. 12
4.1. A Escola Clássicac................................................. 12
4.2. A Escola Positiva .................................................. 13
4.3. A Escola Moderna Alemã e outras tendências ........... 16
c c
III. História do Direito Penal no Brasil .......................................... 17
1. Período Colonial ............................................................. 17
2. Período Imperial ............................................................. 18
3. Período Republicano ........................................................ 19
4. O Código Penal de 1969 e a reforma de 1984c..................... 20
5. Tendências atuais ........................................................... 21

IV. O dolo no âmbito do Direito Penal ............................................ 25


1. O conceito de dolo .......................................................... 25
2. Teorias Quanto ao Dolo ................................................... 25
3. Da teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro ................... 27
4. Das Características do Dolo .............................................. 28
5. Das Espécies de Dolo ...................................................... 28
6. Teoria Causal (dolo normativo) ......................................... 29
7. Teoria Finalista (dolo natural) ........................................... 30
8. Diferença entre Dolo Eventual e Culpa Consciente ............... 38
9. Diferença entre Culpa Consciente e Culpa Inconsciente ........ 39
c
V. Distinção entre dolo e culpa ..................................................... 40
Crime culposo .................................................................... 43

VI. Considerações Finais e Conclusivas .......................................... 44

Bibliografia ................................................................................ 45
I. INTRODUÇÃO

A vida em sociedade exige um complexo de normas


disciplinadoras que estabeleça as regras indispensáveis ao convívio
entre os indivíduos que a compõem.

O conjunto dessas regras, denominado direito positivo, que deve


ser obedecido e cumprido por todos os integrantes do grupo social,
prevê as conseqüências e sanções aos que violarem seus preceitos.

À reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe


determinadas condutas, sob a ameaça de sanção penal, estabelecendo
ainda os princípios gerais e os pressupostos para a aplicação das penas
e das medidas de segurança, dá-se o nome de Direito Penal.

A expressão Direito Penal, porém, designa também o sistema de


interpretação da legislação penal, ou seja, a Ciência do Direito Penal que
se traduz no conjunto de conhecimentos e princípios ordenados
metodicamente, de modo que torne possível a elucidação do conteúdo
das normas e dos institutos em que eles se agrupam, com vistas na sua
aplicação aos casos ocorrentes segundo critérios rigorosos de justiça.

O Direito Penal passou e continua a passar (eis que deve ser


dinâmico por natureza para acompanhar a evolução da sociedade que
regula) por várias fases de Evolução, sofrendo influência do Direito
Romano, Grego, Canônico, e também de outras escolas como a Clássica,
Positiva, etc., e essas influências servem de base para o Direito Penal
Brasileiro, justificando procedimentos atuais dentro do Direito Penal
Moderno, como a criação dos princípios penais sobre o erro, culpa, dolo,
etc., o que resulta na importância do conhecimento histórico.
II. HISTÓRIA GERAL DO DIREITO PENAL

ñ cccc
 ccc cc  c

Antes de haver um sistema normatizado (escrito em códigos), o


direito era consuetudinário. Naquela época, onde o direito escrito era
inexistente, vigoravam os costumes, e a vingança era a justiça. Baseado
neste costume de fazer justiça com as próprias mãos surge a Lei de
Talião.

Os primeiros indícios da Lei de Talião foram encontrados no


Código de Hamirabi, em 1730 a.C., no reino da Babilônia, mas alguns
historiadores acham que surgiu no Velho Testamento. Por incrível
referido texto buscou evitar que as pessoas fizessem justiça elas
mesmas, introduzindo, assim, um início de ordem na sociedade com
relação ao tratamento de crimes e delitos,  c c  c  c c
 .

Talião era uma pena segundo a qual aquele que houvesse causado
algum mal ao semelhante sofria idêntico mal, em forma de castigo,
traduzida na conhecida expressão acima citada. Era empregada também
na Legislação Mosaica, assim como foi de largo emprego em todas as
legislações antigas.

À falta de um melhor discernimento, à época, para a punição de


vários delitos, a idéia de expiação ao criminoso, pagando na mesma
moeda o mal cometido, surgia como uma forma justa de punição.
Na Legislação Mosaica houve, contudo, um abrandamento da Lei
de Talião, no caso de homicídio culposo. A legítima defesa já era
prevista nesta legislação, pois se admitia justificação à ação delituosa,
se ela tivesse sido praticada em situação especial, ou seja, se a ação
pudesse ser justificada, numa semelhança à legítima defesa do direito
penal de hoje.

No Código de Hamurabi, a Lei de Talião apareceu com o mais


terrível rigor na forma de apenação. A pena de morte era uma
constante, sendo aplicada até mesmo para ladrões. Neste código, alguns
delitos eram compensados com multas.

No Código de Manu a pena de Talião era empregada apenas nos


crimes de ofensa física. Contudo, insultos e injúrias eram punidos com
crueldade, como, por exemplo, cortar língua, derramar óleo fervente na
boca ...

Ainda hoje, em alguns países da legislação Islâmica vigoram, em


alguns casos, a Lei de Talião.

 cc  c 
c

 ñ ccc

c

No direito grego antigo, dois legisladores merecem destaque:


Drácon e Sólon.

Na legislação Dracoriana os crimes, em sua maior parte, eram


punidos com a morte, nascendo assim, sua reputação de sanguinário.
Isso significa dizer que era uma legislação implacável, rigorosa.
Já com Sólon, o direito penal foi humanizado, abolindo a rigidez
das leis draconianas.

  ccc c

O direito romano consuetudinário foi codificado com a Lei das XII


Tábuas.

A pena de Talião estava condicionada a reparação de delitos,


sendo raramente aplicada. Já nessa época é instituída a indenização
para os casos de mutilação, e a pena mais rigorosa é aplicada nos casos
de falso testemunho, sendo esta, a pena de morte.

  ccc
 c

O direito penal germânico primitivo não era composto de leis


escritas, mas constituído apenas pelo costume, tendo por característica,
o emprego de vinganças privadas acentuadas.

Somente mais tarde foi aplicada a lei de Talião, por influência do


direito romano. Outra característica do direito bárbaro foi a ausência de
distinção entre dolo, culpa e caso fortuito, determinando-se a punição
do autor do fato sempre em relação ao dano causado.

No processo, vigoravam as "ordálias" ou "juízos de Deus" (prova


de água fervente, de ferro e brasa, etc.) e os duelos judiciários, com os
quais se decidiam os litígios.

  ccc  c

Entre a época do direito romano e germânico e do direito


moderno, estendeu-se o direito canônico ou o Direito Penal da Igreja,
com a influência decisiva do cristianismo na legislação penal.
Assimilando o direito romano e adaptando este às novas condições
sociais, a igreja contribuiu para a humanização do Direito Penal, muito
embora essa conduta fosse para defender os interesses religiosos de
dominação.

Proclamou-se a igualdade entre os homens, acentuou-se o aspecto


subjetivo do crime e da responsabilidade penal e tentou-se banir as
ordálias e os duelos judiciários. Promoveu-se a mitigação das penas que
passaram a ter como fim não só a expiação, mas também a
regeneração dos criminosos pelo arrependimento e purgação de culpa, o
que levou aos excessos da inquisição.

A jurisdição penal eclesiástica, entretanto, era infensa à pena de


morte, entregando-se o condenado ao poder civil para a execução.

  ccc c

No período medieval, o Direito Penal, pródigo na combinação da


pena de morte, executa tais penas pelas formas mais cruéis (fogueiras,
afogamentos, soterramentos, enforcamentos, etc.) visando
especificamente à intimidação.

As sanções penais eram desiguais, dependendo da condição social


e política do réu sendo comuns o confisco, a mutilação, os açoites, as
torturas e as penas infamantes.

O caráter público do Direito Penal é exclusivo, sendo exercido em


defesa do Estado e da religião. O arbítrio judiciário, todavia, cria em
torno da justiça penal uma atmosfera de incerteza, insegurança e
verdadeiro terror.
 ccc  !c

O Período Humanitário é o momento que o homem moderno toma


consciência crítica do problema penal, começa a analisar os
fundamentos do direito de punir e da legitimidade das penas.

Nesta época, Marquês de Beccaria, propõe um novo fundamento à


justiça penal: um fim utilitário e político que deve ser sempre limitado
pela lei moral.

São os seguintes os princípios básicos pregados pelo filósofo:

c Os cidadãos, por viverem em sociedade, cedem apenas uma


parcela de seus direitos e liberdade. Por essa razão, não se podem
aplicar penas que atinjam direitos não concedidos, como a pena
de morte e as sanções cruéis.

c Só as leis podem fixar penas, não sendo permitido ao juiz


interpretá-las ou aplicar sanções arbitrariamente.

c As leis devem ser conhecidas pelo povo, redigidas com clareza


para que possam ser compreendidas e obedecidas por todos os
cidadãos.

c A prisão preventiva somente se justifica diante de prova da


existência do crime e de sua autoria.

c Devem ser admitidas em juízo todas as provas.

c A pena não poderá passar da pessoa condenada.


c Não se devem permitir o testemunho secreto, a tortura para o
interrogatórios e os juízos de Deus, que não levam à descoberta
da verdade.

c A pena deve ser utilizada como profilaxia social, não só para


intimidar o cidadão, mas também para recuperar o delinqüente.

Sendo assim, vemos esse período com o mais sensato


pensamento em torno do direito, já surgindo uma corrente de idéias de
controle do abuso de poder, e de penas mais brandas, ou menos cruéis.
A justiça começa a aflorar como justa e igualitária.

 ccc ccc  c

 ñ cc" c# !c

A Escola Clássica é a denominação das obras de vários autores do


século XIX, que contém as idéias fundamentais do Iluminismo.

Para esses pensadores, o método que deve ser aplicado no Direito


Penal é o dedutivo ou lógico-abstrato. Quanto à pena, esta serve para
como proteção dos bens jurídicos tutelados penalmente. A sanção não
pode ser arbitrária; regula-se pelo dano sofrido, tendo a finalidade de
defesa social.

Seu maior representante foi Carrara, que teve suas teorias


aplicadas de forma que ainda a vemos em nosso direito. O livre arbítrio
como pressuposto da afirmação da responsabilidade e da aplicação da
pena é o eixo do sistema carrariano.

Um exemplo dessas teorias seria a definição do crime como a


  c c c c "c 
c c 
c c 
 c c
c  cc cc$ cccc c 
c
  c ! cc  c .

Deve-se também mencionar a Escola Correcionalista que considera


o direito como necessário que se cumpra o destino do homem, como
uma missão moral da descoberta da liberdade. Deve-se estudar o
criminoso para corrigi-lo e recuperá-lo, através da pena indeterminada.
Não se pode, segundo tais idéias, determinar c a duração da pena,
devendo ela existir apenas enquanto necessária à recuperação do
delinqüente.

4.2.  " cc

O movimento criminológico do Direito Penal teve início com Cesare


Lombroso, expondo suas teorias e abrindo nova etapa na evolução das
idéias penais, considerando o crime como manifestação da
personalidade humana e produto de várias causas, Lombroso estuda o
delinqüente do ponto de vista biológico. Criou com seus estudos a
Antropologia Criminal, o que foi a base da Criminologia.

As principais idéias de Lombroso são:

c O crime é um fenômeno biológico, por esta razão o método que


deve ser utilizado no seu estudo é o experimental.

c O criminoso já nasce delinqüente, este fenômeno biológico é


chamado de degeneração.

c O criminoso nato apresenta características físicas e morfológicas


específicas, é também insensível fisicamente e moralmente.
c A causa da degeneração é a epilepsia, que ataca os centros
nervosos, deturpa o desenvolvimento e produz regressões
atávicas.

c Existe a loucura moral, que deixa íntegra a inteligência, suprindo


porém, o senso moral.

c O criminoso é, assim, um ser atávico, com fundo epiléptico e


semelhante ao louco moral, doente antes que culpado e que deve
ser tratado e não punido.

Com efeito, a despeito da evidente incoerência da definição de


criminoso nato e dos exageros que chegou Lombroso, seus estudos
ampliaram os horizontes do Direito Penal.

A idéia de uma tendência para o crime em certos homens ainda


sobrevive. Estudos recentes levaram à suspeita que homens com
cromossomo XYY se caracteriza por uma conduta anti-social, baixa
inteligência, mal gênio, tendência para a violência e marcada propensão
para o crime.

A Escola Positiva, porém, tem seu maior vulto em Henrique Ferri,


criador da sociologia criminal. Este ressaltou a importância de um
trinômio causal do delito: os fatores antropológicos, sociais e físicos.
Dividiu os criminosos em cinco categorias: o nato, o louco, o
habitual (produto do meio social), o ocasional (sem firmeza de caráter e
versátil na prática do crime), e o passional.

Também merece destaque Rafael Garófalo, iniciador da chamada


fase jurídica do positivismo italiano, que sustentava que existem no
homem dois sentimentos básicos, a piedade e a probidade (ou justiça) e
o delito é sempre uma lesão a um desses sentimentos. Estudou delito, a
pena e o delinqüente, ressaltando a perversidade constante e ativa do
delinqüente e a quantidade do mal que se deve temer por parte do
mesmo.

Em resumo, os princípios básicos da Escola Positiva são:

c O crime é um fenômeno natural e social, sujeito às influências do


meio e de múltiplos fatores, exigindo o estudo pelo método
experimental.

c A responsabilidade penal é a responsabilidade social, por viver o


criminoso em sociedade, e tem por base a sua periculosidade

c A pena é medida de defesa social, visando à recuperação do


criminoso ou à sua neutralização.

c O criminoso é sempre, psicologicamente, um anormal, de forma


temporária ou permanente.
c
  cc c c cc c % c

Procurando conciliar os princípios da escola clássica e o tecnicismo


jurídico com a escola positiva, surgiram as escolas ecléticas, mistas,
como a escola moderna alemã.

Aproveitando as idéias de clássicos e de positivistas, separava-se


o Direito Penal das demais ciências penais. Referiam-se os estudiosos a
causalidade do crime e não à sua fatalidade, excluindo, portanto, o tipo
criminal antropológico, e pregavam a reforma social como dever do
Estado no combate ao crime.
Da escola moderna alemã resultou grande influência no terreno de
realizações clássicas, como a elaboração de leis criando-se o instituto
das medidas de segurança, o livramento condicional, etc.

Hoje, como reação ao positivismo jurídico, em que se pregava a


redução do Direito ao estudo da lei vigente, os penalistas passaram a
preocupar-se com a pessoa do condenado em uma perspectiva
humanista, instituindo-se a doutrina da Nova Defesa Social. Para esta, a
sociedade apenas é defendida à medida que se proporciona a adaptação
do condenado ao convívio social.
III. HISTÓRIA DO DIREITO PENAL NO BRASIL

ñ cc#   

Quando se processou a colonização do Brasil, embora as tribos


aqui existentes apresentassem diferentes estágios da evolução, as
idéias de Direito Penal que podem ser atribuídas aos indígenas estavam
ligadas aos direitos costumeiros, encontrando-se nele a vingança
privada, a vingança coletiva e o Talião. Entretanto, dado o seu
primarismo, as práticas punitivas das tribos selvagens que habitavam o
nosso país em nenhum momento influíram na nossa legislação.

No período colonial, estiveram em vigor no Brasil, as Ordenações


Afonsinas (até 1512) e Manuelinas (até 1569), substituídas estas pelo
Código de D. Sebastião (até 1603).

Passou-se, então, para as Ordenações Filipinas, que refletiam o


Direito penal dos tempos medievais. O crime era confundido com o
pecado e com a ofensa moral, punindo-se severamente os hereges,
apóstatas, feiticeiros e benzedores. Eram crimes a blasfêmia, a bênção
de cães, a relação sexual de cristãos com infiéis, etc.. As penas severas
e cruéis (mutilação, açoites, queimaduras, etc.) visavam infundir o
medo pelo castigo. Além da larga combinação da pena de morte,
executada pela forca, pela tortura, pelo fogo, etc., eram comuns as
penas infamantes, o confisco e as galés.

 cc& c
c
O projeto do novo Código Penal foi elaborado por Bernardo
Vasconcelos, em 1830. O Código honrava a cultura jurídica nacional, e
tinha índole liberal. Porém, apresentava defeitos. Não definia a culpa,
aludindo apenas o dolo, esquecendo-se, entretanto, do homicídio e das
lesões corporais por culpa.

Espelhava-se também na lei da desigualdade no tratamento iníquo


do escravo. Cominava as penas de galés e de morte.

Não separada do Estado a Igreja continha diversas figuras


delituosas, representando ofensas à religião estatal. Apesar disso, era
um excelente código para a época. Era um dos poucos códigos, no
século passado, com índole liberal, e na América Latina foi o primeiro
com independência e autonomia.

Dispunha este diploma que, praticado um crime por escravo,


contra um homem livre (brancos, pardos e pretos livres), reunia-se
imediatamente o júri do termo em que o mesmo ocorrera, proferindo
sentença, após breve processo, a qual, ainda que fosse a condenação à
morte, seria executada sem recurso.

Como estatuto importante do império, definiu crimes culposos e o


estelionato, passando para o juiz a formação da culpa, que esta
atribuíra às autoridades policiais.

O maior vulto no direito penal, nesta época, foi Tobias Barreto,


não esquecendo também de Clóvis Beviláqua.

 cc' (  c

No último ano do regime imperial, fora o conselheiro João Batista


Pereira encarregado, pelo Ministro da Justiça, de elaborar um projeto de
reforma da legislação penal, porque a abolição da escravatura
demandava modificações inadiáveis.
Infelizmente o novo estatuto sofreu várias e severas críticas; os
defeitos eram numerosos. Ele era de fundo clássico. Procurou suprir
lacunas da legislação passada. Definiu novas espécies delituosas. Aboliu
a pena de morte e outras, substituindo-as por penas mais brandas,
criou o regime penitenciário de caráter correcional.

Quer por seus defeitos, quer pelo tempo que este estatuto
vigorou, numerosas foram as leis extravagantes que o completaram,
tornando, às vezes, aos homens do direito, embaraçosa a consulta e
árdua a pesquisa.

Ao invés do que se sucedeu no império, a obra da doutrina foi, aos


poucos, avolumando-se e aprimorando-se. Contribuiu para isso o
declínio do Tribunal do Júri, com a passagem da quase totalidade dos
crimes para o julgamento do juiz singular, tendo, então, os profissionais
do foro de abandonar a oratória lacrimejante e patética, para se apegar
ao estudo exegético do Código e das leis posteriores.

Todavia, a maior exegese do Código da República devemos ao


desembargador Antônio José da Costa e Silva, que foi, realmente, o
maior vulto, entre nós, da dogmática penal. Na república, ele ocupa o
lugar que Tobias Barreto teve no império.

Após o golpe de 1937, Alcântara Machado é encarregado de


elaborar um Projeto de Código Penal, mas tal projeto não foi convertido
em lei, Surgiu o Código penal em 1940, que teve uma longa vigência de
45 anos. Como diploma contemporâneo e complementa deste Código,
deve ser apontada a Lei das Contravenções penais.

É o Código de 1940 obra harmônica: soube valer-se das mais


modernas idéias doutrinárias e aproveitar o que de aconselhável
indicavam as legislações dos últimos anos. Elevou as penas, em relação
ao diploma anterior, e manteve-as suaves no delito culposo. Este Código
provocou abundante produção na literatura penalista.

Inspirado no código italiano de 1930 (Código Rocco) e no Suíço de


1937, embora elaborado durante um regime ditatorial brasileiro (1937 a
1945), o Código Penal incorporou fundamentalmente bases de um
direito punitivo democrático e liberal.

Algumas características do CP de 1940:

c sistema de duplo binário (o atual é vicariante);


c penas de reclusão e detenção;
c sistema progressivo para cumprimento das penas;
c suspensão condicional da pena;
c livramento condicional;
c não há pena de morte nem prisão perpétua;
c limite de 30 anos para o cumprimento da pena.

 cc#)
c  ccñ  cccccñ c

Em 1961, o governo decidiu promover completa reforma na


legislação brasileira. Nelson Hungria foi incumbido de realizar o
anteprojeto do Código Penal. Apresentado em 1963, foi submetido à
revisão ministerial e promulgado em 1969. Deveria entrar em vigor em
1º de janeiro de 1970, mas o prazo de vacância foi prorrogado várias
vezes.

Inúmeras emendas foram efetuadas em 1973. Através da Lei


6.578/78, o Código Penal de 1969 foi revogado e em 1980, o Ministro
da Justiça designa nova comissão para reformar o Código Penal.
Decidiu-se que primeiramente seria revista a Parte Geral e depois
a Especial. Em 1981 foi publicado o anteprojeto da Parte Geral que foi
submetido ao Congresso, aprovado, sendo promulgada, em 11 de julho
de 1984, a Lei 7.209, que altera substancialmente a Parte Geral.

A nova Parte Geral aperfeiçoa tecnicamente o Código Penal.


Juntamente com a Parte Geral, promulgou-se a Lei 7.210/84 (Lei de
Execução Penal).

Em 1984 surgiu uma nova estrutura legal atingindo a Parte Geral


do Código Penal. As mais sensíveis modificações e inovações
introduzidas dizem respeito à disciplina normativa da omissão, ao
surgimento do arrependimento posterior, à nova estrutura sobre erro,
ao excesso punível alargado para todos os casos de exclusão de
antijuridicidade, ao concurso de pessoas, às novas formas de penas e à
extinção de penas acessórias, à abolição de grande parte das medidas
de segurança com o fim da periculosidade presumida. Com a nova Parte
Geral surgiu a primeira Lei de Execução Penal.

 c  % c c

Hoje, no campo penal, em matéria legislada, temos: o Código


Penal, com a Parte Geral introduzida em 1984 e a parte Especial; a lei
de execução penal e um grande número de leis esparsas, como a
relativa ao abuso de autoridade, a familiar, a de economia popular, a Lei
sobre preconceito de raça e de cor, a de imprensa, o Código Eleitoral, o
Código Florestal, a Lei das Contravenções Penais, a dos crimes contra o
sistema financeiro, a dos crimes hediondos, a dos direitos do
consumidor, a de entorpecentes, a de proteção à fauna silvestre, a de
incorporações imobiliárias, a dos crimes de sonegação fiscal, a dos
servidores postais, a Lei Maria da Penha (violência doméstica contra a
mulher), etc.
Após o insucesso da tentativa de reforma do Código Penal, o Chefe
do Executivo, pela Portaria n° 1.043, de 27 de novembro de 1980,
instituiu uma comissão para a elaboração de um anteprojeto de lei de
reforma da Parte Geral do Código Penal de 1940.

Presidida por Francisco de Assis Toledo e constituída por Francisco


Serrano Neves, Miguel Reale Junior, Renê Ariel Dotti, Ricardo Antunes
Andreucci, Rogério Lauria Tucci e Helio Fonseca, a comissão apresentou
seu trabalho apoiado no princípio de c c c  e na idéia
de reformulação do elenco tradicional das penas.

Como principais inovações podem ser citadas:

c A reformulação do instituto de erro, adotando-se a distinção entre


erro de tipo e erro de proibição como excludentes da
culpabilidade.
c A norma especial referente aos crimes qualificados pelo resultado
para excluir-se a responsabilidade objetiva.
c A reformulação do capítulo referente ao concurso de agentes para
resolver o problema do desvio subjetivo entre os participantes do
crime.
c A extinção da divisão entre penas principais e acessórias e a
criação das penas alternativas (restritivas de direito) para os
crimes de menor gravidade.
c A criação da chamada multa reparatória e
c O abandono do sistema duplo-binário das medidas de segurança e
a exclusão da presunção de periculosidade.

Em trabalho de revisão, para que se incorporasse material


resultante dos debates havidos em torno do anteprojeto e ainda sob a
coordenação de Francisco de Assis Toledo e com a participação de Dínio
de Santos García, Jair Leonardo Lopes e Miguel Reale Junior, exclui-se
do anteprojeto a contestada multa "reparatória" e efetuaram-se
algumas alterações de aperfeiçoamento do anteprojeto.

Encaminhado ao Congresso o Projeto de Lei n° 1.656-A, de 1983,


foi ele aprovado sem qualquer modificação de vulto, apesar das
propostas de emendas apresentadas na Câmara dos Deputados e no
Senado, transformando-se na Lei n° 7.209, de 11 de julho de 1984,
para viger seis meses após a data da publicação.

A nova lei é resultado de um influxo liberal e de uma mentalidade


humanista em que se procurou criar novas medidas penais para os
crimes de pequena relevância, evitando-se o encarceramento dos seus
autores por curto lapso de tempo. Respeita a dignidade do homem que
delinqüiu, tratado como ser livre e responsável, enfatizando-se a
culpabilidade como indispensável à responsabilidade penal.

Em contrapartida, a insegurança resultante do progressivo


aumento de violência urbana e da criminalidade em geral não encontrou
resposta na nova lei que, neste passo, apenas possibilitou ao juiz a
aplicação de penas mais elevadas nos crimes continuados praticados
com violência ou ameaça.

Parece-nos criticável também o repúdio ao critério da


periculosidade e à ausência da distinção entre criminosos perigosos e
não perigosos como tema básico para a aplicação e execução das penas
e medidas de segurança (a lei não se refere praticamente à
periculosidade do agente).

Essa omissão, que só não ocorre quanto ao criminoso reincidente,


pode dificultar ainda mais a repressão penal como forma de defesa
social.
Não se assegurou assim a harmônica conciliação da defesa dos
interesses sociais com a preservação dos direitos e garantias individuais,
que devia presidir a reforma conforme a "carta de princípios" formulada
pelo 1° Congresso Brasileiro de Política Criminal e Penitenciária
realizado em Brasília.

Isso já levou à afirmação de que, "sob qualquer ângulo que se


encare o problema da expansão alarmante da criminalidade, a reforma
da legislação substantiva ganha pouca relevância".'

Em parte a omissão do legislador foi sanada com a Lei n°


8.072/90, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do artigo
5°, XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências, ao
prever a impossibilidade de anistia, graça e indulto, fiança e liberdade
provisória e a proibição de livramento condicional ou o aumento no
prazo de cumprimento da pena para a sua obtenção nos crimes nela
enumerados, de natureza grave, especialmente quando praticados com
violência ou grave ameaça.

Sente-se, entretanto, a necessidade de alteração da legislação


penal, especialmente no que diz respeito á Parte Especial do Código
Penal e às leis penais especiais. O Conselho Nacional de Política Criminal
e Penitenciária fixou como diretriz "enfatizar a necessidade de se
efetivar a reforma do Código Penal, do Código de Processo Penal e da
Lei de Execução Penal como pressuposto básico para o aperfeiçoamento
e dinamização da Justiça Criminal" (art. 1° da Resolução n° 7, de 11-7-
94).
IV. O DOLO NO ÂMBITO DO DIREITO PENAL

ñ cc cc c

Para se conquistar o conceito de dolo, deve-se, antes, decidir


acerca da teoria a ser adotada para se aferir seu conceito.

 c c*  cc c

Hodiernamente tem-se três teorias sobre o dolo, a saber: a da


vontade, a da representação e a do assentimento.

Segundo a Teoria da Vontade dolo é a vontade consciente de


realizar a conduta e produzir o resultado, ou seja, de praticar o fato
criminoso. Esta teoria é utilizada pelos defensores da Teoria Finalista da
Ação. (Adotada pelo Código Penal Brasileiro)

Para a Teoria da Representação dolo é a vontade de realizar a


conduta, prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, sem, contudo,
desejá-lo. Basta prever a possibilidade do resultado para a conduta ser
qualificada como dolosa. A essência do dolo não está apenas na
vontade, mas, sobretudo, na simples previsão do resultado, ainda que
não ocorra a vontade do agente em querer ou assumir o risco de
produzir o resultado. Esta teoria era a adotada pelos defensores da
Teoria Causal da Ação.
Aqui, não há distinção de dolo eventual e culpa consciente, pois a
previsão do resultado responsabiliza o agente a título de dolo,
porquanto, toda vez que o agente tiver a previsão do resultado como
possível e, ainda assim, não se importar e continuar sua ação, tem-se a
figura do dolo.

Aquela distinção entre dolo eventual e culpa consciente será


objeto de estudo dentro da teoria do assentimento, que veremos logo
abaixo.

Por fim à luz da Teoria do Assentimento, Assunção ou


Consentimento dolo é o assentimento do resultado, isto é, a previsão do
resultado com aceitação dos riscos de produzi-lo (também recepcionada
pelo Código Penal Brasileiro)

Como visto, o dolo consiste na previsão do resultado, mesmo não


tendo o agente a finalidade direta de produzi-lo, mas assumindo os
riscos de que ele sobrevenha. Aqui o agente não se importa com a
ocorrência do resultado. Para ele, tanto faz o resultado advir ou não,
mas, na verdade, ele não o quer diretamente, mas o entende como
possível, aceitando-o.

Na ótica desta teoria do assentimento, dolo eventual se distingue


de culpa consciente.

No dolo eventual, o agente não se importa com o resultado, para


ele tanto faz o resultado ocorrer ou não. Já na culpa consciente, o autor
espera, sinceramente, que o resultado não ocorra, e, sobrevindo, o
agente demonstra-se indignado com ele.

Um bom exemplo é o do pai que joga o bebê para cima,


objetivando pegá-lo, mas a criança passa direto, cai e morre. Neste
caso, responderá por culpa consciente, pois acreditou, erroneamente,
em sua habilidade.

Não se pretende, neste instante, discorrer acerca da culpa (que


merecerá breve comentário mais adiante), mas apenas para o leitor não
indagar-se em relação às culpas consciente e inconsciente, registra-se
que a segunda é a normal, a advinda de imprudência, negligência ou
imperícia.

Na culpa inconsciente, o agente não nota a situação de risco,


embora devesse notar, e pratica a ação, que acarreta um resultado não
previsto, nem desejado, mas previsível.

O exemplo de NUCCI (CP Comentado, 6ª edição, p. 198) é o da


pessoa que coloca um jarro no peitoril de uma janela de seu
apartamento e ocorre a queda do objeto, ferindo alguém.

 cccc c#)
c  c+ c

O art. 18, I do vigente CP prescreve que há crime doloso quando o


agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. Assim, na
primeira parte, o código adotou a teoria da vontade, já que se refere ao
querer, à finalidade específica, à vontade (usou aqui a definição de dolo
direto) ± e, de outra banda, na segunda parte, o código adotou a teoria
do assentimento ou do consentimento, quando diz que o agente assume
o risco de produzir o resultado, utilizando, portanto, o conceito de dolo
eventual.

Salientando que o nosso enfoque acerca do conceito de dolo recai


sobre o prisma da teoria finalista da ação, podemos perceber que, o
dolo contém dois elementos, um intelectual (que ocorre no momento da
decisão da ação, retratando a consciência do que se quer, da conduta e
do resultado e, também, da relação causal objetiva) e um volitivo (a
vontade que impulsiona a conduta, positiva ou negativa).

Assim, para determinada conduta ser considerada dolosa há de


conter os dois elementos do dolo, o volitivo e o intelectual. De nada
adianta, provar-se que o agente quis o resultado, se dele não possuía
consciência.

Quando, no exemplo do caçador que atira em uma pessoa,


pensando ser um animal, não tinha a consciência de que estaria
atirando em alguém e, desta sorte, não possuía consciência de que
estaria praticando homicídio, não podendo, desta forma, responder pelo
resultado, devido a incorrer no erro de tipo, previsto no art. 20 do CP.

 cc#cc c

Quanto às características, o dolo pode ser classificado:

c Abrangência ± O dolo deve abranger todos os elementos Objetivo


do tipo;
c Atualidade ± No momento da ação, o dolo já deve estar presente,
não havendo se falar em dolo subseqüente ou anterior.
c Possibilidade de influenciar o resultado. A vontade do agente deve
ser capaz de produzir o resultado, deve ser potente.

 cc",cc c

Quanto à espécie, o dolo é classificado pela doutrina como:

c Dolo Natural - é o dolo da teoria finalista da ação, e é um


elemento puramente psicológico, desprovido de qualquer juízo de
valor. Trata-se de um simples querer, independentemente do
objeto da vontade ser lícito ou ilícito, justo ou injusto, compondo-
se apenas de consciência e vontade. Se a pessoa quis, de forma
consciente, É DOLO.
c Dolo Normativo - é o dolo da teoria clássica ou casual ou
naturalista. Em vez de constituir elemento da conduta, é
considerado requisito da culpabilidade e possui três elementos:
- Consciência
- Vontade
- Consciência da Ilicitude (que diferencia do dolo natural).

Mister se faz, para melhor compreensão da matéria, uma breve


digressão acerca das teorias Finalista e Clássica, isto porque, como visto
em linhas pretéritas, sob o enfoque da teoria naturalista ou causal da
ação, o dolo é NORMATIVO ou híbrido. Já sob o enfoque da teoria
finalista da ação, o dolo é NATURAL ou neutro. Isto posto, tem-se que:

 c c#  c- c .c

Para os adeptos das Teorias Neoclássica ou Psicológico-normativa,


que pertencem a Teoria Causal da Ação, a Culpabilidade é composta
pela Imputabilidade, pela Exigibilidade de Conduta Diversa e, também,
pelo Dolo e pela Culpa, isto é dolo e culpa estão dentro da culpabilidade.

Naquela época, o dolo continha a consciência sobre a ilicitude do


fato, isto é, um elemento de natureza normativa, podendo, na visão de
Assis Toledo, referida consciência ser real ou potencial, dependendo da
teoria adotada, extremada (a mais antiga) ou limitada do dolo,
respectivamente.

A Teoria Extremada do Dolo sustentava que o dolo estava contido


dentro da culpabilidade e, dentro dele, encontrava-se a consciência da
ilicitude, sendo, desta feita, o dolo NORMATIVO. Era ele, assim,
conhecido pelos romanos como  c  , isto é, dolo significava
VONTADE mais o conhecimento da realização de uma conduta proibida,
isto é, CONCIÊNCIA ATUAL DA ILICITUDE, não apenas potencial.

Todavia, houve um aperfeiçoamento da teoria anterior, isto é, da


extremada do dolo, e chegou-se à Teoria Limitada do Dolo, onde o
conhecimento atual da ilicitude foi substituído pelo conhecimento
potencial da ilicitude, além de exigir-se a consciência material da
ilicitude, não apenas a formal.

Assim, podemos afirmar que, no dolo NORMATIVO ou híbrido,


existem, além dos elementos volitivo e cognitivo, que são considerados
psicológicos, também um elemento de natureza normativa, que é a
consciência sobre a ilicitude do fato, podendo esta ser real ou potencial,
conforme a teoria adotada, extremada ou limitada.

/ c c0  c- c1  .c

Para a Teoria Finalista da Ação, o dolo é NATURAL ou Neutro,


porquanto, ele não se encontra dentro da culpabilidade. Está no tipo e,
desta feita, não possui consciência da ilicitude ou da antijuridicidade,
uma vez que esta diz respeito à culpabilidade. Vê-se, desta forma, que o
dolo abrange a figura típica, não a culpabilidade.

Retrata o dolo natural a simples vontade de realizar os elementos


objetivos do tipo, não se indagando acerca da consciência da ilicitude,
tanto que, caso o agente atue sem a consciência da ilicitude do fato, não
estaremos tratando de exclusão ou atenuação de dolo, mas da
culpabilidade, nos termos do art. 21 do Código Penal.

Em suma, com o advento da Teoria Finalista da Ação, a


consciência da ilicitude foi retirada do dolo e inserida na culpabilidade.
Assim, hoje, a culpabilidade é quem possui juízo valorativo e de
censurabilidade.

Com a teoria finalista da ação, tanto o dolo, quanto a culpa


deixaram de fazer parte da culpabilidade para integrarem o fato típico,
portanto suas ausências tornam o fato atípico.

Mas, veja bem, apesar de o dolo, hoje, encontrar-se liberto, fora


da culpabilidade, é pressuposto dela.

Isto posto, passa-se a discorrer acerca das demais espécies de


dolo existentes na doutrina:

c  cc c  - é a vontade de realizar a conduta e


produzir o resultado (teoria da vontade). Ocorre quando o agente
pretende de forma livre, consciente e diretamente, produzir um
resultado determinado, correspondendo o evento danoso à vontade do
agente. Este ainda pode se dividir em Dolo Direto de Primeiro Grau e
Dolo Direto de Segundo Grau

Aqui, no dolo direto, no dizer de Welzel, o agente, ao praticar a


conduta, busca finalisticamente a produção do resultado por ele
pretendido. Este é o dolo por excelência.

Para entendermos a distinção entre dolo direto de primeiro e de


segundo graus, antes precisamos saber que a ação criminosa se divide
em três fases.

Na primeira, a chamada fase interna, o agente mentaliza o que


quer, qual resultado pretende. Na segunda fase, o agente se prepara
para a prática da ação, isto é, escolhe os meios necessários para que
sua ação seja eficaz e alcance o resultado mentalizado na primeira fase.
Na terceira fase, em um complemento à mentalização da primeira fase e
a utilização dos meios escolhidos na segunda, o agente reflete acerca
dos efeitos não desejados diretamente, mas que podem ocorrer como
efeito colateral de sua conduta.

Isto posto, tem-se que o Dolo Direto de Primeiro Grau é aquele


incrustado na primeira e segunda fases, ou seja, na mentalização e na
escolha dos meios.

Já no Dolo Direto de Segundo Grau, também chamado de dolo


necessário ou de conseqüências necessárias, seria o advindo dos efeitos
colaterais. O exemplo típico do dolo direto de segundo grau é o de
alguém que, querendo matar determinada pessoa, ³planta´ uma bomba
onde tal pessoa deve estar (num avião, por exemplo) e, colateralmente,
apesar de não representar seu principal objetivo, resta matando outras
pessoas também.

Neste dolo direto de segundo grau, o agente não persegue


diretamente o resultado colateral, mas possui total consciência de sua
previsão, pois, ainda que não pretenda, diretamente, atingir outras
vítimas, com a explosão da bomba, tem conhecimento de que isso é
extremamente possível e, em muitos casos, certo.

c  c & c  c &   é o dolo em que a vontade do


agente não é precisamente definida, dividindo-se ele em dolo alternativo
e dolo eventual.

c Dolo Indireto, Alternativo ou Indeterminado r o agente não se


importa em produzir um ou outro resultado ± Ex: atira para matar
ou ferir.
O dolo alternativo ocorre tanto em relação ao resultado (quando
teremos a alternatividade objetiva - matar ou ferir), quanto em relação
à pessoa a ser atingida (quando teremos a alternatividade subjetiva ±
matar João ou Pedro).

O dolo alternativo objetivo, consoante nos ensina Rogério Greco, é


um misto de dolo direto com dolo eventual, pois se o agente pretende
matar ou ferir alguém, de um lado pretende atingir vítima determinada,
oportunidade em que teremos o dolo direto, e de outro, tanto faz matar
quanto ferir, instante em que estaremos diante de uma ³pitada´ de dolo
eventual. Assim, advindo o resultado mais grave, deve responder a
título de dolo eventual. O mesmo raciocínio pode ser utilizado também
para o dolo alternativo subjetivo, segundo o ensinamento daquele
mestre (Curso de Direito Penal, Impetus, p. 182).

c Dolo Eventual r o agente não quer diretamente o resultado, mas


aceita a possibilidade de produzi-lo, não se importando se ele vai
ou não acontecer (do assentimento), consoante prescreve o art.
18, I do CP.

Neste tipo de dolo, o agente prevê o resultado, admite sua


ocorrência e, embora não a queira, não deixa de agir, postando-se
indiferente ao resultado.

c Dolo Cumulativo - O agente pretende alcançar dois resultados, em


seqüência. O exemplo pode ser o de que o agente deseja espancar
a vítima e, só depois, matá-la.

c Dolo Antecedente - Este tipo de dolo não é aceito em nossa


legislação. O dolo deve ser sempre atual, ou seja, concomitante
com o desenvolvimento da conduta. Assim, caso o agente
pretenda matar seu desafeto em determinado dia, mas, apenas,
posteriormente, o atropela, acidentalmente, matando-o, não
poderá responder por crime doloso.

c Dolo Subseqüente - Da mesma sorte que ocorre com o dolo


antecedente, não aceitamos, no Brasil, o dolo subseqüente. O dolo
deve existir no exato momento da conduta. O exemplo, inclusive
de Nucci, é o do sujeito que, acidentalmente, atropela uma pessoa
e, após, quando sai de seu veículo, percebe que se tratava de seu
desafeto e sente-se realizado. Na verdade, no momento do
atropelamento, ele não sabia que se tratava de seu desafeto e
agira com culpa.

c Dolo de Dano r é a vontade de produzir uma lesão efetiva a um


bem jurídico. No dolo de Dano, o agente quer o dano, ou assume
o risco de produzi-lo. Ex. homicídio doloso. Aqui o elemento
subjetivo do agente se dirige ao dano.

c Dolo de Perigo r é a vontade de expor o bem a um perigo de


lesão. O agente não quer, nem assume o risco de produzir o dano,
mas deseja ou assume o risco de alcançar o resultado de perigo.
Ele não tem intenção de causar dano, apenas de causar perigo. Os
crimes de perigo são subsidiários do crime de dano. É o perigo
que constitui a figura típica. Ex.: art. 130 do CP - Perigo de
contágio venéreo. Outro exemplo seria: atirar para lugar algum.

c Dolo Genérico r vontade de realizar a conduta sem um fim


especial, ou seja, a mera vontade de praticar o verbo do tipo sem
qualquer finalidade específica. Se contrapõe ao específico.
Contudo, esta distinção vigorava na época da Teoria Natural da
Ação.
Com o advento da Teoria Finalista da Ação, referida distinção
perdeu força e, hoje, sustenta-se que não mais prevalece, já que toda
conduta dolosa é finalisticamente dirigida à produção de um resultado.

O dolo genérico era aquele em que, no tipo penal, não havia


qualquer indicação do elemento subjetivo, da finalidade do agente. De
outra banda, o dolo específico vinha descrito no tipo penal, indicando o
especial fim de agir, como a expressão ³com o fim de´ do art. 159 do
CP.

c Dolo Específico r (elemento subjetivo do tipo) vontade de realizar


a conduta, visando a um fim especial, previsto no tipo. Não basta,
pois, a vontade de praticar o verbo do tipo, exige-se uma
finalidade especial do agente ± Ex: seqüestrar mulher honesta
para fim libidinoso ± art. 219, CP.

c Dolo Geral, Erro Sucessivo ou +"'' &c#23" (erro na causa)


r também conhecido pela expressão  c
  , retrata um
engano no meio de execução do delito que, ao final, o resultado
desejado, querido, almejado pelo agente é alcançado.

Aqui, ao praticar a conduta, o agente imagina haver concluído a


sua pretensão e produzido o resultado, e, em uma segunda ação,
pratica outro fato que entende ser um exaurimento (quando depois de
praticar o crime, o agente prossegue com um novo ataque) e só nesse
momento atinge a consumação pretendida na primeira ação. Na verdade
é na segunda ação que está ocorrendo o resultado pretendido na
primeira. Ex: atirou várias vezes e pensou que matou (intenção), depois
pegou o corpo e jogou no rio (visando ocultar o suposto cadáver), e a
vítima, como não estava morta pelos tiros, morreu afogada (que não
era a intenção principal). A causa principal (foco, vontade) era matar
com tiro, e não afogado (matar afogado não era a vontade).

Em casos tais, a solução jurídica se dá pelo dolo geral,


sustentando-se que o dolo acompanhará todos os atos de produção do
resultado, independente da figura aberrante.

c Preterdolo rc O preterdolo é uma mistura de dolo e culpa, isto é,


dolo no antecedente e culpa no conseqüente, vale dizer, no início
da conduta o autor estava agindo com dolo para delito
determinado, mas, ao final, sobrevém outro delito, não pretendido
pelo agente, respondendo ele, por este segundo delito, apenas a
título de culpa.

Saliente-se que, sendo o preterdolo uma soma de dolo e culpa e


partindo-se do pressuposto que não se admite a tentativa de crime
culposo, da mesma sorte, não cabe, também, a tentativa de crime
preterdoloso.

Também chamados de Crimes Preterintencionais, tal instituto do


Direito Penal consiste naquele crime no qual a conduta gera, cria,
produz um resultado mais grave que o pretendido pelo sujeito que a
realizou.

Segundo Magalhães Noronha, ratificado por Damásio de Jesus, o


legislador, por diversas vezes, expôs um crime em sua forma
fundamental e impõe um resultado que aumenta abstratamente a pena
imposta no preceito sancionador. Estes crimes qualificados pelo
resultado são punidos, em sua grande maioria, a titulo de preterdolo.

A melhor maneira de se entender esse instituto penal é


justamente diante da sua prática. Ora, tomemos como exemplo o artigo
127 do Código em vigor, onde o legislador descreve as figuras do crime
de aborto e logo após afirma que c  c  c c c 
c
 cc  cc c ccc 45% cc(c
 c c c 
c c !6 c c
 c c c
 c c  7c
8c c c   c c c 4  4 c c
 c c(,cc.

Torna-se evidente que se trata de um crime preterdoloso ou


qualificado pelo resultado, pois existe um  c    (o aborto ±
delito base, consumado ou tentado) e o resultado qualificador (lesão
grave ou a morte).

Este resultado qualificador é ligado ao delito-base pelo nexo de


causalidade objetiva, não prescindindo da relação normativa ( c
9: ± relação de causalidade subjetiva - normativa). Isso quer dizer
que se o resultado decorrer de caso fortuito ou força maior, haverá
solução de continuidade na  c  (relação entre conduta e
resultado), pelo que o agente só responderá pelo primeiro crime
( c  ).

Todavia, o Código vigente observa que pelo resultado que agrava


especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente. Isso indica que quando for constatado o dolo no
resultado qualificador não se pode conceber o crime preterdoloso e sim
se deve falar em delito qualificado pelo resultado.

O que se pode aferir dessa breve análise é que o crime


preterdoloso é um misto de dolo e culpa, onde o dolo acorre no crime
antecedente e a culpa no crime conseqüente, derivada da inobservância
do cuidado objetivo e nesse caso o primeiro é o elemento subjetivo e o
segundo é o elemento normativo.
São delitos qualificados pelo resultado:

c Conduta dolosa e resultado agravador ± Ex. Latrocínio

c Conduta culposa e resultado agravador doloso ± Ex. Lesões


corporais culposas e omissão de socorro.

c Conduta dolosa e resultado agravador culposo ± Ex. um indivíduo


desfere um soco no rosto de um outro, vindo a vítima a cair e
bater a cabeça em uma pedra, sobrevindo-lhe a morte. Há aqui o
chamado preterdolo ± dolo no antecedente e culpa no
conseqüente.

c Conduta culposa e resultado agravador culposo ± Ex. Crime de


incêndio culposo, agravado pela morte culposa.

 c c c c"   cc# c#  c

Na ótica da teoria do assentimento, dolo eventual se distingue de


culpa consciente. No dolo eventual, o agente não se importa com o
resultado, para ele tanto faz o resultado ocorrer ou não. Já na culpa
consciente, o autor espera, sinceramente, que o resultado não ocorra, e
quando vem a ocorrer, o agente demonstra-se indignado com o
resultado. O exemplo é o do pai que joga o bebê para cima, objetivando
pegá-lo, mas ele passa direto, cai e morre. Neste caso, responderá por
culpa consciente, pois acreditou, erroneamente, em sua habilidade, no
sentido de evitar o resultado trágico.

c
c
c
c c c# c#  cc# c&   c

A culpa inconsciente é a normal, a advinda de imprudência,


negligência ou imperícia. Na culpa inconsciente, o agente não nota a
situação de risco, embora devesse notar, e pratica a ação, que acarreta
um resultado não previsto, nem desejado, mas previsível. O exemplo,
inclusive do NUCCI (CP Comentado, 6ª edição, p. 198), é o da pessoa
que coloca um jarro no peitoril de uma janela de seu apartamento e
ocorre a queda daquele objeto, ferindo alguém.
V. DISTINÇÃO ENTRE DOLO E CULPA

Existirá dolo ou resultado danoso quando o dano for


deliberadamente procurado pelo agente. Ora, ele tinha a intenção, o
desejo de causar dano e seu comportamento realmente o causou.

Em caso de culpa, ao contrário do dolo, o gesto do agente não


visava causar prejuízo à vítima, mas de sua atitude negligente, de sua
imprudência ou imperícia resultou um dano à pessoa.

Em sentido amplo, o termo culpa é compreendido como a falta


cometida contra o dever, por ação ou omissão precedida de ignorância
ou negligência. Ou seja, não existe a intenção, o dano ocorreu devido ao
comportamento negligente do agente, que, conseqüentemente,
provocou o dano.

Em outras palavras, a culpa revela a violação de um dever


preexistente, implicando sempre na falta ou inobservância da diligência
que é devida na execução do ato, a que se está juridicamente obrigado.

A culpa em sentido amplo, como violação de um dever jurídico,


imputável a alguém, em decorrência de fato intencional ou de omissão
de diligência ou cautela, compreende: o dolo, que é a violação
intencional do dever jurídico, e a culpa em sentido estrito, caracterizada
pela imperícia, imprudência ou negligência, sem qualquer, sem qualquer
deliberação de violar um dever.

A culpa existe quando o dano não foi provocado intencionalmente


pelo agente, sendo que o dano ocorreu devido a imperícia, a
imprudência ou negligência. O agente, não tinha a intenção de provocar
o dano, mas, devido a suas ações causou.

No caso de culpa, sustenta-se, não há positiva intenção de causar


o dano, como ocorre na hipótese de dolo.
c
Contudo, há quem entenda pela graduação da culpa, afirmando
que a culpa grave é a decorrente da imprudência ou negligência
grosseira, como a do motorista que dirige sem estar habilitado, ou a
daquele que, em excesso de velocidade, atravessa um sinal de trânsito
fechado.

Os defensores desta corrente doutrinária costumam dizer que a


culpa grave ao dolo se equipara.c

Assim, entendem que a culpa será grave quando houver


negligência extrema do agente, não prevendo aquilo que é previsível ao
comum dos homens, por isso, pontificam que ela se compara ao dolo.

Já a culpa leve, ainda de acordo com esta corrente doutrinária,c;,c


4  c c4  c ccc % c  cc ;.

Assim, a culpa leve ocorrerá quando a lesão de direito puder ser


evitada com atenção ordinária, ou adoção de diligências próprias de
um ( cc .

Há ainda a culpa levíssima que seria <4  c c 4  c c c


c c $c   c c c $c c ". Assim,
defendem que será levíssima se a falta for evitável por uma atenção
extraordinária, ou especial habilidade e conhecimento singular.
Por outro lado, se o dano foi causado voluntariamente, configura-
se como dolo. Ou seja, no dolo existe a intenção, o desejo de provocar o
dano e, após as investidas do agente, alcança-se o resultado almejado ±
o dano.

O dolo se caracteriza pela ação ou omissão do agente, que,


antevendo o dano que sua atitude vai causar, deliberadamente
prossegue, com o propósito mesmo de alcançar o resultado danoso.

O conceito de ação ou omissão humana encerra um elemento


psíquico, ou seja, a culpa ou o dolo. Assim, a culpabilidade assume duas
formas únicas: o dolo e a culpa, constituindo o nexo de causalidade
subjetiva entre o agente e a ação punível. Ora, sem a existência da
culpabilidade não existe a obrigação em reparar o prejuízo.

Assim sendo, pode-se então entender que a doutrina concorda em


que no ato culposo o intuito de causar prejuízo não existe, sendo que o
prejuízo da vítima decorre de um comportamento negligente ou
imprudente da pessoa que o causou.

Contudo, como se pode observar, a distinção entre culpa e dolo


não é muito bem definida, constituindo, sim, uma construção teórica
que, uma vez manipulada por um advogado astuto, poderá resultar na
impunidade do acusado, pois, de acordo com o princípio previsto em lei:
"salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente".

Ou seja, de acordo com a lei, a punibilidade a título de culpa tem


caráter excepcional, somente reconhecível nos "casos expressos em lei".

Desta maneira, a lei coloca nas mãos do intérprete e aplicador da


norma jurídica uma faculdade subjetiva e ilimitada, qual seja a de
considerar se o agente praticou ou não o fato dolosamente, pois, se a lei
não previr a modalidade culposa de certo delito, o seu autor não será
punido, uma vez que a modalidade culposa se apresenta
excepcionalmente, em alguns tipos penais, previstos no Código Penal
Brasileiro.

#c# c

Quando nosso Código Penal fixa em seu art. 18, parágrafo único,
que ³Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente´, está
retratando que o dolo é regra e que a culpa é exceção. Logo, só se pode
punir a título de culpa se prevista tal hipótese na lei. Caso não haja
referida previsão, é porque a conduta não é punida a título de culpa.
Podemos citar como exemplo o crime de dano do art. 163 do CP, que só
existe na modalidade dolosa, o que nos leva a inferir que sua
modalidade culposa somente poderá ser cogitada na esfera cível.
VI. CONCLUSÃO

O que se conclui da pesquisa é que dolo é vontade dirigida


finalisticamente a um resultado e, hoje, após o advento da teoria
finalista da ação, integra a conduta, deixando, portando de ser requisito
da culpabilidade, e apesar disso, é pressuposto dela. Assim, o dolo
libertou-se da consciência da ilicitude, não sendo mais esta, um de seus
elementos, vale dizer, ele é natural, não normativo, pois o dolo
normativo é o da teoria causal ou clássica da ação.

Portanto, hodiernamente, não mais falamos em  c  , que


era aquele composto pela consciência, pela vontade e pela consciência
da ilicitude ou da antijuridicidade e dominante na época da teoria causal
da ação. Hoje, o dolo é um dolo fino, seco, enxuto, 
, desprovido da
real ou potencial consciência da ilicitude. Ele hoje é composto apenas
pela consciência da conduta, do nexo causal e do resultado (mas não a
da ilicitude) e pela vontade. Este dolo, nestes termos aqui referido, é o
adotado pelo Código.

A consciência da ilicitude, hoje, encontra-se na culpabilidade, mas


como dado normativo, não subjetivo, pois a culpabilidade não abriga
elementos subjetivos ou psicológicos, abriga apenas elementos
normativos, desta feita, a consciência da ilicitude, na culpabilidade, não
pode ser atual, deve ser apenas potencial.

Registre-se que o Código adotou as teorias da Vontade (dolo


direto) e do Assentimento (dolo eventual), desprezando a teoria da
representação.
BIBLIOGRAFIA

ARAGÃO, Antônio Monis Sodré de. As três escolas penais: Clássica,


Antropológica e Crítica cBahia: Editores Ribeiro, Gouveia e co, 1907.

ARAÚJO, João Vieira de. Código Criminal Brasileiro. Comentário


Filosófico-Científico em relação com a jurisprudência e a
legislação comparada. Recife: Editor José Nogueira de Souza, 1889.

____________________. Nova edição oficial do Código Criminal


Brasileiro de 1830. Ante projeto seguido do parecer sobre ele
por uma comissão especial e refutação do mesmo parecer. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. elaborado em 1889.

ALVES JÚNIOR, Thomas. Anotações Teóricas e Práticas do Código


Criminal (1864-83).

BANDECCHI, Brasil. Elementos de História do Direito Brasileiro c


São Paulo: Ed. Pannartz, 1984.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: Parte Geral.


v. I 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

________________. Tratado de Direito Penal: Parte Especial,


volume 2. 3ª ed. rev. e amp. ± São Paulo: Saraiva. 2003.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Processual Penal. Parte Geral.


São Paulo: Saraiva, v. 1. p.377.
FARIA, Antônio Bento. Anotações teórico-práticas ao Código Penal
do Brasil (1913).

FERREIRA, Rafael Freire. Direito Penal na Modernidade.


http://www.periodicoedireito.com.br/index.php?option=com_content&ta
sk=view&id=106&itemid=27 (acesso em 7/12/08).

GARCIA, Basileu. Instituições do Direito Penal c São Paulo: Max


Limonad. Vol.1 tomo I.

GOMES, Luiz Flávio, Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 316 p.

GRECO, Rogério, Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:


Impetus. 2002. 747 p.

JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Parte Geral. São Paulo:


Saraiva, v. 1, p.533

LISZT, Franz Von. Tratado de Derecho Penal. Traducido de la 20ª


Edición Alemana por Luis Jiménez de Asúa e Adicionado con el Derecho
Penal Español por Quintilho Saldana. Tomo Segundo. Segunda Edición.
Madrid. Editorial Reus (S.A.). 1927.

PESSOA, Conselheiro Vicente Alves de Paula. Código Criminal do


Império c2 ed. Rio de Janeiro: 1885.

PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: Parte Geral,


São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
SANTOS, Nildo Nery dos, A teoria do Crime: Belo Horizonte: Ciência
Jurídica. 1998, 191 p.

SOARES, Oscar de Macedo. Código Penal Anotado (1896-97).

SOUZA, Braz Florentino Henriques de. Lições de Direito Criminal, 2ª


ed. Pernambuco: Ed. Livraria Econômica de José Nogueira de Souza,
1872.

TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal, São


Paulo: Saraiva, 1994.

VASCONCELLOS, J. M. P. de c Código Criminal do Império c Rio de


Janeiro. 1877.

S-ar putea să vă placă și