Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
cimento Portland
Influence of pozzolanic admixtures in the alkaline reserve of Portland cement concrete
André Yukio Borba(1); Carlos Junior Alves Martins(1); Marcelo Henrique Farias de Medeiros(2)
Resumo
A procura de materiais e métodos que resultem em concretos mais duráveis é algo que tem sido perseguido
pelo meio técnico e científico nos últimos anos. O emprego de adições minerais, geralmente com atividade
pozolânica, é um dos caminhos que se tem pesquisado intensamente para a elevação da durabilidade de
estruturas de concreto armado. É fato que o uso de adições pozolânicas como substituição ao cimento
Portland confere maior durabilidade quanto à exposição a ambientes marinhos, porém, reduzem a eficiência
do concreto quanto à proteção ao ataque do dióxido de carbono. Isso provavelmente ocorre pela redução
da reserva alcalina do concreto provocada pelas reações pozolânicas.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão da literatura sobre a redução da reserva
alcalina do concreto provocada pelo uso de adições minerais como sílica ativa, metacaulim e cinza volante.
O motivo principal para esta revisão da literatura é a produção do embasamento teórico necessário para
que os autores deste artigo desenvolvam nos próximos meses um estudo na área de uso da cal para
minimizar o efeito de redução da reserva alcalina provocada por materiais pozolânicos. Este é um problema
inerente ao uso destas adições e, por este motivo, é extremamente importante que se pesquise e
desenvolva formas de minimizar este efeito.
Palavra-chave: adição mineral, pozolana, reserva alcalina, concreto armado, durabilidade
Abstract
In recent years, the demand for materials and methods that result in more durable concrete have been
objectified for scientific and technical media. The use of mineral admixtures, generally with pozzolanic
activity, has been intensively researched to increase the durability of reinforced concrete structures. It is truth
that pozzolanic additions as replacement of Portland cement increase the durability of concrete exposed to
marine environments and it reduces the efficiency of the concrete to resist to the carbon dioxide attack. This
probably happens for reduction of alkaline reserve of concrete caused by pozzolanic reactions.
This work aims to present a literature review about the reduction of alkaline reserve of concrete caused by
the use of mineral admixtures such as silica fume, metakaolin and fly ash.
The aim of this work is the production of the necessary theoretical basement to the authors of this article
develops in the coming months a study in the area of the use of lime to minimize the effect of reduction of
alkaline reserve caused by pozzolan materials. This is a problem inherent in the use of these admixtures
and, for this reason, is extremely important to search for and develop ways to minimize this effect.
Keywords: mineral admixture, pozzolan, alkaline reserve, reinforced concrete, durability
São muitos os problemas causados pela água e estes estão relacionados a algumas de
suas características físico-químicas. A água possui um grande poder de dissolução,
chamado muitas vezes de “solvente universal” devido à enorme quantidade de
substancias as quais ela dissolve.
A água de rios e lagos na maioria das vezes são ricas em sais dissolvidos, como sulfatos
e bicarbonatos de cálcio e magnésio. Este tipo de água é chamado de “água dura”, ela
possui pouca capacidade de dissolver os compostos da pasta endurecida.
No entanto, as águas muito puras, como rios de montanhas, lagos de degelo, por
exemplo, não contém quase nada dissolvido, portanto tem muita facilidade para decompor
por hidrólise os componentes da pasta.
A hidrólise da pasta solubiliza em primeiro lugar o hidróxido de cálcio que por lixiviação é
transportado pela água até a superfície do concreto onde ocorre a carbonatação devido
ao contato com o CO2 do ar, gerando manchas esbranquiçadas conhecida como
eflorescência e ilustrada a Figura 2.
Os ácidos atuam sobre o concreto destruindo seu sistema poroso e produzindo uma
transformação completa na pasta de cimento endurecida. O resultado destas ações é a
perda de massa e uma redução da seção do concreto. Esta perda acontece em camadas
sucessivas, a partir da superfície exposta, sendo a velocidade da degradação
proporcional à quantidade e concentração do ácido em contato com o concreto
(ANDRADE (2003)), conforme Figura 3.
Figura 3 – Ataque químico deteriorou severamente uma viga de concreto em indústria química
(AGUIAR (2003))
São muitas as reações químicas onde algum ácido ataca os componentes básicos da
pasta. Essas reações podem causar grandes perdas de alcalinidade, podendo causar a
despassivação das armaduras.
As chuvas, normalmente, têm um caráter ácido, devido à reação entre o CO2 com a água,
dando origem ao ácido carbônico (H2CO3). No entanto, nas áreas onde há grande
influência de gases produzidos por fábricas e motores (em especial quando há queima de
carvão mineral) são liberados para a atmosfera óxidos de enxofre (SO2) os quais reagem
com o vapor da água produzindo ácido sulfúrico (H2SO4), que é diluído na água da chuva
dando origem a chuva ácida (pH< 4,5).
Alguns dos casos mais freqüentes é o ataque pelo ácido carbônico (H2CO3), originário da
decomposição de matéria orgânica em água.
Após essa reação, caso haja CO2 dissolvido na água, este pode reagir com o carbonato
de cálcio, produto da reação anterior, e forma o bicarbonato de cálcio, que é
extremamente solúvel em água.
E esta reação ocorre geralmente em locais onde existe grande concentração de matéria
orgânica em decomposição, um bom exemplo é as estações de tratamento de esgoto e
obras com contato direto com águas ricas em matéria orgânica.
Uma das características do ataque por ácido é a remoção da pasta devido à lixiviação dos
sais e produtos mais solúveis do concreto, deixando os agregados expostos. Aumenta a
porosidade, diminui a resistência e o pH do concreto, diminuindo drasticamente a reserva
alcalina.
A produção do cimento causa um alto impacto ambiental, que pode ser reduzido com
adições pozolânicas em substituição do cimento, tais como: cinza volante; sílica ativa;
cinza da casca de arroz, etc. Essa substituição também oferece vantagens econômicas,
pois está se substituindo o clínquer (um produto nobre) por resíduos sólidos industriais.
SABIR et al. (2001) destacaram que o passo mais importante do desenvolvimento do
concreto neste ultimo século, foi a utilização de subprodutos industrias na produção do
concreto. Esta utilização é agora estendida a outros resíduos como cinza da casca de
arroz.
A principal desvantagem da utilização de pozolana no sistema cimentício é a maior
susceptibilidade à carbonatação (HOPPE FILHO, 2008).
NEVILLE (1997) cita que o desenvolvimento das reações pozolânicas induz a uma
diminuição nos teores de CH na solução dos poros do concreto, permitindo que se
necessite menor quantidade de CO2 para reagir com o CH e formar carbonatos.
HOPPE FILHO (2008) realizou ensaios termogravimétricos para duas pastas uma com
78% de cinza volante e 22% de cal hidratada e outra com 45% de hidróxido de cálcio e
55% de cinza volante, aonde ele chegou aos resultados das Figuras 6 e 7.
Na faixa 1 (30ºC a 125ºC), é atribuída à decomposição do silicato de cálcio hidratado. A
faixa 2 (125ºC a 225ºC) e 3 (225ºC a 415ºC), são atribuídas à decomposição das fases
aluminato. A faixa entre 415ºC e 600ºC ocorre à desidratação do hidróxido de cálcio e, a
partir de 600ºC ocorre à volatilização do anidrido carbônico do carbonato de cálcio.
Na pasta com 45% de hidróxido de cálcio e 55% de cinza volante, a portlandita demorou
182 dias para ser consumida. Já na pasta com 78% de cinza volante e 22% de cal
hidratada a portlandita foi consumida em 77 dias, menos da metade do tempo.
De acordo com SILVEIRA et al (2003), devido ao alto controle de dosagem exigido, não é
aconselhável fazer adição de altos teores de pozolana em obras, mas em centrais de
concreto torna-se viável tal adição.
AGRADECIMENTOS
Estes autores agradecem o apoio da Universidade Federal do Paraná e do CNPq para
viabilizar a elaboração deste artigo e a participação neste evento de grande impacto no
meio técnico e científico.
AGUILAR M.T.P.; LOPES W.; CORRÊA E.C.S.; SANTOS M.O, CETLIN P.R.. Estudo da
microestrutura de argamassas fabricadas com areia natural e com resíduos de
construção e demolição. Belo Horizonte:MG, 2008.
HOPPE FILHO, Juarez. Sistemas, cimento, cinza volante e cal hidratada: mecanismo
de hidratação, microestrutura e carbonatação do concreto. Tese de doutorado. São
Paulo: USP, 2008.
MIRA P., PAPADAKIS V. G., TSIMAS S. Effect of lime putty addition on structural and
durability properties of concrete. Cement and concrete research, USA: Pergamon Press,
2002.
PARROT, L. J. Some effects of cement and curing upon carbonation and reinforcement
corrosion in concrete. Materials and Structures, vol. 29, pp. 164-173, abril, 1996.
SABIR, B.B.; WILD, S.; BAI, J. Metakaolin and calcined clays as pozzolans for concrete:
review. Cement and Concrete Composites, v.23, p.441-454, 2001.
SILVEIRA, Rodrigo G.; ISAIA Geraldo C.; GASTALDINI, Antonio L. G.; PETRY, Simone B.
Estudo da microestrutura e da durabilidade da camada de cobrimento de protótipos
de concreto estrutural com altos teores de cinza volante. (45º congresso brasileiro do
concreto). Santa Maria: 2003
TUTTI, K.. Corrosion of steel in concrete. Stokholm. A982. 469 p. Swedish. Cemente and
Concrete Research. N. 504