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Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas por meio das quais o Estado
proíbe ou impõe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda
os princípios e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de segurança.
O jurista argentino Eugênio Raúl Zaffaroni esclarece que a expressão Direito
Penal designa duas coisas distintas. A primeira é o conjunto de dispositivos legais penais,
ou seja, a legislação penal. A segunda é o sistema de interpretação dessa legislação penal,
ou seja, a ciência denominada Direito Penal.
O Direito Penal é um dos ramos do Direito Público, pois o Estado é sempre
sujeito das relações jurídicas advindas do Direito Penal. No momento em que determinado
agente pratica uma infração penal, violando uma norma jurídica penal, surge uma relação
jurídica entre o Estado e aquele agente. Desta relação jurídica emerge o jus puniendi, que é
o direito de punir do Estado. Por outro lado, o agente violador da norma penal passa a ter o
dever de não impedir a aplicação da sanção penal. Portanto, o Estado é sujeito ativo das
relações jurídicas que advêm do Direito Penal, eis que é o titular do direito de punir. Já o
agente que praticou a infração penal é o sujeito passivo desta mesma relação jurídica, posto
que tem o dever de não impedir a aplicação da sanção. Sendo o Estado sempre sujeito das
relações jurídicas oriundas do Direito Penal, podemos afirmar que tal Direito é ramo do
Direito Público.
A teoria do garantismo penal tem sua base fincada em dez máximas que dão
suporte a todo o seu raciocínio. Por força dessas máximas, somente será possível a
aplicação de uma pena quando houver a prática de determinada infração penal
expressamente prevista em lei. A lei somente poderá consagrar uma infração penal se
houver absoluta necessidade de proteger determinados bens essenciais ao convívio em
sociedade. Ex.: O incesto pode ser uma conduta que causa repulsa à sociedade, mas não
estando prevista pela lei como infração penal não pode ensejar a aplicação de uma pena.
Uma conduta somente pode ser consagrada pela lei como infração penal quando ultrapassar
a pessoa do agente e atingir bens de terceiros. Ex.: Não é possível o ordenamento consagrar
a tentativa de suicídio como infração penal, pois tal conduta não ultrapassa a pessoa do
próprio agente que tenta se matar, não atingindo, portanto, bens de terceiros. Ademais, esta
conduta deve ser exteriorizada por meio de uma ação, não podendo consistir em um
pensamento, uma cogitação. Ex.: A lei não pode consagrar como sendo infração penal a
elaboração de um plano para matar alguém, se não houve, ao menos, a tentativa de executar
o plano. Além disso, tal conduta deve ter sido praticada com dolo ou culpa.
As demais máximas garantistas dizem respeito ao processo penal. O
magistrado que atua no curso do devido processo legal deve ser imparcial e competente
para o julgamento da causa. A acusação deve ser formulada por outrem que não o Estado-
juiz. Aquele que formula a acusação tem o ônus de comprová-la. O acusado deve exercer a
ampla defesa, contando com uma defesa técnica efetiva.