Os Terapeutas da Alegria mostram que fazer o bem traz benefícios aos pacientes e aos próprios integrantes do grupo Liliane Fernandes “Quando eu comecei a fazer a sua experiência, ele conta que essa prática do projeto, indo ao hospi- melhora é visível durante as visitas, tal vestida de Dra. Palhaço, minha podendo ser notada na hora. “Não é vontade era auxiliar as pessoas que necessário fazer exames de sangue estavam lá, tirando o foco de me para ver se foram liberados os hor- observar enquanto acadêmica. O mônios. Vemos e sentimos isso na importante é você conseguir fazer alegria que eles demonstram, pelo o bem naquele momento, ajudar fato de estarem sorrindo naquele a criança a esquecer-se da dor en- ambiente que não é propício para quanto ela não volta, fazendo-a rir, isso”, diz o pediatra. brincar e até mesmo refletir sobre a Segundo Thiago, os benefícios situação em que ela está vivendo”. do grupo atingem dois pontos. Para Liliane Fernandes, estudante de Psi- os acadêmicos, dá-se de forma in- cologia na Unisul, é também a Dra. direta, voltada para a formação Ricota e faz parte dos Terapeutas da pessoal. Durante a faculdade, os Alegria há quatro anos. estudos são direcionados para o O grupo, que busca levar a ale- profissional, deixando em segundo gria e tornar menos dolorosa a pas- plano as relações pessoais entre sagem das pessoas pelo hospital, profissional e paciente: “O estudo foi criado em 2002. Suas primeiras de medicina é muito voltado para atividades tiveram início através de fazer diagnósticos, prescrever recei- cinco acadêmicos e funcionários da tas, e esse tipo de formação faz com Unisul que realizavam apresenta- que não se priorize o lado humano ções de música e teatro no Hospital do atendimento”. Nossa Senhora da Conceição, em Por outro lado, para o paciente, Tubarão. O grupo passou a organi- além da liberação de hormônios, há zar visitas semanais aos pacientes O grupo Terapeutas da Alegria, formado em 2002, atrai cada vez mais o interesse de estudantes de cursos da Unisul, UFSC e Udesc uma melhora na qualidade de vida internados no hospital e a chamar enquanto estão no hospital. A visita de valor de sua vida: “Às vezes penso tiva é tentar fazer com que outros alguém que fizesse da consulta algo a atenção de acadêmicos que esta- um Terapeuta da Alegria faz com que no porquê de eu estar aqui saudá- profissionais da área da saúde ve- não traumatizante? giavam no local. O projeto começou a rotina de doença e o contato apenas vel e aquelas crianças, às vezes re- jam que há muito mais a ser feito a crescer, ganhou projeção e hoje com médicos e enfermeiras seja que- cém-nascidas, estarem internadas, do que a técnica aprendida durante Impressões sobre o grupo tem sua área de atuação na Unisul, brado. É um momento em que o pa- passando por tratamentos pesados o curso de graduação”. Carina, de 16 anos, conheceu os Udesc e UFSC. Os estudantes inte- ciente esquece, mesmo que por pouco e sofrendo”. Lucas D´Avilla, estudante de Psi- Terapeutas da Alegria enquanto es- ressados são, na maioria, de cursos tempo, a situação que está vivendo. cologia na UFSC, é um dos poucos tava internada no Hospital Infantil da área da saúde como Nutrição, Benefícios meninos do grupo. Para ele, ser um no ano passado, fazendo tratamento Psicologia e Fisioterapia. A ativida- Resultados Todos os Terapeutas da Alegria Terapeuta da Alegria faz com que para câncer no pulmão e no fígado. de por eles desenvolvida é abordada Em 2010, o grupo pretende au- concordam que o trabalho é uma se sinta mais humano: “Sinto-me “Eu adoro o Dr. Pimenta. A presen- em Patch Adams, o amor é con- mentar o tempo de formação dos terapia para eles também. “Às vezes bem me aproximando de alguém ça dele era muito boa, pois às vezes tagioso, filme que mostra alunos terapeutas de um para dois anos e tive um dia complicado e ir para que não conheço para fazê-lo sen- eu estava triste e ele me alegrava”, de medicina que buscam criar um incluir um semestre mais voltado as visitas me tir-se melhor, referindo-se ao personagem de Gus- atendimento hospitalar humaniza- para pesquisa, medida que enrique- alegra, por ajudando sem tavo Tanus. Os terapeutas fazem um do, desenvolvendo a capacidade de cerá ainda mais a formação aca- saber que es- esperar nada trabalho lúdico com as crianças, se colocar no lugar do próximo. tou fazendo “Às vezes tive um dia em troca”. Ele criando situações em que elas têm dêmica dos participantes. A cada seis meses, são abertas aproxima- o bem”, ex- ressalta a im- que imaginar, representar ou pelo Formação do grupo Gustavo Tanus, o Dr. Pimenta, é plica Moni- complicado e ir para portância que menos brincar de alguma maneira. damente 80 vagas e a demanda é cada vez maior. Sempre há pessoas que Rocha, a o trabalho tem, “Durante a visita, sempre passamos coordenador de visitas e formador dos futuros doutores. Ele explica Dra. Boneca, as visitas me alegra, não só para as uma mensagem para fazê-las ter interessadas que não conseguem vagas. estudante da crianças, mas força e estimular o pensamento em que ser um dos Terapeutas da Ale- gria não é simplesmente vestir-se de quinta fase por saber que estou para os pais coisas boas”, diz Lucas. Além de buscar co- nhecer diversas áreas de Nutrição dos pacientes e Dentro do hospital, as opiniões palhaço e ir ao hospital. Os interes- sados em fazer parte do grupo pas- da UFSC. Já fazendo o bem” para os funcio- se dividem; alguns funcioná- durante a faculdade, os estudantes estão Ana Luiza nários do hos- rios, eventualmente, até sam por seis meses de treinamento mais conscientes do Nogueira, a pital. “Às vezes, participam das em que têm aula de teatro, bio-dan- tipo de profissio- Dra. Carambola, afirma ter apren- os pais precisam de mais motivação brinca- ça e expressão corporal. nais que desejam dido a lidar melhor com situações que as crianças e a presença deles deiras, Depois são mais seis meses de ser no futuro e adversas. “O que eu estou passando durante as visitas dos Terapeutas enquanto estágio em que os voluntários par- buscam uma é muito pequeno se comparado, por faz com que seus filhos sintam-se outros pen- ticipam das visitas e, no fim deste formação dife- exemplo, ao que as crianças estão seguros em participar das brinca- sam que o ano de atividade em grupo, é que renciada, que vivendo”, reflete. deiras”. trabalho de- eles recebem seus diplomas. Essa pode, nesse Monique diz que aprendeu a Para o pediatra Thiago Demathé, les não pode preparação ajuda na versatilidade, caso, ser controlar o que sente e ficou mais um dos idealizadores do projeto e ajudar. Sabendo na improvisação e no amadureci- p r o p o r- desinibida. “Hoje tem uma criança coordenador dos grupos, o projeto disso, os Tera- mento dos participantes. “Durante cionada que precisa dos Terapeutas. Para Terapeutas da Alegria contribuiu peutas evitam fa- o tempo de formação são abordados pelos ela é importante que nós estejamos muito para a sua formação. profis- zer muito barulho assuntos que ajudam os futuros te- Terapeutas da lá, ela precisa mais daquilo do que sonal e pessoal. Ele afirma que é ou atrapalhar as re- rapeutas a lidarem melhor com si- Alegria. O tempo que eu preciso fazer outras coisas, como muito importante olhar para o pa- feições dos pacientes. tuações que podem ser encontradas eles participam do grupo e sair, por exemplo”, diz a estudante, ciente e se interessar por ele, fazer “Às vezes a criança não dentro do Hospital, como doenças e das visitas às crianças faz com que que hoje vê o grupo como uma com que haja uma empatia nesta quer comer e, se nós possíveis mortes”, afirma Gustavo. se transformem em profissionais prioridade. Ana Luiza completa o relação e não simplesmente dar um entramos no quarto e a distraí- Para os envolvidos, o trabalho capazes de realmente se importar raciocínio: “Às vezes são só cinco mos, dificilmente ela vai conseguir como Terapeuta da Alegria é muito diagnóstico. com o próximo e isso faz com que, minutos, mas ela está interagindo se acalmar e se concentrar na refei- gratificante. “Diversas vezes os pais “O projeto ajudou muito na mi- no futuro, sejam médicos, psicó- com alguém diferente do médico e ção”, explica Monique. vieram nos agradecer, dizer que fi- nha formação como pediatra, pois logos, fisioterapeutas ou nutricio- isso pode mudar o seu dia”. Thiago Demathé afirma que, cli- zemos a diferença na vida de seus o Doutor Palhaço me fez aprender a nistas muito bem preparados para A Dra. Ricota afirma que apren- nicamente, o riso e a alegria fazem filhos”, conta o Dr. Pimenta. Pes- lidar melhor com crianças”. Pense atender e ajudar todos aqueles que de com cada criança que visita e com que o corpo libere hormônios soalmente, ele acredita que a expe- nesta situação: se você tivesse que os procurarem.. que elas fazem com que acredite que contribuem para o bem estar e a riência trouxe uma reflexão maior que as pessoas ainda podem ser ir ao médico, não iria preferir um melhoria do paciente, como a endo- sobre suas prioridades e sobre o Luiza Fregapani melhores. “Outra coisa que me mo- com o espírito de Doutor Palhaço, firna e a adrenalina. Considerando