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Inicia-se, desse modo, a partir do ttulo, a colocao do estatuto da palavra reversvel e a perplexidade
semntica como um pacto de jogo irnico.
A primeira parte contm vrias incongruncias (por ex.: o parentesco com Vidigal, o problema
alfandegrio com a mmia, etc.) que induzem o leitor ironia, fazendo pensar que o autor no est
falando srio, mas simulando um teatro de enganos. Alm do mais, um intrito biogrfico que j de incio
se pe a falar digressivamente de literatura (e as digresses literrias se repetem de tempo em tempo
interferindo no andamento da narrao) presta-se a informar o leitor de que Ea tenciona falar de
literatura, ou tambm de literatura. Em verdade o apresentador de Fradique simula biografar quando de
fato intenta teorizar, e no apenas sobre arte, porm ainda sobre filosofia, poltica e religio.
O leitor mais atento, ou antes, interessado na problemtica potica, com pouco percebe que o autor no
s teoriza mas faz experimento, transformando sua narrao em texto que se auto-exemplifica. Da
termos selecionado esse filete da metalinguagem de Ea para campo de nosso estudo e descobertas
comparativas.
A correspondncia de Fradique Mendes encerra um projeto metaliterrio de singular importncia para o
entendimento do fenmeno da produo de textos e, mais significativo ainda, para a recepo da obra
queirosiana, sobretudo a partir de Os Maias. As colocaes e aluses contidas na primeira parte ( guisa
de "Memrias e Notas) mais a teorizao literria, explcita e implcita nas Cartas de Fradique,
produzidas j na maturidade de Ea, representam uma sntese expositiva e crtica das teorias vigentes,
questionadas ou nascentes, a partir da segunda metade do Sculo XIX.
Fontes: Iara Regina Franco Rodrigues, Mestre em Letras (UFRGS) | Onofre de Freitas, Doutor em Letras:
Estudos Literrios (rea de concentrao: Literatura Comparada) - UFMG.