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Unidade I – Introdução ao Estudo de Direito Penal

1) Conceito de Direito Penal


Conjunto de normas jurídicas que definem o crime e estabelecem a pena como conseqüência.
Se destaca das demais áreas pela força da sua sanção e do ilícito.
• Ilícito = desrespeito à norma/ regra.
• Pena (sanção) = sua força torna o Direito penal mais efetivo. São chamadas de sanções corporais, o que
explica a sua efetividade, sendo sempre possível de ser aplicada.
• Finalidade: proteção da liberdade individual dos indivíduos; limita o poder do Estado sobre o cidadão.

2) Função do Direito Penal


Proteger bens jurídicos.
• Bens jurídicos = valores que o direito reconhece e concede proteção em face da sua relevância/ importância.
Atua com função de caráter preventivo (humanitário):
• Prevenção geral – coação psíquica. Sob delito ainda não cometido.
• Prevenção especial – aplicação da sanção. Sob o criminoso.

3) Características do Direito Penal


• Normativa: normas de conduta.
• Valorativa: trabalha com valores abstratamente conservados. Expressa valores sempre. Valor determina o
grau da sanção.
• Finalista: tem sempre uma finalidade buscada por suas normas que estão sempre conectadas com essas
normas.
• Constitutiva: cria/ gera valores com sua autonomia. Os valores podem variar de acordo com subdivisões do
direito.
• Sancionatória: essencialmente sancionador.
• Publicista: ramo do direito público, protege bens jurídicos – função essencialmente do Estado (só ele tem
direito de punir).

4) Direito penal objetivo e Direito Penal subjetivo


Direito penal objetivo → limita o Direito Penal subjetivo estabelecendo seus limites e pelo direito de
liberdade assegurado constitucionalmente a todos os indivíduos. Conjunto de normas positivadas/ postas. Se
expressa pelas normas vigentes.
Direito penal subjetivo → direito estatal de punir, titularidade exclusiva pertence ao Estado, como
manifestação do seu “poder de império”. Em latim: ius puniend. Surge sempre que as normas objetivas forem
violadas/ infringidas.

5) Direito penal comum e Direito penal especial


→ Critério de diferenciação: consideração dos órgãos que devem aplicá-los jurisdicionalmente.
Direito Penal Comum → se a norma penal objetiva pode ser aplicada através da justiça comum. Estão no
Código Penal. Todos cidadãos estão sujeitos a ele.
Direito Penal Especial → se a norma penal objetiva somente for aplicável por órgãos especiais,
constitucionalmente previstos. Ex) Direito Penal Militar. Não desobriga o Código Penal Comum. Cidadãos
específicos estão sujeitos a ele.
*Não se deve confundir com legislação penal comum – Código Penal – e com legislação penal especial
(legislação extravagante) – constituída pelos demais diplomas legais que não se encontram no Código Penal.

6) Ciências auxiliares/ afins


→ Com autonomia mas ajudam o Direito Penal na realização de seus fins.
• Medicina Legal: medicina aplicada ao direito (conhecimentos médicos na elucidação de questões jurídicas).
Auxilia na investigação criminal feita pelas autoridades policiais. IML atrelado à polícia civil
(investigadora). Perícia mais comum → exame de necrópsia – quando há óbito suspeito. DNA. Exame de
teor alcoólico.
• Criminalística: conjunto de conhecimentos científicos utilizados na elucidação do crime/ investigação
criminal, assim como a Medicinal Legal. A diferença é que ela se vale de quaisquer conhecimentos
científicos (Perícia química, etc). Órgão da polícia civil. É o setor de inteligência. É uma ciência autônoma
e não uma somatória de conhecimentos científicos pois na utilização desses conhecimentos existem normas,
princípios e regras próprias que lhe dão o contorno de ciência autônoma. No Brasil, possui deficiências por
falta de investimentos, que possibilitariam uma maior eficácia na resolução de crimes.
• Criminologia: ciência que estuda o crime e os seus protagonistas, buscando descobrir/ identificar as causas
primárias da criminalidade. Usa o método empírico. Não é valorativa, querendo compreender o crime como
fator social de uma sociedade em um dado momento. Não trabalha com normas. É muito importante pois
poderá auxiliar na construção de normas que se valem da realidade de um determinada ocasião. É uma
ciência preventiva e autônoma.
• Política – criminal:
a- conceito – conjunto de diretrizes que constituem uma política pública (estatal ou não) de combate ao crime.
Se valem do resultado da criminologia para combater com inteligência a criminalidade. Não se faz apenas por
leis, podem ser práticas de melhor convivência social: maior instrução escolar, fortalecimento familiar, etc.
b- movimentos político-criminais
1. Lei e Ordem → pugna(propões) uma punição exemplar dos pequenos delitos como forma de evitar a
grande criminalidade. Defende a pena privativa de liberdade de longa duração (Encarceiramento em
massa) – prisão de larga escala. Utilização da prisão provisória como resposta imediata ao delito.
Diminuição dos direitos dos presos: rigor na execução penal.
2. Intervenção mínima → minimalismo penal. É o oposto da “Lei e Ordem”. Acredita que a prisão não
funciona; ela não previne delitos, e sim os incentiva e se torna uma fábrica de crimes: tráfico de drogas,
de armas, extorção, violência sexual, etc. O cárcere é proliferador de crimes e trás um retrocesso à
barbárie do prisioneiro. PRISÃO = sistema produtor de delitos e criminosos. Postulam uma redução do
direito penal de macro para micro. Prisão apenas para os casos mais graves. Instrumentos (de caráter
legal):
− descriminalização → retirar o caráter criminoso de uma conduta. Ex) Adultério não é mais crime
desde 2005. É o instrumento mais radical.
− despenalização → evita a incidência da pena = justiça consensual. Ex) juizado de pequenas
causas (especial). Substitui a pena por acordos.
− descarceirização → evita-se a pena de prisão = adoção de penas alternativas. Ex) serviços para
comunidade. É a opção mais adotada pelas autoriadades (intervenção mínima)
→ LEGISLAÇÃO: interferência de ambas – Lei e Ordem (crimes hediondos) e Intervenção mínima (penas
alternativas).

3. Abolicionismo → tem força retórica por não ser adotado em nenhum país. Prega o fim do sistema penal
punitivo, fim do sistema de crimes e penas. Criador: Louk Hubsmann. Prega que se investigue as raízes
efetivas para a resolução dos problemas. Soluções podem ser criadas fora do direito. Crime seria
efetivamente solucionado, melhorando a vida dos envolvidos e não sendo multiplicado. Problema →
não oferece um sistema pronto para a substituição; necessita de uma sociedade suficientemente
evoluída. Discurso deslegitimador do direito penal vigente (o que temos não seria bom).

7) História do Direito Penal


7.1 Geral
- Fase da vingança privada → pré- história e antigüidade. Tribos viviam em pequenas sociedades com
objetivo de subsistência. Regras de convívio → se violadas eram aplicadas penas pelo grupo ou pela própria
vítima. PENA = caráter vingativo – visa devolver o mal causado à vítima. É uma lei de costumes, não sendo
escrita/ registrada. Poena = castigo em latim. Não tinha Estado, por isso a vingança privada. Não tem
proporcionalidade, controle da legalidade e nem monopólio da punição estatal. Ex) Pena de perda da paz –
infrator era expulso do grupo, ficando muito vulnerável.
- Fase da vingança pública → formação das cidades-estado (impérios). Estado enquanto sociedade política.
Monopólio da punição estatal. PENA = vingança/ castigo porém aplicado pelo Estado. Nem sempre são escritas
por lei (ainda não existe o controle da legalidade). Antigüidade, Idade Média e Idade Moderna. Não teve
sempre as mesmas características, exceto o monopólio exclusivo estatal da punição e a pena como vingança.
→ 1217 – aparece a legalidade penal.
→ A proporcionalidade aparece posteriormente. Lei de Talião: castigo tem que ser proporcional
ao delito; “olho por olho, dente por dente”; isonomia punitiva.
→ Estado Nacional:
Monarquia – poder concentrado nas mãos dos reis: absolutismo penal. PENA = vingança pública;
razões e conveniências de ordem política. Opressão às classes contrárias ao sistema monárquico; mais
severidade e crueldade. Tortura e pena de morte – Códigos Penais da crueldade.
- Período humanitário – 1789
Marco = Revolução Francesa (século das luzes – XVIII). Valoração do conhecimento do
homem focado para o bem do próprio homem. Antropocentrismo/ humanismo. Não se aceita mais a pena
retributiva.
→ 1804 – Fever bach: construção do novo Código criminal. Mudança completa. PENA = caráter preventivo.
Instrumento de proteção ao ser humano. Penas de caráter desumano são incompatíveis com as idéias pela
posição vingativa, que é muito criticada. Prevenção direcionada para o controle da criminalidade. Ao punir
todos devem ser vistos, para solucionar o problema. Direito punitivo e transformador. Pena divulgada pela lei
(legalidade estrita) – publicidade das punições como prevenção. A pena atua sobre os criminosos,
transformando-os. Conceito de ressocialização. Aposta no sistema prisional.
“Teoria preventiva humanitária” → mudança por completo do Direito Penal no mundo. Proibição de penas de
caráter vingativo; direito penal preventivo; pena que reeduca/ transforma. Vigente até hoje.

7.2 História do Direito penal brasileiro


- Código criminal do império - 1830
Inicia pouco tempo após o período humanitário, aproveitando suas influências.
“Melhor Código Penal já feito no Brasil” → humanitário, consagrador de princípios, tecnicamente bem
elaborado.
Principais características:
I – Princípio da Legalidade (não há crime sem definição legal, não há pena sem prévia determinação).
II – Diminui a incidência das penas de caráter vingativo (de morte, tortura etc.) → aplicadas somente a poucos
delitos, sendo estes os mais graves.
III – Inova na matéria seguinte: cria um sistema para calcular a pena de multa = DIAS-MULTA – possui
vigência até hoje (aperfeiçoado) e foi imitado em outros países.
Sistema brasileiro de cálculo da pena de multa: montante de riqueza / dias ano = condenação à quantidade de
dias.
→ Esse sistema consagra a proporcionalidade.

- Código Penal da República – 1890


“Pior Código do Brasil” - segundo críticos. Prof. Guilherme não concorda muito e coloca:
*Qualidades (vantagens):
→ Aplicação das penas – aboliu as penas de caráter infamantes e degradantes e estabeleceu circunstâncias que
atenuam as penas, facilitando no cálculo destas.
*Defeitos (desvantagens):
→ Caráter político muito forte (Ruptura definitiva de Brasil e Portugal) – momento político muito conturbado
influencia na produção do Código: pune a greve pacífica e manifestações culturais como a capoeira, com a
justificativa de desordem. Dessa forma foi muito criticado pela imprensa.
→ Defeitos técnicos – foi, por exemplo, mal dividido.
Em 1932 ele chega como uma “colcha de retalhos”. Então, O Desembargador Vicente seleciona leis e
publica com o nome de CLP (Consolidação das leis penais) = Consolidação Piragi. Porém, não é considerado
como um Código, sendo somente uma compilação de leis.

- Código Penal de 1940


Parcialmente vigente até hoje (Parte especial) – a parte geral foi reformada em 1984.
Começa a questionar a eficácia da prisão.
Tecnicamente bem elaborado.
Novidades (inovações):
╠ Adota a teoria causalista da ação;
╠Adota mecanismos para evitar a pena privativa de liberdade (PPL) – substituição do cárcere.
╠Marca getulista – promulgada sobre o governo do Getúlio Vargas. Proteção ao trabalhador: capítulo dos
crimes contra o trabalhador e o trabalho.

▬ Código de 1969 foi revogado no período de Vacatio Legis - “Código nati morto”

- Código Penal de 1984


Questiona a eficácia da prisão.
[1985 – processo de redemocratização]
Somente reformou a parte geral do Código de 40.
Está em vigor.
Teorias da norma, do crime e da pena.
Características de destaque:
╠Adoção da “teoria finalista” da ação;
╠Adoção das penas alternativas – evitam o cárcere / a prisão → modificações no modelo punitivo.

Unidade II – Teoria da norma


1) Princípios do Direito Penal
Princípios = normas jurídicas positivadas ou não – no caso, positivadas – valor conteúdo de tamanha
importância para o Direito, que não podem chocar com dispositivos normativos.
São 11 princípios (varia de acordo com autor).
A) Princípio da legalidade
Art. 1º CP - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”
- O crime e a pena devem estar descritos em lei de forma precedente/ anterior ao fato.
- Crimes e penas são de controle legal de forma prévia.
- Ninguém pode ser punido, criminalmente, por o que alguém ou qualquer órgão determine; não é um conceito
pessoal.
- Portanto, se não houver a lei, ninguém poderá ser criminalmente punido.

Anterioridade ≠ Retroatividade → art. 2º – para beneficiar o réu.


╚> não pode prejudicar o réu; instrumento de controlar o poder do Estado; tem como fundamento o próprio
conceito de legalidade.

I - Historicamente:
1817 : Carta ao rei João sem terra → regulamentação da expropriação que foi imposta ao rei João – 1º
precedente do princípio da legalidade (precedente remoto).
1789 : Declaração dos direitos do homem e do cidadão – cláusula dizia que o crime deveria estar previsto
em lei. Esteve presente em todos os códigos brasileiros.

II - Divisões que decorrem desse princípio – existem 3 vertentes:


╚> variações terminológicas que decorrem do mesmo princípio
a) Anterioridade : enfatiza a necessidade da lei ser anterior ao fato.
b) Reserva legal : competência exclusiva da lei para dispor sobre crimes e penas.
Lei Ordinária Federal, válida em toda federação.
→ “Ordinária” : tem que ser lei em sentido formal, e não em sentido amplo; passam por um processo
especial.
→ “Federal” : só a união pode interferir no Código. Art. 22 da Constituição “Compete privativamente à
União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho.”
Obs. I : Medidas provisórias não podem passar por matérias penais. Se o faz, choca-se com o princípio da
reserva legal.
╚> 2003 – emenda constitucional → art. 66 da Constituição Federal.
Obs. II : federalização do delito – não é municipal ou estatal.
Obs. III : Estatuto do desarmamento – medida provisória com matéria penal → ?

c) Legalidade : estado de legalidade penal. Poder punitivo estatal encontra-se limitado pela lei.

III – Funções:
Garantia → garante ao cidadão de somente ter a sua liberdade cerciada nos exatos termos da lei penal.
O delinqüente sabe em que medida a punição é legal.
O cidadão precisa conhecer os princípios/ normas penais.
Deficit educacional → limita a eficácia dessa norma.
Seletiva → seleciona o que é e o que não é crime.
Ética/ moral ≠ Direito/ legalidade => não necessariamente estão alinhados.
IV – Conseqüências:
Exigência de leis penais claras e precisas (taxativamente). “A técnica de elaboração da lei penal deve ser
suficientemente clara e precisa na formulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para
que exista real segurança jurídica. O princípio da taxatividade significa que o legislador deve redigir a
disposição legal de modo suficientemente determinado para uma mais perfeita descrição do fato típico. Tem ele,
assim, uma função garantista, pois o vínculo do juiz a uma lei taxativa o bastante constitui uma auto-limitação
do poder punitivo-judiciário e uma garantia de igualdade.” (Prado, Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro,
2000, p. 81)
Proibição da analogia (preenchimento de lacunas) em prejuízo do réu. (Analogia in malam partem); somente
é permitido a analogia in bonam partem, ou seja, em benefício do réu.
Proibição dos costumes serem utilizados como fonte de Direito Penal incriminador → costume não é fonte
de punição criminal. Exemplo: Lesão corporal entre torcedores. “Não se deve, entretanto, cometer o equívoco
de supor que o direito costumeiro esteja totalmente abolido do âmbito penal. Tem ele grande importância para
elucidação dos conteúdos tipos. Além disso, quando opera como causa de exclusão da ilicitude, de atenuação da
pena ou da culpa, constitui verdadeira fonte do direito penal. Nessas hipóteses, como é óbvio, não se fere o
princípio da legalidade por não se estar piorando, antes melhorando, a situação do agente do fato. (…)
Reconhece-se, em doutrina, que o costume, sempre que beneficie o cidadão, é fonte de Direito Penal. Não
obstante, para nascimento do direito consuetudinário são exigíveis certos requisitos essenciais (reconhecimento
geral e vontade deral de que a norma costumeira atue como direito vigente), não identificáveis com a mera
tolerância ou omissão de algumas autoridades.” (TOLEDO. Princípios básicos de Direito Penal, 2002, p. 25)
Irretroatividade da lei penal prejudicial. “ a lei penal não retroagirá, salvo quando para beneficiar o réu.”
Em resumo: a lei formal e tão-somente ela é fonte criadora de crimes e penas, de causas agravantes ou de
medidas de segurança, sendo inconstitucional a utilização em seu lugar de qualquer outro ato normativo, do
costume ou do argumento analógico in malam partem – exigência de lei escrita.

B) Princípio da Responsabilidade penal pessoal


Princípio da auto-responsabilidade → punição proporcional à participação no delito.
A pena encontra no réu seu limite instransponível.
A pena aferida ao réu só pode ser respondida por ele, ninguém por responder pelo delito alheio.
Conseqüências:
Criminalmente os pais não respondem pelos atos dos filhos.

C) Princípio da Humanidade/ Dignidade das penas


Art. 5.º, XLVII, da CF. Só tem previsão constitucional.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.
Sanções proibidas no ordenamento: as de caráter retributivo e vingativo (não têm caráter humanitário).
As penas do Direito penal brasileiro não têm caráter retributivo e sim humanitário.
Direito penal brasileiro tem essa premissa: penas devem ter função preventiva/ integradora
PENA DE MORTE : sua defesa se insere num contexto oposto ao caráter da Constituição de 1988
(humanitário). Ela representaria um retrocesso por seu caráter retributivo. Cláusula constitucional petrificada →
para modificá-la, é preciso fazer uma nova Constituição. Ressalvo: caso de guerra declarada. Justiça militar que
define os crimes de guerra. Sentido/ intuito de superar essa situação.
Professor Guilherme não concorda com essa exceção. Julgamento quando a necessidade da morte não mais
existe como forma de legítima defesa ou defesa do país, e sim de um assassinato a sangue frio de caráter
vingativo.
Zaffaroni : nenhuma sanção pode ter pena de caráter perpétuo. “Toda conseqüência jurídica de um delito –
seja ou não uma pena – deve cessar em algum momento, por mais longo que seja o tempo que deva transcorrer,
mas não pode ser perpétua no sentido próprio da expressão.” (ZAFFARONI, Manual de Direito Penal
Brasileiro, 2007, p. 157)
D) Princípio da Individualização
Art. 5.º, XLVI da CF.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
Cita penas permitidas.
Exemplificativo não exaustivo.
Individualização das penas → quantificá-la, mensurá-la de acordo com as características de cada condenado.
A pena, concretamente falando, é sempre uma sanção individual.
Aplicar uma pena é um ato personalíssimo → pena é adequada ao indivíduo singular.
Tipos de individualização da pena:
I – Legislativa : obedece o princípio da legalidade, e estabelece a quantidade de tempo para cada crime. Ocorre
no plano da lei.
II – Judicial : feita pelo juiz no momento em que ele faz a dosagem da pena concretamente analisando a pessoa
do condenado e o fato. Chega a uma pena concreta para um indivíduo específico. Existe um procedimento =
procedimento trifásico.
III – Executiva : (executória) é muito polêmica. STF declarou a existência dessa individualização para todos
juízes. O Estado é obrigado a acompanhar a fase de cumprimento da pena. Alcança a fase de cumprimento da
sanção por cada réu. Até como uma forma de afirmar o caráter preventivo da pena. Exemplo: escolha do tipo de
cela, do tipo de trabalho a executar no regime PPL etc.

Outro exemplo: a lei que proíbe a progressão da pena para crimes hediondos viola o princípio da
individualização das penas. => é inconstitucional!

E) Princípio da Culpabilidade
Previsto somente no Código Penal expressamente.
Art. 18.º - Diz-se o crime:
Crime Doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime Culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.

Agravação pelo Resultado


Art. 19.º - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.

Previsto na Constituição implicitamente (através do Princípio da Legalidade) → não há crime se o agente


não agiu dolosa ou culposamente.
Elementos psíquicos subjetivos: Dolo → (geral) vontade de praticar um crime.
Culpa → (exceção) imprudência, negligência e imperícia.
Ninguém responde por um crime só por ter uma relação de causalidade física. Exemplo: dirigindo cai uma
árvore e mata um passageiro. Não existe responsabilidade penal objetiva.
Responsabilidade penal objetiva → oposta à Responsabilidade penal subjetiva (admitida hoje) – tem que haver
dolo ou culpa para existir crime.
Esse princípio está implícito na Constituição também porque o sentido da pena é prevenir delitos, então, que
atue em fatos que possam ser evitados – ou poderia querer praticar o delito ou ocasioná-lo por imprudência. A
responsabilidade objetiva não encaixa nessa idéia.
O princípio da culpabilidade se relaciona com o próprio caráter preventivo da pena e também com o
princípio da humanidade.

F) Princípio da Intervenção mínima


Contido na Constituição através da cláusula geral prevista pelo § 2° do art. 5°: “Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”
O direito penal que se constrói racionalmente por determinação constitucional é limitado ao mínimo
necessário. Isso significa que o Direito penal deve atuar, no âmbito da legislação ordinária, sob os casos mais
relevantes, vetada a incidência macro da sanção penal.
O Direito Penal atua de forma limitada na sociedade com base na racionalidade.
Princípio de Direito contido na Constituição.
╚> obriga todos os julgadores a respeitar esse princípio.
Princípio tem caráter normativo.
Está conectado com o princípio da dignidade da pessoa humana.
“Se a intervenção do sistema penal é, efetivamente, violenta, e sua intervenção pouco apresenta de racional e
resulta ainda mais violenta, o sistema penal nada mais faria que acrescentar violência àquela que,
perigosamente, já produz o injusto jushumanista a que continuamente somos submetidos. Por conseguinte, o
sistema penal estaria mais acentuando os efeitos gravíssimos que a agressão produz mediante o injusto
jushumanista, o que resulta num suicídio.” (ZAFFARONI, Manual de Direito Penal Brasileiro, 2007, p. 75)

Intervenção mínima → subsidiariedade


╚> adequação social
╚> insignificância
╚> lesividade
G) Princípio da subsidiariedade/ fragmentariedade
Direito penal = solucionar o ilícito; só depois se não for solucionado é que o direito aplica a sanção.
Ultima ratio → o direito penal com caráter secundário, só atuando quando esgotada todas as outras sanções
de outros ramos do direito. Exemplo: sanção civil no caso de adultério.
Direito penal : comportamentos mais graves que não são solucionados por sanções extrapenais.
Impunidade → ausência de pena (sanção – que existe em todo campo do direito)
Fragmentariedade → símbolo da atuação reserva do direito penal nos termos do ilícito.
“O princípio da intervenção mínima estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens
jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica dos homens e que não podem ser eficazmente protegidos de
forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá intervir quando for absolutamente necessário para a
sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.(...) O uso excessivo da sanção criminal não garante uma
maior proteção de bens, ao contrário, condena o sistema penal a uma função meramente simbólica e negativa.”
(PRADO, Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro, 2000, p. 84)

H) Princípio da insignificância (ou da bagatela)


“O princípio da insignificância postula que devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetam
muito infimamente um bem jurídico-penal.” (PRADO, Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro, 2000, p. 89)
Roxin – 1963 – chega ao Brasil na década de 80.
As condutas que representam uma lesão ínfima (mínima) a um bem jurídico tutelado não podem ser
consideradas criminosas.
Para o Direito Penal ser de fato ele teria que excluir os fatos de pouca relevância. É atrelado à idéia de
intervenção mínima (Direito Penal → limitado).
Exemplos: furto que pode-se recorrer na instância civil; lesão corporal leve → não pode ensejar a atuação do
Direito Penal. Formalmente essa conduta é crime, mas para o Direito Penal não é crime por ser insignificante.
Na década de 90 teve uma aplicação em larga escala no Brasil. Aplicabilidade muito grande, hoje em dia.
Dúvida: a doutrina não aceita para crimes violentos. Exemplo: roubo = subtração patrimonial com violência.
Aplicação para réu também é duvida, e não é aceita pela doutrina.
Não se trata de um incentivo à impunidade, pois a idéia de punição rigorosa não significa o controle do
comportamento criminoso.
Trás para o direito o reconhecimento da tolerância social, que mostra que é comum a prática de pequenos
delitos insignificantes em toda sociedade. → compra de CD pirata, ofensa/ injúria leve etc.
╚> característica de convivência social.
Se tem violência não cabe o princípio da insignificância.
“A tendência generalizada da política criminal moderna é reduzir ao máximo a área de incidência do Direito
Penal. O fato penalmente insignificante deve ser excluído da tipicidade penal e receber tratamento adequado
(como ilícito civil, administrativo, fiscal etc.). O Estado só deve intervir até onde seja necessário para a
proteção do bem jurídico.”(TRF – 1ª Região, 4º Turma – AC 93.01.12840-3/MG – Rel. Mário César Ribeiro – j.
08.04.1997, DJU 05.06.1997 – Bol. IBCCrim 57/201).

I) Princípio da Adequação Social


“Para o princípio da adequação social, apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal, não será
considerada típica se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada.” (PRADO,
Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro, 2000, p. 89)
Se o delito não representar uma danosidade social, um desvalor ético social, não poderá ser considerado
como crime.
Comportamento socialmente aceito não pode ao mesmo tempo ser considerado como delito.
Exemplo: violação dos direitos autorais → reproduções de pouca manta são autorizadas – reprodução de um
livro, CD e DVD piratas.
Direito Penal → mínimo, limitado e seletivo.
Um princípio para sê-lo tem que ter conteúdo claro, objetivo e, para Zaffaroni, o princípio da adequação
social tem um conceito dúbio, confuso.

J) Princípio da lesividade/ ofensividade


Não há crime sem ofensa, sem lesividade a um bem jurídico.
Não há crime sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido, tutelado.
Exigir que um crime resulte uma lesão ou ameaça de lesão.
Direito Penal : proteger/ tutelar bens jurídicos.
“O princípio da lesividade nos esclarecerá, limitando ainda mais o poder do legislador, quais são as condutas que
deverão ser incriminadas pela lei penal. Na verdade, nos esclarecerá sobre quais são as condutas que não poderão
sofrer os rigores da lei penal. O mencionado princípio proíbe a incriminação de: a) uma atitude interna
(pensamentos ou sentimentos pessoais); b) uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (condutas não
lesivas a bens de terceiros); c) simples estados ou condições existenciais (aquilo que se é, não o que se fez); d)
condutas desviadas (reprovadas moralmente pela sociedade) que não afetem qualquer bem jurídico.”
(http://www.alexandremagno.com/novo/principios-do-direito-penal)

Conseqüências do princípio da lesividade para o Direito Penal:


Ninguém pode ser condenado por pensamentos e valores internos, por subjetivismos, só atua com fatos e
não com características individuais do ser humano – só interessa a ações que agridam bens jurídicos. (ações
concretamente lesivas).
Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos → função do Direito Penal.
Para alguém ser preso precisa tomar ações concretamente realizadas.
Não caracteriza crime aquelas ações chamadas inidôneas (crime impossível).
INIDÔNIAS → comportamentos viciados que nunca levarão a um crime. Exemplo: apertar o gatilho do
revólver sem bala; sujeito quer matar a vítima envenenada e dá açúcar etc.
Ninguém pode ser punido se a ação criminosa não chega pelo menos à fase de execução – cogitação do
crime não é punível.
╚> Consagrada no princípio da legalidade e da humanidade das penas.
╚> Fundamentado na lei ordinária e no art. 13 do Código Penal.
CP, Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

K) Princípio da proporcionalidade
“Deve sempre haver uma medida de justo equilíbrio entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.”
(PRADO, Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro, 2000, p. 89)
Não está ligado à idéia de intervenção mínima.
Existiu até em tempos remotos.
A sanção penal deve ser proporcional à lesão praticada pelo agente → dano proporcional à sanção.
Tem aplicabilidade em vários campos do Direito.
Funções:
Legislativa: orienta o legislador na hora de estabelecer uma pena.
Judiciária: juiz tem que dosar a pena à gravidade do crime. Controle de constitucionalidade das leis penais
vigentes.
2) Aplicação da norma penal no tempo

2.1 - Espécies da norma penal: se divide em dois tipos: não-incriminadora e a incriminadora.


I - A Incriminadora: define o crime e estabelece a pena. Exemplo: art. 121 do CP (Homicídio simples) – “Matar
alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos.” A estrutura da norma incriminadora tem três preceitos: Preceito
primário (descrição do comportamento criminoso), preceito secundário (pena) e preceito implícito (valor
extraído da norma/ comando para o cidadão).

II - A não-incriminadora (art. 1º): trás conceitos e regras de aplicação, ou seja, regulamenta as normas
incriminadoras. Sua estrutura é simples → preceito. Exemplo: Art. 1º CP (Princípio da Legalidade) - “Não há
crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”

2.2 - Norma penal em branco: norma sui generis (especial). Tem no seu preceito primário uma parte
incompleta. Esta sem alma, sem vida enquanto não encontrar seu complemento legal (pode ser qualquer um –
portaria, resolução etc.). “Corpos errantes à procura de alma”. Exemplo: Art. 33 da lei 11343/06 (lei de tóxico)
– crime de tráfico: “vender substância que causa dependência em desacordo com determinação legal.” A lista de
substâncias que causam dependência (lança perfume, maconha, cocaína) complementa a norma anterior para
que ela passe a ter aplicação. Este é o exemplo mais usual de norma penal em branco.
Três tipos que variam de acordo com o complemento:

I - Hierarquia inferior: complemento é hierarquicamente inferior à lei ordinária. Exemplo: regulamento, portaria,
resolução, decreto. Art. 33 da lei de tóxicos.

II - Igual hierarquia: complemento é outra lei ordinária. Exemplo: art. 236 do CP – contrair casamento ocultando
impedimento legal → como pessoas do mesmo sexo, por exemplo. Impedimentos de normas para casar estão no
Código Civil.

III - Hierarquia superior: complemento dado por uma norma constitucional. Exemplo: crime de violação de
domicílio. Art. 150. Complemento: constituição remete às entradas em domicílio de caráter legal e ilegal.

2.3 - Aplicação da Norma Penal no tempo: sucessão temporal de leis penais. Entre a data do crime e o
julgamento – lei A (antes do julgamento), B (no julgamento), C (depois do julgamento).

Normas que regulamentam as leis penais no tempo (princípios):


Leis → não têm prazo certo para a cessação da vigência – caráter atemporal. Só perde vigência quando é
substituída por outra lei (revogação). A simples publicação da lei no diário oficial não inicia a sua vigência, a
data para aplicação da mesma, geralmente, vem prescrita na própria publicação.

I - Princípio Tempus Rogit Actum (o tempo é o reitor do ato): a lei penal a ser aplicada para um crime é aquela
que está em vigor no momento em que o delito é praticado. É conseqüência do Princípio da Legalidade.

II – Princípio da Irretroatividade Prejudicial: a lei não pode retroagir para prejudicar o réu. Conseqüência do
principio da legalidade.

III – Princípio da Retroatividade Benigna: a lei penal posterior que de qualquer modo beneficiar o réu se aplica
retroativamente, mesmo que o fato tenha sido terminado. Supera até a coisa julgada. Está previsto no art. 2º do
CP e no art. 5º, XL da CF. E se o réu está cumprindo pena? Juiz competente: juiz das execuções penais.
Exemplo: 1998: leis das penas alternativas. Muita gente que estava presa passou a cumprir penas alternativas.
Outro exemplo: uso de drogas foi descarceirizado.

Fundamento jurídico = prevenção do delito → premissa. Lei nova muda a valoração.

A pena seria irracional


Critério da racionalidade das penas.

╚> Preocupação com o princípio da isonomia.

╚> Princípio da humanidade e dignidade das penas.

Hipóteses de aplicação dos princípios:

São quatro: I) aboliti criminis; II) novatio legis in pejus; III) novatio legis in mellius; IV) novatio legis
incriminadora.

I) Aboliti criminis: lei nova e posterior retira o caráter criminoso de uma conduta. É a descriminalização.
Exemplo: abolição do adultério como crime. Pode retroagir? Sim, para beneficiar o réu.

II) Novatio legis in pejus: lei nova e posterior que piora a situação do réu; seguido o princípio do tempus regit
actum e da irretroatividade prejudicial já é sabido que não pode ser aplicada para retroagir.

III) Novatio legis in mellins: lei nova e posterior que beneficia o réu. Conforme princípio da retroatividade
benigna, pode retroagir.

IV) Novatio legis incriminadora: lei nova incriminadora que cria um novo delito. Não pode retroagir. Exemplo:
embriaguês no trânsito – 1997.

Importante definir precisamente, o tempo do crime para se aplicar o correto princípio. Normalmente o crime
ocorre num único momento temporal – único dia.

2.4 - Tempo do crime: pode acontecer de o momento do crime e o seu resultado sejam distantes. Exemplo: atira
em fulano no dia x e ele morre no dia x+30 dias. É definido pelo art. 4º do CP, - caracterizado pela teoria da
atividade – o tempo do crime é o momento da ação ou omissão criminosa, ainda que outro seja o momento do
resultado/ conseqüência da ação. Outro exemplo: crime praticado por um menor e quando ocorre a
conseqüência do crime o réu é maior → não será julgado como maior, e sim como menor.

Observações:

→ O tempo do crime é individual, ainda que sejam julgados vários réus.

→ Existem duas classes de crimes:

a) Crimes continuados → vários crimes em circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução semelhantes –
art. 71 do CP –. Deve ser aplicada a pena de um só crime se idênticas (exemplo: furto de caixa de padaria –
subtração de 1 real por dia, em dois meses teria praticado 40 crimes de furto. A pena total seria de 40 anos,
sendo desproporcional. Para evitar, o CP aplica a pena de crimes continuados) ou a mais grave se diversas,
aumentada em qualquer caso de um sexto a dois terços. O tempo do crime continuado é igual ao tempo do
crime permanente, ou seja, o dia em que cessa a continuidade da atividade delituosa;

b) Crimes permanentes → nesse tipo de delito a ação ou execução criminosa é prolongada no tempo conforme a
vontade do criminoso. Enquanto o agente agir o crime estará sendo consumado. O momento consumativo é
elástico, se prolonga, se alastra no tempo. Exemplo: seqüestro (Art. 148) – privar a pessoa a liberdade de
locomoção. O tempo do crime permanente é o dia que cessa a permanência da atividade delituosa – quando o
seqüestrador liberar o refém.

2.5 - Lei excepcional/ temporária (vigência atrelada à excepcionalidade que a criou):

Característica das normas: vigência com caráter permanente. Só perde a vigência quando é substituída por
outra.

Lei excepcional/ temporária: são especiais porque têm um prazo certo para cessar a vigência. Pode ser
previsto no texto da lei – lei temporária – ou o prazo de vigência pode estar atrelado à situação que à gerou – lei
excepcional. Exemplo de lei excepcional: lei para guerra ou estado de calamidade pública.

Conseqüência: não tem lei posterior revogando tais leis. Com isso, essas leis são sempre ULTRATIVAS –
possuem ultratividade = continuam a gerar efeitos mesmo após o fim da vigência – desde que o crime tenha
sido cometido durante o período em que ela estava em vigor. Exemplo: em caso de guerra, abrigar estrangeiro
quando foi promulgada uma lei proibido tal ação. → não se pode falar em retroatividade benigna (para
existência da eficácia da norma).

Excepcionalidade normativa – art. 3º do CP – lei excepcional temporária → ultratividade.

Não são somente as leis penais excepcionais que são ultrativas. Exemplo: retroatividade benéfica.

2.6 - Conjugação de leis penais: quando uma nova lei é favorável, apenas em parte, ao réu, é aceita a
retroatividade parcial de forma a beneficiar o réu. Em parte é aplicada a lei anterior e em parte a posterior.
Exemplo: lei de tóxicos: prejudica (pena de tráfico é maior) e beneficia (diminuição da pena para traficante
primário que não tem envolvimento com organizações criminosas).

Ainda há quem defenda apenas a retroatividade absoluta.

Estes dizem da “Lex tertia”, ou seja, a conjuração de leis seria uma forma de legislar, criar uma terceira lei.

O TJ-MG está dividido quanto ao assunto.

Guilherme José é favorável à conjugação das leis e considera este, apenas o exercício da hermenêutica,
interpretação jurídica.

O STF ainda é titubeante.

2.7 - Norma penal em branco e retroatividade

Até que ponto a mudança do complemento na norma penal em branco pode retroagir? Exemplo: 2003 – não
inseriram o lança perfume na lista dos tóxicos proibitivos. Mudança benéfica para os que estavam acusados por
esse crime. Doutrina e jurisprudência interpretaram que o complemento legal descriminalizou o uso e comércio
de lança perfume → mudança benéfica para os acusados desses crimes, retroagindo beneficamente. Após 15
dias publicaram outra lei inserindo o lança perfume (cloreto etílico); a omissão teria sido um erro material.

Não é toda alteração no complemento que importa uma retroatividade, só quando for uma nova valoração
jurídica do comportamento previsto e gerar efeitos benéficos para o réu. Porque o próprio complemento é
instável. Exemplo: política de congelamento dos preços. Descumprir o tabelamento oficial de preços → norma
penal em branco. Se houver uma violação, não pode haver retroatividade, caso os preços tenham sido
aumentados posteriormente.
2.8 Lei intermediária:

Não tem autonomia.

┌>lei benigna ┌> lei maligna

<-01.10.04---------------01.10.05----------------------01.10.06-------------------------01.10.07->

╘>furto pena 2-8 anos ╘> pena: 1-4 anos ╘> pena: 3-10 anos ╘> julgamento

Qual a lei a ser aplicada no julgamento? A lei intermediária porque ela é a lei mais benéfica, numa
sucessão de leis no tempo entre o evento e o julgamento.

3) Aplicação da lei penal no espaço (espaço físico geográfico):

Soberania = a lei penal de um país só terá aplicabilidade neste território.

3.1 - Regra geral: princípio da territorialidade/ soberania

Art. 5º CP. A lei penal brasileira, salvo exceções legais, só se aplica aos crimes cometidos no território
brasileiro, não importando a nacionalidade das pessoas envolvidas.

Observações:

→ São regras de direito interno, válidas apenas no Brasil. Não significa que as normas têm que ser harmônicas
com as regras de outros países → função do Direito Internacional Público.

→ Essa regra geral bem como as demais admite exceções.

3.2 - Conceito de território (brasileiro):

Conceito da teoria geral do estado → é o local onde o Brasil exerce a sua soberania.

Espaços físicos que formam o conceito de território:

I – Espaço terrestre: delimitado pelas fronteiras. Porção de terras compreendida nos limites (solo,
subsolo e águas);

II – Espaço aéreo: porção de ar proporcional ao espaço terrestre e o mar territorial. Código brasileiro
aeronáutico  não estabelece limites ao espaço aéreo. Brasil investe em radares para o controle do
espaço aéreo.

III - Mar territorial: porção de 12 milhas náuticas que se encontra a partir da faixa litorânea. Na década
de 60 o Brasil por decreto defendia 200 milhas. A última convenção 1993 estabeleceu 12 milhas e 188
milhas de zona de exploração econômica exclusiva  só o Brasil pode explorar ou dar autorização para
tal.
Auto mar: não possui exercício de soberania.

3.3 - Extensão do conceito de território: (Parágrafos: 1º e 2º do art. 5º do CP)

Embarcações ou aeronaves públicas ou em missão oficial (particular) a serviço do governo brasileiro onde
quer que esteja é considerado extensão do território brasileiro. TAM levou LULA aos EUA, durante essa
missão foi considerada embarcação pública.

Embarcações ou aeronaves particulares só são consideradas extensão de território em alto mar. Se não
estiver em missão oficial e nem em alto mar, o crime não pode ser julgado pela legislação brasileira.

Hipóteses de extensão de território: embarcações ou aviões públicos, em missão oficial ou particulares em


alto mar.

Se uma embarcação ou aeronave estrangeira pública sobrevoa o Brasil, é considerado uma extensão de
território estrangeiro ou que esteja em missão oficial. Mas se for embarcação particular estrangeira no Brasil
será considerada a lei brasileira.

Embaixadas: a rigor não são consideras extensão de território, mas tem caráter de inviolabilidade (trás a
garantia que ninguém pode adentrar na embaixada sem a permissão do chefe da missão diplomática,
independente de quaisquer casos).

Regulamento especial  Convenção de Viena – não fala que a embaixada é extensão de território. É um
local inviolável (garantia de que ninguém pode adentrar sem autorização).

Crime que acontece na embaixada será julgado no país de origem da embaixada, a não ser que tenha
imunidade diplomática.

Avião da TAM sobrevoando Paris e acontece um crime não é considerado, neste caso, extensão do território.

Se privado ou comercial em nosso território sempre será brasileiro.

3.4 Extraterritorialidade:

É a exceção à lei geral, ou seja, possibilidade de aplicação da lei penal brasileira para um crime que acontece
fora do nosso território.

Art. 7º do CP.

Porque a extraterritorialidade? Razão político criminal.

Princípios da extraterritorialidade (fundamentos principiológicos):

I - Princípio da defesa ou proteção: a lei penal brasileira se aplica contra atentados a bens jurídicos/ valores
nacionais. Exemplo: sujeito que subtrai dinheiro no estrangeiro; pessoa que tenta matar o presidente;

II - Princípio da nacionalidade: leva em contra a nacionalidade do réu ou da vítima. Se a vítima for brasileira é
nacionalidade passiva, se o autor do crime for brasileiro é ativo. A lei penal brasileira deverá seguir o cidadão
brasileiro (hipóteses excepcionais);

III - Princípio da justiça universal: leva em consideração a universalidade de determinados bens e valores.
Exemplo: cidadania; dignidade da pessoa humana. Crime de tortura, genocídio, tráfico internacional de
pessoas, órgãos e drogas.
IV - Princípio da representação: também chamado de principio da bandeira. A lei penal brasileira deve ser
aplicada nos crimes que forem cometidos abordo de embarcações ou aeronaves brasileiras privadas ou
comerciais que estejam em território estrangeiro e que lá não tenham sido julgados.

Hipóteses legais de extraterritorialidade:

Art. 7º do CP.

Ratificam os princípios da extraterritorialidade.

A lei penal brasileira pode incidir sob essas 7 hipóteses de extraterritorialidade:


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Extraterritorialidade incondicionada e condicionada:
→ Incondicionada: a lei penal brasileira obrigatoriamente tem que ser aplicada sem que seja necessária
quaisquer condições especiais para tanto. Art. 7º, I do CP. Exemplo: Lula fez uma visita internacional aos EUA
e sofre um atentado, mas será julgado no Brasil.
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
→ Condicionada: para incidência efetiva da lei penal brasileira, tem que ser cumprida várias condições
especiais para sua efetiva aplicação. Art. 7º, II do CP. Exemplo: cidadão brasileiro comete um furto em
Londres, será possível aplicar a lei brasileira a esse individuo? Será se atender as cinco condições
preestabelecidas.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; o sujeito tem que entrar nos limites territoriais brasileiros. Exemplo:
tráfico de drogas na Indonésia – está no corredor da morte, nesse caso Brasil não pode intervir por ele;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; Princípio da legalidade: ser o fato crime no Brasil e
no estrangeiro. Ex.: Fuma maconha pesada em Amsterdã, porém aqui no Brasil não pode ser punido, pois lá é
livre o uso;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; a lei brasileira não
autoriza extradição de crimes políticos; de crimes de pouca relevância (pena máxima superior a 1 ano);
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
O fato criminoso tem que ser um fato punível:
Nacionalidade pacífica: hipótese de extraterritorialidade condicional no caso da nacionalidade pacífica →
atender às 5 hipóteses mais essas duas hipóteses seguintes:
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Exemplo: Jean Chaves: foi alvejado no metrô inglês, pois os policiais pensaram que fosse um terrorista. Para
ocorrer julgamento: os policiais têm que entrar em território nacional; ser um fato no Brasil e lá; não ser crime
político e nem de pouca monta; não serem absorvidos no exterior; não ter sido perdoado; não ter sido pedida e
negada a extradição; autorização do ministro da justiça.
3.5 - Lugar do crime: chamada de teoria mista ou da ubiqüidade – art. 6º CP (teoria que define o lugar do crime).
Normalmente o lugar do crime não apresenta nenhuma dificuldade para ser definido, mas pode acontecer os
delitos à distância (em mais de um país). Exemplo: cidadão brasileiro que coloca uma bomba no correio e a
mesma estoura na argentina – crime que envolve dois países. A regra para definir o lugar do crime é a mista,
pois considera-se o lugar do crime tanto o da ação/omissão criminosa, quanto o lugar do resultado, ou seja, o
lugar do crime será tanto no Brasil quanto na Argentina.
Aplica-se a lei penal brasileira em face do princípio da territorialidade → basta que parte do crime ocorra em
território nacional.
Síntese de aplicação da lei penal no espaço:
→ definir o lugar do crime → teoria mista
→ se for no Brasil → princípio da territorialidade
→ se o crime acontecer em território estrangeiro → extraterritorialidade – condicionada ou incondicionada.
3.6 - Detração (desconto)
Art. 8º do CP.
Detrair = descontar, diminuir.
É o direito que o condenado tem de diminuir do tempo de pena a cumprir o período que ele já ficou preso em
razão do mesmo crime. Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato – Non bis in idem.

3.7 - Homologação de sentença estrangeira:


Art. 9º do CP
A sentença de um órgão estrangeiro não tem validade, a priori, no Brasil, a não ser que ela seja homologada.
Processo de ratificação da sentença para o Brasil → gerar efeitos no Brasil.
Ela pode se referir a sentenças de diversas naturezas mas aqui a preocupação é com as sentenças penais
estrangeiras.
O órgão competente para essa homologação é STJ (Superior Tribunal de Justiça);
Aqui no Brasil para homologação só é possível para duas finalidades: I)impor uma medida de segurança
(medida de segurança é uma medida terapêutica que é aplicada a um agente portador de um distúrbio mental,
que trás um quadro de periculosidade - potencial para causar danos aos bens jurídicos alheios).Tratamento
compulsório (forçado), podendo ser através de internação ou de tratamento ambulatorial. Para que aja a
aplicação, o portador da anomalia mental tem que ter praticado um ato que representa a sua periculosidade →
fatos anti-jurídicos mas não criminosos (só capazes praticam crimes). Exemplo: um esquizofrênico que mata a
mãe, o mesmo não é considerado crime, pois eles são incapazes. Interesse coletivo. II) reparação do dano →
todo crime enseja uma reparação – reparação do dano que decorre do delito. Exemplo: se um sujeito der um
saco no outro e causar um hematoma, pode abrir processo penal, nesse caso. Interesse particular.
Não se trata de extraterritorialidade.
3.8 - Concurso(conflito) aparente de normas penais:
Art. 10º CP.
Conceito: quando para um mesmo fato que existem duas ou mais normas penais aplicáveis. Exemplo: sujeito
envolvido em uma briga a qual morre uma pessoa, fica foragido → artigos 121,129, 132, e 137. Identificaram o
agressor legal e só ele foi processado por lesão seguida de morte. Outro exemplo: caso Daslu – pena de 94 anos
para sonegação de impostos. Juíza não levou em consideração o concurso aparente de normas penais.
Os princípios solucionarão esse conflito aparente de normas penais.
Para reconhecê-lo, tem que existir dois requisitos.
Requisitos: I) uma unidade fática (uma única lesão do direito) e uma pluralidade de normas aplicadas.
Princípios: (não são exclusivos do CP, são de hermenêutica)
Especialidade:
Consução:
Subsidialidade:

Unidade III – Teoria do crime


1) Conceitos de crime
Estudo dogmático do crime = Teoria do crime (art. 13º a 28º)
Conceitos social, cultural, histórico, coloquial não interessam aqui.
Estuda o crime enquanto fenômeno do Direito → Código Penal.
Conceito não é de fácil visualização no Código.
Conceitos possíveis:
I) Conceito formal - Crime é conduta descrita em lei como tal e punida com uma sanção. Não é um conceito
errado, mas é superficial porque não revela a essência do crime.
II) Conceito material – procura justificar porque a conduta prevista em lei é criminosa. Crime é a conduta
humana que ofende bens jurídicos e punida com uma sanção. Revela um pouco da essência do delito. Mas é
incompleto por não revelar totalmente a essência do delito. “Radiografia” do crime não é feita. Exemplo:
legítima defesa não deixa de ofender um bem jurídico, mas não é crime.
III) Conceito analítico – século XVIII. Criado por Von Beling e aperfeiçoado por Von Liszt. Conceito revelador
da estrutura jurídica do delito. Crime é um fato típico, ilícito e culpável. Vem da palavra análise. Investigação
mais precisa e aprofundada do delito. Revela elementos estruturais, permitindo a análise do crime.
Conceito analítico = estrutura jurídica do crime.
Código Penal → crime tem as 3 características (fato típico, ilícito e culpável). Consagra em vários artigos.
2) Terminologia crime e contravenção
Crime pode ser → GÊNERO : (sentido amplo) sinônimo de infração penal
→ ESPÉCIE : (específico) é diferente de contravenção
Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal
Exemplo: Teoria do crime  gênero ; Crime é mais grave que contravenção  espécie.
Diferenciam-se com relação à pena:
• Crime: pena = reclusão ou detenção.
• Contravenção penal: pena = prisão simples ou multa.
Hoje em dia essa distinção com base na pena não tem sido muito considerada. Exemplo: mudança de pena
para uso de drogas  descarceirização e não descriminalização.
Diferença:
• Contravenção → infração mais leve. Situa numa Lei própria: Lei de contravenções penais –
Decreto-Lei 3688/41.
• Crime → infração mais grave.
Reclusão ≠ Detenção ≠ Prisão simples  a diferença está na forma de cumprimento da PPL.
3) Conceito analítico de crime
Crime é um fato típico, ilícito e culpável.
Os três elementos são seqüenciais – ordem lógica: um depende do outro.
O fato já nasce concomitamente com as três características.
3.1 Do fato típico
É um comportamento humano que corresponde a um tipo penal.
Tipo penal = descrição legal abstrata de um conduta proibida sob ameaça da pena.
Exemplo: Caio mata Luana – fato típico; Art. 121 do CP matar alguém pena de 6-20 anos – tipo penal.
Existindo o fato típico, não necessariamente significa que existiu o crime. É apenas um fato típico.
Princípio da legalidade  fato tem que ser típico para ser crime.
3.2 Ilicitude
Contrariedade ao Direito como um todo.
Fato típico necessariamente contrário à ordem jurídica vigente.
Fato típico (sentido prático) será sempre ilícito se não for justificado.
 JUSTIFICATIVAS LEGAIS:
→ legítima defesa;
→ estado de necessidade;
→ exercício regular do Direito;
→ estrutura do cumprimento do dever legal.
3.3 Culpabilidade
Juízo de reprovação/ censura baseado por pressupostos que a própria lei penal estabelece.
Exemplo: criança de 3 anos não pode ser censurada.
4) Do fato típico
Elementos: Ação
 Relação de causalidade
 Resultados
 Tipicidade
Não pode faltar nenhum desses elementos. Estão em uma ordem lógica. Para um fato ser típico tem que ter
os quatro elementos.
 Teoria da ação:
a. Terminologia – evolução do conceito: o termo ação está colocado no sentido amplo, abrangendo tanto
em sentido literal/positivo (fazer algo) ou sentido de omissão/negativo (não fazer algo, ou seja, o que a lei
diz que não é pra ser feito). Em termos de comportamento humano. [crítica: o termo mais próprio seria
“conduta”].
Mostrará as teorias pela diferença no conceito de ação.
Trabalharemos com o conceito de ação adotado na teoria finalista adotado no Código Penal vigente.
Finalista → é uma evolução dos conceitos.
b. Teorias: causalista, neokantista, finalista (adotada no CO vigente – 1984), social e funcionalista.
I. Causalista: esse conceito é chamado também de clássico ou naturalista. Foi criada por Von
Lisgt; Von Beling. Mesmo conceito analítico de crime. Ação é um movimento muscular humano
voluntário e causador de uma modificação no mundo exterior.
Essa teoria foi influenciada pelo positivismo jurídico. Procurava alinhar os conceitos jurídicos com
as ciências naturais, com os dados colhidos da própria natureza. Interpretavam o crime como um
fenômeno natural. Criminoso tem sempre uma patologia ou déficit biológico que o leva ao delito.
Conceitos da teoria do delito são bem objetivos, neutros.
Elemento subjetivo que se extrai do conceito: exigência voluntária é para separar dos movimentos
involuntários. Dado relativo à vontade/ decisão interna.
Vontade ≠ (eles diferenciam de) Intencionalidade
Querer interno | intenção não interessa
Decisão para o fato |
Conseqüência: intencionalidade enseja os conceitos de dolo e culpa.
Que a ação seja voluntária mas que a intenção seja analisada em uma outra instância –
intencionalidade.
Conseqüência: inserir o dolo e a culpa como parte integrante da culpabilidade.
Código de 40 = causalista; Código atual = finalista.
╚> conceito ultrapassado.
Críticas:
 apego à naturalidade do conceito de ação que faz com que não seja aplicado à omissão
(inércia);
 separação entre vontade e intenção: elas nascem juntas. A intenção é o conteúdo da vontade;
 integra algo que a ele não pertence, que é o resultado, a conseqüência (“modificação do
mundo externo”).
╚> A teoria causalista é considerada superada.
II. Neokantista: (hoje em dia, na contemporânea doutrina alemã, essa teoria tem sido mensionada).
Ação → conceito pouco evolutivo, mudou pouco. Trouxe muitas contribuições na ilicitude e na
culpabilidade. “Ação é um comportamento humano voluntário causador de uma modificação no
mundo externo.”
Movimento de caráter filosófico, que surgiu na Alemanha no começo do século passado. No Direito
representou uma reação ao positivismo jurídico. Se preocuparam em criar uma teoria tendo em vista
o abandono das ciências naturais, do direito natural. Direito quanto uma ciência cultural mutável,
que acompanha evoluções culturais. Procuraram edificar uma teoria de delito voltada para o Direito
como ciência normativa de conceitos valorativos. Abandonar conceitos objetivos rígidos, neutros,
estados naturais pouco evolutivos. Movimento mais filosófico que jurídico.
Axiologismo Ônticos/ ontológicos
- Campo do “dever ser” - campo do “ser”
- Conceitos mais valorativos (normativismo) - conceitos descritivos
- “opinião”, valoração - causalistas/ naturalistas
- Exemplo de conceito valorativo: Código tinha - lógicos, objetivos
em 2005 a expressão “mulher honesta”  “raptar
mulher honesta para fins libidinosos” – conceito
ligado ao aspecto sexual, respeitabilidade sexual.
Existe divergência de conceitos, por ser um juízo
de valor.
Pregava a inserção de elementos valorativos, que poderiam acompanhar a evolução sócio-cultural.
Modificação do causalismo para neokantismo: passa do movimento para o comportamento.
Escola neokantista, entre eles Mayer e Mezger. São chamados de neoclássicos.
III. Finalista: C.P. 84. Conceito em que concentraremos. É a aceita atualmente.
Foi criado por Hans Welzel, pouco depois do neokantismo. Ele fez uma verdadeira revolução dentro
da teoria do delito. Gerou muitos fiéis adeptos.
“Ação é um comportamento humano voluntário e dirigido a uma finalidade.”
Alterações muito importantes:
Ataca o aspecto da separação entre vontade e finalidade/ intecionalidade. Para ele, toda e qualquer
ação é precedida de uma finalidade. Ações humanas são atividades providas de intenção. A intenção
guia a ação.
Vontade + intenção = dolo e culpa. Os dois conceitos são estudados dentro do fato típico.
A principal é inserir o dolo e a culpa dentro do crime. O finalismo vai reconfigurar a culpabilidade.
Retirar do conceito de ação essa força causal.
Sistema misto: normativismo e ciências naturais.
Esse conceito finalista foi consagrado pelo código de 84.

IV. Social: Criado por E. Schimidt. “Ação é um comportamento socialmente relevante - obviamente
humano e voluntário. Dizem que ele seria discípulo do Hans Welgel. Isso porque o conceito de ação
social não choca com o conceito finalista. “Socialmente relevante” → valorativo, emite um juízo de
valor, exige esse juízo do julgador. Radicaliza na proposta normativista. Insignificância do
comportamento. Não inova apenas no conceito de ação: teoria da participação criminal,
culpabilidade etc.
V. Funcionalista: teoria do delito contemporânea (Alemanha). Roxin é o criador. Princípio da
insignificância é uma proposta funcionalista. Roxin entendia que também o conceito da teoria do
delito deveria ser normativo, deixa de ser natural para ser puramente valorativo. Devem valorar o
conceito de acordo com a função do Direito Penal. Conceitos são funcionais. Função do Direito:
proteger bens jurídicos, atrelada à diminuição do poder punitivo estatal → prevenção limitadora.
“Ação é a exteriorização da personalidade.” São atos que indubitavelmente possam expressar a
personalidade do agente. Exemplo: um sujeito numa situação de vulnerabilidade social pode ser
entendido como uma não exteriorização da personalidade do agente, negando a ação e, por
conseqüência, o delito. Não é consagrado no Direito Penal brasileiro.

c. O conceito da ação de acordo com a teoria finalista (elementos). Há dois momentos:


- interno (volitivo) → vontade/ finalidade dolo
culpa
- externo comportamento ativo (fazer)
comportamento negativo (não fazer)
Não poderá faltar um dos elementos na ação do crime.
d. Ausência de ação: (importante: não tem nada a ver com omissão)
Hipóteses da falta de um dos elementos da ação:
Basicamente a falta de um elemento interno.
Dois tipos: (classificação meramente didática e variante)
- ausência de consciência (estado de inconsciência) → sonambulismo, hipnose e epilepsia.
Estado de inconsciência: déficit funcional nas atividades cerebrais. Pode ser induzido ou natural. Movimentação
do corpo é manifestação do estado inconsciente.
Sonambulismo: estágio avançado do sono com movimentos corporais.
Hipnose: estado induzido/ provocado com capacidade de movimentação. É questionável, levaria a um estágio de
semi-consciência.
Epilepsia: patologia que desenvolve descargas elétricas cerebrais. Polêmica porque a inconsciência depende do
estágio da doença. Seu movimento não é fruto de um querer interno.
- ausência de vontade → atos reflexivos, coação física irresistível (vis absoluta).
Vontade: decisão interna do agente.
→ Liberdade da ação
Atos reflexos  respostas a estímulos sensoriais.
Coação moral irresistível: trabalhada na culpabilidade.
e. Da omissão:
Tudo o que foi dito para ação aplica-se à omissão.
O conceito de omissão é próprio do Direito Penal.
* Conceito: omissão penalmente relevante é a ausência da ação esperada e determinada quando o omitente podia e
devia agir, gerando um resultado lesivo a um bem jurídico tutelado.
Conceito de omissão de uma forma bem peculiar no Código Penal.
Aspectos centrais foram colocados → tema dos crimes omissivos
* Requisitos (cumulativos): [Se faltar um requisito não ocorre o crime omissivo jurídico-penal.]
1) Ausência de ação esperada e determinada.
Só existe omissão se existir uma ação esperada e determinada no âmbito do Direito. Exemplo: art. 135 – omissão
de socorrer.
Não se tem no Direito a amplitude do conceito de omissão.
“teoria do agir diverso” → omissão é agir de maneira diversa à norma.
2) Dever jurídico de agir.
Não se trata de dever moral, ético ou religioso. É um dever posto pelo Direito. Exemplo: jornalista que só escuta uma
opinião – omissão ética que ao Direito não importa.
3) Capacidade concreta de ação.
Quando podia e devia agir; tem que ter possibilidade concreta de ação. Às vezes, a própria situação fática impede – o risco
pessoal, por exemplo.
4) Lesividade.
Não há crime sem lesão ou perigo de lesão aos bens tutelados pelo Direito.
5) Dolo/ culpa (elemento subjetivo)
Elemento subjetivo que o vincule ao resultado final, de dolo ou culpa:
 crime omissivo doloso: sujeito se omite com a intenção de gerar um resultado.
 crime omissivo culposo: (negligência) omissão que gera um resultado sem que o agente
queira.

Crimes omissos próprios (puros)/ impróprios (impuros)


Classificação meramente doutrinária.
Características dos crimes omissivos próprios:
1) Está no plano legal. A norma descreve e incrimina o não agir. Omissão tipificada/ descrita em lei.
Sempre utiliza palavras como “deixar de” ou “não socorrer” – em sentido negativo. Exemplo: art. 135 –
omissão de socorro “deixar de prestar assistência”; art. 269.
2) Resultado jurídico → conseqüência da ação ou omissão criminosa. Alguns resultados são
naturalisticamente constatados. Exemplo: homicídio, hematomas, dano patrimonial. → eventos que
modificam o mundo externo – só é caracterizado porque a norma descreve o resultado. Não pode ser
constatado pelos sentidos naturais. Exemplo: porte ilegal de armas → não existe conseqüência
naturalística. Os crimes omissivos próprios têm sempre resultado jurídico.
3) Dever de agir. Aqui é genérico, mas não significa necessariamente que é de todos. Significa que
não é específico, especial. Atinge um número indeterminado de pessoas. Exemplo: art. 269 – o dever de
notificação atinge a todos os médicos.
Crimes omissivos impróprios ou impuros ou comissivos por omissão:
Comissivo é oposto de omissão = ação.
Explicação quanto à literalidade da norma:
1) A norma descreve, em tese, um comportamento positivo. Exemplo: art. 121 – “matar alguém”.
Código tem normas que equiparam a ação à omissão.
2) Tem sempre resultado naturalístico.
3) Crimes que tem um Dever Especial de agir → posição de garantidor.
Posição de garantidor
Art. 13 parágrafo 2º do CP.
Somente algumas pessoas podem praticar tais crimes. São as que estão em posição de garantidor. Exemplo:
recém nascido com relação à mãe – leite materno. A posição de garantidor só existe para algumas pessoas.
Exemplo: policiais garantidores da sociedade; médico garantidor do paciente; salva-vidas garantidor do banhista.
Lei Ordinária Federal → posição de garantidor:
3 posições de garantidor no Código Penal:
I) Que decorre de um dever legal. Dever de cuidado proteção ou vigilância. Proteção abrange cuidado e vigilância.
Exemplo: pais em relação aos filhos, e vice-versa (Código Civil). Policiais em relação à sociedade.
II) Assunção voluntária. Vontade idônea. Normalmente decorre de um contrato. Exemplo: contrato de segurança, de
prestação de serviços médicos etc. Mas não se esgota no contrato, pode por ato unilateral o sujeito assumir o
engargo. Exemplo: atravessar um deficiente visual na rua, em determinada circunstância (garantia por ato unilateral
de vontade).
III) Ingerência. A posição de garantidor decorre de um comportamento precedente gerador de risco. Exemplo:
fumante joga toco de cigarro e causa um incêndio; jogar um indivíduo que não sabe nadar na piscina, e então passa
a ser garantidor do sujeito. Problema: diversos comportamentos humanos são geradores de risco que faz com que a
ingerência seja muito ampla – crítica à amplitude que ocorre da ingerência. Proposta: limitar a ingerência ao
comportamento precedente contrário ao Direito. Exemplo: ingerência não ocorre com um piloto de avião em
relação aos passageiros; nem aos policiais em relação à sociedade; nem ao motorista em relação aos caronas.
 Sem a posição de garantidor não há que se falar em omissão imprópria.
 De irmão para irmão não há posição de garantidor.
 Relação de causalidade
a. Conceito de causa
Art. 13 do CP.
Qualquer conduta humana que contribui para um resultado lesivo (dano ou perigo de dano a um bem jurídico).
CONDUTA RESULTADO Dano BEM

Relação de causalidade Perigo

O resultado não seria o mesmo se não fosse aquela conduta.


Remete sempre a uma lei natural que explica os efeitos da ação (de uma bala no corpo humano, por exemplo)
Nem todo resultado precisa da participação da medicina: o furto, por exemplo.
Existem inúmeros conceitos de causa, mas o Código adotou a Teoria da equivalência dos antecedentes causais.

b. Teoria de equivalência dos antecedentes causais


╚> conditio sine qua non
Causa: qualquer contribuição que seja relevante para o crime.
Tem uma neutralidade grande → crítica = se chega ao infinito.
Remete a uma lei natural.
Conseqüência → ausência de diferença, no Código Penal, dos conceitos de “causa” e “condição”.
╠Causa: o que determina a transformação do mundo.
╠Condição: o que permite a causa agir.
→ o autor da condição seria punido de forma mais branda do que o autor da causa.

c. Processo Hipotético de Eliminação de Thyrren


(dependência de AB em A e B)
A+B = AB, sendo A = causa; B = causa; AB = resultado
Se você quer investigar se uma determinada ação é causa de um resultado, basta hipoteticamente imaginar se
aquela ação não tivesse acontecido, qual seria o resultado.
Tira-se A de AB; se AB não ocorrer, A é causa geradora do resultado AB.
Nem todos delitos vão trabalhar com esse conceito de causa – interessa aos crimes de resultados naturalísticos.

d. Concausa
Definição: quando duas ou mais causas produzem o mesmo resultado.
Essas concausas não excluem o conceito de causa que está definido no art. 13 do CP.
Exemplo: assaltantes que roubam uma casa e o dono tem um ataque cardíaco. Serão acusados de roubo +
homicídio culposo intencional. Também obedece o conditio sine qua non.

Superveniência de causa relativamente independente:


Art. 13 § 1º.
É uma exceção da concausa.
No caso de uma concausa posterior ocorre isso, alterando a imputação do resultado quando for imprevisível.
Exemplo: fulano dá um soco em beltrano, que tem lesão no supercílio e vai pro hospital de ambulância.
Porém, o motorista da ambulância estava embriagado e causou um acidente em que beltrano morre.
Como se aplica o processo de investigação de Thyrren: se o sujeito não tivesse dado um soco em beltrano,
ele não teria entrado na ambulância e não teria morrido: e princípio, o autor do soco seria também causador da
morte (teoria da equivalência).
Mas o CP resolve esse problema dizendo que:
“Quando uma concausa for posterior à conduta do agente e levar a um resultado imprevisível, entende-se que
houve uma ruptura da relação causal (cadeia). A pessoa responde somente pelo que acontecer até a ruptura da
cadeia causal.”

Ruptura da cadeia causal

A1 |-----------------|---------------------| R1 (Lesão leve)


(concausa)

R2 → imprevisível em relação à conduta inicial (morte)

Concausa Posterior (não pode ser anterior nem concomitante)


Resultado imprevisível (quando comparado com a conduta inicial)

 Do Resultado (crimes de dano e crimes de perigo)


Conceito inicial: Dano(I) ou perigo de dano(II) ao bem que se protege.
I → art. 121 do CP.
II → art. 132 do CP.
No CP de 1940 (causalista) o resultado era chamado de resultado naturalístico → evento que se traduzia em
uma modificação do mundo externo, era perceptível pelos sentidos, naturalisticamente comprovado (exemplo:
morte, lesão corporal etc.). Para os causalistas, este era o resultado. Mas na legislação penal há vários crimes
que não causam essa modificação no mundo externo (exemplo: porte ilegal de armas). Os causalistas
chamavam estes crimes de sem resultado.
Então, o finalismo veio e resolveu esse problema no art. 13. Eles deixaram claro que todo crime tem que ter
resultado.
 Conceito jurídico de resultado: “Qualquer lesão ou perigo de lesão a um bem tutelado.”
Independente de uma constatação empírica (cheiro, toque etc), basta que a lei diga.
Resultado de porte ilegal de arma: perigo para a segurança coletiva.
Então, hoje em dia: a todo crime corresponde um resultado; que pode ser naturalístico (lesão) ou perigo de
lesão ao bem jurídico tutelado.

Classificações quanto ao resultado:


• Crime material: são crimes de resultado naturalístico (evento que traduz modificação do mundo
exterior, constatada empiricamente, pelos sentidos).
Há uma separação entre ação e resultado: ação é a causa (vem primeiro) e o resultado é a conseqüência
(vem depois).
• Crime formal: não tem resultado naturalístico, é meramente jurídico. Há uma lesão ou perigo de
lesão que a norma afirma existir. O resultado é jurídico, não precisa de transformação do mundo
externo.
São crimes cuja ação e resultado são concomitantes. A própria ação é o resultado jurídico. Estão
indissociavelmente ligados.
Exemplo: crime de injúria – ofender a integridade de alguém. O dano à honra existe pelas próprias palavras
que são proferidas. O próprio comportamento é o crime.
Embora não haja necessidade de uma conseqüência do crime já estar acabado, essa conseqüência existe e é
mencionada na norma. Há uma dispensa do resultado, porém, ele não é inexistente. Exemplo: crime de
extorsão (art. 151). Apenas pelo fato de ter ameaçado já há o crime (mesmo se não houver pagamento
nenhum pagamento de dinheiro).
Crime de consumação antecipada o resultado naturalístico é dispensável.
• Crimes de mera conduta: apenas para alguns doutrinadores há a diferença do formal para o de
mera conduta. Não tem resultado naturalístico. Não há nenhuma conseqüência mencionada pela norma,
ela apenas proíbe uma conduta.
Nos crimes formais o resultado naturalístico existe, mas é dispensável. Nos crimes de mera conduta não
existe resultado naturalístico.

 Tipicidade
a. Conceito: é a adequação do fato ao tipo penal.
Espécies: é a descrição abstrata de uma conduta proibida por lei sobre ameaça da pena. São sempre descritos em
lei. Exemplo: art. 121 – matar alguém, pena de 6-20 anos → tipo penal do homicídio. Se fulano mata beltrano
corresponde ao tipo (matar alguém) → tipicidade.
TIPICIDADE

Matar alguém fulano mata beltrano

Hoje em dia tem-se exigido que o conceito seja ampliado para um ponto de vista valorativo.
A proposta é que o tipo penal também seja visto sob o ponto de vista valorativo → tipicidade material.
• Tipicidade formal: compara o fato à descrição formal do comportamento proibido.
• Tipicidade material: o intérprete realiza um juízo valorativo. Não apenas se o fato correspondeu
ao tipo, mas se o fato tem um mínimo de lesividade: tem que ter uma lesividade mínima no
comportamento. Exemplo: subtrair um palito de fósforo = subtrair coisa alheia móvel (furto). Porém,
esse comportamento apresenta uma lesão insignificante para o Direito Penal → concorda com o Direito
Penal mínimo – princípio da insignificância e da adequação social.
Verdadeira tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade material.
É por causa disso que o princípio da insignificância faz com que o réu seja absolvido: os fatos são atípicos
por faltar a tipicidade material.

b. Tipo penal: é uma descrição de uma conduta proibida, sempre descritas em lei.
O tipo é a “imagem reguladora” → Von Liszt
╘>descrição ╘> regula os comportamentos humanos.
abstrata, imaginada, espelho do que não se deve fazer.
Matar alguém (imagem)  sanção de 6-20 anos.
╘> função reguladora
Funções do tipo penal: (são 3)
1) Função seletiva: seleciona os comportamentos, a priori, proibidos, daqueles permitidos no
âmbito jurídico. Não se trata de divisão entre certo e errado, mas dos comportamentos tratados ou não
pelo Direito Penal.
2) Função de garantia: se os fatos atípicos não são criminosos, o próprio tipo nos indica quando
podemos, por exemplo, perder a nossa liberdade de locomoção. Garante ao cidadão um instrumento de
proteção à sua liberdade, pois os fatos atípicos não constituem crime.
3) Função indiciária: o tipo penal é um indício, é um sinal da ilicitude. Não a define (não dá a
certeza), mas sinaliza. “O tipo está para a ilicitude assim como a fumaça está para o fogo.”  expressão
de Wolzol.

Ilicitude = contrariedade ao direito.


Porém, um fato pode ser típico, mas não ser contrário ao direito. Exemplo: legítima defesa.
Um fato típico só é certeza de ilícito caso não haja nenhuma justificativa.
Fatos típicos, mas não ilícitos: legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, estado de necessidade e
exercício regular do direito.
A certeza depende das causas de exclusão da ilicitude – art. 123.
Um tipo sempre tem seu lado objetivo e subjetivo.
c. Tipo objetivo (parte objetiva) - elementos descritivos/ elementos normativos
Essa parte objetiva do tipo é composta por dois elementos:
 Elementos descritivos (são 7 elementos)
São objetivos, descrevem uma realidade, um intérprete os identifica objetivamente.
1 – Sujeito ativo: crime comum ≠ crime próprio ou especial
╘> cometidos por um autor especial. Exemplo: funcionário público.
É o autor da conduta típica. É o criminoso, delinqüente, réu etc. Até 1998 só os humanos podiam
ser sujeitos ativos de crime. Após essa data, as pessoas jurídicas também podem – somente por
crimes ambientais (Lei n. 9605/98).
 Crime comum ≠ crime especial (próprio)
╘> crime de peculato  cometido por funcionário público
Sujeito ativo pode ser substituído por outro.
 Crime de mão própria: são encargos personalíssimos. A atuação é personalíssima. O sujeito não pode ser
substituído por outra pessoa.
2 – Sujeito passivo: é a vítima, o ofendido, é quem tem o bem jurídico lesado.
3 – Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente. É o alvo.
Exemplo: Eu subtraio o estojo de Gabriela.
╘> concentra a materialidade do delito.
Eu dou um tapa na cara de Gabriela.
╘> lesões na cara da Gabriela concentram a materialidade.
A coincidência entre objeto material e sujeito passivo ocorre nos crimes contra a pessoa.
4 – Objeto jurídico: é o bem protegido. Exemplo: vida.
5 – Núcleo: é o verbo do tipo. É o verbo que indica a ação do tipo. Exemplo: É proibido matar.
╘>núcleo
6 – Circunstâncias: são dados secundários (lugar, tempo do crime etc), que podem aumentar ou diminuir
a pena.
7 – Nome jurídico (nomen iuris)
É a forma que o crime fica conhecido no meio jurídico. Exemplo: homicídio, latrocínio etc. Nem sempre
existe.
 Elementos normativos
São palavras ou expressões que dependem de um juízo de valor.
Dependem de uma valoração do julgador. Forma descobertos e inseridos nos tipos penais pelo neokantismo.
Exemplo: violar indevidamente correspondência alheia.
╘> o que é indevidamente? Valorativo, opinativo.
O problema está em criar um juízo penal arbitrário. Eles não são contrários ao princípio da legalidade mas se a
descrição do crime depender completamente de um juízo de valor ou se essa valoração não estiver descrita de
alguma forma um pouco mais objetiva, isso pode estar ofendendo o princípio da legalidade.

d. Tipo subjetivo: I)Doloso II)Culposo


Só existem por conta do finalismo (ações decorrentes de uma vontade dirigida a uma finalidade – dolo ou
culpa)
Parte subjetiva do tipo penal  consagração do finalismo.
Dolo e culpa são exigências constitucionais.
1) Tipo doloso:
Art. 18 Parágrafo único. Os tipos culposos são a exceção. Por ser exceção, deve estar expressa em lei.
Princípio da excepcionalidade dos crimes culposos. O dolo é o elemento subjetivo que constitui-se em
regra geral nos tipos penais.
Conceito: dolo é a vontade de realizar a conduta típica e produzir o resultado lesivo. Está ligado à
vontade e intenção do agente em realizar o tipo e gerar o resultado mencionado no tipo penal.
Teorias: (existem 3)
I) Teoria da vontade: art. 18, I (quando o agente quis o resultado). Adotada pelo CP. Trabalha o
dolo direto. “Dolo é a vontade de produzir um resultado lesivo determinado.” Existe a vontade do
agente.
II) Teoria da representação: excluída do nosso CP. “Não é preciso vontade nem concordância. Basta
que o agente tenha a representação mental do resultado.”
III) Teoria do assentimento: art. 18, I (quando concorda com ele). Adotada pelo CP. Trabalha o dolo
eventual. “uma conduta para ser dolosa, basta que o indivíduo concorde com o resultado.” Não é
necessário que o agente queira o resultado, basta que ele aceite a sua ocorrência. Exemplo: sujeito joga
bomba caseira dentro de um ônibus. Ele pode não querer matar, mas aceita o resultado da morte que,
porventura, ocorra.
Elementos do dolo:
Tem sempre dois elementos.
I) Cognitivo: o agente deve conhecer os elementos do tipo penal. Exemplo: para agir dolosamente o
indivíduo deve saber que está matando alguém. Exemplo: matar uma pessoa que está vestida de urso em
uma fazenda, achando que era um urso de verdade. Erro de tipo: envolve os elementos do tipo.
╘> quando ele é inevitável, ele exclui o dolo e a culpa.
╘> quando é evitável, exclui apenas o dolo. Responde apenas pelo
culposo.
II) Volitivo: é a vontade de produzir o resultado ilícito. É a vontade de matar, a vontade de furtar.

Espécies de dolo: dolo direto e dolo eventual


I) Dolo direto: é quando o agente quis o resultado determinado, que pode ser a morte da vítima, a
lesão corporal grave etc. O agente sempre sabe o que ele quer. Ele sabe que vai produzir o resultado.
Dolo indireto: (alguns da doutrina) o agente não sabe o que quer.
II) Dolo eventual: o agente não quis diretamente o resultado, mas assumiu o risco de produzir. O
conceito foi criado por um finalista alemão chamado Frank, com a teoria do assentimento. Ele dizia que
tão grave quanto querer um resultado ilícito é concordar com o risco desse resultado, mesmo não sendo
a vontade do agente. Equiparou o conceito de vontade com o de aceito (concordância). O conceito de
vontade/ desejo é diferente do conceito de aceito/ concordância.
╘> usado no dolo direto ╘> usado no dolo eventual
O legislador brasileiro equiparou esses dois conceitos trabalhados por Frank (vontade e
consentimento).
Quem praticou um crime com dolo direto vai ter a mesma pena de quem praticou um dolo
eventual.
Elementos do dolo eventual:
 Previsão do resultado: presente no dolo direto.
 Aceito, concordância coma previsão do resultado (acreditar que o resultado vai ocorrer). Não
está presente no dolo direto.

No dolo eventual, um agente que realiza um comportamento e tem conhecimento que pode
produzir um resultado ilícito, mas mesmo assim opta por prosseguir realizando tal
comportamento.
O CP quando escreveu não disse “assumir o resultado”, mas sim “assumir o risco de produzir o
resultado”. Essa expressão gera uma confusão com o crime culposo (onde o agente realiza uma
conduta perigosa). No crime culposo o agente também pratica condutas de risco (fazem parte de
comportamentos imprudentes, negligentes, imperícios), pratica comportamentos perigos. O
conceito de assumir o risco torna-se muito amplo.
Mas o dolo eventual não é apenas aceitar riscos, é também concordar com o resultado. É mais do
que uma mera conduta perigosa, é uma conduta perigosa em que subjetivamente o agente
concorda com o resultado final.O sujeito não “ligou o foda-se” para o que acontecer, não é a
teoria da indiferença que o CP adotou, mas é a teoria do assentimento. Ele não fala “foda-se”.
Ele fala “se morrer, eu concordo.”
Exemplo: dolo eventual – torcedor pegou uma bomba de fabricação caseira, jogou em um ônibus
de torcida adversária e matou um homem. Ele não desejou a morte de ninguém, mas estava
ciente de que sua ação poderia provocar resultados danosos, inclusive morte. Ele não queria
matar a vítima, mas conhecia o caráter possivelmente letal de seu comportamento e, mesmo
assim, insistiu na ação.
Esse conceito para acidentes de trânsito às vezes é mal aplicado. O acidente de trânsito, muitas
vezes é causado por uma imprudência. Mas dolo eventual não é só assumir riscos. O indivíduo
deve prever o resultado e concordar com ele. Normalmente nos acidentes de trânsito os
indivíduos acreditam que o resultado pode acontecer, mas não com ele.
A diferença de dolo eventual e culpa consciente está na subjetividade do agente. Exemplo:
atirador de facas no circo. Em 20 anos a atividade nunca acertou a filha, mas um dia o atirador se
sentiu estranho antes de atirar a faca, teve um pressentimento mas, mesmo assim, atirou a faca
que pegou no coração da filha.  culpa consciente.
Outro dia ele dispara as facas contra a sogra e pensa: “posso acertar minha sogra. Se eu não
acertar, tudo bem. Mas se eu acertar, está bom também.”  dolo eventual.
Dolo eventual é, antes de tudo, dolo.
2) Tipo Culposo
É excepcional. Decorre do princípio da excepcionalidade do crime culposo. Por ser exceção,
deve estar expresso claramente em lei.
Conceito de culpa:
“Culpa é a desobservância do dever de cuidado objetivo.”
No delito culposo, o sujeito desobserva uma regra de cuidado (o sujeito não quer matar, não quer
machucar, mas acaba ensejando esses danos por causa de uma desobservância à uma regra de
cuidado (regra cautelar).
Os riscos, constantes na sociedade, devem ser minimizados, por isso existe a regra de cautela que
o Direito prescreve.
A culpa tem um lado subjetivo (mais forte) em que o sujeito não deseja o ato ilícito, não há a
intenção de provocar o resultado. Aspecto objetivo: ele viola uma regra de cuidado (exemplo:
ultrapassa o sinal vermelho).
Requisitos do crime culposo:
1) Comportamento descuidado (ausência de cautela). Caracteriza a imprudência, negligência e
imperícia.
2) Relação de causalidade: é a mesma dos crimes dolosos. Conditio sine qua non.
3) Resultado involuntário: o resultado não é desejado pelo agente. Apesar disso o agente causa
o resultado por negligência, imperícia e imprudência.
4) Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de prever um resultado. É a mera possibilidade,
não a previsão real do resultado.
Previsibilidade é a qualidade dos fatos previsíveis e então é analisada por parâmetros
objetivos de constatação da previsibilidade. O parâmetro tem bases objetivas.
Quem ultrapassa sinal vermelho pode prever que vai atropelar alguém? Sim!
A análise subjetiva é abordada na culpabilidade. Padrão objetivo de constatação: “se um
adulto der um murro em um recém-nascido, há grandes chances do bebê morrer.”
5) Tipicidade: é excepcional, deve estar expressa no CP.
6) Ilicitude {Também nos crimes dolosos
7) Culpabilidade {Também nos crimes dolosos
Modalidades de culpa: (são 3)
- imprudência
- negligência
- imperícia
1) Imprudência
É a modalidade mais abrangente.
“É o agir de forma descuidada, sem cautela, de forma afoita e apressada, descumprindo as regras de
cuidado.” Pode ser apresentado como um gênero que abrange a negligência e imperícia (só para alguns
autores).
O sujeito realiza uma atividade sem o cuidado que ela requer. Exemplo: clínico geral que receita remédio
para dor sem pesquisar o quadro adequadamente a essa pessoa depois morre de apendicite.
A pessoa faz algo, mas faz mal feito.
Possui todas as condições de agir como a norma manda, são capazes, têm aptidão. A pessoa sabe e faz
errado.
2) Negligência
É a modalidade omissiva da culpa. É o não fazer. É a inércia. Violação do mandamento
normativo que o manda agir.
A pessoa não faz nada.
Exemplo: cirurgião que não verifica o estoque de sangue reserva em um procedimento que dele
necessite. O cirurgião achou que não seria necessário fazer essa previsão de estoque de sangue
emergencial e o paciente falece esperando o sangue chegar de outro lugar.
São capazes, têm aptidão.
Não faz o que devia ser feito.
3) Imperícia
É a modalidade mais específica. Só se refere quando estiver envolvida uma atividade de arte ou
de profissão.
Nesses dois casos são necessários um conhecimento específico ou um dom.
O imperito é o que não tem o conhecimento específico que a profissão exige ou o dom que a arte
requer.
São incapazes, não têm aptidão.
Não sabe fazer.
Espécies de culpa: culpa consciente e culpa inconsciente
1) Culpa inconsciente: o sujeito não tem previsão do resultado, mas tem previsibilidade. O
sujeito não previu o ato ilícito, mas poderia ter previsto. Não tem previsão, mas a possibilidade de
previsão.
2) Culpa consciente: existe a previsão do resultado, existe a antevisão do resultado. Diferente do
dolo ele acredita sinceramente que o resultado não ocorrerá, apesar de ter previsto o resultado.
 Dolo direto – quer o resultado.
 Dolo eventual – o resultado é ratificado pelo agente. Prevê e concorda com o resultado.
 Culpa consciente – prevê o resultado, mas não acredita que ele ocorrerá. Tem plena
consciência do risco que corre mas acredita sinceramente que não ocorrerá. Muito presente nos
crimes de trânsito, nos casos de embriaguês.
3) Preterdolo
É a soma do dolo (primeiro momento) com a culpa (momento subseqüente).
É o dolo em um primeiro momento e a culpa no subseqüente.
É o elemento subjetivo em que o sujeito inicialmente quer o resultado (+brando, + leve), mas não
quer o resultado mais grave que acaba por ocorrer.
Exemplo: art. 129  lesão corporal seguida de morte. O sujeito quer dar uma garrafada na
cabeça do outro para machucar a vítima, mas se excedeu na força do golpe e acaba por levar ao
resultado morte, que ele não desejava inicialmente.
Imprudência: pôs força demais no golpe  culpa.
Preterdolo: só vai existir nos crimes qualificados pelo resultado. Art. 19 – consagra o preterdolo.
 Ainda existem outros elementos subjetivos (motivações, finalidades específicas de atuação,
ânimos), abordados por alguns autores: elemento subjetivo, psicológico etc. do tipo. Ânimus
injurlandi, ânimus difamante.

Iter criminis – caminho do crime: está no meio da ilicitude e da culpabilidade.


É uma forma especial de tipicidade.
São as fases pelas quais passa a realização de um delito.
São as etapas pelas quais passa a realização de um crime.
São 5 fases:
1)Cogitação
2)Atos preparatórios
3)Atos executórios
4)Consumação
5)Exaurimento (em alguns crimes)

a)Cogitação
É uma fase subjetiva, interna do delito. O sujeito cogita a prática de um delito.
Só existe nos crimes dolosos.
É uma fase que não encontra nenhuma punição.
b)Atos preparatórios
É externo.
É a preparação do crime.
Exemplo: compra da arma, estudo da rotina da vítima, colocação das balas na arma.
Regra geral: não são puníveis.
Exceção: quando o ato por si só já configura um crime.
Exemplo: comprar motosserra é crime. O professor teme a expansão do direito penal a caminho de um direito
penal máximo por causa disso.
c)Atos executórios
É o começo da execução da conduta típica e, portanto, do delito. Começa a matar alguém, começa a subtrair
coisa alheia móvel.
Uma das maiores dificuldades do Direito Penal é a distinção de atos preparatórios e executórios. No homicídio
é mais fácil de visualizar, mas no caso de furto é mais difícil (quando é o começo de uma subtração de coisa
alheia? É tocar na coisa alheia móvel?)
O critério que faz essa distinção entre atos preparatórios e executórios é a Teoria formal objetiva: a distinção
está em se o sujeito começa a realizar o núcleo do tipo. Deve analisar primeiro o tipo penal  o verbo é matar
 quando começa a matar, o verbo subtrair  quando começa a subtrair. Dificuldades na sua aplicação prática.
Depende da lingüística. Depende do verbo tipo.
Zaffaroni propõe, então a Teoria do plano individual do autor: tem conteúdo mais material e busca analisar a
lesividade (ou ausência dela) no comportamento do autor.
O juiz deverá analisar o plano concreto da ação. Depois deve analisar o que, para o autor, é começar a conduta
caracterizada como um crime.
Exemplo: segurança que pula em indivíduo com objeto reluzente na cintura (arma) que entra numa loja.
O réu que confessa que ia assaltar – Teoria formal objetiva  não poderia condenar
\ Teoria do plano individual do autor  poderia condenar
d)Consumação
É quando todos os elementos do crime estão contidos. O crime está contido e acabado. Já tem até o resultado.
e)Exaurimento
Não está presente em todos os delitos, é uma fase especial, uma fase sui gêneris.
Crimes formais (Consumação antecipada) → basta o agente realizar a conduta que o resultado já está
acontecendo. Extorsão: ao ameaçar a vítima, o crime já se consuma.
Fase de Exaurimento: após a consumação já se alcança o resultado naturalístico por ele buscado, é uma fase que
só existe nos delitos formais. Se o travesti que ameaçou o Ronaldo Fenômeno tivesse conseguido os 50 mil
reais com a extorsão, ocorreria a fase de exaurimento.

4) Tentativa
4.1
Art. 14 do CP.
Em latim é chamada Conatus.
Tentativa é o início da execução de um delito e a não consumação por causas alheias.
É o iter criminis incompleto, pois não alcança a consumação.
3 elementos caracterizam a tentativa:
→ Elementos objetivos da tentativa
I) Início da execução: sair da fase preparatória e ir para executória. (deve-se aplicar ou a teoria formal objetiva
ou a do plano individual do autor).
II) Não consumação por circunstâncias alheias: devem ser estranhas à vontade do agente. Exemplo: intervenção
policial.
→ Elemento subjetivo da tentativa
III) Dolo: só tem tentativa nos crimes dolosos, nos culposos não existe.
Espécies de tentativa:
→ As que olham o iter criminis
I) Tentativa perfeita: o agente executa todos os atos executórios, toda a ação criminosa. Exemplo: Disparar 5
balas em uma pessoa, que sobrevive por uma intervenção cirúrgica. O agente fez tudo que estava em seu
alcance.
II) Tentativa imperfeita: os atos executórios são interrompidos. Exemplo: erra o primeiro tiro e no segundo a
polícia intervém e o impede de atirar na vítima.
→ A que olha se o objeto de proteção foi atingido
III) Tentativa branca: leva em conta o bem jurídico tutelado. O objeto de proteção (bem jurídico) não é atingido
pelo agente. O delinqüente atira 5 vezes contra a vítima, mas a vítima sai ilesa, nenhuma bala o atinge.
Pode existir uma tentativa perfeita branca e uma tentativa imperfeita branca. São categorias diferentes.
Punibilidade
É importante porque fala o critério de diminuição da pena. Pode diminuir 1/3 a 2/3. O juiz usa como critério
para a redução da pena um critério objetivo: é o critério do desenvolvimento do iter criminis. Quanto mais
próximo da consumação, maior é a pena → diminui menos (apenas 1/3). Se for distante da consumação →
diminui mais (2/3). O grau de diminuição da pena é inversamente proporcional à proximidade da consumação.
Na tentativa branca a diminuição da pena é maior.
Crimes que não admitem tentativa:
I) Crimes culposos }o elemento da tentativa é apenas o
II) Crimes preterdolosos }dolo e não há nesses dois.
III) Crimes unisubsistentes: “um só ato” → crime que se consuma em um só ato: então é indivisível e não pode
fracionar o iter criminis. Exemplo: injúria verbal.
IV) Crimes omissivos próprios: há a falta da ação esperada que não necessita uma conseqüência. Não há
divisão do iter criminis. Exemplo: omissão de socorro → se você não socorre você comete o crime, se você
socorre já não mais comete o crime.
V) Contravenções penais: não se pune por disposição expressa da lei de contravenções penais.
VI) Crimes habituais: exigem um hábito de vida. O agente realiza a conduta como um hábito da sua vida.
Exemplo: crime de vadiagem; casa de prostituição. O iter criminis é incompleto.

4.2 Desistência voluntária/ arrependimento eficaz


RT. 15 do CP.
Desistência voluntária: Se o agente desiste voluntariamente ou inicia uma nova ação que salva o bem jurídico
(impede a consumação) o agente só é punido pelos fatos já praticados.
- Começo da execução (interrompe a execução dos atos)
- Interrupção por vontade própria
Arrependimento eficaz: há a realização de todos os atos executórios, mas antes do ato se consumar o sujeito
realiza uma nova ação salvadora, ação para salvar o bem jurídico.
- Realiza atos de execução completamente (realiza toda execução e depois que vem a ação salvadora)
- Realiza nova ação salvadora (Exemplo: esposa dá veneno pro marido e depois que ele passa mal ela dá
o antídoto)

É uma decisão interna do agente, por isso não é tentativa: falta um dos elementos da tentativa: circunstâncias
alheias à vontade.
São hipóteses de inadequação típica (atipicidade) da tentativa porque os crimes são desertos na parte
especial do CP, na forma consumada.
Vn Lizt chama a desistência voluntária e o arrependimento eficaz de ponte de ouro. Na verdade o agente
estava no iter criminis trilhando o caminho do crime mas atravessa uma ponte de ouro que sai do caminho da
ilicitude. Muitas vezes o réu sai completamente do crime, indo para um caminho de total ilicitude.
Alguns autores chamam de ponde de prata porque há uma punibilidade residual.
Apesar da desistência voluntaria e do arrependimento eficaz se evita o crime, mas ainda persiste um delito
residual.

4.3 Arrependimento posterior


Art. 16 do CP.
Não tem nada a ver com arrependimento eficaz.
No arrependimento eficaz o iter criminis é incompleto, o crime não se consumou.
No arrependimento posterior o crime já está completamente consumado. Se você repara o dano até o
recebimento da danúncia (acusação formal que começa o processo).
O arrependimento deve ser voluntário, mas não precisa ser espontâneo (o advogado pode sugerir).
Só existe nos crimes sem violência.
Arrependimento eficaz → crime não se consumou e tentativa de prevenir.
Arrependimento posterior → o crime já se consumou e tentativa de reverter o bem jurídico.

4.4 Crime impossível (tentativa inidônea → nome mais correto)


Art. 17 do CP.
O comportamento criminoso é viciado, inidôneo (nunca vai alcançar consumação) pelo meio que ele utiliza pou
pelo objeto para o qual a conduta é direcionada.
A chance é de 0% de se atingir a consumação.
É impossível por dois motivos:
- Meio: balas de festim para matar vítima.
- Objeto: material ou jurídico para o qual é direcionada. Exemplo: atirar em uma vítima que já está morta.
É uma hipótese de atipicidade da conduta porque não há lesão nem perigo de lesão (não há lesividade –
exemplo: revólver com problema em que a bala masque → existe chance de funcionar, então não é crime
impossível).
O nosso CP adotou a Teoria Objetiva Temperada:
- ausência de lesão ou perigo de lesão.
- se houver uma chance mínima para o crime se consumar há uma tentativa punível, e não crime impossível.
Exemplo: revólver com problema em que a bala masca → como existe chance de funcionar, não é crime
impossível.

5)Ilicitude (antijuricidade)
a. Conceito, terminologia
É a contrariedade ao Direito como um todo. O fato típico será também ilícito quando contrariar o direito como
um todo. É uma valoração negativa do fato como sendo ofensivo ao direito como um todo.
A ilicitude penal deve ser típica, requer um fato típico. A ilicitude penal é sempre típica, até mesmo para exercer
o princípio da legalidade.
Alguns autores usam o termo antijuricidade para dizer ilicitude, são termos equivalentes. O termo ilicitude é
abordado no CP.

b. Espécies
→ Ilicitude formal (ausência das justificativas legais no art. 23): é aquela constatada simplesmente pela
ausência de justificativas legais. Quando um fato típico não estiver amparado pelas justificativas legais, é
considerado uma ilicitude formal. O fato típico será ilícito quando não justificado. Essa análise efêmera, rápida
é a ilicitude formal. Ligada à função indiciária do tipo.
→ Ilicitude material: é uma relação de antagonismo, contrariedade aos valores éticos-sociais que remetam a
sociedade a um momento histórico cultural. Há uma certa danosidade social, não apenas a aferição das
justificativas legais. Não são justificativas apenas as do art. 23 (justificativas legais), mas também as supra-
legais, como o Consentimento do Ofendido.
Não fere o princípio da legalidade, pois o rol do art. 23 é apenas exemplificativo. Não quer dizer que está acima
da lei, mas sim que o rol do art. 23. Não é exaustivo.

c. Causas de exclusão da ilicitude


São as justificativas legais.
I – Legítima defesa
Prevista no art. 25 do CP.
É uma norma permissiva, causa de justificação que é importante para o Direito, pois decorre do instinto de
preservação.
É a regulamentação legal do instinto de preservação inerente a todo ser humano.
Requisitos:
1 – Agressão injusta: é sempre o revide de uma agressão injusta, que é aquela não autorizada pelo Direito como
um todo. Não tem valor ético, moral e religioso. Tem que ter sido praticada por um ser humano (se for um
animal, é estado de necessidade).
2 – Agressão atual ou iminente: que está ocorrendo ou estar prestes a ocorrer. O estado prévio dessa agressão já
autoriza (iminente).
3 – Direito próprio ou alheio: a mim próprio ou de outra pessoa, não precisa ser parente. A honra, o patrimônio,
a inviolabilidade do lar podem ser objeto de proteção pela legítima defesa. Não acontece apenas nos casos de
ofensa à vida ou nos casos de lesão corporal. O caso de legítima defesa da honra era muito usado por maridos
que eram traídos pela esposa e a matavam, antigamente (sociedade machista da época). Não é usado mais
apenas para os fins de matar o cônjuge por defesa da honra, mas ainda permanece nos outros casos.
4 – Moderação: a legítima defesa deve ser proporcional ao ataque. Deve ser aferida com a necessidade apenas
de cessar a agressão injusta. O que extrapolar isso, será imoderado. A legítima defesa não é uma autorização
para vingança.
5 – Uso dos meios necessários: também fala que deve ser proporcional. São aqueles disponíveis para o
defendente repelir, afastar a agressão injusta. Exemplo: esposa frágil só vai se defender do marido agressor com
uma arma, pois ela não tem força física sufiente.
Se a legítima defesa não seguir a moderação nem os meios necessários vai existir o excesso na legítima
defesa:
→ Doloso - se o excesso for intencional.
→ Culposo – se o excesso for por imprudência, negligência ou imperícia.
Se o excesso causou um homicídio, a pessoa responde por pena de homicídio.
6 – Animus defendenti: é o elemento subjetivo, defendido pelo finalismo. O causalismo era contra.

• Legítima defesa putativa: diferente de legítima defesa real (existe de fato uma agressão injusta,
atual ou iminente). É uma legítima defesa imaginada, decorre de uma situação errônea, imaginada pelo
sujeito. É o sujeito achar que está numa situação de legítima defesa, mas na verdade não estar. É uma
espécie de erro no Direito Penal, são as Descriminantes Putativas → [remetem ao estudo de] Erro no
Direito Penal.
Erro de tipo: refere-se a um dos elementos do tipo penal. Estudado no elemento cognifivo do dolo.
→ erro de tipo inevitável – exclui o dolo e a culpa.
→ erro de tipo evitável – exclui apenas o dolo.
Nunca haverá punição por crime doloso, só culposo se erro for inevitável.
Erro de proibição (erro de direito): exclui a culpabilidade (não é um fato típico nem ilicitude). Retira da
culpabilidade um dos seus elementos obrigatórios: o potencial conhecimento da ilicitude. Não se trata de um
erro fático, mas sim do direito. Não tem a ver com o desconhecimento da lei. A pessoa pode não saber qual
norma está violando, mas sabe que está fazendo algo de errado. É a situação em que o agente não consegue ter
consciência da ilicitude da sua conduta porque ele não tinha condições para tal devido a fatores externos ou
internos. Exclui a culpabilidade por ausência do potencial conhecimento da ilicitude.
- Exemplo 1: evitável – Holandês foi tomar café na Savassi e de repende acende um cigarro de maconha porque
na Holanda isso é permitido. Então ele é preso pelo policial e condenado pelo juiz porque ele tinha a
possibilidade de conhecimento do ilícito. Não há consciência da ilicitude, mas poderia ter tido. O que exclui a
culpabilidade é a possibilidade de conhecer a ilicitude. Como o holandês tinha a possibilidade de conhecer, ele
não excluiu a culpabilidade.
- Exemplo 2: inevitável – O Brasil está em guerra e um soldado desgarra do pelotão e fica 3 meses jogando
sozinho. Após três meses chega a um vilarejo e vê um soldado argentino parado na porta do bar, tranqüilo, e o
mata. Depois ele fica sabendo que a guerra acabou há dois meses. Ele não tem consciência da ilicitude, mas
nem poderia ter.
→ Evitável – tem apenas o potencial de conhecimento da ilicitude → apenas diminui a pena.
→ Inevitável – exclui a culpabilidade.
A discriminação putativa é um erro de tipo ou de proibição?
* Descriminantes Putativas: legítima defesa, estado de necessidade etc. É uma forma de erro.
* Erro acidental: exemplo – erro sobre a pessoa → não altera a responsabilidade criminal.
* Erro essencial: - erro de tipo: não há dolo.
- erro de proibição: é um erro sobre o direito. É ausência da consciência do ilícito.
O erro de proibição que exclui a culpabilidade é apenas o inevitável. Se evitável (podia ter consciência do
ilícito) há apenas uma diminuição da pena.
As descriminantes putativas podem ser tanto erro de tipo quanto de proibição, de acordo com a teoria
finalista.
Erro de tipo permissivo: responde no Maximo por crime culposo. Refere-se a pressuposto fático. Se inevitável,
elimina o dolo e a culpa; se evitável, exclui o dolo, substituindo a culpa.
Erro de proibição: o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la
de 1/6 a 1/3. Trata-se de erro que tem por objeto a proibição jurídica do fato. É dizer: o agente perde, em
decorrência do erro de proibição, a compreensão da ilicitude do fato. Constitui o lado oposto da consciência do
injusto: supõe erroneamente que atua de forma lícita, conforme a norma.
II – Estado de necessidade
Art. 24
Não há agressão, há situação de perigo (naufrágio, incêndio, maremoto). O perigo é atual (não é iminente). O
agente não consegue evitar a situação de perigo senão pela lesão a bem jurídico alheio.
Não pode haver dever legal de enfrentar o perigo.
Não pode ser causador, de forma dolosa, da situação de perigo.
Princípio da ponderação de bens: deve-se avaliar os bens em curso para salvar o bem de maior valor. Se o bem
for de igual ou menor valor não há exclusão da culpabilidade. Isso se verifica quando o Direito concede
preferência ao valor da liberdade de atuação da vontade frente ao desvalor da ação e do resultado da agressão
ou lesão ao bem jurídico”. Essa espécie de excludente é essencialmente uma renúncia à proteção jurídica.
A balança não pode ser interpretada de maneira objetiva por causa do respeito à dignidade humana → Regis
Prado.
Quando são bens de igual valor é trabalhado o estado de necessidade exculpante.
Quando é bem de menor valor: não há estado de necessidade justificante nem Estado de necessidade
exculpante.
O CP só adota o estado de necessidade justificante.

III) Estrito cumprimento do dever legal


É uma ordem imposta ao agente para realizar o fato típico e este não pode descumprir.

Exemplo: Oficial de justiça que invade um domicílio em cumprimento de uma ordem judicial.
Há uma ordem, não há opção.

IV) Exercício regular do direito


Existe uma faculdade. A pessoa pode ou não exercê-la.
Exemplo: atividades esportivas – boxe; atividades médicas, intervenções médico-cirúrgicas – colocar silicone
não pode alegar lesão corporal.

6)Culpabilidade
a. Conceito
É um juízo de censura, reprovação ao autor de um fato típico e ilícito.
É distinta de culpa em sentido estrito. Culpa é um elemento subjetivo do tipo (no finalismo) que se manifesta
pela negligência, imprudência ou imperícia.
Quando a culpabilidade surgiu pela primeira vez no causalismo, a culpa era pertencente à culpabilidade.
A culpabilidade não tem nenhum elemento subjetivo.

b. Concepções
Há três concepções:
I – Concepção psicológica: é do causalismo. A culpabilidade é uma relação psíquica entre o autor e o fato
criminoso. Estava expressa pelos elementos dolo, culpa e imputabilidade (capacidade penal, capacidade para
receber uma imputação penal – permanece até hoje).
II – Concepção psicológica-normativa: é ligada ao Neokantismo. A culpabilidade é um juízo de censura, de
reprovação. Frank desenvolve esse conceito e cria a idéia de que o culpável deveria estar atrelado ao livre-
arbítrio. Trás, com isso, o conceito de exigibilidade de conduta diversa: ninguém pode ser condenado
criminalmente por um fato que seus julgadores agiriam do mesmo jeito.
Imputabilidade
Dolo } Psico-
Culpa }lógicas
Exigibilidade de conduta diversa → normativa
III – Concepção normativa pura (finalista): Welzel. Culpabilidade como um juízo de censura, ancorada em 3
elementos:
Imputabilidade
Exigibilidade de conduta diversa
Potencial consciência da ilicitude: considera que o dolo não tem consciência da ilicitude, senão os
criminosos convictos nunca seriam condenados, pois, para eles, eles estão exercendo verdadeiramente o
direito. Então deve ser aferida a possibilidade da consciência da ilicitude.
O dolo passa a ser o dolus bonus → sem consciência da ilicitude. O dolus malus é com a consciência da
ilicitude.
O dolus bonus é adotado atualmente.

c. Elementos da culpabilidade
Imputabilidade
Potencial consciência da ilicitude
Exigibilidade de conduta diversa

d. Causas de exclusão (são a ausência dos elementos)


* Inimputabilidade (vem da palavra imputação) → art. 26 –
- menores de 18 anos;
- doença mental (desenvolvimento mental incompleto ou retardado – para esses casos se faz necessário
“perícia”). O sujeito por um déficit mental não sabe se posicionar no mundo, não tem consciência do que faz e
da ilicitude. Critério biológico, fisiológico e também psíquico. Quando o agente apresenta periculosidade,
potencial para causar um delito, pode gerar medida de segurança, onde será interditado; Os silvícolas possuem
sua lei própria, mas também se faz necessária perícia.
- Embriaguez involuntária por caso fortuito ou força maior. Força maior é quando o sujeito é obrigado e caso
fortuito é quando a pessoa é induzida. Embriaguês é causada por qualquer tipo de substância análoga. Possui 3
tipos:
Embriaguês leve e moderada – não retiram a possibilidade de entender, não alteram a capacidade penal.
Embriaguês total proveniente de caso fortuito e força maior. – não tem possibilidade de responder
penalmente. A aferição do elemento subjetivo (dolo ou culpa) é feita pós embriaguês.
P.S. embriaguês voluntária (dolosa ou culposa) não retira responsabilidade penal. Mas essa análise tem que ser
feita no momento precedente.
O que resolve a questão da embriaguês é a “Teoria da ação livre na causa”: se o ébrio livremente se embriaga,
deve-se responder penalmente pelo delito (dolosa ou culposamente) e este elemento será aferido
posteriormente. Quando o sujeito se embriaga voluntariamente ele responde por todos os crimes praticados.

* Erro de proibição inevitável

* Inexigibilidade de conduta diversa → coação moral irresistível, obediência hierárquica.

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