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PEDÓFILOS PADRES

Escrito em 2002 – revisado em 2010, para corrigir e atualizar a ortografia

Gostaria de iniciar dizendo que o que aqui vai escrito é minha opinião pessoal, da qual não pretendo
convencer ninguém. E se alguém quiser me contradizer, ouvirei com a maior atenção, pois acredito que
qualquer crítica só me será útil. Adianto também que é um texto que não tem nada de religioso, pois sendo eu
tão novo na fé, não me atreveria a enveredar por esse caminho, pelo menos em um texto que estou tornando
público.

Não concordo com a classificação "padres pedófilos". Não existem padres pedófilos. Existem pedófilos
padres. Como também não existem "policiais bandidos". Existem bandidos policiais.

Policiais não se transformam em bandidos. O que acontece é que elementos que são bandidos decidem entrar
para a força policial, em busca da proteção que a farda propicia. Portanto são "bandidos policiais", isto é,
bandidos que se transformaram em policiais. Felizmente temos visto, nos últimos tempos, louváveis esforços
da polícia para excluir esses elementos, quando descobertos. Ideal seria melhorar a seleção, para impedir que
eles entrassem, mas, antes tarde do que nunca.

Da mesma forma, penso eu, padres não se transformam em pedófilos. Aqui penso que a seleção é ainda
menos rigorosa que no caso da polícia. Para mim existem pessoas com desvios sexuais que resolvem entrar
para os quadros religiosos, em busca da proteção que a batina poderia propiciar. Até acredito que alguns
procuram esse caminho na esperança de que sua doença acabe sendo sufocada e curada, ou pelo menos
sublimada, pela fé e pela entrega ao ministério. O que temos visto é que em muitos casos isso não aconteceu.
Para esses a cura só viria através de tratamento específico, orientado pela psicologia e pela psiquiatra. Não
incluo aqui a oração, por que acredito que isso eles já fazem, mas não lograram êxito. Por favor, não estou
querendo desmerecer todos os padres. Acredito que a maioria sujeita seu ministério e pauta sua vida pelos
dogmas e doutrinas da sua religião. Também sei que esse crime não é exclusividade desse segmento. Mas
restrinjo-me unicamente aos fatos noticiados nos últimos meses.

O que acontece é que aqueles instintos que seu portador tentou sufocar (no caso dos que o tentaram) acabam
por explodir, levando-o a cometer atos diametralmente opostos ao que se esperaria do seu posto. Como pode
um padre cometer crime tão grave como a pedofilia? Pelo pouco, quase nada, que entendo de pecado, para
mim esse é um pecado enorme. Sim, eu sei, sou um pecador também . . . Será que estou errado? Não, para
mim esses não são padres; são pedófilos que usam batina. Que Deus me perdoe pela intransigência, mas não
consigo ver as portas do céu se abrindo para uma pessoa dessas. Acho que ainda tenho que orar muito.

A igreja deveria encaminhá-los para tratamento sim, mas afastando-os de seu quadro até que a cura ficasse
comprovada. Acobertar dá no que deu. Um comete pedofilia durante cerca de quarenta anos. Daria até ensejo
para humor negro: o sujeito poderia se "aposentar" por tempo de serviço. Outro executa cerca de 130 (cento e
trinta !!!) casos de pedofilia, incluindo uma criança de 4 anos. Meu filho tem 4 anos. Talvez por isso o tema
tenha me incomodado tanto. Não, não é só isso. A coisa é monstruosa mesmo. Perdoar, sim, frente a um
arrependimento verdadeiro e possível. Acobertar nunca. Negociar uma indenização, e achar que tudo está
resolvido, jamais. Dinheiro de igreja não é para isso. João Carlos de Almeida (Revista Época, edição 192,
21/01/2002) teólogo e diretor da Faculdade Dehoniana, de Taubaté-SP, afirma: "É bom que seja grande a
repercussão dos casos. A experiência mostra que, quando não há exposição pública, o religioso que cometeu o
abuso não se emenda".

Não posso evitar essas perguntas. Quantos padres terão cometido pedofilia (ou outros crimes) a vida toda
durante todos esses séculos, tendo eles e suas vítimas morrido sem que jamais venham esses casos a ser
descobertos? Como podem esses padres passar uma vida perpetrando penitências (10 ave-marias, 20 pai-
nossos, 30 salve-rainhas . . .) e distribuindo perdões? E os fiéis que frequentaram as igrejas deles, como
ficam? Terão fé bastante para suplantarem essa situação? E como ficam as obras sociais que a igreja deveria
fazer, frente à drenagem de tal volume de dinheiro gasto para acobertar, sim, acobertar, tais crimes?

Um membro (não me lembro qual) da igreja aqui no Brasil, na região Sul, comparou o caso com o de um pai
de um usuário de droga, que não o entregaria à polícia, mas o protegeria e procuraria tratá-lo. Não concordo
com a comparação. O pai está protegendo um filho gerado por ele, parte de si mesmo, e, no fundo no fundo,
resultado de seus próprios erros. Além do mais o viciado está, pelo menos na maioria dos casos, prejudicando
unicamente a si e sua família, que o gerou. O padre criminoso não é filho da (não foi gerado pela) igreja, e
nem é o resultado de seus erros. E não está prejudicando apenas a si e sua família. Para mim a comparação é
mais uma tentativa de escamoteamento do crime, mero corporativismo, coisa incompatível com uma igreja.

Após passada a ditadura no Brasil, alguns oficiais tiveram o desplante de dizer que a entidade Exército não
poderia ser responsabilizada pelos atos de tortura, pois foram realizados por pessoas. Ora, não existe entidade
sem as pessoas. Não existe Exército sem as pessoas. Não existe Igreja sem as pessoas. A entidade é
responsável sim. Contra quem você entra com uma ação na justiça trabalhista quando não recebe o que é
devido? Não é contra o gerente de RH, mas contra a empresa. Contra quem você entra com uma ação quando
seu carro cai no buraco? Não é contra o prefeito, é contra a prefeitura.

Assim como a corporação é responsável pelos atos de seus maus policiais, a igreja católica na sua mais alta
administração tem que ser vista como responsável, embora não culpada, por esses atos tão terríveis, e excluir
aqueles que os cometeram, ou o problema nunca se resolverá.

Também tentar associar o problema da pedofilia debaixo da batina com a questão do celibato não cola pra
mim. A sociedade é razoavelmente tolerante com padres que se insubordinam contra esse dogma, mas
abomina atos de violência sexual cometidos seja lá por quem for. Principalmente contra indefesas crianças.
Quem acreditaria em uma criança que tentasse acusar um padre? Fantasia infantil, diriam. Uma vítima de
pedofilia no Brasil, de 6 anos, disse ter ficado amigo do frei (Alexander Nicolaus Weber, 34 anos, réu
confesso) e pediu para brincar com ele outra vez (Revista Época, edição 192, 21/01/2002). Dá vontade de
chorar.

Se um padre não consegue suportar o celibato, o raciocínio de uma pessoa normal levaria a imaginar que ele
procuraria o serviço sexual de uma profissional, o que seria fácil de se conseguir no mais absoluto sigilo, ou
arranjaria uma concubina. Vez por outra têm sido noticiados casos de padres que deixam a batina, ou até
mudam de religião, para poderem se casar. Mas o que faz a igreja? Levanta-se e não aceita essas decisões.
Massacra aqueles que assim agem. Ameaça de excomunhão. Força-os a voltarem atrás, e desistirem de uma
decisão que teria vindo para acabar com um conflito interior, que é maior que a pretensa vocação. Porque a
igreja é tão rígida com padres que querem casar, e não o é com os que cometem crimes sexuais? Talvez a
prioridade seja evitar redução nos quadros. Problemas só são resolvidos se encarados de frente.

Um indício, ou até mesmo prova, de que se tenta disfarçar esses crimes é o resultado de uma pesquisa
(Revista Época, edição 192, 21/01/2002) publicada no livro Um Espinho na Carne, de autoria do padre Gino
Nasini, italiano, que informa que 77% de 62 padres pesquisados afirmaram saber de algum ato de abuso em
sua diocese.

A já citada Revista Época fala de uma pesquisa com padres brasileiros, onde várias perguntas foram feitas,
podendo eles escolher três respostas dentre várias para cada pergunta. Selecionei algumas perguntas (e suas
respostas) que mais me impressionaram.

Pergunta: Quais são os motivos para a má conduta sexual?


As opções "perda de valores humanos e espirituais" e "alguma patologia grave na personalidade" não estavam
entre as mais escolhidas. A mais votada foi "falta de lazer e cuidados com a própria saúde".

Pergunta: Como o clero reage diante de casos de má conduta?


A opção "falta de consideração com as vítimas" foi a segunda mais votada.

Pergunta: Diante de um caso de abuso que se tornou público, qual é a política e o procedimento adotados pela
diocese?
A opção "o padre é transferido para outro lugar ou serviço diferente" foi uma das menos votadas. A mais
votada foi "não há contato com a comunidade onde o abuso aconteceu".
Pergunta: Como a vítima é tratada?
Uma das opções mais votadas foi "não é considerada vítima, mas responsável pela provocação".

Pergunta: Se, por acaso, você conheceu alguma vítima de um sacerdote, como observou ou sentiu essa
pessoa?
A opção mais votada foi "disposta a perdoar o agressor".

Pergunta: Se a vítima recorreu ao bispo ou a outro responsável da diocese, você sabe como foi atendida?
As três opções escolhidas foram "notou que o bispo não parecia querer tomar providências", "ninguém
ofereceu ajuda" e "sentiu-se profundamente sozinha".

Finalizando, gostaria de dizer que tenho cada vez mais a impressão de que os crimes em geral estão se
banalizando, talvez por falta de gritos legítimos. Muito tem sido divulgado nos jornais e revistas. Mas sinto
que as pessoas leem, e só. Cada vez é mais comum, e vai parecendo ficar normal. Por outro lado há a corrente
que, propositalmente ou não, reduz a importância dos crimes. Quando eu era criança, as pessoas que
cometiam tais atos eram chamadas de "tarados". Era uma palavra forte, quase um palavrão. Incomodava. Hoje
se diz "pedófilo". Não incomoda tanto. É, até, uma palavra bonitinha, se olharmos pelo lado estético, sonoro.
Talvez a corrente do politicamente correto tenha seus problemas.

Por que se preocupar com o tom pejorativo da expressão "macumba", substituindo-a por "ritos africanos" ou
coisa que o valha, quando os próprios praticantes chamam o ritual de macumba mesmo? Macumba é
macumba. Espiritismo é espiritismo. Candomblé é candomblé. Gringo é gringo. Acho que a intenção ofensiva
está mais na entonação do que na grafia.

E pedófilo é tarado, e pederasta não é "indivíduo com opção sexual alternativa". As palavras são feias, mas
descrevem exatamente o que deve ser descrito. A tentativa de escolher nomes mais amenos só descaracteriza
o objeto.

Temos visto, também, nos últimos anos, ou nas últimas décadas, uma onda de descriminalização que, a meu
ver, é perigosa. Começamos com a descriminalização da maconha, passamos depois para a do aborto e muito
se tem falado, outra vez, em eutanásia. Temo que um dia cheguemos à descriminalização do crime.

Que Deus nos proteja.

Devanir Nunes
Analista de Sistemas
Pai de quatro filhos
Protestante (presbiteriano)
2002

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