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http://dn.sapo.pt/2008/05/28/opiniao/o_hediondo_sorriso.html

O HEDIONDO SORRISO

Baptista-Bastos
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt

Portugal está cheio de fome: de justiça, de cultura, de instrução, de governo, de esperança - e fome de
comer. Os números são assustadores. Gente com a autoridade moral de Isabel Jonet e Bruto da Costa
advertem-nos para a iminente catástrofe, não apenas consubstanciada em agitação e confronto, mas,
também, na irremediável perda dos laços sociais. O imperativo de consciência determina que nunca
actuemos de forma a ausentarmo-nos das regras legítimas da socialização. Este Governo tripudia sobre
essas regras.

Há dias, no Parlamento, assistimos a um episódio repulsivo: ao sorriso escarninho de Sócrates, quando


Santana Lopes se referiu ao problema da fome em Portugal. Independentemente do que possamos
pensar das duas personagens, concentremo-nos no facto em si. Sócrates perdeu, em definitivo, o perfil
de homem de Estado. Não respondeu, esgueirou-se numa retórica fatigada e fatigante - e sorriu, como
se o problema lhe não dissesse respeito, e o Governo não fosse o fundamental instrumento da mediação.

Aliás, o primeiro-ministro está a ausentar-se, cada vez mais, dos conflitos e das explicações que nos
deve sobre a sua origem e causas. Coloco à margem deste texto as mentiras, as omissões, o
incumprimento de promessas, a celeridade com que se desdiz. Mas relevo a extraordinária decisão de
não se envolver na questão dos combustíveis, sob a grotesca legenda de que o «mercado está a
funcionar.»

Não subscrevo a grosseria de Santana Lopes quando o apelidou de «socialista de meia-tigela»; mas
aceito qualquer outra declaração sobre o facto de que o homem não é socialista nem tem nada a ver
com socialismo. Falta-lhe grandeza, educação social e política, sensibilidade, falta de prospectiva,
capacidade de criar uma relativa igualdade entre as pessoas, admissão das razões do outro -
transparência sem ambiguidade e clareza sem ambivalência.

Pouco ou nada sabemos do que se passa em Portugal e muita coisa se passa fora do alcance do nosso
conhecimento. O DN de anteontem assinalava que o sinistro Jean-Pierre Bemba, antigo alto dirigente da
República Democrática do Congo, e acusado de crimes contra a humanidade, vivera, durante um ano,
numa residência na Quinta do Lago, custodiado por um dispositivo de segurança da PSP. Ao que parece,
a «protecção» fora apadrinhada por Durão Barroso. O ministro dos Estrangeiros falou - e nada disse. É
na própria variação dos incidentes que se estabelece e se desenrola uma relação. A mobilidade entre a
distância e a proximidade dos factos fornece-nos o retrato político, social e moral dos protagonistas.

A diferença entre a expressão legítima de um socialista e a conduta de quem se diz tal, torna claros os
arbítrios sob os quais temos vivido. E muito nítidos os hediondos sorrisos de Sócrates.|

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