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O documento descreve as ações culturais promovidas pelo Ministério da Educação durante o governo de Getúlio Vargas, incluindo o apoio a intelectuais modernistas como Mário de Andrade e o uso da cultura de massa como ferramenta de educação e propaganda. Também discute projetos arquitetônicos do ministério como o Palácio da Cultura e a proposta da Cidade Universitária.
Descriere originală:
Resenha do segundo subcapítulo da terceira parte do livro "Tempos Capanema" : "A ação cultural".
O documento descreve as ações culturais promovidas pelo Ministério da Educação durante o governo de Getúlio Vargas, incluindo o apoio a intelectuais modernistas como Mário de Andrade e o uso da cultura de massa como ferramenta de educação e propaganda. Também discute projetos arquitetônicos do ministério como o Palácio da Cultura e a proposta da Cidade Universitária.
O documento descreve as ações culturais promovidas pelo Ministério da Educação durante o governo de Getúlio Vargas, incluindo o apoio a intelectuais modernistas como Mário de Andrade e o uso da cultura de massa como ferramenta de educação e propaganda. Também discute projetos arquitetônicos do ministério como o Palácio da Cultura e a proposta da Cidade Universitária.
EDTM Departamento de Museologia Preservao e gesto do patrimnio cultural (MUL Prof: Fbio Hering Aluno: Edmilson Gomes
Resenha Tempos de Capanema Captulo 3 (Item 2) : A ao cultural
O terceiro captulo da segunda parte da referente obra, aborda as aes culturais
ocorridas durante o perodo em que Gustavo Capanema atuou como ministro da Educao e Sade. Bem como trata dos bastidores, os trmites e as personalidades que estiveram envolvidas em tais realizaes. Aes que por sua vez, tinham, para alm da funo estritamente educacional, um carter cultural, um cunho moral/formativo, orientado pelas polticas do Estado Novo varguista. Capanema, por ser, alm de poltico, um intelectual de grande monta nos anos de 1930 e 40, tinha laos (especialmente pessoais) com expoentes do movimento modernista nacional, como Mrio de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. O primeiro, um grande erudito, aps atuar em departamentos ligados educao e cultura no estado de So Paulo (dos quais terminou por ser expulso), trabalhou junto ao Ministrio da Educao e Sade no Instituo do Livro. Inclusive tendo elaborado, anteriormente, pedido do prprio Capanema, um projeto lei de proteo s artes no pas, que serviu como embrio do futuro Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (SPHAN). J o outro, foi grande amigo pessoal do ministro, desde a poca do crculo intelectual belo-horizontino, tendo sido o seu chefe de gabinete (tanto no Ministrio quanto na Secretaria de Estado do Interior de Minas Gerais) durante anos. Entretanto, incerta a ligao poltico-ideolgica do ministro com o Modernismo, o que se d pela sua ambiguidade e pela diversidade de apropriaes e interpretaes acerca deste (Plnio Salgado, pai do Integralismo, por exemplo, identificado com uma das correntes deste movimento). Assim, apesar de algumas figuras, como a de Amoroso Lima, terem guiado algumas das polticas do ministrio, como as educacionais, impossvel afirmar que a atuao poltica de Capanema tenha sido de fato influenciada pelo pensamento modernista.
Fato que expresso, na tumultuada relao entre os intelectuais modernistas e o
ministrio em si, inclusive no mbito das aes culturais promovidas por este ltimo. Especialmente as voltadas para o grande pblico, como no campo do cinema, da msica e da radiodifuso. Nas quais se uniam a funo educativa/formativa, propriamente cultural, e a propagandista, de cunho poltico-social. Neste contexto, coube ao Ministrio da Educao orientar os primeiros servios de radiodifuso, do ponto de vista educacional. Tendo Capanema criado um projeto para o Instituto Nacional do Cinema Educativo, o qual atuaria como um verdadeiro departamento de Propaganda do Ministrio, visando sobretudo a cultura de massas. Que, porm no chegou a ser implementado. De fato, o Estado Novo tencionava fazer do cinema (e tambm do rdio) um aparelho de educao, censurando-o, e em contrapartida, permitindo a sua produo particular, sob o pretexto de conced-la total liberdade. Empregando ainda o cinema pedaggico, com o objetivo de auxiliar o ensino das matrias escolares. Ainda com a finalidade de utilizar a cultura de massas a servio do Estado e de seu regime, Getlio Vargas cria o Departamento de Difuso Cultural (que por sua vez, foi influenciado por concepes fundadoras do Ministrio da Propaganda nazista), origem do futuro Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) , junto ao Ministrio da Justia. O MES insiste na distino entre cinema educativo e cinema escolar, propondo a diviso do departamento de Propaganda em duas partes sees, a de Publicidade e Propaganda (a cargo do Ministrio da Justia) e a de Difuso Cultural (que voltaria alada do MES). Capanema expe ao presidente os motivos pelos quais deveria ser mantida a atuao de seu ministrio na rea da radiodifuso, e com a reforma nele implementada em 1937, so institudos o Servio Educacional de Radiodifuso e o Instituto Nacional de Cinema sob sua jurisdio. O ministro ainda prope a introduo do rdio em todas as escolas, como forma estabelecer uma certa comunho espiritual entre as instituies de ensino. E ainda, que o DIP deveria se utilizar de determinado tempo nas estaes de rdio para veicular suas mensagens e no utilizar ou criar uma estao especificamente destinada funo. O que deixa marcado a influncia de Capanema na configurao da Propaganda estatal nacional. Assim como o cinema e o rdio, a msica tambm teve importante papel nesse esforo de mobilizao poltico-social e educacional. Especialmente, sob a figura do maestro Heitor Villa-Lobos, ento diretor de educao musical e artstica da cidade do Rio de Janeiro. Este propunha o desenvolvimento educao artstico-musical por meio do canto coral popular , o chamado canto orfenico. Ainda, neste sentido Mrio de Andrade sugere a criao de uma entidade federal dedicada ao ensino do folclore musical brasileiro, propagao da msica como elemento de cultura cvica e ao desenvolvimento da msica erudita nacional. J a concepo de Villa-Lobos, visava fixar a fisionomia da msica brasileira, atravs do resgate das obras de msica patritica que teriam sido no passado autnticas expresses da arte brasileira,
especialmente com a promoo de gravaes em discos do canto orfenico do Hino
Nacional, do Hino da Independncia, do Hino da Proclamao da Repblica, do Hino Bandeira Nacional. Bem como das msicas patriticas e populares que deveriam ser cantadas nos estabelecimentos de ensino do pas. Assim, a msica popular, a recuperao do folclore e o apoio msica erudita (principais itens do projeto de Mrio de Andrade), jamais seriam alvos da mesma importncia e apoio do que a msica orfenica. Capanema, por sua vez, simplesmente associa-o, ao lado da educao fsica s atividades destinadas formao fsica, cvica e moral das crianas e dos adolescentes. Um dos maiores projetos do Ministrio da Educao durante a gesto de Gustavo Capanema, foi a construo do edifcio sede do rgo, no Rio de Janeiro, que ficou conhecido como Palcio da Cultura. O que representou a oportunidade ideal para concretizar, simultaneamente, os ideais revolucionrios do modernismo e a consagrao da obra educacional e cultural do ministro. Tendo sido projetado pro Lcio Costa e internamente ornamentado por pinturas murais de Cndido Portinari. Sendo a afirmao de uma concepo que se culmina e se consagra na construo de Braslia. Porm, o grande projeto arquitetnico do Ministrio, foi a construo, tambm no Rio de Janeiro, da Cidade Universitria. Projeto que envolveu disputas entre duas vises arquitetnicas distintas: a moderna, com o projeto do francs Le Corbusier, e a clssica, presente no projeto do italiano Marcello Piacentini (que depois de aprovado pelo governo brasileiro, ficou, de fato, cargo de seu assistente Vitorio Morpurgo; marcando a cooperao entre Brasil e Itlia), autor da Cidade Universitria de Roma, construda durante o regime facista. Alm de disputas de carter tcnico, entre diferentes comisses de engenharia, e poltico-ideolgicos, ficando o projeto dos prdios da Cidade cargo de arquitetos brasileiros, tendo sido o italiano responsvel apenas pela sua orientao arquitetnica, sua disposio e a distribuio dos espaos. Sua execuo jamais chegaria a ser iniciada na gesto de Capanema. E ainda, teve a sua localizao, por fim, transferida para a Ilha do Fundo, onde anos mais tarde seria erguida o campus da futura Universidade Federal do Rio de Janeiro, sem incorporar nenhum elemento dos projetos de Piacentini ou de Le Corbusier.