Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Resumo:
1- INTRODUÇÃO
“Não sou esperançoso por pura teimosia
mas por imperativo social e histórico”
(Paulo Freire)
O presente artigo tem como tema de investigação as políticas de
planejamento e gestão de projetos pedagógicos com ênfase na internação do
adolescente que comete ato infracional grave. A Lei 8.069, que dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Em seu artigo o art. 103, o ECA “...
considera ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”
(PARANÁ, 1993, p. 21). Assim, o adolescente que cometer qualquer ato
infracional será responsabilizado, mas não punido criminalmente como um adulto.
As medidas aplicadas ao adolescente que comete algum tipo de infração são
medidas sócio-educativas determinadas pelas autoridades competentes, que vão
da advertência à privação de liberdade. Em todos os casos, o ECA prevê a
educação escolar como direito fundamental, objetivando o pleno desenvolvimento
pessoal e social do adolescente. A situação concreta do adolescente que cumpre
a medida de privação de liberdade é o afastamento do convívio com a sociedade.
Esta medida tem como objetivo a educação, em seu sentido global, uma vez que a
educação formal é um direito assegurado ao adolescente em conflito com a lei e
que cumpre medida sócio-educativa de privação liberdade, segundo o ECA em
seu artigo 123, parágrafo único (PARANÁ, 1993, p. 25). O estudo se justifica por
sua atualidade e relevância uma vez que o Sistema Nacional de Medidas Sócio-
Educativas – SINASE preconiza o caráter pedagógico das medidas sócio-
educativas e propõe um currículo humanizador e crítico a ser aplicado ao jovem
em conflito com a lei em regime de privação de liberdade. O problema que orienta
a reflexão procura elucidar a seguinte questão: como relacionar o caráter
pedagógico da medida sócio-educativa de internação à perspectiva utópica
fundamentado em Paulo Freire e Antonio Flavio Barbosa Moreira? O objetivo do
trabalho é, portanto, propor a inserção de alguns pontos do pensamento freireano
e da perspectiva utópica defendida por Moreira, na questão de caráter
pedagógico da medida sócio-educativa de internação, visando compor o currículo
a ser aplicado nas unidades de atendimento de privação de liberdade.
A análise da questão proposta se apóia nos argumentos da pedagogia de
Paulo Freire (1980, 2004, 2005 e 2007) e do pensamento de Antonio Moreira
(1997), para compor o “discurso” curricular a ser aplicado ao adolescente que
cumpre a medida sócio-educativa de privação de liberdade.
O trabalho se organiza da seguinte forma descrevem-se as práticas
pedagógicas aplicadas aos adolescentes que cumprem medida sócio-educativa de
privação de liberdade e alguns pontos do pensamento de Paulo Freire e da
perspectiva utópica defendida por Moreira para compor o discurso curricular a ser
aplicado ao adolescente em regime de internação.
Ainda diz que a característica de cada internato é o fim social a que ele se
destina. O fim social é o exercício da cidadania plena do adolescente submetido
por lei à medida sócio-educativa.
Esta questão também é discutida no ECA ao prever em seu artigo 57, que
o poder público estimulará “... pesquisas, experiências e novas propostas relativas
a calendário, seriação e currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à
inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório”.
(PARANÁ, 1993, p. 11)
Neste sentido, para Sacristán (2000, p, 89), as aprendizagens sócio-
educativas “não acontecem no vazio, mas estão institucionalmente condicionadas
pelas funções que a escola, como instituição, deve cumprir com os indivíduos que
a freqüentam”. Concomitantemente, tais aprendizagens acontecem entre
educador e educando num contexto que compõem um discurso curricular.
Eu compreendo bem o mal-estar (...) Foi, sem dúvida, muito doloroso, para
eles, reconhecer que sua história, sua economia, suas práticas sociais, a
língua que falam, a mitologia de seus ancestrais, até as fábulas que lhes
contavam na infância, obedecem as regras que não se mostram
inteiramente a sua consciência; eles não desejam ser privados, também,
e ainda por cima do discurso em que querem poder dizer imediatamente,
sem distancia, o que pensam, crêem ou imaginam, vão preferir negar que
o discurso seja uma prática complexa e diferenciada que obedecem a
regras e a transformação analisáveis, a serem destituídos da frágil certeza,
tão consoladora de poder, mudar, se não o mundo, se não a vida pelo
mesmo o seu “sentido”... ( FOUCAULT, 1997, p. 239)
O currículo na prática não tem valor a não ser em função das condições
reais nas quais se desenvolvem, enquanto se modela em práticas de
tipo muito diverso. Tais condições não são irrelevantes, mais artífices da
modelagem real de possibilidades que um currículo tem. Sem notar essa
concretização particular, pouco valor pode ter qualquer proposta
ideal.(SACRISTAN, 1991 p. 35)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
_____. Pedagogia do oprimido. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
VOLPI, Mario (org.). O adolescente e o ato infracional. 4. ed. São Paulo: Cortez,
2002.