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7ª LEGISLATURA
MESA DIRETORA
PRESIDENTE:
Deputado Neodi Carlos Francisco de Oliveira
1º VICE-PRESIDENTE: 2º VICE-PRESIDENTE:
Deputado Alex Testoni Deputado Miguel Sena
1º SECRETÁRIO:
Deputado Jesualdo Pires Ferreira Júnior
2º SECRETÁRIO: 3º SECRETÁRIO:
Deputado Chico Paraíba Deputado Ezequiel Neiva
4º SECRETÁRIO:
Deputado Mauro Rodrigues da Silva
João Paulo Saraiva Leão Viana
Gilmar dos Santos Nascimento
Organizadores
Design Editorial
Cesar Prisisnhuki Faria
321 (81)
O sistema político brasileiro: continuidade ou reforma?/
S632
organizadores João Paulo Saraiva Leão Viana. Gilmar dos
Santos Nascimento. Porto Velho: Edufro, 2008
346p.
9 Palavra do Presidente
11 Prefácio
63 Fabiano Santos
Como aperfeiçoar o sistema político brasileiro? Ensaio de sugestão
75 Filomeno Moraes
Democracia, república e reforma política: variações em torno dos
vinte anos da Constituição Federal
Paulo Queiroz
1 Este texto foi publicado originalmente no livro Reforma Política: Agora Vai?, da
série Cadernos Adenauer (Ano VI, 2003, nº 2), da Fundação Konrad Adenauer. Sua re-
publicação neste volume nos foi gentilmente autorizada pela Fundação. Fizemos alte-
rações mínimas no texto. Uma delas, contudo, corrige um erro que nos escapou na pri-
meira versão, conforme assinalamos em nota no presente texto. Nele, não discutimos a
conjuntura política do País e as propostas mais recentes de reforma em nosso sistema
eleitoral. Nosso escopo foi, antes, o de discutir, em plano teórico, elementos importan-
tes para a construção de um sistema eleitoral, inclusive o brasileiro, e necessários ao
entendimento das conseqüências políticas dos vários formatos dessa construção.
18 Majoritário ou proporcional?
Em busca do equilíbrio na construção de um sistema eleitoral
riedade. 10
Uma fonte de variação dos sistemas proporcionais é a forma de
apresentar as candidaturas, se pessoais ou partidárias (neste último
caso, via listas fechadas). Alguns países adotam listas fechadas e preor-
denadas, como a Espanha, a África do Sul, Israel e Portugal. Em outras
palavras, o partido apresenta uma chapa de candidatos, na ordem em
que os quer ver eleitos, não tendo o eleitor escolha; outros permitem
que o eleitor corte nomes da lista, ou lhe acrescente nomes de outras
listas, como a Suíça, ou modifique, dentro de certos limites, a ordem de
precedência na apresentação dos nomes, previamente proposta pelo
partido, como, até 1994, a Itália, para ficarmos em uns poucos exem-
plos da imensa variedade existente com relação a apenas um dos ân-
gulos da questão.
Outra fonte de variação no voto proporcional é a “fórmula eleito-
ral”, aplicada para saber quantas cadeiras cabem a cada partido. Em al-
guns países, para calcular esse número, usam-se séries de números (os
divisores d’Hondt ou Sainte Laguë, por exemplo) pelos quais se divi-
dem sucessivamente os votos válidos de cada partido, atribuindo-se as
cadeiras aos partidos que obtenham o maior quociente (ou média) em
cada uma dessas divisões, até estarem distribuídas todas as cadeiras.
Em outros, preferem-se os quocientes eleitorais. No Brasil, combinam-
se quociente eleitoral (tecnicamente conhecido como quociente Hare)
e divisores d’Hondt (método das maiores médias, para a distribuição
das sobras). 11
O assunto “fórmula eleitoral” é considerado árido e até bizan-
tino por muitos, mas tem considerável importância política, porque a
fórmula ora favorece os partidos maiores, ora os menores, na distribui-
ção das cadeiras parlamentares, as quais, numa democracia, sobretu-
dato distrital. 24
Montoro apresenta três fundamentos para seu projeto, quais
sejam: assegurar a autenticidade da representação popular, comba-
ter a influência do poder econômico nas eleições e fortalecer a vida
partidária. O voto em lista aberta, na circunscrição estadual como um
todo, parecia-lhe escancarar a porta à influência decisiva do poder eco-
nômico e governamental e impedir a formação de vínculos efetivos
entre eleitores e representantes. Sobretudo, parecia-lhe que o sistema
proposto estaria mais blindado aos aventureiros, que, com apoio de
grupos econômicos, buscam votos em regiões com as quais não têm
vínculos (CAVALCANTI, 1975, p. 299-312).
Em 1969, já no período autoritário, Gustavo Capanema, a pedido
de Rondon Pacheco, presidente da Arena, preparou, mas sem dar-lhe
a forma de um projeto de lei, uma proposta de sistema misto, também
seguindo sistemática alemã (CAVALCANTI, 1975, p. 312-318).
Em 1983, o ministro da Justiça, Abi Ackel, apresentou a proposta
do que se chamou voto distrital misto. Metade da representação viria
de distritos no qual cada partido apresentaria dois candidatos, um a
ser escolhido pelo método majoritário, o outro pelo método proporcio-
nal. O eleitor teria dois votos, que deveriam ser para o mesmo partido.
Os candidatos distritais, com a maioria relativa de votos, estariam elei-
tos. Para os candidatos pelo sistema proporcional, calcular-se-iam os
quocientes eleitoral e partidário. Os segundos candidatos distritais - a
serem eleitos proporcionalmente - seriam ordenados de acordo com a
porcentagem dos votos conseguidos nos distritos. Os com as maiores
porcentagens estariam eleitos, até se atingir a metade da representação.
A Comissão Especial de Estudos Constitucionais, criada pelo pre-
sidente José Sarney em 1985, e presidida por Afonso Arinos, também
se decidiu, em seu anteprojeto constitucional, por um sistema misto,
inspirado no alemão, mas com o eleitor dispondo de apenas um voto.
A opção pelo voto singular visava a impedir a fragmentação partidá-
24 O problema dos lugares extras, que o sistema alemão permite, não foi igno-
rado. O partido não perderia essas cadeiras. O projeto, contudo, não enfrenta o pro-
blema de como conciliar essa estipulação com o número de deputados da Câmara dos
Deputados, que é prefixado.
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 41
5. Considerações finais
26 Jairo Nicolau mostra que, em quatro eleições, de 1986 a 1998, apenas 35,5%
dos eleitores tiveram seus candidatos eleitos, 22.2% votaram em candidatos derrota-
dos, 33.3% anularam o voto ou votaram em branco e 8,8% votaram na legenda. Por-
tanto, observa. “a idéia de acompanhar o desempenho dos deputados eleitos só faria
sentido para pouco mais de um terço dos eleitores.” (NICOLAU, 2002, p. 226)
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 45
Sugestões de bibliografia
Referências
I. O início, no Império
Art. 30 ......
As cédulas para deputados conterão tantos nomes
quantos forem os deputados que o Distrito Federal ou o Es-
tado tenha de enviar ao Congresso e levarão o rótulo - para
deputados.
As cédulas para senadores conterão três nomes e leva-
rão o rótulo - para senadores.
eleitorais”.
Para ele, a divisão dos Estados em distritos de três, como se dis-
punha na Lei n° 35, por um lado, não permitiria a proporcionalidade
da representação das minorias, desde que houvesse “uma só base para
todas elas”; e, por outro lado, facilitaria a continuação dos “rodízios”4
, pois cada eleitor somente poderia acumular dois votos (PINHEIRO,
1876, p. 200). Podendo o eleitor votar em quatro nomes, onde as mino-
rias fossem fracas, a oposição, ainda assim, poderia eleger um repre-
sentante, acumulando todos os seus quatro votos em um candidato; e
onde fossem fortes, poderiam eleger dois candidatos.
Em verdade, a experiência de 1875, do terço, do Decreto n° 2.675,
havia mostrado que a repartição arbitrária não importava em qual-
quer garantia de representação aos grupos menores. Recursos como o
do “rodízio” deixavam, à maioria mesma, a unanimidade dos postos.
Mas, na solução Rosa e Silva, a própria complexidade do processo in-
viabilizava a consecução de seu objetivo. E, de resto, toda a maquinaria
fraudulenta - a envolver o alistamento e a qualificação dos eleitores, a
votação, a apuração e verificação e reconhecimento dos diplomas - não
haveria de ser corrigida por meros arranjos de técnica eleitoral. Somen-
te o regime proporcional, que viria com a 2ª República, é que atenderia
Referências
Fabiano Santos
Doutor em Ciência Política pelo IUPERJ, onde é professor e pesquisador.
Presidente da Associação Brasileira de Ciência Política, 2008-2010.
Autor de O Poder Legislativo no Presidencialismo de Coalizão, (IUPERJ; UFMG,
2003). Co-autor de Governabilidade e representação política na América do Sul,
(Konrad Adenauer; Unesp, 2004). Organizador de O Poder Legislativo nos Estados:
diversidade e convergência, (FGV, 2001).
Introdução
Onde,
Mi= % de ministérios recebidos pelo partido i quando o gabinete
foi escolhido;
Si= % de cadeiras ocupadas pelo partido i no interior do conjunto
de cadeiras sob controle dos partidos integrantes do ministério no mo-
mento em que este foi indicado.
cios advindos da condição de ser governo são muito altos assim como
os custos de estar na oposição, principalmente para pequenos parti-
dos e partidos intermediários. Uma plataforma interessante que visa o
aperfeiçoamento democrático no Brasil consiste, pois, em capacitar o
Legislativo para participar de maneira mais eficiente no processo de-
cisório, na implantação de políticas públicas, através de seu acompa-
nhamento e do processo de alocação de recursos orçamentários. Reto-
mando alguns pontos já destacados em artigo anterior (Santos 2004),
destacaria, pelo menos, duas dimensões: 1) aumentar o poder de alo-
cação de recursos do Congresso; 2) aumentar o poder decisório das
comissões técnicas permanentes.
Quanto ao primeiro aspecto, trata-se de discutir a inserção do
Congresso no processo orçamentário brasileiro. Duas medidas são es-
senciais: a) tornar o orçamento, que é aprovado a cada ano pelo Le-
gislativo, imperativo e não apenas autorizativo. Retirar o poder de
contingenciar o gasto da União é vital para conferir maior responsa-
bilidade às decisões dos congressistas, assim como para redistribuir
o poder político da burocracia do Ministério da Fazenda em favor da
dimensão representativa do regime democrático; b) A segunda medida
essencial no sentido de se aumentar o poder de alocação do Congresso
diz respeito à própria forma pela qual a peça orçamentária é discutida
e aprovada no Congresso. Atualmente, o processo é concentrado em
uma comissão mista, sendo de vital importância a figura do relator
do projeto, em geral, escolhido entre os mais confiáveis membros da
base aliada ao governo. Uma maneira de contornar esta situação é a de
dividir o projeto orçamentário por áreas e enviar os diversos subproje-
tos para comissões pertinentes, fornecendo-lhes o poder de modificar
as estimativas de receitas e despesas ali contidas. Uma vez aprovada
a proposta da comissão temática, esta a envia para a comissão de or-
çamento e suas subcomissões, que tratariam de apreciar a proposta
de substitutivo daquela. Relevante ressaltar que tal divisão de tarefas
implica modificar a forma de tramitação do projeto de orçamento que
deixaria de ser unicameral, passando a tramitar simultaneamente nas
duas Casas do Congresso.
A segunda dimensão relevante consiste no problema do ritmo
e lócus de tramitação das matérias enviadas às comissões permanen-
tes. Duas questões básicas devem ser consideradas: a) a questão da
72 Como aperfeiçoar o sistema político brasileiro? Ensaio de sugestão
Conclusão
Referências:
Filomeno Moraes
Doutorando em Direito pela Universidade de São Paulo. Mestre em Ciência
Política pelo IUPERJ. Professor Titular da Universidade de Fortaleza e Professor
Adjunto da Universidade Estadual do Ceará. Presidente da Associação Cearense de
Formação de Governantes, 2002-2004. Co-organizador de Reforma Política: realizações
e perspectivas (Konrad Adenauer, 2003). Autor de A Construção Democrática
(Casa José de Alencar/UFC, 1998).
e-mail: filomenomoraes@uol.com.br
76 Democracia, república e reforma política:
variações em torno dos vinte anos da Constituição Federal
1 Audiência pública (art. 58, § 2º, II), colegiado público (art. 89, VI; art. 194, VII;
art. 204, II; art. 206, VI; art. 216, § 1º; art. 227, § 1º), co-gestão paraestatal (art. 206, VI),
cooperação das associações representativas no planejamento municipal (art. 29, XII),
provocação de inquérito civil (art. 129, § 1º), controle externo de contas municipais
(art. 31, § 3º), denúncia aos tribunais de contas (art. 74, § 2º) e reclamação relativa à
prestação de serviços públicos (art. 37, § 3º, I a III).
2 Mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX, a e b), ação popular (art. 5º,
LXXIII), ação civil pública (art. 129, III), ADIn e ADC (art. 103, VII, VIIII e IX), ação de
impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10), legitimação extraordinária de comuni-
dades e organizações indígenas (art. 232), júri popular (art. 5º, XXXVIII), escabinato
(art. 98, I e II) e acesso da advocacia às magistraturas togadas ((arts. 94, 111, I; 115, I;
119, II; 120, III; 123, caput, e par. ún., I; art. 123, par. ún., I).
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 81
a) dinheiro e política
b) a judicialização da política
Referências
1 GROHMANN afirma que; “Na delegação o poder outorgado pode ser recu-
perado, e as condições e os padrões normativos da relação entre Executivo e o Legisla-
tivo são estabelecidos por este ultimo.” (GROHMANN, 2001, p. 119).
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 103
relação ao Legislativo.
Referências
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Federalismo
brasileiro
em formação
Introdução
Teoria do Federalismo
Modelo piramidal
Modelo centro-periferia
Modelo matricial
Relações Centro-periferia
Oligarquias e Federação
Democracia e Descentralização
Tensões federativas
Conclusão
Descentralização e desigualdades
Referências
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A votação no
sistema de listas
Roberto Amaral
Ministro da Ciência e Tecnologia, 2003-2004. Vice-Presidente Nacional do Partido
Socialista Brasileiro. Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Editor do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos. Autor de
O Papel do Intelectual na Política, (Edições Demócrito Rocha, 2005). Co-autor de
Textos Políticos da História do Brasil, (Senado Federal, 2002).
152 A votação no sistema de listas
Na democracia representativa
Do voto
Das eleições
Vejamos um e outro
Sistema proporcional
O sistema de listas
O caso brasileiro
Dos partidos
A reforma brasileira
Glossário
Cidadão
É o titular dos direitos políticos, aquele que pode votar e ser vo-
tado, e pode exercer todos os atos inerentes à cidadania.
Iniciativa legislativa
Mandato
Plebiscito
Recall
V. revogação
Referendo
Revogação
Sufrágio
Referências
Conclusão
Referências
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__________.A reforma da representação proporcional no Brasil. In:
BENEVIDES, Maria Victoria, VANNUCHI, Paulo e KERCHE, Fábio
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__________.Lista aberta – lista fechada. In: ANASTASIA, Fátima.
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 189
econômico.
4 Conforme afirma Jairo Nicolau (2004), “Estas [doações] não são feitas de ma-
neira neutra: partidos pequenos e de esquerda recebem muito menos do que outros”.
Por exemplo, podemos tomar os dados relativos à campanha presidencial de 1998,
em que o candidato Ciro Gomes, então no PPS e terceiro lugar na disputa, declarou
gastos de cerca de 1 milhão de reais e Lula do PT, segundo lugar nas eleições, declarou
ter gasto cerca de 3,9 milhões de reais, diante dos mais de 43 milhões de reais decla-
rados pelo vencedor Fernando Henrique Cardoso do PSDB. Nas eleições seguintes,
em 2002, o candidato do PSDB José Serra declarou ter gasto R$34,7 milhões, com o
vencedor Lula (PT) declarando cerca de R$39,3 milhões. Além do fato de Lula ter sido
pela primeira vez o campeão de gastos, é interessante notar que isso se deu somente
no momento em que suas propostas ficaram bem mais “moderadas” e palatáveis em
comparação com suas candidaturas anteriores, praticamente deixando de ser um can-
didato anti-establishment.
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 195
Considerações finais
6 Segundo dados divulgados pelo TSE, os quatro maiores partidos PT, PMDB, PSDB
e DEM devem ficar com mais da metade dos recursos do Fundo Partidário em 2008.
7 Segundo David Samuels (2003), “Com o sistema atual, nenhum doador pode
dizer que doou ‘demais’, porque ninguém sabe o que é realmente ‘demais’!”.
200 O preço da democracia
Caminhos para aperfeiçoar o sistema de financiamento de campanhas
Referências
Introdução
Histórico
As coligações proporcionais no sistema político brasileiro re-
montam à abertura política de 1945. A partir de então, começaram, sob
a autorização estatal, as uniões entre partidos durante as disputas ao
pleito, como as alianças interpartidárias que surgiram após 1950 e le-
vam a criação de uma pessoa jurídica temporária. De fato, a coligação
é uma amálgama fictícia, uma abstração jurídica que leva à formação
204 As coligações proporcionais no sistema eleitoral brasileiro
Considerações finais
Referências
Introdução
1 Em cada distrito eleitoral é realizada uma eleição majoritária que pode ser em
um ou dois turnos para a escolha do deputado daquele local.
2 A combinação do sistema distrital majoritário e distrital proporcional ou mes-
mo o proporcional puro, onde um percentual de vagas no parlamento é preenchida
por um e outro sistema, como ocorre hoje na Alemanha.
226 A necessidade de revisão do papel do Senado na democracia
representativa brasileira – ou sua extinção
letras b) e d).
Conclusão
Referências
Introdução
16 Até mesmo Rousseau, paladino da idéia de que no plano legislativo era in-
concebível que alguém fizesse as vezes de um corpo eleitoral, defendia que a repre-
sentação consistia em imperativo relativamente à função executiva do poder, forma-
da por nada mais que o corpo concretizador das decisões soberanas. O autor de O
Contrato Social, mesmo nos dias atuais, mesmo omitindo exceções, não deixa de ter
razão porque, a partir da instituição do estado de direito, a lei é a baliza pré-elaborada
das relações interpessoais, para execução da qual cria-se uma máquina administrativa,
composta de servidores e estruturas pagas pelos cidadãos, e que devem implementar
as deliberações contidas nas normas por ele produzidas, quer de maneira direta ou por
representação (ROUSSEAU, s/d, p. 96-97).
264 Manifestações atuais da representação de interesses
no Direito brasileiro: o caso específico do segmento cultural
17 Locke considera a existência dos poderes legislativo (“o que tem o direito de
estabelecer como se deverá utilizar a força da comunidade no sentido da preservação
dela própria e de seus membros”), executivo (o que “acompanha a execução das leis
que se elaboram e ficam em vigor”) e federativo (o que encerra “o poder de guerra e de
paz, de ligas e alianças, e de todas as transações com todas as pessoas e comunidades
estranhas à sociedade”) (LOCKE, 1991, p. 273-274).
O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO: Continuidade ou Reforma? 265
Conclusão
De tudo o que foi visto, não é difícil concluir que a gestão públi-
ca da cultura demanda tratamento sui generis relativamente às regras
gerais de Direito Administrativo, em virtude das diversas peculiarida-
des referidas, que demandam o constante compartilhamento entre o
poder público e os segmentos culturais emanados da sociedade civil
na elaboração e execução de políticas para o setor, tudo em função da
necessidade de implementar os valores constitucionais culturais, den-
tre eles, um com força garantística: a autonomia.
Constata-se, portanto, mesmo não figurando de forma explíci-
ta, que a Constituição Federal assegura a prerrogativa autonômica da
cultura, em segundo grau, o que na linguagem da Ciência Política é a
manutenção, para o setor, da representação de interesses.
Referências
Muito 64,4%
Um pouco 21,4%
Não 14,2%
Total 100%
Fonte: pesquisa em andamento dados coletados no segundo semestre de 2007,
foram ouvidas até o período 405 pessoas.
Sim 57%
Não 43%
Total 100%
Fonte: pesquisa em andamento dados coletados no segundo semestre de 2007,
foram ouvidas até o período 405 pessoas.
Referências
Introdução
frágeis instituições.
O evolucionismo institucional é completamente estranho à nossa
formação histórica. As instituições por aqui surgiram sempre de forma
compensatória, com vício e déficit de origem. Os procedimentos cor-
rem na frente dos processos sociais no esforço de tornar menos visíveis
suas assimetrias. Os interesses são nominalmente representados para
que não saiam de seus devidos lugares.
2. A transição dual
A origem do imenso vazio político em que se assenta o Governo
Lula deve ser buscada no dualismo de uma “transição democrática”
que ocorre em paralelo, e em confluência com uma “transição econô-
mica”. A maré montante de investimentos externos que aflui para cá
na década de 90, se depara com um Estado em situação falimentar, si-
tuação que propicia sua reestruturação desde o âmago. Eli Diniz (2004)
avalia que ao perdermos o equilíbrio do “tripé” formado pelo capital
nacional, pelo Estado e pelo capital estrangeiro, foi-se com ele a capa-
cidade de se processar “pactos nacionais” como antes. O refluxo do Es-
tado-empresário, em submissão aos parãmetros de austeridade fiscal
e de liberalização comercial, criou um ambiente institucional propor-
cionador de uma nova seletividade a serviço de processos de reestru-
turação, de fusões e aquisições comandados pelo capital estrangeiro.
Tem-se ao final dessa transição uma “nova estrutura de representação
de interesses” em que se destaca um processo de “americanização da
relação público-privado”, em que os espaços decisórios passam a ser
setorizados e determinados por lobbies empresariais crescentemente
articulados.
Os processos de financeirização e transnacionalização do terri-
tório nortearam o curso da democratização no Brasil. Os partidos da
ordem, ao invés de questionarem os limites estruturais impostos pelo
capital à nossa democracia, procuraram maximizar sua influência na
máquina governamental com a finalidade de negociar, de forma par-
ticularista, as condições do desmonte da economia nacional e do pró-
prio Estado. O problema era como proporcionar “normalidade institu-
cional” à ordem neoliberal com um arranjo político desses.
A quebra do real em 1999 fez soar o alarme. O conglomerado
financeiro, devidamente representado pelo FMI, percebera que a “jo-
vem democracia brasileira” requeria cuidados especiais. A intervenção
vinha na forma de uma “ajuda” de 30 bilhões de dólares. Os objetivos
implícitos iam muito além de um saneamento financeiro de curto pra-
zo. A continuidade do modelo liberal-privatista havia sido colocada
286 Democratização em meio ao desmonte: o elo entre a coerência
macroeconômica, a liberalização comercial e a efetividade política
do. Esse novo poder, em construção, não aceita critérios públicos, tais
como, metas de universalização e de qualificação dos serviços, garantia
dos direitos da população, proteção e recuperação do meio-ambiente.
Todas estas regras passam a ser fixadas, na prática, por meros con-
tratos, firmados entre governos e privatizadores, sem interferência da
sociedade ou de seus representantes.
Anistiar a alternativa
Referências
p. 1992).
A democracia moderna nasceu como democracia representativa,
ao contrário da democracia dos antigos. A representação deveria pos-
suir um caráter de mandato vinculado. O princípio sobre o qual se fun-
da a representação política é a antítese da representação dos interesses,
do mandato imperativo. Essa é uma questão que hoje está colocada
na ordem do dia no nosso Congresso - questão como representação da
nação ou dos partidos, grupos e corporações.
Esse jurista italiano traz à tona um dos debates mais célebres e
historicamente significativos que se desenrolaram na Assembléia Cons-
tituinte Francesa, originando a Constituição de 1791. Esse momento
histórico permitiu o triunfo daqueles que sustentaram que o deputado,
uma vez eleito, tornava-se o representante da nação e deixava de ser o
representante dos eleitores; como tal, não estava vinculado a nenhum
mandato.
O mandato livre fora uma prerrogativa do rei, que, convocando
os Estados Gerais, pretendera que os delegados das ordens não fos-
sem enviados à Assembléia com pouvoirs restrictifs. Expressão cabal
da soberania, o mandato livre foi transferido da soberania do rei para
a soberania da Assembléia eleita pelo povo. Desde então, a proibição de
mandato livre foi transferida da soberania do rei para a da Assembléia.
A partir daí, a proibição de mandatos imperativos tornou-se uma
regra constante de todas as Constituições de democracia representati-
va. A defesa intransigente da representação política encontrou sempre,
nos fatores da democracia representativa, convictos defensores contra
as tentativas de substituí-la ou de combiná-la com a representação dos
interesses (BOBBIO, 1986, p. 24).
Bobbio então sentencia: “jamais uma norma constitucional foi
mais violada que a da proibição de mandato imperativo. Jamais um
princípio foi mais desconsiderado que o da representação política”.
Quem representa interesses particulares tem sempre um mandato im-
perativo. E indaga: onde podemos encontrar um representante que não
defenda interesses particulares? Sustenta, finalmente, que a disciplina
partidária promove uma aberta violação da proibição de mandatos im-
perativos. Lembra que é uma regra sem sanção.
A democracia direta dos antigos, na qual a atividade pública se
desenvolvia na Polis, impedia o surgimento de qualquer corpo inter-
304 Reflexões sobre a democracia contemporânea e a questão da
legitimidade do sistema representativo o caso Rondônia
deputados,
Diante da situação constante dos autos, entendi ser im-
possível apresentar o deputado preso aos seus compa-
nheiros de delito.
Procurei na legislação uma forma de solução, mas não
encontrei. Afinal, a realidade é mais rica do que qual-
quer imaginação, mesmo da imaginação do legislador
constitucional, o qual jamais poderia supor situação tão
peculiar.
Dessa forma, ignorei a regra constitucional, seguindo
a linha do razoável, ou seja, aplicar ao parlamentar as
regras de prerrogativa da magistratura, apresentando-
o à Corte Especial deste Superior Tribunal de Justiça,
a quem toca a competência para processar e julgar os
demais indiciados neste inquérito, se transformado em
ação penal.
Nesta oportunidade, Senhora Ministra, quero mais uma
vez destacar a minha preocupação em, de forma abso-
lutamente incoerente, incompreensível e desrespeitosa
para com as autoridades que participaram das investi-
gações, Departamento de Policial Federal, pela Superin-
tendência do Estado de Rondônia e Ministério Público
Federal, pela Subprocuradora-Geral da República; in-
compreensível perante a opinião pública e a cidadania,
a quem compete a magistratura prestar contas de seus
atos, aplicar a Constituição em sua literalidade e, assim,
entregar o parlamentar preso para mais um espetáculo
de chicana e desrespeito à lei, dizendo para a Nação que
o Judiciário estava avalizando, com base na lei e na or-
dem constitucional, a impunidade de um parlamentar.
Afinal, as prerrogativas que o fazem diferente dos de-
mais cidadãos são outorgadas pelo desrespeito da de-
mocracia àqueles que representam o povo.
Quando os delegados populares já não mais expressam
a vontade e o interesse de seus delegantes, naturalmente
que não podem ser atendidas as prerrogativas do cargo.
Não quero me estender em considerações sócio-jurídi-
314 Reflexões sobre a democracia contemporânea e a questão da
legitimidade do sistema representativo o caso Rondônia
Conclusão
Referências
Sansão Saldanha
Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, exercendo o
cargo de Corregedor Geral da Justiça. Mestre em Direito Constitucional pela
Universidade Federal de Minas Gerais.
320 A democracia consolidada
Referências
ALEX SARKIS
Advogado e professor das Faculdades Associadas de Ariquemes - FAAR.
328 Sobre a vida pregressa dos candidatos
TE DE INTEGRAÇÃO LEGISLATIVA.
[...]
O art. 14, § 9º, da Constituição Federal, na redação que resul-
tou da Emenda Revisional nº 4, não cria hipótese de inelegibilidade
por falta de probidade e moralidade administrativa averiguada pelo
exame da vida pregressa do candidato, mas determina que lei com-
plementar o faça, integrando o regime de inelegibilidades da ordem
constitucional.
[...] (grifou-se)
No julgamento do Recurso Especial Eleitoral nº 13.031-MG, que
teve como relator o Ministro Francisco Rezek, o Tribunal Superior
Eleitoral adotou o mesmo entendimento da necessidade de edição de
Lei Complementar para estabelecer os casos em que a avaliação da
vida pregressa pode culminar em inelegibilidade. O Acórdão foi assim
ementado (on-line):
Recurso Provido
nais exigidos pela norma do art. 14, § 9º. Importante as palavras do Mi-
nistro do Tribunal Superior Eleitoral José Delgado, em voto proferido
no julgamento do Recurso Ordinário nº 1.133 – RJ.
Em síntese, o que devemos seguir é a postura, tão somente, de
que as normas de Direito Eleitoral sejam interpretadas em harmonia
com os postulados expressos na Constituição Federal, todos voltados
para a construção de uma democracia plena em que a dignidade hu-
mana e a cidadania sejam consideradas como o centro de todas as suas
atenções.
Não pode perdurar o entendimento consolidado do Tribunal Su-
perior Eleitoral da necessidade de edição de Lei Complementar para
tratar do termo “vida pregressa do candidato”, uma vez que o disposi-
tivo constitucional é auto-aplicável.
O conceito de vida pregressa maculada é facilmente atingido,
sem a necessidade da edição de lei, embora nada impeça que possa vir
a ser editada como forma de elucidação e complementação. Portanto,
com o objetivo de que seja protegida a probidade administrativa e a
moralidade para o exercício do mandato, considerando-se a vida pre-
gressa do candidato, deve-se considerar o dispositivo constitucional
em comento auto-aplicável. Não pode a necessidade da edição dessa
lei inviabilizar a aplicação do preceito constitucional que por si só já é
carregado de densidade normativa capaz de irradiar os seus efeitos.
Aplicando-se o entendimento da Corte Eleitoral, é fácil imagi-
nar-se a situação em que alguém, condenado criminalmente por des-
vio de dinheiro público, sem que tenha havido o trânsito em julgado
da sentença, possa vir a ocupar qualquer cargo público. Em se aplican-
do o preceito constitucional do art. 14, § 9º, tem-se que essa pessoa é
inelegível para qualquer cargo, em função da análise da vida pregressa
e da probidade administrativa, já que não restam dúvidas de que, em-
bora a condenação não tenha sofrido os efeitos da res judicata, é um
indivíduo que merece estar longe da Administração Pública por algum
tempo, por estar suficientemente provado de que não reúne condições
para ocupar qualquer cargo público.
Ademais, a existência de uma vida pregressa do candidato, mar-
cada por envolvimento em falcatruas e cometimento de infrações pe-
nais, investigados nas mais diversas instâncias judiciais, opera contra
a necessária moralidade exigida para o deferimento de algum registro
340 Sobre a vida pregressa dos candidatos
de candidatura.
Importantes as palavras de Djalma Pinto ao dissertar sobre a
desnecessidade do trânsito em julgado para considerar inelegível o in-
divíduo condenado por improbidade:
“Pior e mais grave que isso, é desconhecer a realidade dolorosa
e angustiante, sedimentada neste País, segundo a qual ‘até prova em
contrário, não se deve confiar em ninguém’ tamanho o índice de crimi-
nalidade com o qual convive a sociedade neste final de século. [...] Sa-
bedor dessa realidade, o julgador, que com ela convive, concessa vênia,
não pode alegar o seu desconhecimento para exigir trânsito em julgado
de condenações criminais para comprovação de improbidade”.
Mais adiante, o mesmo autor arremata da seguinte forma:
Referências
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346 Sobre a vida pregressa dos candidatos