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HISTÓRICO-FILOSÓFICOS
DA EDUCAÇÃO
1
SOMESB
Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.
Fundamentos
Histórico-
Filosóficos Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira
da Educação Vice-Presidente ♦ William Oliveira
Superintendente Administrativo e Samuel Soares
Financeiro ♦ Germano Tabacof
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦
Pedro Daltro Gusmão da Silva
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância
Diretor Geral ♦ Waldeck Ornelas
Diretor Acadêmico ♦ Roberto Frederico Merhy
Diretor de Tecnologia ♦ Reinaldo de Oliveira Borba
Diretor Administrativo e Financeiro ♦ André Portnoi
Gerente Acadêmico ♦ Ronaldo Costa
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire
Gerente de Suporte Tecnológico ♦ Jean Carlo Nerone
Coord. de Softwares e Sistemas ♦ Romulo Augusto Merhy
Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦ Osmane Chaves
Coord. de Produção de Material Didático ♦ João Jacomel
♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA♦
♦PRODUÇÃO TÉCNICA ♦
Designer ♦ João Jacomel Revisão Final ♦ Idalina Neta
Estagiários ♦ Delmara Brito, Francisco França Júnior, Israel Dantas e
Lucas do Vale
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource
2
ÍNDICE
UMA VISÃO CRÍTICA DA EDUCAÇÃO DA ANTIGÜIDADE A
CONTEMPORANEIDADE ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
A Tradição Grega ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
Ideal Formativo e organização da educação grega ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
Principais Educadores Gregos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 09
A Tradição Romana ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 13
Ideal formativo e organização da educação romana ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 13
Os Principais Educadores Romanos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 15
A Tradição Medieval ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 18
Queda do Império Romano e as Bases do Cristianismo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 18
Ideal formativo e organização da Educação Medieval ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 18
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
O que é Filosofia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
Entendendo A Origem e o Conceito ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 31
O Papel do Filósofo e o Ato de Filosofar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 35
As Formas de Abordar O Mundo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 36
O que é Educação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 38
Filosofia da Educação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 42
3
A FORMAÇÃO CRÍTICA E A NECESSIDADE DE UMA
POSTURA ÉTICA DO EDUCADOR ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 45
Fundamentos
Histórico- Educação e Ideologia: A Luta Pelo Poder ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 45
Filosóficos O Conhecimento ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 47
da Educação A Necessidade de Uma Nova Ética Na Educação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 49
Atividade Orientada ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 53
Glossário○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 55
Referências Bibliográficas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 57
4
Apresentação da disciplina
Caro(a) Aluno(a),
Estamos dando início aos nossos estudos de Fundamentos
Histórico e Filosóficos da Educação que tem como objetivo geral analisar
a Educação enquanto um objeto crítico e reflexivo. Enfocaremos
historicamente seus aspectos sociais e políticos, da Antigüidade ocidental
até e contemporaneidade em suas relações com o Estado, sociedade e
cultura, bem como o estudo do desenvolvimento do processo educacional:
práticas educativas, principais teóricos e a organização do ensino no
contexto das sociedades. Abordaremos também as principais interfaces
da filosofia com a educação e seus principais teóricos, bem como os
pressupostos filosóficos para a construção do conhecimento.
Essa disciplina possui 72 horas e encontra-se dividida em dois
grandes blocos temáticos, sendo que cada bloco será trabalhado em quatro
semanas.
O primeiro bloco temático intitula-se “uma Visão Crítica da
Educação da Antigüidade à Contemporaneidade” e será desenvolvido a
partir dos temas “A Educação da Antigüidade e da Idade Média: em Busca
da Essência do Homem” e “A Educação do Mundo Renascentista à
Contemporaneidade: em Busca do Racionalismo”
No segundo Bloco Temático, que recebe o nome de “Filosofia e
Educação: Em Busca da Consciência”, estudaremos mais dois temas:
“Filosofia e Educação” e “A Formação Crítica e a Necessidade de Uma
Postura Ética do Educador”.
Todo o material didático dessa disciplina foi estruturado para
potencializar sua aprendizagem, por isso leia, atentamente, todos os textos
e realize todas as atividades propostas, a fim de tirar um excelente proveito
desse módulo disciplinar.
A vida sempre nos oferece desafios, e a transposição das barreiras
é a única forma de atingirmos o sucesso. Assim, por maior que sejam as
dificuldades. Não desistam nunca dos seus objetivos.
Desejamos discernimento, iniciativa e realização!!!
5
Fundamentos
Histórico-
Filosóficos
da Educação
6
UMA VISÃO CRÍTICA DA
EDUCAÇÃO DA ANTIGÜIDADE A
CONTEMPORANEIDADE
A Tradição Grega
Ideal Forma
Formativ
ormativo e or
tivo ganização da educação g
org grrega
valorização do Homem;
exaltação da inteligência crítica;
valorização do trabalho intelectual;
valorização do ideal de cidadão;
defesa de uma educação integral (física, intelectual, ética e estética);
valorização da competição na sociedade.
Na Grécia existiram diversas formas de educação, abaixo, conversaremos sobre
os principais períodos educativos.
EDUCAÇÃO HERÓICA
A educação grega heróica tinha como principal meta formar
futuros guerreiros e heróis, baseando-se nos conceito de honra,
valor, sacrifício e bravura, tudo isso resumia a mentalidade
grega, existia o ideal máximo chamado de areté. Além disso,
estimulava-se a competição entre os alunos, enfatizando
ideais como superioridade. Caracterizavam assim o espírito
de emulação (desejo de se sobressair entre os demais,
de ser sempre o melhor). As obras literárias fundamentais
para compreender a educação desse período são Ilíada e
Odisséia, de Homero.
Os jovens eram educados com bastante rigor,
dedicavam-se aos exercícios com armas e do corpo. (arco
e flecha, educação física, jogos cavalheirescos), ao mesmo
tempo, estudavam artes musicais (lira e canto), oratória e
por fim estudavam boas maneiras.
7
A educação feminina limitava-se ao aprendizado das artes domésticas.
Essa educação não ocorria ainda em escolas ou instituições formais de ensino,
o espaço reservado para tais atividades eram as áreas livres dos palacetes
Fundamentos pertencentes à elite econômica.
Histórico-
Filosóficos
da Educação
Para refletir...
Até aqui vimos que o ideal de formação na Grécia era
voltado para a virtude, você acha que a educação da
atualidade poderia adotar ainda parte desse ideal?
EDUCAÇÃO ESPAR
ESPAR
ARTTAN
ANAA
Esparta, localizada na península do Peloponeso, foi uma das
cidades-estado que mais se destacaram na Grécia Antiga.
Caracterizava-se por ser extremamente militarizada. A educação
tinha caráter totalitário e não perdia de vista os interesses do
Estado, o qual exigia do cidadão sacrifício e obediência acima de
tudo, isso se refletia, em termos pedagógicos, na severidade, cultivo
ao amor à Pátria e na dureza. A educação espartana também era
esportiva e artística (eles praticavam dança e música), sendo
que o maior destaque recaía sobre os exercícios militares que
não excluía as mulheres. O processo educativo ainda não se
dava em escolas formais, mas sim em grandes
acampamentos.
O Pensador
Rodin (1840-1917)
EDUCAÇÃO ATENIENSE
ATENIENSE
Vimos que Esparta se deteve no governo e na educação
autoritária. Atenas, ao contrário, alcançou a vida política
democrática (sobretudo no século VII a.C.). Vale
lembrar que tal democracia era restrita a uma
pequena elite econômica, contemplando apenas
os homens. Surge aqui a vida urbana da Pólis.
O espírito da educação ateniense pode
ser resumido na idéia de kalokaghatia
(educação moral e estética reunidas)
aliada aos valores cívicos e ao espírito
democrático. A educação era mais social
(ficava a cargo de particulares) que estatal.
O processo educativo externo iniciava-se aos sete anos e compreendia duas etapas:
física e musical/poética. As mesmas eram ministradas nos campos (escolas particulares)
e nos ginásios (escolas estatais). Aos dezoito anos, os jovens ingressavam numa espécie
de serviço militar, onde aprendiam artes bélicas. Depois disso, os homens podiam
prosseguir nos estudos mais elevados, nas academias de cultura superior, nas quais
estudavam Retórica Filosofia e Ciência.
8
EDUCAÇÃO HELENÍSTICA
Imaginem se no mundo atual, o Brasil fosse conquistado por uma grande potência
mundial (EUA ou França, por exemplo) com certeza a nossa cultura sofreria mudanças.
Isso foi o que aconteceu com a Grécia no período helenístico.
Alexandre Magno (Rei da Macedônia), dominou a Grécia no século IV a.C e, a
partir daí a cultura grega se universalizou, ampliou-se e tornou-se multicultural. Nessa
época a paidéia transformou-se em enciclopédia.
A educação passou a valorizar o aspecto intelectual ao invés dos aspectos físicos
e estéticos. A leitura, o cálculo e a escrita experimentaram grande desenvolvimento, mas
o método era de memorização.
Se a memorização ainda era valorizada, a disciplina era bastante rigorosa e os
castigos corporais eram considerados como algo natural. A escola dos grammátikos foi
a que mais cresceu, nela estudava-se: literatura clássica, poesia e história. No ensino
superior (Universidade de Atenas e no Museu de Alexandria), as
matérias de ensino dividiam-se em:
O ensino privado ainda existia, mas possuía uma dimensão bastante restrita, os
pedagogos passam a ser mais bem remunerados e ganham um certo prestígio social.
9
Para refletir...
O que você acha do ideal socrático de
Fundamentos estimular o aluno a produzir o seu próprio
Histórico- conhecimento?
Filosóficos
da Educação
Para refletir...
Atualmente, você consideraria um “mundo de
ilusões” aquilo que a televisão divulga, através de
alguns comerciais, novelas e outros programas?
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Abaixo acompanhe um quadro resumo sobre os principais educadores gregos
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
2. Descreva em linhas gerais o método de ensino de Sócrates. Você acha que nos
dias atuais ele ainda seria válido? Justifique a sua resposta.
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3. A Alegoria da Caverna traz representações importantes para um
educador. Pensando como tal, responda as proposições que se encontram
Fundamentos
logo após o texto.
Histórico-
Filosóficos
da Educação
MIT
MITOO D
DAA CA VERN
CAVERN
VERNAA
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea.
Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de
sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e
por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que
se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas
figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa
que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas
estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa
que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela
prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na
parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você
acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda
do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a
precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua
visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sai da caverna,
terá mais dificuldade ainda para enxergar devido a abundância de luz. Mas depois de esfregar
os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos:
verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de
imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os
animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos
animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver
as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza,
desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda
continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar.
Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam
de tremulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam
para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe. Por fim,
acabam matando-o.
Extraído do livro Mundo de Sofia de Jostein Gaarder. Cia da Letras, 2000, p.104/105.
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b. O que seria a luz exterior do sol?
A Tradição Romana
Nasce uma nova forma de educar: a educação prática dos romanos
Ideal fforma
ormativ
ormativo e or
tivo ganização da educação rromana
org omana
Você já ouviu falar da Itália? Pois é, Roma
ocupava a área que atualmente é conhecida como
Itália e muitas outras regiões da Europa. A Civilização
Romana tem início em dois mil a.C, quando a porção
central da península itálica foi povoada por diversos
povos: entre eles destacamos italiotas, gregos, latinos
e etruscos.
E os romanos faziam o que para se
sustentar? Diversas coisas, falaremos aqui sobre as
principais. Na economia destacava-se o pastoreio e
as atividades comerciais. A principal fonte de riqueza
eram os impostos cobrados das colônias (países
dominados pelos romanos). E como as pessoas viviam
em Roma? A sociedade era patriarcal (os pais tinham
poderes absolutos) e, era dividida em classes: de um
lado a nobreza por nascimento, chamados de
patrícios que eram geralmente proprietários das terras e do outro, os plebeus, maioria absoluta
da população, estes se subdividiam em dois grandes seguimentos: os homens livres
(camponeses, artesãos e comerciantes) e os escravos. Sendo que dentre os plebeus
sobressaía-se um grupo específico, os clientes, protegidos das famílias patrícias que prestavam
serviços às mesmas. Agora que a gente já conhece a economia e a sociedade romanas,
vamos ver, em linhas gerais, as principais características culturais desta civilização:
13
EDUCAÇÃO HERÓICO-PATRÍCIA
HERÓICO-PA
14
EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO
Para refletir...
Nesse tópico vimos que os romanos valorizavam
muito à família, você acha que na educação atual, uma
valorização semelhante traria alguma melhoria para o
processo educacional?
15
QUINTILIANO (35-96)
16
1. Leia a citação abaixo e em seguida responda ao que se pede:
”
(J. Marrou apud ARANHA, 2002, p. 69)
a. Levando-se em conta que a citação é da época Imperial romana, por que podemos afirmar
que o direito era uma carreira promissora?
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A Tradição Medieval
Ideal fforma
orma tiv
ormativ o e or
tivo ganização
org
da Educação Medie val
Mediev
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disciplinas, que vinham desde os tempos dos sofistas gregos. Na Idade Média elas
constituíram o trivium e o quadrivium.
O trivium (gramática, retórica e dialética), corresponderia atualmente ao ensino
médio era mais comum e de caráter mais popular, encontrava-se abaixo do quadrivium
(geometria, aritmética, astronomia e música) que seria uma categoria superior de ensino.
Assim o conteúdo de ensino passou a ser chamado de “as sete arte liberais e dividiam-
se em o trivium e o quadrivium, que estão brevemente resumidos na tabela abaixo:
TRIVIUM QUADRIVIUM
Estudo de gramática, retórica e Estudo de geometria, aritmética,
dialética corresponderia atualmente ao astronomia e música, era considerada como
ensino médio era mais comum e de uma categoria superior de ensino.
caráter mais popular, menos complexo Geralmente só a elite econômica tinha
que o quadrivium. acesso ao mesmo.
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religiosos, no combate à heresia e na conversão dos infiéis. A principal
função da educação era a salvação da alma e a vida eterna.
Por conseguinte, no final do período medieval, com a ampliação do
Fundamentos comércio e por influência da burguesia, começam a haver transformações
Histórico- que irá determinar os novos rumos da ciência, da literatura, da educação.
Filosóficos
#
da Educação
1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
Questão I:
Leia a citação abaixo e em seguida responda ao que se pede:
”
de vida e verdade [...]
GADOTTI, 2002, pp. 51-52
20
1.
Proposições sobre a citação :
Você saberia citar mais alguns dos grandes acontecimentos que o autor se
refere na linha dois do texto?
21
A educação encontrou local privilegiado na Reforma por ser utilizada
como um importante mecanismo para a divulgação da nova religião
protestante. Tanto é que um dos primeiros pressupostos da Reforma é oferecer
Fundamentos iguais condições para todos os homens lerem e
Histórico- interpretarem a Bíblia.
Filosóficos No entanto, a primeira conseqüência desse
da Educação movimento na área educacional, foi a fundação da
educação pública moderna, medida que visava
reagir contra o poderio da educação católica, já que esta última
se dedicava às escolas confessionais pagas. Vejamos a seguir
as principais propostas da Reforma Protestante para o campo
educacional:
A reação dos católicos foi imediata que propuseram a criação de ordens religiosas.
Assim a Ordem dos jesuítas viria a exercer grande influência não só na concepção da escola
tradicional européia como também na constituição do homem brasileiro.
A EDUCAÇÃO JESUÍTICA
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colégios: cada estabelecimento era um dirigido por um Reitor, auxiliado por um Prefeito de
estudos, que era quem de dirigia a instituição e fiscalizava os professores. Geralmente, os
colégios dividiam-se em duas alas:
1 estudos inferiores;
2 estudos superiores (de caráter teológico e diplomava em nível universitário).
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
2. Explique porque durante os séculos XVI e XVII a religião influenciou de maneira efetiva
os rumos da educação, inclusive o Brasil.
23
O Renascimento e a Educação Moderna
24
Principais Educadores da Modernidade
Educadores
João Amós Comênio (1592-1670)
Nascido na Moravia, vai propor um sistema articulado de
ensino, reconhecendo o igual direito de todos os homens ao
saber. O maior educador e pedagogo do século XVII produz
uma obra fecunda e sistemática, cujo principal livro é Didática
magna. Principais propostas de Comênio:
* ensino unificado.
Locke valorizava:
* a educação física;
o estudo da contabilidade e escrituração comercial;
* as línguas modernas e o cálculo.
*
Para ele a finalidade da educação se concentrava no caráter, muito mais
importante que a formação intelectual. Enfim, propõe o tríplice desenvolvimento físico,
moral e intelectual. Segundo Locke, devia-se evitar a escola, onde a criança pudesse
ser bem acompanhada ou vigiada.
Ao contrário de Comênio, Locke não defendia a universalização da educação,
sua pedagogia era elitista, pois a formação dos que irão governar e daqueles que
serão governados devia ser distinta.
Com efeito, no século XVII, o empenho é imenso na tentativa de institucionalizar
a escola. Efetivamente, o direito do ensino ainda pertence à Companhia de Jesus, que
adentra o século XVIII com mais de 600 colégios distribuídos pelo mundo. Mesmo
sendo organizados e competentes, os jesuítas representam o ensino tradicional mais
conservador.
25
Entretanto surgem outras congregações religiosas, desenvolvendo
um trabalho mais apropriado ao espírito moderno. Podemos citar os
oratorianos, e os jansenistas, que se opõem aos jesuítas.
Fundamentos Por conseguinte as academias do século XVI, não são escolas
Histórico- institucionalizadas, mas se propõe a atender aos interesses da nobreza na
Filosóficos formação cavalheiresca de seus filhos. Há uma intensificação dessas
da Educação academias, no século XVII, pois elas representam a mudança dos padrões
conservadores no ensino, para uma concepção mais realista.
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
1. “Ensinar tudo a todos”, esse era um dos lemas de Comênio, explique em que medida
a proposta dele se mostrava inovadora para a época.
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O Iluminismo e o processo educativo
E surgem as luzes do conhecimento ocidental, será que realmente iluminava-se a
vida das pessoas de maneira igual?
A Organização Educacional
Apesar dos progressos evidentes que discutimos no conteúdo anterior com relação
ao processo educativo, é bom salientar que os mesmos ainda são limitados, pois não
existia ainda um plano global ou mesmo uma teoria educacional que realmente merecesse
ser chamada de avançada.
Os movimentos de reforma educacional eram isolados e dependiam
de grupos de voluntários ou mesmo de pessoas que aspiravam objetivos
bem limitados e sem perspectivas mais abrangentes. Por conseguinte,
na segunda metade do século XVIII, muitos desses esforços não oficiais
(que não erma do Governo) entraram em decadência.
E quem eram as pessoas que tinham acesso a esse sistema de
ensino? Infelizmente “as luzes” não conseguiam mudar ainda a realidade
dos mais pobres, assim o sistema educacional estava fundamentado
numa estrutura rígida de classes sociais, ou seja os mais ricos é que
estudavam mais, tanto em qualidade como em quantidade.
Mas as rápidas transformações intelectuais, econômicas, sociais
e políticas no Ocidente solicitavam novas perspectivas no processo
educativo e o movimento Iluminista nesse sentido ajudou na reação da
sociedade contra o autoritarismo religioso e político e, em menor escala,
contra as diferenças sociais. No núcleo desse movimento encontra-se
uma fé inabalável na ciência, na razão humana e no próprio homem.
Assim sendo, no final do século XVIII, a educação começa a dar sinais de um
direcionamento para a cidadania, mas era bastante evidente ainda as diferenças de classe
nessa educação: a classe dirigente receberia instrução para governar e a classe trabalhadora
seria educada o bastante para trabalhar, em outras palavras o sistema educacional ainda
não era democrático. Essa escola em nível de infra-estrutura já começava a se parecer
com as escolas que conhecemos na atualidade: vão estar divididas em classes de pessoas
mais ou menos da mesma faixa etária, vai dispor as carteiras dos alunos em filas, vai
contar com prédios próprios para a prática pedagógica, as aulas vão ser ministradas por
profissional qualificado e vai estar submetida a um sistema nacional de ensino público.
Para refletir...
Na sua opinião por que o movimento conhecido
como Iluminismo foi importante para a educação?
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“O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”. Comumente se
costuma dizer que Rousseau foi um revolucionário na pedagogia, já que delineou
um método liberal de educação com a finalidade de desenvolver a criança sem
Fundamentos destruir seu estado “natural”. O núcleo central dos interesses pedagógicos passa
Histórico- a ser a criança e não mais o professor.
Filosóficos Também, ressalta a especificidade da criança, que não deve ser
da Educação encarada como um adulto em miniatura.
homem ser educado para si mesmo e não mais para Deus ou para a vida
social;
educação afastada do artificialismo das convenções sociais, espontânea original;
recusa o intelectualismo;
valoriza os sentidos, as emoções, os instintos e os sentimentos;
valoriza a experiência, o ensino ativo voltado para a vida, para a ação;
teme a educação que põe a criança em contato com os vícios e a hipocrisia.
A Pedagogia de Kant
Immanuel Kant (1724-1804), maior representante do
Iluminismo alemão, realizou em suas obras a análise das
possibilidades do conhecimento da razão humana situando
os limites e as condições nas quais a razão pode conhecer o
mundo.
Kant dá à educação grande importância podemos
verificar isso nas obras mais clássicas, a Crítica da razão
pura, na qual desenvolve a crítica do conhecimento, e
a Crítica da razão prática, que faz o exame da
moralidade. O problema do conhecimento humano é uma das mais importantes questões
levantadas por Kant.
Ele retoma o debate entre os racionalistas e os empiristas. Condena os empiristas,
segundo os quais tudo o que conhecemos vem dos sentidos, e discorda dos racionalistas,
para os quais tudo o que pensamos vem de nós. Segundo ele, o conhecimento é uma
súmula dos conteúdos particulares dados pela experiência e da estrutura da razão. O
conhecimento acontece na relação sujeito e objeto.
Em suas investigações defende:
28
Kant fundamentou a moral na autonomia da razão humana, isto é, na idéia de que
as normas morais devem brotar da razão humana.
Portanto, cabe a educação, ao desenvolver a faculdade da razão, constituir o
caráter moral.
O principal problema do processo educativo consiste em conciliar a submissão ao
livre-arbítrio da criança. Para ele é nos primeiros anos da infância que a criança encontra-
se na fase pré-moral. Assim sendo, não há necessidade de inculcar-lhe a moral.
Contudo, na medida em que a criança começa a crescer, o processo de formação
deve tornar-se mais formal e incluir:
a paciência,
a disciplina e
o cultivo das dimensões cognitivas e morais.
É o progresso sistemático desse desenvolvimento controlado da criança em
processo de maturação que Kant procura se dedicar. A disciplina deve inculcar-se a
partir dos cinco ou seis anos de idade.
O impacto de Kant sobre o processo educativo foi profundo, tanto que no século
XX serão reexaminados por vários autores na área da moral e da educação, entre eles
estão Piaget e Habermas.
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
a. “Não se deve fornecer conhecimentos prontos ao aluno, mas ensiná-lo como adquiri-lo,
quando necessário.”
ROSSEAU
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b. “O professor deve acrescentar gentileza em as suas aulas e, por meio de
uma certa ternura em sua atitude, deixar perceber à criança que ela é amada”.
Tudo o que acontece dentro da escola - incluindo a escola primária – só pode ser explicado através
do que ocorre fora dos muros escolares, isto é, pela divisão social do trabalho.
A divisão capitalista do trabalho caracteriza-se hoje por uma crescente dissociação o trabalho
manual e o trabalho intelectual. De um lado, há uma massa de trabalhadores manuais e empregados
subalternos (operários, funcionários do comércio de escritórios, pessoal de serviços), condenados a realizar
tarefas fragmentadas e rotineiras. De outro, uma minoria de quadros intelectuais, encarregados das tarefas
de criação e planejamento.
A escola capitalista contribui, por sua vez, para reproduzir e aprofundar essa polarização das
qualificações. De fato, a escola alimenta os dois pólos do mercado de trabalho, através de dois fluxos bem
distintos. Em uma extremidade, ela forma um pequeno número de quadros intelectuais nas melhores
escolas secundárias, desembocando nas universidades. Na outra ponta, a escola orienta a formação de
massas trabalhadoras mais ou menos qualificadas e condenadas a vender-se por um salário irrisório aos
donos das grandes corporações industriais, das cadeias de lojas ou dos escritórios.
Eis por que a escola não é única, mas dividida em duas redes de ensino: a rede primária/
profissionalizante e a secundária/superior. Essas redes são estanques, heterogêneas, devido a seu programa
de ensino diferenciado, assim como o estrato social de seus alunos.
Visíveis com clareza a partir da escola secundária com sua preparação de fato, essas duas redes
existem, no entanto, desde a escola primária. É justamente ali, em meio à obscuridade de uma escola
aparentemente única e igual para todos, que a diferenciação se forma e deita raízes. De fato, é a escola
primária que assegura, sob o manto da unidade e da democracia, o essencial da polarização social de uma
geração escolar.
Ora, tudo ocorre como se fosse absolutamente natural... Afinal, sabe-se que há enormes diferenças
entre uma e outra escola; sabe-se ainda que os filhos de operários terão mais dificuldades que os outros
alunos. Mas daí a admitir de forma exata e positiva que a escola primária é local onde se processa a
polarização de classes e compreender as relações entre a escola e a exploração capitalista é dar um salto
grande demais. Entre o curso preparatório e a linha de montagem, o caminho é longo...
( ... ) A divisão capitalista do trabalho; a exploração dos trabalhadores; a extração da mais-valia; a
desqualificação do trabalho; o vai-e-vem do desemprego; o exército industrial de reserva; a crescente
dissociação entre o trabalho manual e o trabalho intelectual: eis as verdadeiras causas que possibilitam
explicar a estrutura e o funcionamento da escola capitalista. E é preciso procurar na organização capitalista,
isto é fora da escola, as razões de sua divisão em duas redes de ensino, com a conseqüente polarização
operada entre as crianças.
30
No entanto, é esta a realidade e devemos encará-la de frente. A função real da escola não é em
absoluto fazer desabrochar harmonicamente o indivíduo ou desenvolver aptidões pessoais; este é um
sonho abstrato dos psicólogos. Ao contrário, o papel escola é produzir contingentes de mão-de-obra mais
ou menos qualificada para o mercado de trabalho. É a estrutura do mercado de trabalho que pressiona a
escola com toda a sua força, a ponto de imprimir sobre ela sua marca.
BAUDELOT, Christian e ESTABLET, Roger. L’ecole primaire…un dossier. Apud
4.
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. S. Paulo: Ática, 2002. p.197-198.
b. No texto existe uma posição clara do autor em relação ao papel que a escola vem
desempenhando na nossa sociedade. Você concorda com a posição do autor? Argumente
e justifique a sua resposta:
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
O que é Filosofia
Entendendo a origem e o conceito
Com certeza alguma vez em sua vida você já ouviu falar de um dos ramos do saber
chamado Filosofia, não raramente, as pessoas têm uma péssima impressão sobre esta
ciência, mas por que? No nosso entender existem basicamente dois fatores que explicam
isso. No primeiro caso, os próprios especialistas da área, ou seja, os filósofos profissionais
são os responsáveis por esta imagem negativa. Em primeiro lugar, porque muitos deles
complicam as suas teorias a tal ponto que nós seres humanos “comuns”, não os entendemos
ou não conseguimos ver sentido algum no que eles estão transmitindo com seus estudos.
Isso ocorre por causa do emaranhado de conceitos e teorias complexas formuladas pelos
mesmos, que exigem um alto grau de abstração para um entendimento satisfatório.
31
Um outro fator que pode nos afastar da filosofia é a falsa idéia que
Fundamentos outras pessoas (dessa vez os filósofos amadores) criaram em relação a este
Histórico- ramo do saber: Trata-se de uma imagem muito simplista acerca da filosofia,
Filosóficos veiculada amplamente por pessoas interessadas em fazer com que a
da Educação sociedade não desenvolva o espírito reflexivo. Daí algumas considerações
pejorativas aparecem com freqüência, tais como: “filosofia é qualquer tipo de
teoria vazia que não presta para nada, apenas para complicar o que já era complicado”.
Estas e outras questões pretendem ser respondidas ao longo do nosso curso. A seguir,
tentaremos explicar e discutir os objetivos e a importância da Filosofia e você é nosso
convidado.
A Filosofia na verdade traduz o pensar, o sentir e o agir da vida humana na sua mais
alta expressão (LUCKESI, 2000), ela não é de maneira nenhuma algo morto e, que não
serve para nada e nem pura abstração vazia de sentido. A Filosofia surgiu na Grécia por
volta do século VI a.C., a partir do trabalho dos filósofos que antecederam Sócrates. Isso
assinalou a passagem da consciência mítica/religiosa para a consciência racional/ filosófica.
Esse processo não ocorreu
mecanicamente, nem de
imediato o que exigiu dos seres A filosofia clássica Antiga pode ser
humanos um amadurecimento dividida em três grandes etapas:
intelectual. Esses dois tipos de
consciência coexistiram na 1 Período pré-socrático (sécs. VII e VI a.C.):
Grécia, assim como, os filósofos pré-socráticos discutem de forma
guardadas as devidas racional sobre a natureza, distanciando-se das
proporções, coexistem na explicações míticas do período anterior. Dentre os
nossa sociedade. pré-socráticos, podemos destacar dois: Heráclito
Quando lemos um texto e Parmênides.
de filosofia, na verdade,
estamos nos aproximando de 2 Período socrático ou clássico (sécs. V e
um entendimento que o autor IV a.C.): o núcleo cultural passa a ser Atenas; nesse
construiu a partir da sua visão período, destacam-se Sócrates, Platão, e
de mundo, esse trabalho foi Aristóteles; também, fazem parte os sofistas.
construído a partir dos valores
e aspirações que dão sentido 3 Período pós-socrático (sécs. III e II a.C.):
ao mundo. esse período é caracterizado pela expansão dos
Nesse sentido pode-se macedônios sobre os territórios gregos e formação
afirmar que os filósofos, do império de Alexandre Magno; após a morte do
refletem também sobre o mesmo, começa a época helenista, marcada pela
cotidiano dos seres humanos influência oriental.
e podem organizar um quadro
coerente e organizado para o
entendimento da realidade que nos cerca.
32
Patrística
*
A Patrística teve como principal figura Santo
Agostinho (354-430), seu pensamento, reativa no cristianismo
os princípios da clássica filosofia platônica mas
salvaguardando as características originais da teologia e da
moral cristã. A finalidade do processo educativo é constituída
de conhecimento e fé.
Ele aborda o processo educativo em três obras: Sobre
o Educador (389), Sobre Aqueles que Ensinam
ao Povo Simples (399) e Sobre a Doutrina
Cristã. (397-426). A questão principal do
processo educativo é o fato de o
verdadeiro conhecimento ser inato,
depositado na alma por Deus. Assim, é
papel do mestre auxiliar o aluno, tornar
revelada a verdade preexistente, latente,
elevando-se acima do mundo material, que
é simples aparência. O processo
educativo implica em auxílio mútuo
entre o mestre terrestre e o Deus.
Escolástica
*
A Escolástica, estudo obrigatório dos teólogos. Nela a razão
encontra-se a serviço da fé. Seu principal representante é Santo
Tomás de Aquino (1225-1274), doutor da Escolástica que fez
da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da fé cristã.
Ela era lecionada nas escolas medievais. Os teólogos da
Escolástica procuram amparar a fé na razão, com o fim de melhor
justificar as crenças, converter a população que não
era católica e ainda combater muçulmanos e
judeus.
Em sua vida Santo Tomás escreve
uma obra importante para a educação: De
Magistro, na qual ele afirma que a
educação é vista como uma atividade
potencializadora daquilo que já existe de
maneira adormecida no aluno, esse
processo se daria com o auxílio do
mestre. Sem dúvida a filosofia
medieval é fascinante, mas não
podemos nos estender no assunto.
33
Acompanhe abaixo um quadro comparativo entre a Escolástica e a
Patrística:
Patrística Escolástica
Fundamentos
Histórico-
Filosóficos Adaptação do pensamento
da Educação Defesa dos dogmas aristotélico aos interesses da religião,
católicos, luta no combate às tinha Jesus como o modelo de mestre
heresias e na conversão dos e educador, o objetivo mais
considerados povos pagãos, importante seria formar o homem na
filosofia dos padres. Fé, essa filosofia era usada nos
colégios e universidades católicas
(modelo tomista/aristotélico)
#
1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
34
O Papel do F
Pa ilósof
Filósof
ilósofoo e a to de F
ato ilosof
Filosof ar
ilosofar
A principal tarefa do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela,
descortinando seus significados mais profundos, ou seja descobrindo o que está por trás
das aparências. Para o filósofo, refletir significa pensar de maneira organizada,
sistemática e a partir de uma metodologia, o que já foi pensado. Nesse sentido, refletir,
seria fazer o próprio pensamento retornar, para assim termos uma melhor compreensão,
um maior entendimento de determinado assunto que se apresenta.
A reflexão só é considerada uma atitude própria da Filosofia, quando é feita de
forma radical, rigorosa e em conjunto. Assim, a filosofia é considerada radical porque
investiga um problema até as suas raízes, ou seja quando investiga um problema não se
preocupa apenas em entender somente o efeito,
mas sim as causas, isto é as origens, a raiz que
originaram aquele efeito. Daí conclui-se que a
filosofia é radical enquanto explicita os fundamentos
do pensar e do agir.
Tendo em vista que a filosofia é um modo de
pensar, um posicionamento frente as questões que o
mundo nos apresenta, ela não pode ser considerada como
um conjunto de saberes pronto e acabado, muito menos
fechado em si mesmo. Desta forma o ato de filosofar
começa por inventário dos valores (éticos, estéticos
e morais) que dão rumo à nossa vida. Depois dessa
primeira etapa é preciso criticar tais valores sob todos os ângulos, ou seja a sua base de
sustentação, descobrir a sua essência. Na terceira etapa é necessário reconstruir os valores
ou seja, construí-los criticamente para a orientação de nossas vidas em sociedade.
#
1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
O filósofo
Uma vez aceito o princípio de que todos os homens são “filósofos”, isto é, que entre os filósofos
profissionais ou técnicos e os outros homens não há diferença qualitativa, mas apenas quantitativa (e
neste caso quantidade tem um significado particular que não pode ser confundido com soma aritmética, já
que indica maior ou menor homogeneidade. Coerência e logicidade, etc. [...]
O filósofo profissional ou técnico não só pensa com maior rigor lógico, com maior coerência, com
maior espírito de sistema do que os outros homens, mas conhece toda a história do pensamento, sabe
explicar o desenvolvimento que o pensamento teve até ele e é capaz de retomar os problemas a partir do
ponto em que se encontram, depois de terem sofrido as mais variadas tentativas de solução, etc. Tem, no
campo do pensamento a mesma função que os especilistas nos diversos campos científicos.
GRAMSCI Apud ARANHA 2002, p. 109
35
a. De acordo com o texto qual é a diferença básica entre o filósofo
profissional e o não profissional?
Fundamentos
Histórico-
Filosóficos
da Educação
São várias as formas pelas quais o homem entra em relação com o mundo que o
rodeia, a depender das circunstâncias e necessidades, bem como do tipo de cultura em
que ele está inserido.
O homem, ao longo de sua existência na Terra, tem procurado
conhecer o mundo através de várias formas: a mais antiga é a que
ficou conhecida como consciência mítica, predominantemente
religiosa e ligada a rituais mágicos, buscando soluções para os
problemas concretos da humanidade geralmente a partir de apelos
à divindades.
Com o rompimento das organizações tribais e a crescimento
das formas de organização humana, surge uma outra abordagem
conhecida como do senso comum, nela as pessoas passam a
reelaborar a herança cultural recebida da
comunidade. Mais ou menos a partir do
século XVII a parece a abordagem
científica que através de toda uma
metodologia vai estabelecer leis e teorias científicas afim de
delimitar os seus objetos de estudo. Existe também uma outra
abordagem do real que é a concepção filosófica, na qual se
busca compreender o mundo criticamente parti do
pensamento lógico e racional.
36
Vejamos a seguir um quadro resumo com estas abordagens do real :
37
O que é Educação
38
Segue abaixo um quadro comparativo resumido dessas pedagogias.
O professor
RELAÇÃO Vertical, o professor Professor facilitador racionaliza o saber
EDUCADOR / é o transmissor do do conhecimento, o científico e o aluno
EDUCANDO conhecimento. aluno é o centro do recebe, aprende e fixa
processo. as informações.
É bom que se diga que não queremos que você veja com preconceito nenhuma das
três pedagogias aqui resumidas, criticar as pedagogias,
requer um alto nível de ponderação, pois se a pedagogia
Tradicional não estimula o senso crítico e a criatividade
dos alunos, a Renovada estimula o individualismo no
educando, já a Tecnicista propicia a alienação do Ser
Humano, cabe-nos a reflexão para encontrar uma forma
de atuar na prática.
39
E qual seria a finalidade básica da
educação?
Fundamentos
Histórico- Esta é uma pergunta complexa, pois a finalidade
Filosóficos pode variar bastante ao longo do tempo e a depender da
da Educação cultura e da sociedade na qual se dá o processo
educativo. Isso é o que tem mostrado a História da
Educação: por exemplo, na Grécia dos tempos heróicos, a finalidade
era formar guerreiros, na Grécia da época das cidades-estado, almejava-
se formar cidadãos. Em Roma, os esforços se concentravam na formação
de cidadãos com espírito prático e assim sucessivamente.
E na atualidade
tualidade,, qual seria a
atualidade
finalidade básica da educação?
Bom, responder a esta pergunta é um exercício bastante interessante. Num mundo
globalizado é extremante difícil ponderarmos a finalidade exata da educação, pois as
realidades de cada sociedade são distintas.
Assim os objetivos educacionais em um país desenvolvido pode ter pontos em comum
com os de um país em desenvolvimento, mas certamente não serão iguais e daí por diante.
Portanto os fins da educação baseiam-se em valores permanentes (ética, estética, moral,
conhecimento, etc) e em valores provisórios (necessidades humanas concretas). Estes
valores provisórios se alteram conforme vamos alcançando os objetivos imediatos, ou seja
enquanto nossa realidade concreta vai se modificando e as etapas vão
avançando.
A educação é um processo que dura a vida toda, não tendo idade
para se iniciar e nem terminar, ela não pode se limitar à mera
continuidade da tradição, pois ela supõe a possibilidade de rupturas,
pelas quais a cultura se renova e o homem se aperfeiçoa,
construindo assim a sua história.
Tornar a Educação verdadeiramente integral e portanto
realmente formativa do Ser Humano é, antes de mais nada,
oferecer a todos instrumentos de crítica e reflexão acerca
da sociedade em que vivemos, afim de que possamos
superar as contradições e assim tornar a mesma mais justa,
menos excludente e portanto menos violenta.
Não é a prática educacional quem estabelece os
seus fins. Quem o faz é a reflexão filosófica que permeia a
educação, dentro de uma dada sociedade. As relações
entre educação e filosofia parecem ser quase “naturais”.
Enquanto a primeira trabalha com o desenvolvimento
do Ser Humano e sobretudo das novas gerações,
a segunda é a reflexão sobre o que e como
devem ser estes Seres Humanos e a própria
sociedade.
40
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
41
Filosofia da educação
Imaginem a análise
Fundamentos vigorosa e radical da filosofia
Histórico- aliada ao processo educacional,
Filosóficos sem dúvida é melhoria na
da Educação qualidade da educação,
vejamos então como tentar
fazer isso.
Enquanto reflexão filosófica, a Filosofia da
Educação tem como tarefa básica buscar o
sentido mais profundo do próprio sujeito no
processo educacional, ou seja de construir a imagem do Homem
em seu papel de sujeito/educando, nesse sentido deve ser uma disciplina
que busque integrar as várias contribuições das ciências humanas. A relação entre Educação
e Filosofia é bastante espontânea. Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento
dos homens de uma sociedade, a filosofia faz uma reflexão sobre o que e como devem ser
ou desenvolver estes homens e esta sociedade, isto é, uma reflexão sobre os problemas
que a realidade educacional apresenta.
A função maior da filosofia da educação é contribuir para que o Ser Humano adote
uma postura reflexiva no que tange à problemática educacional. É assim que a Filosofia da
Educação passa a desenvolver uma tríplice tarefa:
42
Na história da humanidade existiram três grandes Concepções de Homem que a
orientação pedagógica pretendeu formar ao longo da história:
AS CONCEPÇÕES DE HOMEM
Essencialista Naturalista Histórico-social
Homem entendido Homem enquanto uma
Homem enquanto organismo entidade natural e
compreendido a partir vivo, regido pelas leis histórica;
de uma natureza da natureza;
imutável;
Homem A natureza humana
compreendido a partir determinada pelas
do dualismo mente e condições objetivas de
A perfeição de cada corpo; sua existência;
ser dependeria da
realização plena das A supremacia seria
potencialidades do corpo, organismo O ser humano seria
internas. vivo regido por leis da resultado de um
natureza. processo de vir-a-ser.
43
Assim a filosofia da educação auxilia muito a
pedagogia, mas não se deve confundir uma com a outra.
Fundamentos Enquanto a pedagogia pode ser compreendida como
Histórico- uma teoria geral da educação que se preocupa com
Filosóficos a eficácia e a intencionalidade da práxis pedagógica;
da Educação a filosofia acompanha reflexivamente os problemas
ligados á educação, mediando a contribuição que as
outras ciências podem fornecer para que o processo de ensino/
aprendizagem se torne mais reflexivo e ao mesmo tempo mais
objetivo. Em resumo a filosofia da educação busca a compreensão
profunda de determinada realidade educacional de maneira vigorosa
e integral.
A reflexão sobre os problemas referentes à transmissão e construção do
conhecimento é uma tarefa fundamental para a filosofia da educação.
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
1.
Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda ao que se pede:
Um famoso filósofo alemão do século passado Frederico Nietzsch, tece uma crítica radical à civilização
ocidental, dizendo que ela educa os homens para desenvolverem apenas o instinto da tartaruga. O que quer
dizer isso? A tartaruga é o animal que, diante do perigo, da surpresa, recollhe a cabeça para dentro da sua
casca. Anula, assim, todos os seus sentidos e esconde, também na casca, os membros, tentando proteger-
se contra o desconhecido [...]
Formar boas tartarugas parece ter sido o objetivo dos processos educacionais e políticos da educação
desenvolvidos no mundo ocidental nos últimos anos. Temos educado os homens para aprenderem a se
defender contra todas as ameaças externas, sendo apenas reativos [...]
Precisamos assumir o desafio de educar o homem para desenvolver o instinto da águia. A águia é o
animal que voa acima das montanhas, que desenvolve os seus sentidos e habilidades, que aguça ouvidos,
os olhos e competência para ultrapassar os perigos, alçando vôo acima deles. É capaz, também, de afiar
as suas garras para atacar o inimigo no momento em que julgar mais oportuno [...]
RODRIGUES apud SEVERINO, 1994 p. 24
a. Com base no texto faça um comentário sobre que tipo de educação (métodos,
pedagogia, objetivos, etc.) deve ser desenvolvida para formar “águias”:
44
A FORMAÇÃO CRÍTICA E A NECESSIDADE DE UMA
POSTURA ÉTICA DO EDUCADOR
Educação e Ideologia: A Luta pelo Poder
45
A política, queiramos ou
não, permeia a maior parte
das atividades humanas, o
Fundamentos tempo todo o homem mal
Histórico- informado, que se diz
Filosóficos
da Educação apolítico é facilmente
manipulado e influenciado
pelos donos do poder. Assim é
hora de repensarmos a importância da mesma em
nossas vidas. Desde que as sociedades humanas se tornaram mais complexas, o principal
instrumento de disputa pelo poder deixou de ser a violência física e passou a ser a palavra,
o discurso, a persuasão.
A função principal da ideologia é camuflar, mascarar as contradições existentes
nas sociedades, tais como as diferenças de classe, de raça e de gênero, apresentando a
sociedade como algo harmônico e igualitário, pois a mesma é um conjunto de idéias,
representações e de normas de conduta que induzem o homem a pensar de determinada
maneira. Essa maneira de pensar geralmente é articulada pelas classes dominantes, ou
seja, por quem está no poder.
A ideologia facilita a coesão entre os homens e a aceitação apolítica de
determinadas situações vantajosas para uns e de exploração para outros, estabelecendo
a noção de que as coisas são como deveriam ser. A própria classe dominante sofre
também a influência de sua própria ideologia na medida em que ele (o dominador) considera
o seu papel de explorador como algo natural.
O processo de alienação da consciência em relação à realidade objetiva, dá-se
quando o Ser Humano elabora conteúdos explicativos e valorativos que julga válidos e
verdadeiros com os quais pretende explicar e legitimar vários aspectos da vida cotidiana.
Assim a própria consciência humana sai lesada e não se dá conta de que tais valores,
idéais e conceitos tem um sentido que naquela situação está na contramão da objetividade
real.
Na escola, a ideologia desempenha um papel de destaque, para alguns cientistas
sociais da corrente Crítico-reprodutivista, ela reproduz as desigualdades
presentes na sociedade.
Assim sendo a escola não é encarada como uma instituição
realmente democrática, pois existiria uma escola para formar
as elites econômicas (de qualidade, com estrutura
pedagógica, profissionais bem pagos etc) e outra para
formar as classes menos favorecidas (geralmente em
condições inferiores). Na primeira a ideologia difundida seria
a de como se tornar um membro da classe dominante e
alcançar os mais altos postos na vida econômica e social.
Mesmo sendo esta uma posição um tanto quanto extremada,
há de se convir que existe muitos acertos nesta teoria.
46
#
1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
O conhecimento
O que é conhecimento? Como podemos conhecer as coisas? Essas perguntas vêm
perseguindo o homem há muitos anos, aliás há séculos. Dependendo da cultura, do momento
histórico, do próprio saber acumulado, da estrutura socioeconômica, política e social, ou
até mesmo em decorrência da evolução tecnológica, teremos as mais diversas respostas.
Ao falarmos em conhecimento, estamos designando o ato de conhecer como uma
relação que se estabelece entre a consciência que conhece e o objeto conhecido. Portanto
há dois elementos no ato de conhecer: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser
conhecido.
Assim sendo o conhecimento pode ser considerado como a compreensão inteligível
da realidade que o sujeito humano adquire através de sua confrontação com a realidade.
Ele pode ser adquirido e construído em conversas, nos livros em jogos, etc. A raiz de todo
conhecimento está na sua meta maior que é atingir o entendimento da verdade e não a
simples e pura retenção de informações.
Para sermos intelectualmente ativos, é necessário utilizarmos as informações
adquiridas de maneira ativa para que assim entendamos o mundo exterior e o nosso interior
(autoconhecimento). Vejamos a seguir as principais teorias do
conhecimento constituídas no mundo moderno:
A primeira dessas teorias foi o inatismo que teve como
principal ícone teórico René Descartes (1596- 1650), que é
considerado o pai da Filosofia Moderna, começou uma
forma de reflexão que se opõe à tradição escolástica. Ao
analisar o processo pelo qual a razão chega a verdade,
Descartes utiliza o recurso da dúvida metódica. Para
conhecermos a verdade, é necessário, em princípio,
colocarmos todos os nossos conhecimentos em dúvida,
questionando tudo para criteriosamente analisarmos se
existe algo na realidade de que possamos total certeza.
Descartes insere uma ampla mudança no
“Penso, logo existo” pensamento moderno, segundo a qual o sujeito tem a função
(Cogito, ergo sum) ordenadora do conhecimento: O pensamento,
47
sistematicamente dirigido, encontra inicialmente em si os critérios que
permitirão estabelecer algo como verdadeiro.
Por conseguinte, a ciência na era moderna, deixa de ser um saber
Fundamentos contemplativo e passa a se afirmar como sinônimo de verdade e progresso.
Histórico- Segundo o mesmo as idéias superiores derivam não do geral, mas do
Filosóficos particular, ou seja as elas já se encontram no espírito e são comuns a uma
da Educação
natureza humana. O critério proposto para saber se tais idéias eram
verdadeiras ou não seria um critério seguro do nosso espírito.
Enquanto o inatismo de Descartes prioriza a razão, como ponto de partida de todo
conhecimento, Locke se opõe a esse pensamento. O empirismo de John Locke, afirma
que nada está no espírito que não tenha passado primeiro pelos sentidos.
O empirismo, apesar de influenciado pelo inatismo, vai
propor que o conhecimento só se efetiva a partir da experiência
sensível, ou seja só depois de algum experimento poderia se
elaborar o conhecimento. As duas fontes do conhecimento seria
a sensação e a reflexão Locke foi o mais importante teórico dessa
corrente do pensamento.
A corrente interacionista é fruto das teorias progressistas
de influência marxista e do construtivismo soviético que se utiliza
da dialética, entendida como a lógica da contradição. Sujeito e
objeto situam-se, por assim dizer, numa nova relação entre si, na
qual nenhum dos dois prevalece, um dependendo do outro, só
existindo enquanto pólo da relação.
O sujeito se dá conta de que, embora condicionante da
posição do objeto não pode integrá-lo; o objeto, por sua vez, por Jean Piaget
mais autônomo que seja, não mais se impõe dogmaticamente ao
sujeito como pura positividade.
AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Inatista Empirista Interacionista
Supremacia do
Supremacia do objeto (do meio); Não há contradição
sujeito; sujeito/objeto; homem/
Sujeito: tábula rasa mundo.
Sujeito: idéias inatas (passivo);
é a condição do O conhecimento
conhecimento. Conhecimento renova-se sempre.
transmitido e recebido.
48
#
1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
Na atualidade, a prática escolar que você tem tomado contato estimula a construção
do conhecimento:
49
Qualquer vocábulo quando exageradamente utilizado faz com que seu
sentido original perca a força. Assim tem acontecido com alguns conceitos
importantes, tais como Justiça, Liberdade, Fraternidade e a Ética, que
Fundamentos atualmente têm sido confundidos quanto aos seus verdadeiros significados.
Histórico- Por que isso tem ocorrido? Ora de tanto se ouvir falar de tais conceitos, as
Filosóficos pessoas passam a ter uma falsa impressão de já tê-los compreendido em
da Educação sua verdadeira essência.
Para o homem atual, os valores não estão pré-definidos e não são
descobertos pelo acaso, mas vão sendo construídos ao longo de suas vidas tanto de forma
coletiva como de forma individual, ou seja, o Homem educa-se pelo exemplo dos outros e
pela suas próprias inclinações. Assim, como exigir de uma criança que ela não minta se
alguém (que eu não quero falar naquele momento) ligar para a minha residência e aí eu
orientar a criança a dizer que eu não estou em casa, quando na verdade estou? Como
exigir de uma criança que ela não ache a corrupção algo comum se no meu relacionamento
cotidiano com ela, repito uma frase mágica do tipo: se você passar de ano vai ganhar uma
bicicleta.? Não seria mais correto orientá-la a passar de ano porque é o certo e não para
que ela se acostume a cumprir o seu dever esperando sempre receber algo em troca?
Mais uma vez cabe-nos a reflexão.
No processo educacional, o resgate da ética é de
fundamental importância uma vez que antes de tudo a
verdadeira educação é um compromisso ético, ou seja é
preciso que a relação professor-aluno seja calcada em
valores positivos e verdadeiros, estes que constróem a
dignidade humana. A escola é uma das instituições mais
complexas de nossa sociedade, tendo em vista que as forças
de dominação, degradação, alienação estão se
consolidando em nossa sociedade de maneira alarmante e
somente a partir de uma (re) educação da humanidade
podemos aspirar a dias melhores.
As condições de trabalho, ainda são muito degradantes, as relações de poder estão
desvirtuadas e a distribuição dos bens materiais e simbólicos extremamente desiguais,
nesse sentido se torna necessário um verdadeiro pacto social entre os educadores para o
resgate da verdadeira cidadania, inclusive a partir de uma postura crítica em relação a sua
própria atuação, a atuação da direção da instituição de ensino na qual trabalha e da postura
de seus alunos em sala de aula.
Muitos podem se perguntar o que a educação tema a ver com a ética? A resposta
mais razoável é tudo, uma vez que a
penas um ser humano educado
pode educar outro e para
se educar uma sociedade
inteira é necessário
termos a moralidade
positiva denunciada em
nosso agir cotidiano em
quaisquer que sejam as
condições materiais e imateriais que constituam a nossa realidade social. Os sistemas e
códigos morais podem até variar, mas não a moralidade em si e nem a sensibilidade humana.
A educação se tornará mais coerente e eficaz a partir do momento que estivermos
capacitados para explicitar esses valores, ou seja, se desenvolvermos um trabalho reflexivo
que esclareça as bases axiologia educacional.
Analise o trecho abaixo e em seguida responda ao que se pede:
50
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
a. De acordo com o texto acima, qual a principal dificuldade ética enfrentada pelo
professor na atualidade?
b. Por que a burocracia do sistema pode levar o professor a se afastar de uma postura
ética?
O problema moral
52
Atividade
Orientada
Caro (a) Aluno (a),
Etapa 1
Elabore um TEXTO DISSERTATIVO (mínimo de 15 linhas) sobre como podemos
atuar, enquanto educadores, na construção de um mundo melhor, justificando o seu
pensamento com argumentos pautados nos estudos que foram realizados na nossa disciplina
e nos referenciais teóricos indicados.
Etapa 2
Como você já teve uma noção básica em torno da história e da filosofia da educação
do mundo ocidental, desde a Antigüidade até a era Moderna, por favor, elabore um TEXTO
DISSERTATIVO (mínimo de 15 linhas) sobre o que vem a ser a História e a Filosofia
da Educação, utilizando-se de argumentos baseados no que foi discutido em nossa
disciplina e nos referenciais teóricos indicados.
Etapa 3
Em papel metro ou cartolina e utilizando gravuras e/ou fotografias de revistas velhas,
construa um CARTAZ que trate da importância e finalidade do estudo dos fundamentos
histórico-filosóficos da educação, levando-se em conta as suas dimensões axiológica
(valores), antropológica (humanidade) e epistemológica (conhecimento).
Vale esclarecer que serão critérios avaliativos do cartaz: clareza, estética e
capacidade de relação das gravuras com o conteúdo estudado.
Agora em dupla, você deverá elaborar um trabalho escrito (mínimo de 10 linhas),
53
seguindo as normas da ABNT, que se constitua numa “Linha do Tempo”
com os principais representantes do pensamento pedagógico ocidental, ou
da Antigüidade até a Idade Média, ou da Idade Moderna até o Iluminismo,
Fundamentos destacando suas principais contribuições na área da educação, seu método
Histórico- pedagógico e suas principais obras.
Filosóficos
da Educação
Vale salientar que, para realização do trabalho como um todo,
esperamos que você cumpra cada etapa de forma progressiva, pois o mesmo trata-se de
uma atividade de avaliação que almeja, não só atribuir-lhe uma “nota” ao final da disciplina
mas, principalmente, contribuir com a consolidação de conhecimentos fundamentais à sua
formação e atuação profissional.
54
Glossário
ALIENAÇÃO: Fragmentação da consciência, perda da individualidade, da consciência crítica,diluição
da própria identidade.
BÁRBARO: Palavra usada para identificar todos os povos não romanos. Aqueles que usam barbas longas.
CLERO: Classe social formada por aqueles que receberam ordens sacras, religiosos.
CONHECIMENTO: É a relação que se estabelece entre um sujeito que conhece ou deseja conhecer
algo e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.
CRÍTICO-REPRODUTIVISTA: Teoria pedagógica difundida nos anos 70 que critica a ilusão liberal
da Escola como instância de democratização, concluindo que ela reproduz as diferenças sociais.
ARANHA, 2002, p. 236
EDUCAÇÃO: Prática social cujo fim é o desenvolvimento humano[..] de acordo com as necessidades
e exigências de determinada sociedade em determinado tempo/espaço.
CAVALCANTI, 2004, p.93
EMPIRISMO: Doutrina filosófica moderna (séc XVII) segundo a qual conhecimento procede
principalmente da experiência, principais representantes: Hume, Locke e Hume.
ARANHA, 2002, p. 238
ESCOLAS SECULARES: Escolas do século, do mundo, abertas a qualquer atividade não religiosa.
ÉTICA: Qualidade da ação fundada em valores morais; pode também significar a área da Filosofia
que trata da moralidade da ação humana e ainda pode ser considerada como a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade.
SEVERINO. 1999, p.138 e NALINI, 1999, p. 34
FEUDO: Unidade produtiva da época Medieval, grande extensão de terra que pertencia a um
senhor feudal.
FILOSOFIA: Estudo que surgiu procurando desenvolver o logos (saber racional) em contraste com o
mito (saber alegórico). Ela é um corpo de conhecimento, constituído a partir do esforço do ser humano para
compreender o mundo e dar-lhe um significado compreensivo [...] é um instrumento de ação.
LUCKESI, 2000, p.22.
HERESIA: toda doutrina que fosse contrária aos dogmas da Igreja católica.
IDEOLOGIA: conceitos e valores particulares de um grupo social passados a todos como se fossem
universais.
SEVERINO, 1996.
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INATISMO: Concepção segundo a qual as idéias ou os princípios já existem na
mente dos indivíduos e portanto não surgem de fora para dentro.
ARANHA, 2002, p. 238.
Fundamentos
Histórico- LEI DAS DOZE TÁBUAS: Código Jurídico baseado em velhos costumes e em novas
Filosóficos leis plebéias.
da Educação
LEIGO: Quem não é eclesiástico que não segue a carreira religiosa.
NOBRE: Classe social que possuía privilégios de nascimento, geralmente eram proprietários de terras.
RATIO STUDIORUM: Plano de estudos da Companhia de Jesus, aprovado em 1599, que ainda
hoje é o método ministrado nos colégios jesuítas.
LUZURIAGA, 2001, p. 118.
SERVOS: Classe social que prestava serviços à nobreza e ao clero, não eram proprietários.
TOTALITÁRIO: É a ação que centraliza todas as decisões e poderes em uma pessoa ou grupo de
pessoas. Na educação isso se refletia na autoridade total e incontestável do mestre.
TRIBUNATO DA PLEBE: Grupo de dez pessoas que representavam os plebeus na política romana.
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Referências
Bibliográficas
ARANHA, M. L. Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1997.
GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002.
SAVIANI, Demerval. Educação:do senso comum à consciência filosófica. 13ª ed. (rev.).
São Paulo: Autores associados, 2000.
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Anotações
Fundamentos
Histórico-
Filosóficos
da Educação
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Anotações
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Fundamentos
Histórico-
Filosóficos
da Educação
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ftc.br/ead
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