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1 CF: Art. 60, § 4º, IV: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV -
os direitos e garantias individuais.
2 SARAIVA, João Batista da Costa. Adolescente e Ato Infracional. Garantias Processuais e Medidas
Socioeducativas. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 1999. Pág. 24.
Além da Constituição, tal pretensão viola o disposto no artigo 41 da
Convenção das Nações Unidas de Direito da Criança, que deixa implícito que os
seus signatários não tornarão mais gravosa sua lei interna, em face do contexto
normativo da referida Convenção. Esta, em sua literalidade, não estabelece
dfierenciação entre criança e adolescente, todavia, determina em seu artigo 1º,
como sendo criança: “todo ser humano menor de dezoito anos de idade”.3
9 RESENDE, Maria Cleonice, e DUARTE, Helena Rodrigues. Redução da Maioridade Penal. In:
LEAL, César Barros, e JÚNIOR, Heitor Piedade. Idade da Responsabilidade Penal. Belo Horizonte,
Del Rey, 2003. Pág. 23.
educação, não à pena criminal. De resto, com a legislação de menores
recentemente editada, dispõe o Estado dos instrumentos necessários ao
afastamento do jovem delinquente, menor de 18 anos, do convívio social, sem sua
necessária submissão ao tratamento do delinquente adulto, expondo-o à
contaminação carcerária. (g.n.)”10
Pernanece a errônea idéia de que "o menor pode fazer o que quizer", “eu
sou de menor”15, ou ainda de que “com menor não dá nada”16. Em alguns pontos o
Estatuto da Criança e do Adolescente prevê procedimentos mais severos do que os
10 Citação em: MALOSSO, Tiago felipe. Redução da Maioridade penal e suas implicações
dogmático-constitucionais. In: Revista dos Tribunais. Ano 96, dezembro de 2007, Vol. 866. São paulo,
Revista dos Tribunais. Pág. 464-465.
11 NUNES, Francisco Clávio Saraiva. Redução da Maioridade Penal: Uma Pseudo-Solução. In:
LEAL, César Barros, e JÚNIOR, Heitor Piedade. Idade da Responsabilidade Penal. Belo Horizonte,
Del Rey, 2003. Pág. 36.
14 SARAIVA, João Batista da Costa. Compêndio de Direito Penal Juvenil. Adolescente e Ato
Infracional. 3ª Ed., Porto alegre, Livraria do Advogado, 2006. Pág. 46-47.
previstos para um adulto. Um destes casos é o da privação provisória de liberdade.
O ECA prevê para o adolescente, a possibilidade desta privação se estender por até
45 dias, enquanto para o adulto, a legislação penal prevê apenas 5 dias de prisão
temporária.17
15 MARQUES, João Benedito. A Responsabilidade Penal do Jovem. In: LEAL, César Barros, e
JÚNIOR, Heitor Piedade. Idade da Responsabilidade Penal. Belo Horizonte, Del Rey, 2003. Pág. 65.
16 SARAIVA, João Batista da Costa. Op. Cit.: Compêndio de Direito Penal Juvenil. Pág.49.
17 FIGUEIREDO, Luiz Carlos Vieira. Juiz de Direito. Redução da maioridade penal. Publicado em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3161. Disponível em: 26/05/2010.
18 COSTA, Ana Paula Motta. As Garantias Processuais e o Direito Processual Juvenil. Livraria do
Advogado, Porto Alegre, 2005. Pág. 79.
"A solução dos problemas que derivam da criminalidade juvenil não reside
nas fórmulas autoritárias de redução da maioridade penal e nem da internação
habitual de jovens infratores” (...) “o problema da criminalidade juvenil, longe de
demandar a severidade da reação penal do Estado e de estimular indiscriminada e
excessiva providência radical da internação do infrator, com grave prejuízo do
emprego positivo das medidas sócioeducativas em regime de liberdade, deve impor
ao Poder Público a identificação dos fatores sociais que geram o estado de
abandono material e a exclusão social das crianças e dos adolescentes, que,
vagando, dramaticamente, pelas ruas das grandes cidades, sem teto, sem afeto e
sem proteção, constituem a denúncia mais veemente de que são vítimas – muito
mais do que autores de atos infracionais – das condições opressivas que
desrespeitam a sua essencial dignidade, advertindo-nos, mais do que nunca, de que
é chegado o momento de contruir, em nosso País, uma sociedade livre, justa e
solidária, que permita erradicar a pobreza e suprimir a marginalização, cumprindo
desse modo, as promessas solenemente proclamadas no texto de nossa própria
Constituição”.22
21 SARAIVA, João Batista da Costa. Op. Cit.: Adolescente e Ato Infracional., Pág. 120-121.
Este discurso sobre a redução da maioridade penal, é sem sobra de dúvidas
um retrocesso de uma legislação moderna e emancipadora como a do ECA. Ao
mesmo tempo fere os direitos humanos daqueles que não têm e nunca tiveram a
oportunidade de serem incluidos na sociedade.23
Todavia, ciente de que as regras do ECA eram insuficientes para dar conta
das novas demandas, o CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente) aprovou em 2006, duas novas referências: o SINASE Sistema
Nacional de Atendimento Sócioeducativo, que propõe novas diretrizes de
funcionamento para a internação e cumprimento de medidas socioeducativas em
meio aberto. De outro lado, foi elaborado o Projeto da Lei de Execução de medidas
socioeducativas, em análise no Executivo.25
Pode-se concluir, que o problema não está na fixação da idade limite para a
maioridade, nem na falta de medidas sancionatórias, mas, na falta de efetivação do
cumprimento das medidas sócio-pedagógicas previstas no ECA. Está ainda o
problema, na escassez de programas de inserção na sociedade, que se mostrem
efetivos, de modo que a populaçao tenha espectativas mínimas de obter um
convívio social digno.
Referências Bibliográficas:
28 NASCIMENTO, José Flávio Braga. Imputabilidade do Menor Sob a Ótica Criminológica. São
Paulo, Juarez de Oliveira, 2007. Pág. 84.
30 CURY, Munir. Reduzir a Idade Penal não é solução. In: LEAL, César Barros, e JÚNIOR, Heitor
Piedade. Idade da Responsabilidade Penal. Belo Horizonte, Del Rey, 2003.
GARCIA, Maria. Juventude e violência: a maioridade penal e a ética da
responsabilidade. In: Revista de Direito Constitucional e Internacional – Cadernos de
Direito Constitucional e Ciência Política. Ano 16, janeiro-março, 2008, nº 62. São
Paulo, Revista dos Tribunais. 2008.