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O Ecumenismo Fraterno do Encontro Para a Nova

Consciência
E a Reação Fundamentalista Evangélica

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Todos os anos, no período do Carnaval, desde 1992, a cidade de Campina


Grande, na Paraíba, é palco de um dos mais maduros, tolerantes e
democráticos eventos filosófico-humanistas do planeta: O Encontro para a
Nova Consciência - O Pensamento da Cultura Emergente, atualmente
chamado de "Encontro da Nova Consciência".

O Encontro para a Nova Consciência é um espaço de encontro e partilha


amadurecida de idéias, sejam elas de cunho religioso ou científico. Portanto é
um diálogo de idéias e não de mistura mistura das mesmas, mas de diálogo e
compreensão, pois a diversidade de pensamento é rica e enriquecedora).
Encontro interdisciplinar e inter-religioso, verdadeiro exercício de um encontro
democrático e ecumênico, onde se discutem e vivenciam os temas de saberes
filosóficos mais caros ao ser humano: o sentimento de fraternidade, partilha,
troca de idéias e vivencias de contato humano e espiritual a partir de
exposições e diálogos de diferentes tradições e filosofias (houve mesmo uma
extensa reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, sobre o
evento, que foi ao ar no domingo do dia 09/03/2003).

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"Se pudermos olhar para o outro como nosso irmão e fraternal e
solidariamente darmos a mão e caminharmos juntos, esse é o ideal, e
foi pra isso que Deus nos fez. É a prática do exercício do amor que gera
a paz. Essa é a proposta maior da nova consciência", nos fala
sabiamente o Pastor Nehemias Marien, participante e trabalhador
assíduo do Encontro desde sua primeira edição, em 1992 (para ver a
História do Primeiro Encontro Para a Nova Consciência em 1992 visite o
site http://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-
textos/encontro-para-a-nova-consciencia/nova-consciencia)

O encontro é uma representação da democracia em mais alto grau. Nele se


destaca a essência que une as pessoas para além das roupagens culturais
que, na superficialidade, separam as pessoas. O evento se mostra uma espaço
de encontro e diálogo sem proselitismo ou ambições de conversões entre a
ciência, a filosofia e as diferentes tradições religiosas, como o catolicismo, o
espiritismo, alguns representantes protestantes mais equilibrados e consciente
e mais atrelados à madura de liberdade intelectual da mensagem original de
Lutero - e, portanto, ainda não contaminada por um Pentecostalismo
fundamentalista alienante próprios do televangelismo moderno -, o budismo, o
islamismo, as religiões afro-indígenas, etc.

As propostas e práticas de aceitação e harmonia do Encontro Para a Nova


Consciência demonstram a capacidade real das pessoas de, ao amadurecer,
aceitar as diferenças e a possibilidade do aprendizado mútuo pelo encontro de
diferentes perspecitvas. Nomes reconhecidos internacionalmente participaram
de diferentes edições do evento, desde o teólogo Leonardo Boff ao Psicólogo
francês, mas brasieiro de coração - que teve o nome indicado ao Prêmio Nobel
da Paz - Pierre Weil.

O saudoso Bispo de Campina Grande, Dom Luis Gonzaga Fernandes (foto,


junto com o idealizador do Encontro, então prefeito e posteriormente

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governador, Cássio Cunha Lima; o inesquecível Pastor Nehemias Marien e o
saudoso comunicólogo Augusto César Vannucci, em foto do primeiro Encontro,
em 1992) já no primeiro e histórico Encontro Para a Nova Consciência,
realizado em 1992, dizia com sabedoria e olhar amplo, acima das
mesquinharias dos vários "ismos" humanos:

Quando nós falamos de ecumenismo não estamos pensando num


coquetel de incongruências, mas em questões bem assentadas. Se
desejamos realmente nos apresentar diante do mundo como portadores
de uma bandeira religiosa (do latim religare=religar o homem ao divino),
é vergonhosa nossa divisão.

É este clima de amizade, de aceitação positiva do outro, que tem feito o


Encontro para a Nova Consciência um sucesso renovado e crescente ano após
ano, apesar das dificuldades de patrocínio e do descaso da mídia comercial.

Veja um vídeo do Encontro da Nova Consciência clicando em


http://www.youtube.com.br/ongnovaconsciencia

A Reação Fundamentalista Evangélica

O clima de respeito, tolerância e cordialidade do Encontro da Nova


Consciência é a própria expressão, in loco, da fraternidade e amor, do respeito
e escuta à diversidade e da riqueza da permuta mútua de conhecimentos, que
é base de todas as grandes filosofias e religiões da humanidade,
especialmente, no caso do Ocidente, do Cristianismo. O paradoxal, contudo, é
que esta preciosidade tem sido alvo de ataques de segmentos religiosos de
cunho pentecostal-fundamentalista "cristão", reação que se faz desde o
primeiro encontro, embora sua agressividade tenha se institucionalizado mais
recentemente. Estes ataques foram aumentando até que se tornaram oficiais
em um evento paralelo, imitando de forma caricata, o Encontro da Nova
Consciência, mas que é em tudo o exato contrário, na teoria e prática, deste.
Trata-se do chamado "Encontro para Consciência 'Cristã' ", que, veremos, na
prática, de Cristã - no sentido ético de amor e compreensão - parece ter bem
pouco, senão seu oposto, já que demonstram grande dificuldade em aceitação
da diversidade de pensamento, embora, em teoria, digam seguir o
grande Mestre, maior mártir da fraternidade universal.

Algumas seitas neopentecostais evangélicas, de cunho exclusivista e


fundamentalista, capitalista e conservador, em uma amostra clara de pequenez
espiritual, falta de tolerância e demonstração cabal do mais abjeto fanatismo
religioso, já desde a primeira edição do Encontro para a Nova Consciência
demonstraram seu temor ao livre-pensar, ao contato de diferenças e ao
ecumenismo, fazendo-se presentes como fator de perturbação do mesmo.
Panfletos mal-escritos, contatos na porta do teatro, reações contra
participantes do evento foram uma constante dos fundamentas contra o
Encontro da Nova Consciência, numa escalada de ousadia surpreendente ao
longo dos anos. Assim, além de freqüentemente ficarem à porta do Teatro
Municipal Severino Cabral de Campina Grande, onde se realizam as palestras
mais importantes do Encontro da Nova Consciência, palestrando ou

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distribuindo panfletosa contra o Encontro - e tendo até mesmo, em 2007,
chegado ao cúmulo de se apresentarem em frente ao Teatro Municipal vestidos
de preto, queimando pneus e apresentando-se com tochas ao estilo
ameaçador das seitas protestantes que formam a Ku Klux Klan norte-
americana. Sobre a estupidez dessa ameaça patética e de extrema intolerância
dos evangélicos contra o pacífico Encontro para a Nova Consciência, veja o
artigo de Ricardo Kelmer publicado na Revista Planeta, com o título "Salve o
Bloco da Nova Consciência!".

Na verdade, a prática desta tática por seitas fundamentalistas de cunho


pentencostal foi recentemente tema de um documentário chocante feito sobre a
forma de como é feito a modelagem do comportamento de crianças para se
tornarem futuros pastores e agressivos missionários para converter, quase que
à força, todos os que não rezarem pela mesma cartilha, no impressionante
filme Jesus Camp, de 2006, dirigido por Heidi Ewing e Rachel Grady. E
essa mesma prática, adaptada à realidade brasileira, visando à expansão
proselitista objetivando o poder de manipulação com viezes políticos é mesmo
denunciada por lúcidos pastores protestantes mais coerentes com os
evangelhos e mais equlibrados. Veja-se, por exemplo, a bela e muito lúcida
explanação do Pastor Dr. Ed René Kivtiz, no seu texto "O Evangelho dos
Evangélicos", que transcrevemos aqui.:

26.9.06

O Evangelho dos Evangélicos

“Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no


Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que
está nos céus.” [Jesus Cristo]

Estou convencido de que um é o evangelho dos evangélicos,


outro é o evangelho do reino de Deus. Registro que uso o termo
“evangélico” para me referir à face hegemônica da chamada
igreja evangélica, como se apresenta na mídia radiofônica e
televisiva.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. Tem a base e tem


a cúpula. Precisamos falar com muito cuidado da base, o povo
simples, fiel e crédulo. Mas precisamos igualmente discernir e
denunciar a cúpula. A base é movida pela ingenuidade e
singeleza da fé; a cúpula, muita vez é oportunista, mal
intencionada, e age de má fé. A base transita livremente entre

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o catolicismo, o protestantismo e as religiões afro. A base vai à
missa no domingo, faz cirurgia em centro espírita, leva a filha
em benzedeira, e pede oração para a tia que é evangélica.
Assim é o povo crédulo e religioso. Uma das palavras chave
desta estratificação é “clericalismo”: os do palco manipulando
os da platéia, os auto-instituídos guias espirituais tirando
vantagem do povo simples, interesseiro, ignorante e crédulo.

A cúpula é pragmática, e aproveita esse imaginário religioso


como fator de crescimento da pessoa jurídica, e enriquecimento
da pessoa física. Outra palavra chave é “sincretismo”. A medir
por sua cúpula, a igreja evangélica virou uma mistura de
macumba, protestantismo e catolicismo. Tem igreja que se diz
evangélica promovendo “marcha do sal”: você atravessa um
tapete de sal grosso, sob a bênção dos pastores, e se livra de
mal olhado, dívida, e tudo que é tipo de doença. Já vi igreja que
se diz evangélica distribuir cajado com água do Jordão (i.é, um
canudo de bic com água de pia), para quem desejasse ungir o
seu negócio, isto é, o seu business. Lembro de assistir a um
programa de TV onde o apresentador prometia que Deus
liberaria a unção da casa própria para quem se tornasse um
mantenedor financeiro de sua igreja.

O povo religioso é sensível, supersticioso e cheio de crendices.


Assim como o Brasil. Somos filhos de portugueses, índios,
africanos, e muitos imigrantes de todo canto do planeta. Falar
em espíritos na cultura brasileira é normal. Crescemos cheios
de crendices: não se pode passar por baixo de escada; gato
preto dá azar; caiu a colher, vem visita mulher, caiu garfo, vem
visita homem; e outras tantas idéias sem fundamento. Somos
assim, o povo religioso é assim. Tem professor de universidade
federal dando aula com cristal na mão para se energizar
enquanto fala de filosofia.

E a cúpula evangélica aproveita a onda e pratica um

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estelionato religioso: oferece uma proposta ritualística que
aprisiona, promove a culpa e, principalmente, ilude, porque
promete o que não entrega. Aliás, os jornais começam a
noticiar que os fiéis estão reivindicando indenizações e
processando igrejas por propaganda enganosa.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. A base é movida


pela ingenuidade e singeleza da fé, e a cúpula é oportunista.
A base transita entre o catolicismo, o protestantismo e as
religiões-afro, e a cúpula é pragmática. A base é cheia de
crendices e a cúpula pratica o estelionato religioso.

O evangelho dos evangélicos é mercantilista, de lógica


neoliberal. Nasce a partir dos pressupostos capitalistas, como,
por exemplo, a supremacia do lucro, a tirania das relações
custo-benefício, a ênfase no enriquecimento pessoal, a
meritocracia – quem não tem competência não se estabelece.
Palavra chave: prosperidade. Desenvolve-se no terreno do
egocentrismo, disfarçado no respeito às liberdades individuais.
Palavra chave: egoísmo. Promove a desconsideração de toda e
qualquer autoridade reguladora dos investimentos privados,
onde tudo o que interessa é o lucro e a prosperidade do
empreendedor ou investidor. Palavra chave: individualismo.
Expande-se a partir da mentalidade de mercado. Tanto dos
líderes quanto dos fiéis. Os líderes entram com as técnicas de
vendas, as franquias, as pirâmides, o planejamento de
faturamento, comissões, marketing, tudo em favor da
construção de impérios religiosos. Enquanto os fiéis entram
com a busca de produtos e serviços religiosos, estando
dispostos inclusive a pagar financeiramente pela sua satisfação.
Em síntese, a religião na versão evangélica hegemônica é um
negócio.

O sujeito abre sua micro-empresa religiosa, navega no


sincretismo popular, promete mundos e fundos, cria

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mecanismos de vinculação e amarração simbólicas, utiliza leis
da sociologia e da psicologia, e encontra um povo desesperado,
que está disposto a pagar caro pelo alívio do seu sofrimento ou
pela recompensa da sua ganância.

Em terceiro lugar, o evangelho dos evangélicos é mágico.


Promove a infantilização em detrimento da maturidade, a
dependência em detrimento da emancipação, e a acomodação
em detrimento do trabalho.

Pra ser evangélico você não precisa amadurecer, não


precisa assumir responsabilidades, não precisa agir. Não
precisa agregar virtudes ao seu caráter ou ao processo
de sua vida. Primeiro porque Deus resolve. Segundo
porque se Deus não resolver, o bispo ou o apóstolo
resolvem. Observe a expressão: “Estou liberando a
unção”. Pensando como isso pode funcionar, imaginei
que seria algo como o apóstolo ou bispo dizendo ao
Espírito Santo: “Não faça nada por enquanto, eles não
contribuíram ainda, e eu não vou liberar a unção”.

Existe, por exemplo, a unção da superação da crise doméstica.


Como isso pode acontecer? A pessoa passa trinta anos
arrebentando com o seu casamento, e basta se colocar sob as
mãos ungidas do apóstolo, que libera a unção, e o casamento
se resolve. Quem não quer isso? Mágica pura.

O sujeito é mau-caráter, incompetente para gerenciar o


seu negócio, e não gosta de trabalhar. Mas basta ir ao
culto, dar uma boa oferta financeira, e levar para casa
um vidrinho de óleo de cozinha para ungir a empresa e
resolver todos os problemas financeiros.

Essa postura de não assumir responsabilidades, de não agir

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com caráter, e esperar que Deus resolva, ou que o apóstolo ou
bispo liberem a unção tem mais a ver com pensamento mágico
do que com fé.

Em quarto lugar, o evangelho dos evangélicos tem


espírito fundamentalista. Peço licença para citar Frei
Beto: “O fundamentalismo interpreta e aplica
literalmente os textos religiosos, não sabe que a
linguagem simbólica da Bíblia, rica em metáforas, recorre
a lendas e mitos para traduzir o ensinamento religioso.”
O espírito fundamentalista é literalista, e o mais grave é
que o espírito fundamentalista se julga o portador da
verdade, não admite críticas, considerações ou
contribuições de outras correntes religiosas ou
científicas.

Quem tem o espírito fundamentalista não dialoga, pois


considera infiéis, heréticos, ou, na melhor das hipóteses,
equivocados sinceros, todos os que não concordam com seus
postulados, que não são do mesmo time, e não têm a mesma
etiqueta. Quem tem o espírito fundamentalista se considera
paradigma universal. Dialoga por gentileza, não por interesse
em aprender. Ouve para munir-se de mais argumentos contra o
interlocutor. Finge-se de tolerante para reforçar sua convicção
de que o outro merece ser queimado nas fogueiras da
inquisição. Está convencido de que só sua verdade há de
prevalecer.

Mais uma vez Frei Beto: “o fundamentalista desconhece


que o amor consiste em não fazer da diferença,
divergência”. Por causa do espírito fundamentalista, o
evangelho dos evangélicos é sectário, intolerante,
altamente desconectado da realidade. O evangelho dos que
têm o espírito do fundamentalismo é dogmático, hermético,
fechado a influências, e, portanto, é burro e incoerente.

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Em quinto lugar, o evangelho dos evangélicos é um simulacro.
Simulacro é a fotografia mais bonita que o sanduíche. Não me
iludo, o evangelho dos evangélicos é mais bonito na televisão
do que na vida. As promessas dos líderes espirituais são mais
garantidas pela sua prepotência do que pela sua fé. Temos
muitos profetas na igreja evangélica, mas acredito que
tenhamos muito mais falsos-profetas. Os testemunhos dos
abençoados são mais espetaculares do que a realidade dos
cristãos comuns. De vez em quando (isso faz parte da
dimensão masoquista da minha personalidade) fico assistindo
estes programas, e penso que é jogada de marketing,
testemunho falso. Mas o fato é que podem ser testemunhos por
amostragem. Isto é, entre os muitos que faliram, há sempre
dois ou três que deram certo. O testemunho é vendido como
regra, mas na verdade é apenas exceção.

A aparência de integridade dos líderes espirituais é mais


convincente na TV e no rádio do que na realidade de suas
negociatas. A igreja evangélica esta envolvida nos boatos com
tráficos de armas, lavagem de dinheiro, acordos políticos,
vendas de igrejas e rebanhos, imoralidade sexual, falsificação
de testemunho, inadimplência, calotes, corrupção, venda de
votos.

A integridade do palco é mais atraente do que a integridade


na vida. A fé expressa no palco, e nas celebrações coletivas é
mais triunfante, do que a fé vivida no dia a dia. Os ideais
éticos, e os princípios de vida são mais vivos nos nossos guias
de estudos bíblicos e sermões do que nas experiências
cotidianas dos nossos fiéis. Os gabinetes pastorais que o
digam: no ambiente reservado do aconselhamento espiritual a
verdade mostra sua cara.

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Estratificado, mágico, mercantilista, fundamentalista, e
simulacro. Eis o evangelho dos “evangélicos”.

Desde 1998 (ou seja, sete anos depois do primeiro Encontro para a Nova
Consciência), a ala evangélica fundamentalista, que costuma achar terreno
fértil em estados com relativa dificuldades na área social, promove uma paródia
reacionára cristalizada em um agressivo evento paralelo, chamado - em uma
arrogante pressuposição exclusivista (já que se julgam a si próprios como os
representantes únicos e reais da mensagem de Cristo em uma repetição de
500 anos de atraso do pretenso exclusivismo dos tempos inquisitoriais) - de
Encontro para a Consciência "Cristã". Este último é, claro, amplamente apoiado
pela ala evangélica conservadora da política local, que vem impedindo ou
dificultando, tanto na Câmara Municipal de Campina Grande, quanto na
Assembléia Legislativa do Estado, ajuda oficial ao Encontro da Nova
Consciência, que eles anseiam claramente em acabar, também pressionado a
imprensa a não mais divulgá-lo, ao menos com o espaço antes ocupado. O
engraçado é que, sendo o Brasil um país moderno e constitucionalmente laico,
eles exigerem patrocínio oficial amplo para o encontro confessional deles,
enquanto o Encontro da Nova Consciência – que não é religioso, mas
transdisciplinar e ecumênico -, deve ser sufocado em termos de patrocínio pelo
lobby da ala evangélica.

Outra manifestação flagrante de intolerância dos participantes da tal


“consciência” auto-intitulada de " 'Cristã' " - também no mesmo ano de 2007 -
foi feita quando alguns dos membros mais fanáticos se vestiram de palhaço e
fizeram um apitaço durante a pacífica caminhada ecumênica em prol da cultura
de Paz realizada sempre nos domingos de Carnaval pelos participantes do
Encontro da Nova Consciência (que, como sabemos, incluem e congregam, de
forma harmoniosa, católicos, evangélicos, islamitas, judeus e até mesmo ateus)
- mas desta vez, ao menos, os "evangélicos" da tal consciência "Cristã"
assumiram os próprios traços, agindo assim, agressivamente, por medo ao
diferente. Projetam no Encontro para a Nova Consciência, em um mecanismo
de defesa da representação neurótica da ameaça que, na verdade, estão neles
próprios.

O encontro "evangélico" tem o óbvio intuito - como dá a entender o título


plagiado e manipulado - de concorrer e, segundo eles, de refutar o Encontro
para a Nova Consciência, que eles consideram vetor de "forças malignas",
trazidas à Campina Grande no Carnaval por pessoas que eles julgam
“endomoniadas”. Estas "forças malignas" seriam transportadas pelos
estudantes, professores universitários, cientistas, escritores, padres, mesmo
por pastores mais lúcidos, antropólogos, filósofos, enfim, gente instruída que,
vindo de todo Brasil e de outros países para o Encontro para a Nova
Consciência, têm o pecado imperdoável de pensar diferentemente deles, os
grandes missionários salvadores do mundo.

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Para se ter uma idéia da anti-democrática e bushiana agressividade dos
líderes do tal Encontro para a Consciência "Cristã", oposto ao equilibrado e
Democrático e tolerante Encontro para a Nova Consciência, vejamos o trecho
deste "artigo" do Pastor Ridalvo Alves da Silva no site do movimento-seita
Consciência "Cristã" : Consciência "Cristã"

É verdade que o evento emerge dentro do contexto do Nordeste do


Brasil, especificamente na cidade de Campina Grande, no momento em
que se realizava o VIII Encontro Esotérico intitulado Encontro para a
Nova Consciência - Uma Cultura Emergente, como os organizadores a
denominaram. Houve nesta conjuntura uma grande preocupação
relacionada ao destino da Igreja Cristã Evangélica, pois ninguém havia
se levantado até aquele momento para refutar e comparar em nível de
reflexão teológica e apologética cristã os ensinos perniciosos que
submergia a comunidade campinense como um todo atingindo já
naquela época 48 eventos paralelos.

A perplexidade e angústia já haviam chegado ao coração de muitas


pessoas reivindicando da Igreja Evangélica de Campina Grande uma
tomada de posição firme quanto à invasão esotérica em nossa cidade. A
princípio não se sabia como fazer para criar uma estratégia eficaz, não
somente para combater os ensinos distorcidos da Nova Era, como
também trazer diretrizes seguras para a comunidade quanto aos
ensinos de uma Teologia Cristã sadia. Aconteceu somente em fevereiro
de 1999 o I Encontro Para a Consciência Cristã quando os alunos do
Instituto Teológico Superior de Missões - ITESMI, sob a nossa direção,
que dirigíamos pela orientação e urgência do Espírito Santo de Deus,
aceitaram o desafio de enfrentar não somente as dificuldades de
recursos financeiros, mas também de recursos humanos.

No início houve crítica, falta de compreensão e de ajuda por parte de


muitos, porém, não era hora de olhar para as circunstâncias e sim
exercer a fé em Deus que opera nas coisas impossíveis. Aí entra a
disponibilidade do homem. Por isso, quero destacar a pessoa do pastor
Euder Faber Guedes Ferreira, que nos instantes decisivos, acreditou
plenamente na visão de Deus, que estava brotando, e largou seu
emprego secular para se dedicar integralmente à grande causa
prioritária do Reino de Deus. Quero trazer à memória de nossos caros
leitores que foi muito difícil para implantarmos o I Encontro Para a
Consciência Cristã, no entanto, o milagre aconteceu.

Não obstante, a razão do Encontro Para a Consciência Cristã não


somente abrange a cidade de Campina Grande em seu contexto
esotérico de evento anual, mas prepara a igreja contra os falsos ensinos
que se alastram em nosso território nacional e também em outras
regiões do mundo ocidental e oriental. O pluralismo religioso será
certamente o maior desafio da Igreja Cristã neste novo milênio. Não
temos dúvidas que por trás de tudo isto está o Império da religião
ecumênica liderada pelo seu grande mentor, o Anticristo.

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Vê-se, pois, o grau de civilidade e maturidade intelectual dos mentores do tal
Encontro da Consciência "Cristã", não apenas na falta de adesão ao
mandamento de Cristo de "Amar ao próximo", como na total falta de respeito
com quem não partilha de suas idéias, em uma quase paranóia que abarca a
proteção de um "mercado religioso" altamente lucrativo, baseado na cobrança
de dízimos.
21
«Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim
aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu.
22
Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que
profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que
fizemos muitos milagres?’ 23E, então, dir-lhes-ei: ‘Nunca vos conheci; afastai-
vos de mim, vós que praticais a iniquidade.’» (Mt. 6, 21-23)

Sentindo-se, parece, enviados do próprio Deus - que, aliás, apresenta uma


tolerância para eles pouco aceitável, já que faz o sol e a chuva presentes para
juntos e injustos - arvoraram-se no pressuposto de novos "guerreiros da fé" a
empunharem a espada para destruir o que receiam ser um perigo... talvez para
o espaço deles no lucrativo mercado religioso... o que inclui ideais como
democracia, respeito ás diferenças, plurarismo de idéias, liberdade religiosa e
ecumenismo. Para tais "defensores da 'verdadeira fé',", de modo bem parecido
aos fundamentalistas pró-Bush, quem luta por tais idéias seguem um mítico
Anticristo - que acaba servindo de auxiliar ao estabelecer parte do reino de
suas igrejas no seu medo - e precisa ser dizimado. Talvez achem que o Deus
que dizem acreditar seja por demais fraco para ter uma glória própria
independemente da ajuda deles. Mas então Deus é tão pequeno a ponto de
precisar de dízimo e de intolerantes? Veja-se, sobre isso, o excelente artigo de
Gabriel Perissé com o tema "o fanatismo religioso é um ateísmo." Em
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/809/.

E não apenas os participantes do Encontro para a Nova Consciência são


considerados "demoníacos", como mesmo outras Igrejas Cristãs são
publicamente atacadas pelos "(in)conscientes 'Cristãos' ",o que inclui mesmo
outras denomiaçõs evengélicas. Sobre a gravidade do mister pentencostal
fundamentalista de demonizar todas as religiões não evangélicas, veja o
artigo escrito pela pesquisadora Mariel Marra, intitulado Demonização e
Intolerância Religiosa.

(http://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-
textos/encontro-para-a-nova-consciencia/demonizacao-e-intolerancia).

Este tipo de atitude tacanha, egoísta e infantil está tomando proporções


graves em todo o Brasil, a tal ponto que vários setores da sociedade,
preocupados com o avanço da agressividade fundamentalista, formou a
chamada Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, ligada à Secretaria

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de Defesa dos Direitos Humanos, e que busca promover a liberdade e diálogo
inter-religioso e a proteção contra abusos contra a vivência democrática de
credos e filosofias várias. De fato, a agressividade dos fundamentalistas,
copiando as táticas de demoninização e insulto da Igreja Universal, acabou por
levar a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa a levar a escalada de
intolerância dos evangélicos pentecostalistas ao conhecimento da própria
ONU, como podemos ver em um artigo publicado pela Folha de São Paulo,
clicando aqui.

Deplorando a diversidade de pensamento - para eles uma ameaça ao


processo de doutrinação de sua única "verdade" que é, claro, altamente
favorável a eles - sustentam - como fazia a Igreja Católica na época da "Idade
das Trevas" - que só pode haver uma única forma de verdade cristã e uma
única "Igreja do Povo de Deus" fora da qual só existe perdição e inferno, sem
possibilidade de salvação. Índios, árabes, "pretensos cristãos que não
conhecem o verdadeiro Deus Vivo", asiáticos, budistas, ateus, etc., por
melhores pessoas que sejam em obras, por não aceitarem adesisticamente o
"Cristo" deles como salvador pessoal já estão condenados - como se Cristo já
não fosse amado por milhões de pessoas não evangélicas sem precisar de
engolir a verborragia infantil de fanáticos.
2
«Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. 3Fazei,
pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois
eles dizem e não fazem. 4Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos
ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. 5Tudo o
que fazem é com o fim de se tornarem notados pelos homens. Por isso, alargam
as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos. 6Gostam de ocupar o
primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. 7Gostam
das saudações nas praças públicas e de serem chamados ‘mestres’ pelos
homens.
8
Quanto a vós, não vos deixeis tratar por ‘mestres’, pois um só é o vosso
Mestre, e vós sois todos irmãos. 9E, na terra, a ninguém chameis ‘Pai’, porque
um só é o vosso ‘Pai’: aquele que está no Céu. 10Nem permitais que vos tratem
por ‘doutores’, porque um só é o vosso ‘Doutor’: Cristo. 11O maior de entre vós
será o vosso servo. 12Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será
exaltado.
13
Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque fechais aos homens o
Reino do Céu! Nem entrais vós nem deixais entrar os que o querem fazer.
14
Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que devorais as casas das
viúvas, com o pretexto de prolongadas orações! Por isso, sereis mais
rigorosamente julgados.
15
Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que percorreis o mar e a terra
para fazer um prosélito e, depois de o terdes seguro, fazeis dele um filho do
inferno, duas vezes pior do que vós! (Mt. 23, 2 a 15)

13
Quem desafia de alguma forma o modo de pensar do exclusivismo
fundamentalista é, além de herético, um mal a ser expulso e, se possível
destruído. E é assim recomeça a tragédia e farsa de uma história já conhecida
- mas não aprendida - de intolerência, agressividade e fogueiras...

"Todo fundamentalista é, a ferro e fogo, um “altruísta”. Está tão


convencido de que só ele enxerga a verdade que trata de forçar os
demais a aceitar o seu ponto de vista... para o bem deles! Há
muitos fundamentalismos em voga, desde o religioso, que
confessionaliza a política, ao líder político que se considera
revestido de missão divina. Eles geram fanáticos e intolerantes."

Frei Betto

Outro caso de provocação e estreiteza moral ocorreu durante o VII Encontro


da Consciência Evangélica "Cristã" feito em 2005. Numa atitude DE insulto
explícito, um pastor da Igreja Batista de São Paulo, chamado Joaquim de
Andrade, afirmou na imprensa que não se arrependia das polêmicas
declarações anti-harmônicas que deu em Campina Grande, durante o Encontro
Para a Consciência "Cristã", sobre as aparições populares atribuídas a Maria
de Nazaré. Ele afirmou que tais aparições marianas são coisas do demônio,
manifestações demoníacas a serem combatidas pelos evangélicos. Segundo o
jornal Correio da Paraíba, de 10/02/2005,

"O prefeito Veneziano Vital do Rêgo posicionou-se contrário à


declaração do pastor, a qual classificou de infeliz. Ele disse que, ao
conversar com o vice-prefeito José Luís Júnior, que é evangélico e com
outros pastores, chegou à conclusão que nem todos têm o mesmo
pensamento do pastor Joaquim Andrade. O prefeito pediu para que o
pastor Joaquim revisse o que disse. O pastor Joaquim de Andrade, da
Igreja Batista de São Paulo, disse que não se arrepende das
declarações que deu em Campina Grande, durante o Encontro Para a
Consciência Cristã, sobre as aparições de Nossa Senhora e que a
despeito do desagravo que será realizado pela comunidade católica, ele
não precisa da misericórdia de Maria".

Diante desta explícita manifestação de desafio ao pensamento diferente,


especialmente aos Católicos e aos participantes do XIV Encontro para a Nova
Consciência, cabe aqui a resposta do filósofo F. Pereira Nóbrega ao dito Pastor
Joaquim Andrade e a seus pares, como o pastor Fáber, etc.:

Aparições
F. Pereira Nóbrega

Jornal Correio da Paraíba, 12/02/2005

14
Apareceu em Campina Grande um movimento chamado Encontro
para a Nova Consciência que veio para ficar. Pretende mais somar que
diminuir. Procura entre várias tendências do pensamento atual o
denominador comum dos que prezam a humanidade e querem fazer
algo por ela.

Está no espírito da Nova Consciência ressaltar esse denominador


comum, esquecer e superar divergências que haja. Dentro e fora, há
sentimentos diferentes, que temos por sagrados, como os de pátria,
família, religião.

Mãe alheia só o mal educado xinga. Zombar de sentimentos


diferentes, isso fica para encontros internos dos que pensam do mesmo
modo. Todo homem tem direito a amar sua mãe, sua fé, e nisso ser
respeitado. Os que, publicamente, combatem a fé que está no outro,
combatem o homem universal que está sem si.

Pois também apareceu em Campina Grande um encontro contra a


Nova Consciência e, com ele, um pastor, esquecido do espírito do
Encontro, repetindo o velho diante da Consciência que se apresenta
Nova. Voltou ao tempo das guerras de religião. Dos primeiros cristãos
se dizia: vede como eles se amam. Ao tempo das guerras religiosas, se
poderia dizer: vede como eles se odeiam. A esse tempo quis voltar o
pastor.

Ainda hoje, são encontráveis dos dois lados os que pregam amor com
sotaque de ódio. Freqüentemente eles se encontram em cultos que se
dizem ecumênicos, por fora de ritos, por dentro de nada.

Apareceu aquele pastor, de público zombando de aparições de Maria.


Se houvesse mais diálogo entre denominações cristãs, saberia ele
quanto a Igreja é prudente, quase cética, sobre esses relatos de
aparições. Aprenderia quão raríssimos são os casos convincentes,
diante da multidão dos que se propalam. Saberia ainda que a Igreja, a
rigor, não obriga em consciência nenhum católico a inserir uma aparição
no seu credo de fé.

Se mais diálogo houvesse entre nós, eu ousaria dialogar em termos


de Teologia. E diria que me confunde mais se crer nas manifestações do
demônio do que nas de Maria. Quando aparece um fato paranormal,
daqueles ditos de “espírito brincalhão”, sempre aparece algum pastor
dizendo que aquilo é o diabo. É má Teologia. A História não é uma
queda de braços entre Deus e o Diabo que, de há muito, já foi vencido.
Enquanto o mundo volta ao paganismo, cristãos se apedrejam.
Acordemos a tempo. Há muito mais o que nos une, muito menos o que
nos separa.

15
Para ver esta e algumas outras reportages dos jornais Correio da Paraíba e
Jornal da Paraíba sobre a provocação do Pastor Joaquim de Andrade, clique
aqui

No começo da década de 2000 o clima de conflito zelosamente cultvado


pelos "Conscientes 'Cristãos' " levou ineviavemne a sérios conflitos entre os
"evangélicos" do então Partido Liberal (formado em sua maioria por membros
da Igreja "Universal" de Edir Macedo) e outros penteconstalistas contra a
Prefeitura de Campina Grande, que sugeria patrocinar o encontro dos
"evangélicos" de 2004 em outra data para evitar o atrito estimulado pelos
mesmo contra o Encontro Para a Nova Consciência, o primeiro a ser feito,
reerguendo o comércio e os serviços hoteleiros de Campina Grande na época
do Carnaval (já que a cidade não tinha tradição carnavalesca e a cidade ficava
um quase deserto neste período). No conflito, ficou claro, pela reação
agressiva dos evangélicos contra a então prefeita Cozete Barbosa - e que
incluiu a compra de matérias em jornais locais -, que os prestimosos
Pentenconstalistas-fundamentalistas visam acabar com o Encontro para a
Nova Consciência, forçar um conflito de religiões e ainda aproveitar a deixa
para fazer propaganda de si mesmos. Os Pentecostalistas, é claro, têm todo o
direito de fazer os cultos e reuniões públicas que quiserem - e dinheiro e poder
político para isso não lhes faltam -, desde que respeitem as demais pessoas e
não se utilizem do direito de reunião para perturbar qualquer outro tipo de
congregação.

Lúcidos livros, escritos por teólogos de renome internacional, como o


"Fundamentalismo, A Globalização e o Futuro da Humanidade", de Leonardo
Boff e "Em Nome de Deus", de Karen Armstrong, demonstram cabalmente as
táticas de recrutamento e ações de violência intelectual dos grupos ditos
"evangelicos" de base calvinista fundamentalista, em geral de orígem norte-
americana, provocando desarmonia e impedimentos de uma aceitação pelo
diferente, principal aspecto necessário à paz e crescimento humano (veja-se os
discurso desequilibrado de Bush e de alguns de seus generais batistas ao
expor que a estúpida Guerra contra o Iraque é uma Guerra do Bem e do
Cristianismo contral o mal e o - sempre tão ardorosamente citado por
fundamentalistas - Demônio, demonstrando intolerância, imperialismo,
encobrimento das reais causas econômicas e estratégicas - petróleo e domínio
tático da região - e desconhecimento da profundidade do islamismo, onde
Jesus Cristo é venerado como um grande profeta e muito de seus
ensinamentos aceitos e divulgados pelo Al Corão, bem diferente da exaltação
evangélica ao judaísmo como um todo, se levarmos em consideração que
Jesus Cristo não é aceito como o Messias e, quando muito, é visto apenas
como um importante judeu, um tanto rebelde por parte considerável da
comunidade ortodoxa judáica, e ainda o total desconhecimento por certas
facetas da religião de Moisés bem como as ditorções gritantes que foram feitas
na Bíblia por eles utiliada e que foram bem expostas pelo Prof. Dr. Severino
Celestino da Silva, da UFPB, em seu profundo livro "Analisando as Traduções
Bíblicas").

Apesar de tudo, mentes esclarecidas buscam combater esta farsa de retorno


da Idade das Trevas. Veja o contraponto do lúcido e esclarecido discurso do

16
presidente Barak Obama sobre os perigos do fundamentalismo neste vídeo e
compara com o discurso evangélico-belicoso de um Bush...

Vídeo do YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=_IHQr4Cdx88

A tática política, atualmente apoiada pela bancada evangélica de Campina


Grande, de tentar se impor um tipo de pensamento único religioso ou
exclusivismo espiritual não é nova. As facções religiosas poderosas tempo de
Cristo usavam do mesmíssimo expediente e, hoje, vemos novamente um
"revival" do farisaísmo pseudo-doutoral entre os escribas do fundamentalimo
evangélico atua. E ninguém mais do que o próprio Jesus Cristo soube expor a
vista e todos toda a podridão de seus misteres agressivo e alienantes, como
vemo nestas passagens do capítulo 23 Evangelho Segundo Mateus que,
atualizando alguns termos, parecem que foram feitas para os dias do tal
"Encontro para a Consciênia 'Cristã' ":

1. Dirigindo-se Jesus à multidão e a seus discípulos, disse-lhes:

2. Os escribas e fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés.

3. Observa e fazes tudo o que eles dizem, mas não ajais como eles
agem, pois eles dizem mas não fazem o que dizem.

4. Eles amarram cargas pesadas e esmagadoras nos outros e com elas


sobrecarregam os ombros das pessoas, mas eles mesmos não querem
mové-las sequer com um dedo.

5. Fazem todas as suas ações para serem vistos pelos homens, por isso
exibem largas faixas e longos adereços em seus mantos.

6. Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras


cadeiras nas sinagogas.

7. Gostam de ser saudados em praça pública e de serem chamados rabi


(ou seja, o intétprete da Bíblia nas sinagogas, equivalente a 'pastor',
hoje em dia) pelos homens.

8. Porém vocês não vos façais chamarem de rabi, porqe um só é o


vosso mestre e vocês são todos irmãos.

9. E a ninguém chames de pai sobre o terra, pois um só é vosso Pai:


Aquele que esta nos Céus.

10. Nem vos façais chamar de mestre, porque só tendes um mestre.

17
11. O maior de vós será vosso servo.

12. Aquele que se exaltar será humilhado, enquanto que aquele que se
humilhar será exaltado.

13. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens as


portas do Reino dos Céus. Vós mesmos não entrais e nem permitem
que entrem os demais que querem entrar.

14. Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das


viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso haverão de ser
castigados com maior rigor.

15. Ai de vós, escribas e fariseus hipócrias! Percorreis mares e terras


para obter convertidos e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do
inferno duas vezes pior do que vocês mesmos!

16. Ai de vós, guias cegos! (...)

23. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã,


do endro e do cominho mas desprezais os preceitos mais importantes
da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Eis o que era necessário
praticar em primeiro lugar.

24. Guias cegos! Nos outros filtrais um mosquito enquanto vocês


mesmos engolis um camelo.

25. Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas! Vocês limpam por fora o


copo e o prato mas por dentro estais cheios de roubo e intemperança.

26. Fariseu cego! Limpe primeiro o que por dentro está sujo para que
também o externo fique limpo.

27. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois sois semelhantes a


sepulcros caiados: por fora vocês parecem formosos, mas por dentro
estais cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão!

28. Assim também sois vós: por fora pareceis justos aos olhos dos
homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisias e iniqüidades.

29. Ai de vós escribas fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos


profetas, adornais os monumenos dos justos

30. E dizeis: Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais não


teríamos manchado nossas mãos, como eles, no sangue dos profetas...

31. Testemunhais assim contra vós mesmos... Que sóis de fato filhos de
assassinos de profetas.

32. Acabem, pois, de encher a medida de vossos pais!

18
33. Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do
inferno?

Não à-toa, a denúncia de Jesus contra a hipocrisia e ganância política dos


Doutore$ da Bíblia, auto-intulado$ expert$ teológico$, lhe custaria a vida...

Ahm e ponhamos "doutore$" nesta forma de escrita, já que um doutor precisa


ao menos de ter feito uma graduação, e para ser pastor a pessoa precisa
apenas a habilidade de cuidar de rebanhos irracionais...

As formas de recrutamento e sedução destes grupos fundamentalistas são


extraordinariamente simples e eficazes: diante das dificuldades do mundo atual
(muitas delas criados por grupos econômicos calvinistas), basta aceitar e aderir
a alguma de suas Igrejas, professando a aceitação do Cristo segundo suas
interpretações, integrando-se plenamente à comunidade dos fiés - e a pessoa
se sente emocionalmente amparada e se sentindo parte de uma grande
família, naquilo que é chamado de Conformismo pela Psicologia da Gestalt-
Terapia que também diz que ao lado desta vem quase sempre o mecanismo
neurótico de defesa chamado de Confluência, ou seja, se me sinto inseguro ou
emocionalmente fraco, procuro suprir isto com a opinião de uma congregação,
que poderá me dar a impressão de suprir e dar forças. A opinião desta será
então a minha opinião e assim me confundo com uma causa do grupo,
podendo surgir daí o sectarismo e o fanatismo religioso. Também existe a
questão do poder econômico da seita, já que o postulante terá de se esforçar
para converter outras pessoas e pagar, com estas, a obrigação do dízimo.
Desta forma, segundo a idéia deles, se tem o céu garantido e a salvação da
alma como uma certeza, já que apenas os escolhidos se dão conta do
"verdadeiro Deus" que, claro, é o deles. As demais pessoas estão perdidas,
equivocadas ou condenadas, dependendo de como elas se posicionam ante
eles, os eleitos, e cabem a estes fazer de tudo para expandir sua verdade e
salvar a humanidade... E quem nos savará da ameaça de cairmos em uma
outra Idade das Trevas sob o controle ideológico-empresarial das "Pequenas
Igrejas, Grandes Negócios" de cunho Pentencostal-Fundamentalista ao estilo
anti-democrático e intervencionista da CIA de Nixon, Reagan e Bush?

Quanto aos perigos da violência potencial, prestes a explodir, devido à


intolerância religiosa, notadamente de cunho fundamentalista, veja-se este
video extraído do Youtube:

Vídeo do YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=rgzBU-oXZJ0

Vejamos aqui um trecho do artigo "Fundamentalismo Mundial", escrito pelo


teólogo Leonardo Boff, e que resume bem o atual perigo da evervescência
fundamentalista protestante criada pelos EUA:

O fundamentalismo do Estado terrorista à la Bush possui fortes raizes


religiosas, ligadas a sua biografia pregressa. Foi por vinte anos
dependente de alcool até que em 1984, a convite de um amigo, Don

19
Evans, atual secretário do comércio, começou a frequentar o círculo
bíblico dos evangélicos fundamentalistas. Após dois anos não era mais
ébrio de alcool mas ébrio da ideologia salvacionista destes
fundamentalistas que se divulgava fortemente dentro do partido
republicano. Segundo ela, “o destino manifesto”dos EUA hoje é
melhorar o mundo na medida em que o impregnar com os valores da
cultura norte-americana: com liberdade, democracia, e livre mercado.
Bush filho fazia a campanha da reeleição do pai se apresentando como
“um homem que tem Jesus em seu coração”.O brasilianista Ralph della
Cava e o teólogo J. Stam contam que mais tarde, ao postular-se
candidato, Bush reuniu os pastores da zona e lhes comunicou: “fui
chamado [por Deus]”. Em seguida fez-se o ritual “da imposição das
mãos”, sagrando-o Presidente preventivo.

Essa pre-história é importante para se entender a fúria fundamentalista


que se apossou de Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Optou combater o mal com o mal, ameaçando com guerra preventiva a
todos os países do “eixo do mal”. Deixou claro: “Quem não está
conosco, está contra nós”, é terrorista. Antes do ultimato a Saddam
Hussein, pediu aos assessores que “o deixassem a sós por dez
minutos”. Qual Moisés foi consultar-se com Deus. E numa entrevista ao
New York Times de 26/04/03 declarou:”Tenho uma missão a realizar e
com os joelhos dobrados peço ao bom Senhor que me ajude a cumpri-la
com sabedoria”. Pobre Deus! Como salvaremos a humanidade desses
desvairados?

As relações do calvinismo com o capitalismo foram inicialmente


demonstradas por Max Weber já no início do século XX em seu livro "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo" e a filósofa Rose Marie Muraro aponta
ainda mais esta relação em seu livro "Textos da Fogueira", onde fica explícito a
atuação da ética protestante dos WASP (White Anglo Saxon Protestant) nas
mega-especulações financeiras de Wall Street e nas decisões do governo
norte-americano, impreterivelmente maléficas para o resto do mundo. O Prof.
Délcio Monteiro de Lima fez uma lúcida e profunda análise da influência dos
EUA na implantação e expensão do pentecostalismo no Brasil em seu livro Os
Demônios Descem do Norte, publicado pela editora Francisco Alves. Os intere$
$eS econômicos em se implantar uma religião alienadora são óbvios. Se
lembrarmos que vertentes calvinistas-fundamentalistas encontradas no Brasil
são de origem norte-americana, dá para se ter uma idéia da mentalidade
ideológica de grande parte da organização do tal Encontro para a Consciência
"Cristã".

O Encontro para a Nova Consciência, porém -e ao contrário do Encontro dos


Pentencostais-fundamentalistas - traz o espaço do encontro com o outro, com
o diferente, com a perspectiva de quem entende o mundo e a Deus de uma
outra maneira. E não só com contato entre diversas tradições, pois traz em sua
história a participação de nomes de vulto da Filosofia e da Ciência, como os do
Psicólogo francês Pierre Weil, do teólogo Leonardo Boff, de Dom Marcelo
Carvalheira, do saudoso Dom Luiz Gonzaga Fernandes, do Pastor Nehemias
Marien, do Pastor Estevam Fernandes, do saudoso comunicólogo Augusto

20
César Vanucci, do Arcebispo Emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires, do
atual Arcebispo Dom Marcelo Carvalheira, do tribuno espírita Divaldo Pereira
Franco, do físico Patrick Drouot, do engenheiro, transcomunicador e idealizador
do Movimento Paz pela Paz (Movipaz), Clóvis Nunes, da filósofa Rose Marie
Muraro, do Parapsicólogo Henrique Rodrigues, da antropóloga Simone
Maldonado, do cineasta Pedro Camargo,dentre inúmeros outros professores,
psicólogos, antropólogos, médicos, historiadores e representantes de diversas
correntes religiosas.

Cabe aqui uma reflexão do francês de nascimento mas brasileiro de coração


e deiretor da Unesco para Educação para a Paz, Dr. Pierre Weil, assíduo
participante do Encontro Para a Nova Consciência:

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UMA FONTE DE VIOLÊNCIA E DE GUERRAS

Uma das fontes mais conhecida através da história da humanidade, de


constante violência e de guerras são os grupos fanáticos que existem
dentro da maioria das religiões.

Estes fanatismos nascem em geral na mente de pessoas que foram


criadas de modo estreito e unilateral dentro de determinada cultura
religiosa; estes grupos de pessoas jamais tiveram contatos com outras
religiões e se limitam a ler textos sagrados da sua própria religião.
Muitos são os mestres religiosos a insistirem sobre a superioridade da
suas religiões sobre as outras, ou mesmo dentro de uma religião a
superioridade da sua corrente teologista, em pleno fim de século, há
atos de violência entre quem precisaria dar o exemplo de fraternidade,
compreensão e entendimento entre os homens; entre cristão,
muçulmanos, hinduístas e budistas e dentro de cada tradição nascem
conflitos e atritos violentos.

O QUE FAZER?

Desde o início deste século, líderes de boa vontade, provindo de cada


tradição religiosa, tem se reunido periodicamente para fazer um esforço
no sentido de compreensão mútua e de aprendizagem recíproca. Várias
associações internacionais e nacionais tem sido criadas para esta
finalidade. Estes encontros tem se revelado de uma extrema riqueza e
sempre geram novos encontros. A própria Igreja Católica tem realizado
muitos esforços no sentido ecumênico (religiões cristãs) e inter-religioso.
O encontro de Assis Goi sem dúvida um exemplo notável. Os esforços
do Dalai-Lama neste sentido, tem lhe valido o prêmio Nobel da Paz.

Mais recentemente, a UNESCO tem reunido em Barcelona,


representantes de várias tradições espirituais do mundo. Do encontro
nasceu a Declaração de Barcelona.

A filosofia, a ciência e a religiosidade, na melhor tradição da filosofia e dos


exemplos de Gandhi, de João XXIII, de Carl Gustav Jung, de Mircea Eliade, de
Martin Luther King, de Leonardo Boff e outros recebe a atualização vivencial de

21
pessoas, em grande parte constituida de jovens, que buscam ter um horizonte
maior de percepção e vivência interpessoal.

Esperemos que este encontro maravilhoso, verdadeiro oásis de lucidez em


meio ao atual momento de trevas intelectuais, morais e - à exemplo de Bush,
da IURD de Edir Macedo e do PL e da TFP da ala mais direitista/conservadora
da Igreja Católica - religioso, permaneça ainda por muitos e muitos anos, qual
semeadura que amplie consciências e permita o exemplo vivo do convívio das
diferenças.

Para entender a força do pensamento retrógado de de alguns pretensos


"evangélicos" utra-reacionários, veja-se o artigo, do jornal Tribuna da Imprensa,
chamado Evangélicos foram a chave para a Reeleição de George 'War' Bush"

Algumas Reportagens Sobre o Encontro para a Nova Consciência

Jornal do Commercio, Recife, 27/01/2002

NOTÍCIAS

Paraíba sedia 11º Encontro para a Nova Consciência

Que resultados pode produzir um evento que reúne padres, pastores, rabinos, monges
budistas, hare-krishnas, físicos, psicólogos, astrólogos, terapeutas holísticos, ufólogos, xamãs,
rosa-cruz, ateus e agnósticos? Difícil saber sem ir lá conferir. Isto é, se você não gosta de
Carnaval, ou este ano resolveu ficar longe das troças, blocos e trios.

Como já acontece há 11 anos, Campina Grande (a 120 quilômetros de João Pessoa, na


Paraíba) sedia mais um Encontro para a Nova Consciência, com a expectativa de reunir por
dia uma média de mil pessoas, de 8 a 12 de fevereiro. Para uma cidade do interior com 354 mil
habitantes, pode-se dizer que o evento só perde em importância para os festejos juninos.

As grandes marcas do encontro são o ecumenismo – melhor dizendo, macroecumenismo – e a


importância que se dá às chamadas práticas e estudos alternativos. Para início de conversa, a
programação é vastíssima. Além dos cursos (31 ao todo) e palestras (até agora 24 nomes
confirmados, entre os quais, o tarólogo e cineasta Pedro Camargo, o reitor da Unipaz, Pierre
Weil, o teósofo Carlos Cardoso Aveline e o físico Harbans Lal Arora), haverá nada mais nada
menos do que 60 eventos paralelos, entre seminários, encontros, oficinas, shows musicais,
exposição de artes e feiras.

Distribuídos em mais de 10 locais diferentes, esses minieventos é que dividem em subgrupos


um público para lá de heterogêneo. Desse modo, espera-se tentar aprofundar discussões
sobre Ufologia (tanto a vertente mística, quanto a científica), Teosofia, Santo Daime, Seicho-
no-Iê, Sai Baba, Tai Chi Chuan, Fitoterapia, Reiki e massagens diversas. E ainda inclui
encontros fora da seara espiritualista, como o das profissionais do sexo de Campina Grande, o
do movimento esperantista e ainda um outro sobre a pré-história paraibana. Mais eclético
impossível.

TRADIÇÃO E CIÊNCIA – Segundo os organizadores, a proposta do evento é estimular a


chamada Nova Consciência, definido como um movimento mundial de cultura alternativa
contemporânea, iniciado nos anos 60, que não faz distinção de idade, sexo, profissão, raça,
credo ou opção de vida. E que, entre outras coisas, supõe a compreensão de que Tradição
não deve excluir Ciência, e vice-versa, e ainda que tecnologia e preservação ambiental devem
andar juntas. Com o tema Tolerância e Paz, o 11º Encontro para a Nova Consciência busca

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aperfeiçoar e socializar essa visão de mundo, não só através do ‘blá-blá-blá’, mas de vivências
práticas e troca de experiências entre diferentes personagens (muitas vezes, de lados
aparentemente opostos). Como bem lembra o texto do site (www.novaconsciencia.inf.br),
“técnicas e práticas capazes de auxiliar a expansão da consciência de um indivíduo constituem
poderosas ferramentas para sua transformação”.

No Recife está sendo organizada excursão para quem quiser participar. (81) 3222.2786 /
9108.9955.

Recife - 27.01.2002
Domingo

Encontro para a Nova Consciência


Nos últimos onze anos, o Encontro Para Nova Consciência tem se configurado
como um espaço privilegiado para livre discussão, na qual a construção da
Cultura da Paz, a Humanização dos Processos de Desenvolvimento
Econômico e a Defesa Ambiental, são preocupações permanentes.

Nele, as mais variadas tradições religiosas encontram abrigo para passar suas
mensagens, numa clara demonstração de que a convivência civilizada entre
elas é algo perfeitamente possível. Assim, uma mesma mesa comporta
católicos, evangélicos, espíritas, budistas, cientistas, filósofos, artistas, ateus,
judeus e mulçumanos, dando um exemplo de civilidade e ecumenismo não só
para o país, como para todo o mundo, que a cada dia entra num processo
tenso justamente por ainda não ter aprendido a cultivar as diferenças.

São cinco dias de congraçamento entre representantes dos vários credos (de
28 de fevereiro a 4 de março), homens de ciências, filósofos e artistas,
imbuídos do propósito de plantar as sementes de uma nova cultura, capaz de
humanizar o desenvolvimento econômico e preservar a natureza.

Costumeiramente realizado no período de carnaval, o Encontro Para Nova


Consciência tem lotado o Teatro Municipal Severino Cabral, local onde
acontecem as grandes conferências. Nomes de destaque nos cenários
nacional e internacional já se fizeram presentes nesse evento, a exemplo de
Leonardo Boff, Marcos Terena, Paulo Coelho, Pierre WeiL, Rose Marie Muraro,
Prof. Hermógenes, Clòvis Nunes, Divaldo Franco, D. Marcelo Barros, Geraldo
Azevedo, Bráulio Tavares, Cabruera, Nando Cordel, Nelson Jacobina, Augusto
Cèsar Vanucci, Jorge Mautner, Rodrigo Grunewald e centenas de outros.

Distribuídos pela cidade, em colégios, repartições públicas, etc, realizam-se


mais 50 eventos paralelos nas mais diversas áreas, enquanto que no terreno
ao lado do teatro é instalada toda uma infraestrutura para funcionamento da
Feira Esotérica, que conta com 35 estandes e Palco para shows.

Nesta versão 2003, a parte cultural e artística receberá maior reforço.


Pretende-se, na verdade, possibilitar a criação de espaços para as mais
diferentes artes, especialmente para as alternativas, verdadeira fonte de
renovação cultural e artística nos seus vários segmentos.

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Este ano o Encontro vai privilegiar a inclusão, por isso seu tema recebe o título
"Um Mundo Para Todos", reforçando seu compromisso em contribuir para
Cultura da Paz, espinha dorsal para conquista da Paz da Mundial.

Sobre outros poscionamentos evangélicos, agora políticos, vejamos a


associação Bush-fundamentalismo pentecostal-direitismo e busca de lucro este
artigo do jornalista Mauro Braga:

A PRIVATIZAÇÃO DA TORTURA

Laerte Braga

A insânia terrorista chegou a requintes de barbárie aparentemente


impensáveis, mas só aparentemente: a privatização da tortura.

Os meios de comunicação revelam que agências norte-americanas


contrataram empresas privadas para orientar os procedimentos nas prisões do
Iraque. Em pelo menos dois casos, houve a supervisão de ex- diretores de
penitenciárias nos Estados Unidos envolvidos em tortura e morte de presos.
Viraram consultores na matéria. Um deles, como um preso com sérios
problemas mentais se recusasse a retirar uma fronha da cabeça, colocou-o por
16 horas nu e amarrado a uma cadeira. O preso morreu. O diretor virou
especialista do patriotismo torturador do seu país. Está no Iraque.

Não são semelhanças com o III Reich. É o IV Reich sem tirar nem por. Nem é
acaso. Num país com obsessão por informações, agências várias varrendo as
vidas das pessoas, lógico, as fichas dos ditos eram conhecidas. E foi
exatamente por elas que foram recrutados.

A tortura é uma prática deliberada, pensada, planejada e faz parte da rotina


das aventuras imperiais norte-americanas desde a primeira.

Robert MacNamara, Secretário de Defesa nos governos de John Kennedy e


Lyndon Johnson, em entrevista largamente divulgada, considerou a guerra do
Iraque um erro e não fez previsões diferentes de vários setores políticos e
militares de seu país: “Estamos indo para um atoleiro semelhante ao Vietnã,
embora o Iraque não seja o Vietnã e os tempos sejam outros”.

Ficam cada vez mais claros os indícios que Bush começa a viver outro atoleiro:
o eleitoral. A possível desistência de Ralph Nader pode consolidar uma frente
nas intenções de voto do democrata John Kerry que, mesmo com o calor da
campanha, não dê a Bush chances de se recuperar.

Parte da própria tendenciosa imprensa dos EUA parece ter percebido que
apoiar Bush seria como salgar carne podre.

MacNamara falou também de uma parcela da opinião pública de seu país, a


que sustenta Bush e seus desvarios: “minoria religiosa”, os WASP: White
Anglo Saxon Protestant. A extrema direita que, até hoje, acredita no

24
criacionismo e cria seitas penteconstais, sempre um bom negócio. Acreditam
na superioridade norte-americana sobre o resto. Essa gente, curiosamente,
tem aversão ao judaísmo e a judeus, embora precisem destes para consolidar
seu poder, é lato senso anti-semita. A aliança decorre de interesses
econômicos, da capacidade mútua de odiar, do considerar árabes, de um
modo geral, inferiores. Árabes, negros, latinos e amarelos.

O ex-secretário não acha que essa gente possa definir o futuro do país, mas
não consegue negar que passado e presente, com raros momentos de
exceção, têm sido conduzidos por crentes fanáticos. Bush é um deles.

Detalhes revelados pelos meios de comunicação no mundo inteiro mostram


que a grande preocupação dos comandantes, políticos e militares, das forças
chamadas de ocupação, é descaracterizar a tortura como prática sistemática e
simular punições a um ou outro militar estão envolvidos.

Há uma exacerbação do noticiário no sentido de fazer crer que os envolvidos


em torturas, além de serem uma exígua parte das tropas, dos encarregados
dos interrogatórios, do controle das prisões, o fazem por algo como desvio de
conduta. Casos individuais.

Não existe a menor preocupação com os presos, os torturados. A libertação de


vários deles é mera jogada de efeito, até porque a imensa e esmagadora
maioria está presa sem culpa formada, sem qualquer assistência de
defensores, sem respeito às mínimas regras de direitos humanos. Se assim o
fosse, como querem fazer crer os dirigentes da organização terrorista Casa
Branca, a base de Guantánamo, território cubano ocupado ilegalmente, seria
aberto a organizações especializadas do mundo inteiro e, essencialmente, à
imprensa.

O governo de Israel seria condenado e punido por violar diariamente da forma


mais bárbara, estúpida e cruel, os direitos legítimos dos palestinos. O mesmo
tipo de ação contra a ditadura de Saddam Hussein seria empreendida contra
um criminoso como Sharon.

Mataram, continuam a matar, impunemente, homens, mulheres, crianças e


velhos. Demolem casas (americanos e israelenses), prendem ilegalmente,
estupram, saqueiam, torturam, tudo diante de uma opinião pública estupefata,
cada vez mais indignada, mas submetidas a governos subalternos, presos a
interesses do mercado, controlados e dirigidos a partir de Washington.

E fazem isso no Iraque. No Afeganistão. Na Colômbia. No Paquistão. Querem


fazer na Venezuela e em Cuba. Fazem no mundo inteiro não apenas porque
Bush tem sua mão guiada por Deus. Esse é o pretexto, o lado cínico/insano. O
motivo real é o mercado. Por isso as prisões foram entregues à iniciativa
privada. O negócio é lucro. Lucro advindo de tortura. De estupros. De
genocídios. Do fanatismo religioso (ver a excelente reportagem do jornalista
Newton Carlos, Fundamentalismo Religioso por Dentro da Casa Branca).
Iniciativa privada é isso. Quando não são bancos, ou laboratórios (agora no
Brasil isso aparece com toda a força), são os grandes negócios dependentes

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do petróleo, os tais agro-negócios, o mundo capitalista dos WASPS - White
Angle-Saxon Protestants.

É exatamente o que vemos: a minoria que MacNamara fala não é só religiosa


(puro pretexto, típico da moral hipócrita - Calvino inventou o lucro sem pecado).
São os condomínios fechados. Imagem que serve para definir esse mundo. E
esperando o Messias. Que não vem nunca, lógico, o dia que vier desmonta o
esquema. Até porque é pouco provável que o dito chegue numa Pick-uP
importada, num Rolls Royce ou numa Lincoln conversível. É a única forma de
chegar até essa gente evangélica inspiradores do Edir Macedo e do PL. E tem
que ter Mastercard ou Visa, que aliás, é do Berlusconi.

João Pessoa, Paraíba, 17/11/2003

Ampliado em 24/06/2009

Revisto e Ampliado em 22/01/2010

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