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O processo de privatização da companhia energética estadual está disciplinado na lei n° 11.484, de 13 de dezembro de
1997, alterada pela lei n° 11.733, de 30 de dezembro de 1999.
Os recursos são movimentados pelo Fundo de Desenvolvimento de Pernambuco, fundo de natureza contábil criado
pela referida legislação, responsável pelo registro do controle e acompanhamento da execução orçamentária dos
recursos decorrentes da alienação do controle acionário da CELPE.
O caput do artigo 3° da lei discrimina a natureza das despesas que podem ser custeadas com tais recursos:
O parágrafo 2° veda a utilização dos recursos oriundos do processo de privatização da CELPE na realização de:
outras despesas correntes, exceto aquelas relacionadas com o serviço da dívida pública, compreendidos o
principal, juros e demais encargos; e com a operacionalização do plano específico de ação referido no
mesmo artigo 3°.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, sancionada em 05 de maio de 2000, em seu artigo 44, restringiu ainda mais as
aplicações dos recursos oriundos de alienação de ativos, vedando sua utilização para financiamento de despesas
correntes, excetuando as destinadas por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores.
O Quadro Resumo da Execução Orçamentária dos Recursos de Privatização da CELPE, constante do Balanço geral do
Estado, tabela 15, apresentou os dados relativos à receita e despesa desses recursos, desde o início do processo de
privatização, 1999, até o final de 2001. Como esses dados foram apresentados de forma consolidada, apresenta-se o
quadro abaixo detalhando esses dados por grupo de despesa.
Tabela GOR35 – Execução Orçamentária dos recursos de privatização da CELPE, dados consolidados dos exercícios de 1999, 2000 e
2001 – Em R$
Receita
Despesa
Investimentos - 569.599.374,00
Através de confronto com os dados constantes do SIAFEM, pode-se afirmar que os valores das receitas e despesas
movimentadas pelo Fundo de Desenvolvimento de Pernambuco, relativamente à privatização da CELPE, foram os
acima transcritos.
Registra-se, porém, a ausência de maior detalhamento da aplicação desses recursos, não mencionando os órgãos
responsáveis por sua realização, nem as ações que foram executadas.
A receita total de R$ 2.204.564.881,92 foi movimentada pelo Fundo de Desenvolvimento de Pernambuco. Deriva do
contrato de operação de crédito firmado em 1999 entre o Estado de Pernambuco e a ELETROBRÁS, do próprio leilão
de privatização da CELPE e dos rendimentos das aplicações no mercado financeiro, abaixo discriminados:
Discriminação
Valor R$ Exercício
2ª e 3ª parcela do 1.121.912.560,84
controlador
Total 2.204.564.881,92
Os recursos relativos ao leilão da CELPE são movimentados em conta bancária específica do BANDEPE, enquanto os
relativos à operação com a ELETROBRÁS foram depositados na conta única do Estado. Esses recursos estão
vinculados a uma fonte de recursos específica, detalhados através de várias sub-fontes .
De 1999 até o final do exercício de 2001, foram aplicados R$ 1.591.096.093,07, o que representa 72% do total destes
recursos, tendo sido R$ 708.641.282,19 aplicados em 2001
Em virtude dos demonstrativos apresentados no Balanço não detalharem a aplicação do recursos oriundos do
processo de privatização da CELPE, sintetiza-se, abaixo, suas principais aplicações.
Fundo Financeiro de Aposentadoria e Pensão
Total R$ 300.000.000,00
..................................................
Todos os recursos repassados ao FUNAFIN foram realizados em 2000 e serão objeto de capítulo específico sobre a
previdência deste relatório.
Inversões financeiras
Total R$ 230.820.410,15
..................................................
As inversões financeiras foram referentes aos aumentos de participações societárias por parte do Governo do Estado
de PE, nas empresas públicas e sociedades de economia mista e a compra de um imóvel pela Secretaria da Fazenda,
conforme quadro abaixo:
Histórico
1999 2000 2001 Total
Aumento de capital social da Cia Pernambucana de Saneamento 17,00 171,35 17,87 206,22
– COMPESA (Secretaria de Infra-estrutura)
As inversões financeiras referente ao aumento de capital social na COMPESA totalizaram R$ 206,22 milhões,
destacando-se: o pagamento de débitos com a CELPE no valor de R$ 150 milhões; e principais obras e projetos de
água e esgotos – programa " Águas de Pernambuco", resumidos no quadro a seguir:
Tabela GOR 38 - Principais obras/projetos - "Programa Águas de PE" - Com recursos da CELPE
Obra/projeto
Município Valor (R$)
Ressalta-se que a tabela acima refere-se aos valores contratados pela COMPESA.
Dos recursos da CELPE destinados ao pagamento da dívida pública, 81% corresponderam a amortizações e 19%
foram relativos aos juros e encargos da dívida.
Especificação
Tipo 1999 2000 2001 Total
Juros 0 0 0 0
Em 19 de novembro de 2001 foi sancionada a Lei nº 12.105 autorizando o Poder Executivo abrir crédito suplementar ao
Orçamento Fiscal do Estado no montante de R$ 74.104.000,00 em favor de diversos órgãos estaduais. Deste valor, R$
55.000.000,00 destinaram-se ao reforço de dotações relativas ao pagamento de juros e encargos da dívida interna
utilizando recursos da CELPE, sendo R$ 52.000.000,00 referentes ao seu refinanciamento.
A LRF veda a aplicação de recursos de capital oriundos de alienações de ativos no financiamento de despesas
correntes, conforme segue:
Dessa forma, embora autorizado por lei estadual a aplicar recursos de alienação da CELPE no pagamento de juros e
encargos da dívida, a priori tal despesa não poderia ter sido realizada por ferir o citado dispositivo da LRF.
No entanto, apesar do governo estadual ter classificado os rendimentos de aplicação financeira dos recursos oriundos
de privatização da CELPE como receita de capital (R$ 160,6 milhões), este Tribunal entende que tal receita é de
natureza corrente, o que por si só é suficiente para cobrir o montante gasto com juros (R$ 47,3 milhões).
Os recursos oriundos de privatização da CELPE relativos aos investimentos foram até 2001 os abaixo discriminados:
Investimentos por
ano Valores Descrição
1999 0 -
Com toda a administração indireta constante do orçamento fiscal operando no SIAFEM, foi possível levantar
especificamente os gastos com investimentos no exercício de 2001, apresentado no quadro a seguir.
Unidade responsável
Valor Detalhamento
DER 281,64 Construção e restauração de vias expressas, metropolitanas e urbanas (PE- 15)- R$
37,97 milhões;
Hosp. Areias – 267 mil; Agamenon Magalhães -561 mil; Otávio de Freitas-1,6 milhão; José
Fernandes (Limoeiro) -267 mil; Barão de Lucena - 913 mil; Jaboatão-264 mil; Rui de Barros
(Arcoverde) - 69 mil; Palmares -1,42 milhão; Garanhuns -79 mil; Belarmino Correia (Goiana) -790
mil; Reg. do Agreste-70 mil; Oswaldo Cruz -1,54 milhão; Getúlio Vargas– 649 mil; Pref. Chã
Grande - 65 mil; IMIP - 620 mil; Outros - 317 mil
EMHAPE 7,20 Construção de 107 unidades habitacionais no conjunto habitacional Marcos Freire;
casas em vários municípios, projeto habitacional do Criança cidadã, outros projetos
habitacionais - R$ 5,03 milhões;
Convênio com Prefeituras para obras - R$ 2,17 milhões (Paulista - R$ 1,60 milhão e
outras - R$ 570 mil)
EBAPE 5,63 Investimentos em obras de Infra-estrutura hídrica do Estado (perfuração e instalação de poços,
aquisição de equipamentos, implantação de dessalinizadores)
FDJS 5,39 Recuperação, reforma e ampliação de presídios (R$ 5,19 milhões); construção de presídio (R$
65 mil); compra de equipamentos de cozinha (R$ 136 mil)
FUNDARPE 1,53 Restauração e revitalização do patrimônio histórico, artístico e cultural (inclui o Projeto Tacaruna)
FUNDAC 0,31 Reforma da sede da FUNDAC (R$ 237 mil); compra de mobília e equipamentos (R$ 76 mil)
IRH 0,07 Projeto básico para reforma e compra de equipamentos para o Hospital dos Servidores do
Estado
Secretaria de Infra- 24,56 Serviços de engenharia no Aeroporto Internacional dos Guararapes - R$ 12,48 milhões;
estrutura
Serviços de engenharia em Aeroportos do Interior do Estado - R$ 3,94 milhões;
e Tecnologia
Combate a desertificação - R$ 1,07 milhão;
Secretaria de Defesa 12,27 Implantação do Centro Integrado de Operações de Defesa Social - CIODS (Serviços de
O & M e serviços técnicos de informática) - R$ 1,86 milhão;
Social
Fornecimento de equipamentos de informática, equipamentos diversos e mobiliário em
geral para a polícia - R$ 6,04 milhões;
Sec.de 0,39 Ações do PRODETUR -II: projetos turísticos; projeto de segurança a navegação.
Des.Econômico
Sec. de Des. Urbano 0,17 Revitalização e humanização de comércio popular (vários municípios)– R$ 70 mil
e Proj. Especiais
Projeto básico do trecho rodoviário do ramal do gesso – R$ 99 mil
Tribunal de Justiça 2,61 Serviços de engenharia para recuperação e reforma de fóruns - R$ 1,83 milhão;
Total 419,13
Ressalva-se que essas despesas estão sendo objeto de auditoria pelo Tribunal de Contas.