Eremita Neste domingo, enquanto fazia minha caminhada tendo o prazer de ver o sol nascer e o céu, qual caleidoscópio trocando de cores rapidamente, aprovei tei, como sempre faço, para meditar sobre o meu momento atual. Gosto de fazer e sse tipo de meditação dinâmica, pois creio que a razão conduzindo meus movimento s, minha coordenação motora cuidando para que eu não tropece, não perca o ritmo da caminhada, respire fundo e coordenadamente, acaba liberando o outro hemisféri o do meu cérebro para que eu possa mais facilmente permitir que as imagens venha m e possam ser contempladas, sem grandes julgamentos, sem me ater muito a elas. Entre muitos e rápidos pensamentos que perpassaram me cérebro durante aquela hor a do amanhecer, um deles trouxe consigo algumas respostas para questões que, ain da que eu não as tivesse formalmente formulado, precisava ouvi-las, ou melhor, s enti-las neste momento da minha vida. Sempre gostei de “tirar um tempo” para mim. Costumava, desde adolescente, f azer o que na época chamávamos de retiro espiritual. Não pensávamos naquilo como um mergulho em nós mesmos, mas simplesmente um tempo em que passávamos tentando nos silenciar, aparentando uma seriedade e expressões taciturnas que não combin avam com o dinamismo que a nossa idade impunha. Entretanto voltávamos desses ret iros mais calmos, menos briguentos, mais atenciosos, e provavelmente um pouco ma is espiritualizados. Com aquelas imagens brotando da memória, além da saudade daquele tempo e da s amizades feitas então, fiquei pensando como isso tornou-se um hábito em minha vida. Algo que faço de maneira quase que automática, sem grandes rituais, tão co stumeiro e simples quanto escovar os dentes, fazer a barba, tomar banho, cortar as unhas. Eu diria que, no meu caso, é higiênico, salutar, benéfico e imprescind ível. É absolutamente prazeroso, para mim, permitir-me momentos maiores ou menor es de isolamento para poder refletir nas minhas questões pessoais. Não necessari amente preciso isolar-me num local deserto, nem parar de trabalhar ou de estar c om os amigos. Necessito apenas de algum tempo exclusivo para mim. Isolar-me do r itmo que eu mesmo me imponho, do nível de exposição que eu mesmo me permito, da necessidade de estar sempre produzindo para justificar não sei o que. E talvez s eja esse “não sei o que” que eu vá buscar, dentro de mim, ao ficar sozinho comig o mesmo. Ouvi uma vez, de um cliente, que ele detestava estar só consigo mesmo. Que precisava sempre de muito movimento ao seu redor e que quando, porventura tivess e que ficar por algum tempo mais isolado, ligava a TV, falava ao telefone até co m pessoas para quem nunca pensara em telefonar, tudo para preencher o tempo. Diz ia ele que tinha horror a ficar entregue a si próprio. Temia descobrir-se como a lguém que ele desconhecesse, que fosse totalmente diferente da imagem que ele ha via construído dele para uso pessoal e como máscara para enfrentar o mundo. Last imável, penso eu, pois ele acabou perdendo grandes oportunidades de remontar seu próprio quebra-cabeça, elucidar-se sobre si mesmo e sobre as questões que pudes sem lhe ser importantes. O Eremita, Arcano Maior de número IX do tarot, é uma lâmina que simboliza e sse intervalo de tempo que dedicamos a nós mesmos, buscando respostas para os no ssos mais profundos questionamentos. É o tempo, muitas vezes necessário, que pre cisamos nos conceder após alguma perda. Uma morte de um ente querido ou o fim de uma grande história de amor merece considerações especiais. Há um tempo de luto , e cobrir-se de luto quer dizer abster-se da claridade exterior e de seus apel os para encararmos aquele momento como o fim de mais um ciclo natural da vida. C ompreender a aceitar. Rememorar lembranças felizes, perdoar erros cometidos e se r agradecido pela oportunidade de ter experimentado essas emoções todas, vivenci ado todo o seu ciclo, sepultá-las e seguir em frente. Qual é o sentido da vida? Por que determinadas coisas acontecem comigo? Que m sou eu? Quando estamos vivendo o Eremita nos fazemos perguntas que não têm res postas claras, precisas ou pré-determinadas. Nós precisamos de liberdade, de esp aço e independência para podermos descobrir nossas próprias respostas e termos a clareza mental necessária para nos aprofundarmos em busca das nossas próprias v erdades, sejam elas espirituais, filosóficas ou de âmbito social. Essas são perg untas difíceis, especialmente por se referirem ao significado que os eventos, as casualidades, os golpes de sorte, as coisas enfim que vivemos no dia a dia e q ue nos leva a crer que há uma conexão entre o nosso “eu” e aquilo que enfrentamo s. Isso pode ser um processo, muitas vezes, doloroso pois somos forçados a admit ir que que não podemos transferir a culpa do que nos acontece aos outros, exatam ente por haver essa conexão nos ligando intimamente aos eventos. E frequentement e repetimos os mesmos padrões, fazendo com que as mesmas situações voltem a se r epetir, possivelmente com pequenas variações. O sábio é aquele que possui uma luz própria. As figuras representativas do Eremita, em quase todos os tarots, mostra um ancião (tempo, prudência, paciência ), coberto por um manto (introspecção, estado meditativo), apoiado num cajado (e xperiências anteriores, a maturidade) e portando uma lanterna (a luz da verdade, a luz da ração, a pesquisa em busca do auto-conhecimento), parado num local des erto (sozinho consigo mesmo e liberto das ilusões). Em nossa vida, ele represen ta o nosso lado mais secreto e a nossa necessidade de procurarmos em nós mesmos as respostas que muitas vezes buscamos nos outros. É tempo de nos afastarmos um pouco da sociedade ( e isso não significa abandonar tudo e isola-se no alto de u ma montanha) e interrogar a nossa alma, procurando saber o que ela precisa e o q ue já sabe e possui. Quando aparece numa jogada de tarot, dependendo da sua posição e das demais cartas à sua volta, além da questão aventada pelo consulente, o Eremita pode si gnificar que é chegado o momento de refletirmos cuidadosamente antes de fazer um a escolha, sem precipitações e medindo as consequências dos nossos atos, inclusi ve como ele irá se refletir nas demais pessoas envolvidas ou não. É um aviso de que devemos parar ( o Eremita é representado por um velho, portanto é uma das ca rtas mais “lentas” do tarot), analisar os padrões de comportamento, as emoções e os sentimentos, desculpando-nos, e aos outros, por erros cometidos e aguardar a té que a resposta surja, límpida feito um cristal, de dentro de nós. É aguardar para ver como vai ficar. Essa carta é sempre uma sugestão para que reavaliemos o passado para que possamos compreender o presente e prosseguir no futuro. Por se r uma figura de aspeto bem idoso, pode significar a possibilidade de ser ajudado , ou buscar ajuda, com pais, parentes mais velhos, amigos mais idosos, professor es, juízes, psicólogos, geriatras, filósofos, conselheiros e mestres espirituais . Recomenda manter uma atitude de prudência, de cautela, de austeridade, humilda de e lucidez. Pode ser indicativo da necessidade de se guardar, ou revelar, um s egredo, mas isso sempre de maneira muito consciente. Lembra-nos de que é preciso ser paciente, solícito, atencioso e compreensivo para com os outros, auxiliando -os com a nossa experiência e saber. 09-Major-Hermit Muitos associam a figura bíblica de Moisés ao Eremita, pois guiou seu povo pelo deserto ( o deserto da vida) para a terra prometida ( o par aíso espiritual). Na Árvore da Vida cabalística o Eremita encontra-se no 20 cam inho, ligando Tipharet, que significa “beleza” e representa o equilíbrio, a Ches ed, que simboliza a misericórdia, o estado de graça. O Eremita volta, assim, as costas para o que muito do que o mundo tem a oferecer e parte em busca da sua in tegridade. Conscientizando-se do que busca, é hora de estender a mão ao próximo. É usar de sua luz, de sua lanterna, de seu conhecimento para iluminar o caminho daqueles que ainda estão escalando a montanha. A Lua, em sua fase crescente, no signo de Virgem, pode ser traduzida como u m bom momento para nos renovarmos através de uma análise mental bem detalhada. O rganizar idéias e pensamentos, refletir sobre questões e estar aberto a ouvir a sua voz interior está na pauta do dia. Procure ficar mais reservado, ou pelos me nos, tire algumas horas para estar sozinho, seja no seu quarto, seja caminhando pelas ruas ou mesmo passeando por uma praça ou jardim. Reflita calma e tranquila mente sobre os seus sentimentos e só então tome atitudes, desde que ponderadas, razoáveis e sensíveis. Aproveitem bem o domingo e tenham todos um ótimo início de semana. WWW.ELEMENTOSDOTAROT.COM.BR