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jets Teas a coon sous ly (POSTA « eisai) J iii Mauad X ce fo } g € « ) mm Ee gS cd [=] a 3) = rd S = Cy Cee oiraree Be neaererten at CAMINHOS DA INTEGRAGAO CCopyrighe © by igor Lapsky, Karl Schurster, Francisco Carlos Teixeira da Silva e alii, 2013 Direltos desta edicfo reservados & [MAUAD Balitora Leda, Rus Joaquim Silva, 98, ° andar Lapa — Rio de Janeiro — RJ — CEP: 20241-110 ‘els (21) 3479.7422 — Fax: (21) 3479,7400 swormauad.com.br Proeco Gries Nicleo de Arte/Mauad Baivors Revist: Leticia Castello Branco Braun Imagem da Capa: Pincura mural na alaia da ckdade de Ceatca, Peru (a enteega da folha da coca) Foto: Francisco Teixeira ‘Cw-Baast. CaraLocacho-ta-Fore SnotcaTo NacoNAL bes Boones Lives, RU Institugdes suLamericanss no tempo presente : camnhos da intooragso / ‘organizagao Igor Lapeky, Kar Schuretor, Francisco Carlos Tears da Siva, - 1d, Rio de Janevo: Mauad x, 2013, 408 p.: 18.5230 om, Incl ibiograa 8 incioe ISBN 978.38.7470-561-5, 4. Clana police - Amica do Su 2. PaltcaIntemacional |: Lapa, lr "i. Schuster, Karl. Siva, Francisco Carlos Teer da, 1054. 1.03513 00: 320 cou: 32 ‘Ao professor Ciro Flamarion Santana Cardoso, que inspirou a maioria dos pesquisadores que trabatharam neste livro. g0x:br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/atos-assinados-por-ocasl2o-daiy. ~cupula-de-chefes-de-estado-e-de-governo-da-unasul-2013georgetown 26 ch, -novenbro-de-2010. SANTOS, Wanderley Gullherme dos, Sessenta ¢ Quato:anatomia da crise, Sto Paulo: Vértice, 1986. SARTORI, Giovannl. Democratic Theor. Detroit: Wayne State University Pres, 1962. SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, Socialism and Democracy. Nova York: Hat- Per & Row, 1942, ——-Caitalismo, sociaismo « democraia. Trad, Sérgio Goes de Paula. Rio de Janeiro: Zahar, 1984, SIERRALTA, Pia. Zalaquett: “Esta ha sido una de las marchas més vio- lentas". La Tercera, “06-10-2011. Disponivel_ em: httpy//aterceracom/ noticia/nacional/2011/10/680-397348-9-zalaquett-esta-ha-side una, -de-las-marchas-mas-violentas.shtra SILVA, Helio, 1964: golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilizagdo Brasilel- a, 1975. SOLORZANO, César, Democracia participativa. Caracas: Pomaire, 2005. TRIBUNA DA IMPRENSA. A miséria da ditadura e a miséria da inflagio, 18- 03-1964, ULTIMA HORA. Editorial de capa, 20-03-1964, URIA, Leandro, El regreso del fantasma da Ia instabilidad. La Nacién, 01-102 2010. AZ, Viviane, Entrevista com Lucio Gutierrez, Correio Brziense, 02-10-2010. Disponivel em: _hup://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mun. d0/2010/10/02/interna_mundo,215968/index shtml, WINAZKI, Nicolis, Reunién urgente de presidentes de la Unasur en Buenos Aires. Clarén, 01-10-2010. Disponivel em: hetp://wwwclarin com/mundo/ america_latina/Reunion-presidentes-Unasur-Buenos-Aires_ 0349563937 hum 282 Mame Avetto Beenoto oF Ouvena Minsnos 9, Revolugao, bicentenério e socialismo do século XX: uma comparagéo entre Bolivia, Equador e Venezuela Rafael Pinheiro de Araiiio* Introdugao América do Sul viveu um ciclo insurrecional na primeira década do século XXI. Assistimos & ascenso de governos de esquerda que trou: xeram para 0 debate politico e académico da regio variados projetos de sociedade e uma retérica nacionalista que parecia esquecida na “longa nol- te" neoliberal da década de 1990. (© processo contestatério derivou em novos paradigmas no agir e na pritica do politico. O debacle ideolégico do pés-Guerra Fria se esvaiu e pre- senciamos o protagonismo de grupos sociais historicamente subalternos e excluidos da politica, como indigenas e camponeses, ¢ liderancas politicas identificadas com o nacionalismo econémico. ‘Movimentos sociais e partidos politicos de esquerda ganharam apoio popular em virtude da retérica contestat6ria 20 neoliberalismo e & corrup- ‘slo. O primeiro foi associado A manutencdo da pobreza, do desemprego ¢ da estagnagdo econdmica na década de 1990. O segundo foi identificado como uma pritica corrente dos partidos politicos tradicionais, levando 20 descrédito em relago as instituig6es republicanas e, em alguns casos, & democracia representativa. Dados da Comissio Econémica para América Latina ¢ Caribe (Cepal) demonstram que 2 pobreza e extrema pobreza se mantiveram elevados na América Latina nos anos 1990 do século XX. A privatizagdo e abertu- Tanaraao ta "Arlo = Protence oui ao Cano Inaririgaee SuL-Auenteanes no Tene Press 283 12 econtmiea, defendidas pelos governos neoliberais como fundamencais 218 a superaso da inépia social, nfo propiciaram a diminuigdo da pobre- 28.4 tabela 91a seguir confirma isso, Além disso, sinaliza que a ascensio dos governos de esquerda, sobretuco na América do Sul no pés-2002, conteibuiu para a melhoria dos indices socais. ‘Tabela 9.1. Porcentagem da populagao pobre e indigente ‘na América Latina (1980-2007)' ‘Ano, Pobres Indigentes 1960 405) 188 1990 453 25 1907 35 19,0 1990 we 785 2002) 40 1 2008) 308 154 2008 36.3 733 2007 aaa 123 (0s governos de esquerda sul-americanos, além de combater incisiva- mente a pobreza indigéncia, apresentaram variados temas que se tor- naram centrais no debate politico regional, a saber: socialism do século XXI, democracia participativ,participaglo politica de minorias e integra- co sul-americana, Acesquerda da América do Sul pode ser dividida em dois grupos: um dle centro-esquerda, marcado por um programa andlogo a0 da socialdemo- cracia europeia da década de 1990, coadunando politias sociais & manu- tengo dos paradigmas econdmicos neoliberais. Nesse grupo poderiamos enquadrar os governos de Néstor ¢ Cristina Kirehnes, na Argentina, Lula Ga Silva e Dilma Rousseff, no Brasil, Tabaré Vasquez e Pepe Mujica, no Unuguai, os governos da “Concertacién”, no Chile, entre outros. 0 segundo grupo & composto por uma esquerda radical e nacionalista. Evo Morales (Bolivia), Rafael Correa (Equador) e Hugo Chavez (Venezue- Ver Pobre, ection coca! y sesigulise citibuive, Panorama Soci! de Ane Lat nap. 15:41, Sanlago de Chile, Gopal, 2008, esponiel om Rip /wnew.cepalergfpuateacones ‘riuSi7aatPS€2008. CoptPobreza pdt scaseo oman. 2012 284 la) representam um setor que se coloca contririo aos paradigmas neoli- berais e que oferece 0 socialismo do século XXI como alternativa para os povos sul-americanos. Acreditamos que esses trés processos so revolucionétios. © protago- nismo popular, com a utilizagio da democracia de las calles como forma do agit politico, a maior distribuicio de renda, a elevacio do nivel de cons- ciéncia politica da populaczo, as reversdes das privatizagSes de empresas piiblicas e recursos naturais, a “refundago republicana” com as consti tuintes e a proposicdo imagética do socialismo fizeram que as trés nagSes formassem um bloco revolucionario na América do Sul. Esses processos politicos resgatam tradig6es insurrecionais e naciona- listas presentes na regio ao longo dos séculos XIX © XX. A luta contra 0 colonialismo europeu, as resisténcias a0 imperialismo norte-americano, as bandeiras do nacional-desenvolvimentismo das décadas de 1930-1950 fe das experiéncias revoluciondrias cubana ¢ chilena sio reivindicadas zessignificadas nesse novo ciclo revolucionério. Analisaremos 0 evismo, 0 chavismo € 0 correismo a partir de duas te~ miiticas: o bicentendrio das independéncias € 0 socialismo do século XXL Avaliaremos a importncia da reivindicacdo dos processos independentis- tas do século XIX para as revolucSes em curso e uma caracterizago do novo socialismo. Dividiremos esses trés paises em dois grupos: indigenista (Bolivia) & bolivariano (Equador e Venezuela). Essa divisdo se justifica por defender- ‘mos que, no primeiro, o resgate da tradicdo indigena é fundamental para © projeto politico defendido por Evo Morales, enquanto no segundo, as imagens e bandeiras dos préceres das emancipagdes cumprem um papel fundamental, Bolivarianisma e in jenismo: passado e presente 1.1 Discurso poltico, o pasado e a revolugdo na Bolivia, Equador e Venezuela Segundo Karl Marx? os homens nfo fazem sua histéria segundo sua livre vontade, Cada escolha esté sempre defrontada com acontecimentos ppassados. Em periodos revoluciondrios, em que o desenrolar dos aconteci- Filan K © Dezota Brumdo ds Lovie Bonopat, S80 Paulo: Centauro, 2008, 2.16. Insriruigors Su-Ancaicaues we Tero Patsone 285 ‘mentos aponta para a construsio de uma nova realidade politica e social, (os homens recorrem a tradi¢do e aos “espiritos do passado, tomando-lheg ‘emprestados os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apre- sentar, nessa linguagem emprestada, a nova cena da hist6ria universal” ( apelo ao passado é uma constante nos processas revolucionérios que ‘estamos analisando. A histéria e a meméria das lutas de independéncia do século XIX sio reivindicadas constantemente pelos atores politicos em. seus discursos. A relagdo identitatia com 0 passado objetiva a edificagio da imagem das presentes liderangas como préceres de revolugdes que alme- jam a segunda independéncia da América Os atores da resisténcia a colonizacdo e da independéncia reaparecem nos discursos de Evo Morales, Rafael Correa ¢ Hugo Chavez em virtude da {intencionalidade de legitimagao dos processos revalucionétios em curso em seus respectivos paises: Bolivia (RevolucZo Democrética, Cultural ¢ Indige- nna), Equador (Revolugao Cidadf) e Venezuela (Revolucao Bolivarian) A apropriagio do passado atendeu a0 desejo de construcdo da imagem revolucionaria nesses mandatdrios. A constituigo de uma “imagem de si", meta fundamental do discurso politico,? reside nessas liderangas na de- monstragao de que os processos transformadores almejam a criacio de uma nova independéncia nacional, que esta associada as mudangas socio- econdmicas e & radicalizagdo da democracia. As diversas imagens e simbolos identitérios do passado, valorizados no imagindrio social de cada um desses paises, sZo utilizadas por suas lide- rangas para persuadir os grupos sociais a apoiar os governos bolivariano e indigenista. Como afirmado por Maingueneau: ‘To dncuno police Inbilza cenoraas aides, na vr os Fos pega eo coeenee dee, deve epear seu tnagindia, tibsirie mins Wendais nena eee acer © nro dasmagens dos esstete cola spa, reitzao das figuras dos loves da ndcpendtaia da Aaya phos ¢ eek diced ees progress da revues bed slo MX jor cam gia ox proesos pllen em caso ma as doeaorda Cova Ee a a pee oe eee 2 Amossy, manors de sno eacurao: a constr do ettas 1. rep, S¥0 Paulo: Content, < Maingueneau, 0, Eines, cencgrafe, Incorpo, In: Amos, R. Imagens de s! no dicuro: consrugbo do ctos. rein. Seo Paulo: Cone, 20088 2 286 Parnes Pueine o¢ Anaoso ‘nfo almeja parodié-1o ou fazé-lo caminhar outra vez, mas aclamar as novas lu tas, engrandecer na imaginago popular as tarefase sacrificios revolucionitios 1 serem cumpridos, almejando o encontro do espirito da revolusio.+ © espirito da revolugio ndo se faz apenas com a utilizaco das imagens dos préceres da independéncia, mas também com o emprego de seus valo- res morais e da sua teoria revolucionéria nos correntes embates politicos. Consignas como liberdade, insurrei¢ao, dignidade e independéncia apare- em constantemente nos discursos com a intengo de validar o presente de lutas. Essa associagdo do presente com o passado pode ser vista na fala do presidente equatoriano Rafael Correa: Ha mais de duzentos anos, em Quito, Eugenio de Santa Cruz y Es- pejo, com a edicdo das Primicias de la cultura de Quito, se consticuia como autor intelectual do movimento libertario de 10 de agosto de 1809, que, sonhando com o futuro, levantava chamas de dignidade, Inflamava os coragbes e engrandecia os espiritas com sonhos de liberdade. Andrés Bello, talvez o humanista mais sensivel do seu tempo, fundava a Gaceta de Caracas; duas vozes préximas no tempo, Unidas pelos mesmos ideais, forjavam a insurreicdo, conspiravam, ccarregavam idelas poderosas ¢ ferramentas para 2 emancipagio das conscidncias, nesses tempos de batalha em que nossos povos assu- ‘miram a liberdade como uma urgéncia de vida. Tas fatos desembo- caram no inicio dos processos de independéncia em 10 de agosto de 1809 em Quito ¢ em 16 de abril de 1810 em Caracas. Os ventas sopravam a favor das insubordinados, dos rebeldes ea favor da uto- pia libertiria. Ambos sofreram juntos os massacres de 2 de agosto de 1810 em Quito e de abril de 1812, no solo venezuelano. Pouco depois, Bolivar, com um olhar amplo e profuundo, cobre nossa ‘América [..]. Cada regifo, com suas préprias condig6es, fortalezas ¢ infortinios foi analisada, mas o fator comum, a coluna vertebral que, conforma o ideério de Bolivar, éa necessitia unidade de todos (5 povos, como afluentes do grande oceano independentista, Essa luta vai se construindo com Eugenio Espejo, Francisca Miranda, Andrés Bello e Antonio Narifio; se nutre do sactificio dos mércires de Quito, de Caracas, de Chuquisaca, de la Junta Tuitiva no Alto Peru; este combate ocorre com 0 sangue de agosto de Quito e de ‘Mars KO Dazofo Bruise Lous Bonapars, Sto Pao: Canta, 2008, p17 Inrauigses Sut-Anniennas no Tera Passnre 287 abril em Caracas, dos patriocas de Buenos Aires, esta luca nos per- tence [..].° (Traducio do autor)” A reutilizagdo do pasado de lutas contra os hispanicos objetiva funda- ‘mentar uma nova tradigao de batalhas politicas e a continuidade dos pro- cessos de transformagées socioeconémicas defendidas por esses processos revolucionarios. A criacdo de “tradi¢des politicas” por instituigBes estatais organizagées sociopoliticas intenciona mobilizar grupos sociais contra os ‘opositores aos processos revolucionstios. A memiéria das lutas de emancipaso € utilizada para revisar aspectos dda historia tradicional e para subverter categorias, suposigdes ¢ ideologias das memérias dominantes.* Os {cones da independéncia de cada nagao #fo sobrevalorizados, com a finalidade de legitimaciio das atuais processos de transformagao social. As imagens do passado também so empregadas pelos movimentos sociais e lideraneas politicas com 0 designio de edificar novos aparatos cculturais e ideolégicos. A intera¢do do presente com o passado constitu um aspecto fundamental desses movimentos politicos. Com um caréter anilogo ao do processo equatoriano, a resisténcia ind .gena A colonizaciio ¢ as lutas emancipatorias s4o utilizadas pelo evismo para legitimar a Revolugdo Democratica, Cultural ¢ Indigena. As batalhas do pre sente representam a continuago das lutas do passado. Segundo Evo Morales: Para recordar nossos antepassados, senhor presidente do Congresso Nacional, peso um minuto de siléncio para Manco Inca, Tupac Katari ‘Tupac Amaru, Barcolina Sisa, Zérate Villea, Atihuaiqui Tumpa, An- dds Ibafiez, Che Guevara, Marcelo Quiroga Santa Curz, Luis Espinal «€ muitos de nossos irmiios mortos. Cocaleiros da zona do trépico dde Cochabamba, inmdos que lutaram pela dignidade do povo altefio, dos mineitos e dos milhSes de seres humanos que cairam em toda a América. Por eles, presidente, pego um minuto de silencio. Como seguranea, estamos obrigados a fazer uma grande reminis- céncia sobre o movimento indigena, sobre 2 situago das épacas Corea, R. DScuso ane congreso de Repieica Bavarana de Venezu. Caracas, 05-57-2010, ‘aspanv a ptm pressor gu cpahetreacongrescven po asia sin S041, pe 7 hs vaduptes de documenta ¢ eos reazados 20 longo desse trabalho sto de nea cespon- | | | | | colonial, republicana e do neoliberalismo. Os povos indigenes, de acordo com o siltimo senso, so a maioria da populacSo boliviana e compdem 6295 da populagio do pais. As etnias aymara, quéchua, maojefio, chipaya, murato e guaranis so maioria. Estes povos, histo- ricamente, foram marginalizados, humilhados, odiados, depreciados, condenados & extingSo, Essa é nossa histéria. Os indigenas jamais foram reconhecidos como seres humanos, sendo que eles so donos absolutos dessa nobre terra e dos seus recursos naturais. Estamos aqui para reivindicar a resistencia de quinhentos anos dos indigenas para defender que tenhamos o poder pelos préximos quinhentos ‘anos. Indigenas, operiios e todos os setores sociais devem estar uni- dos para acabar com essa injustica, com a desigualdade e, sobretudo, com a discriminagio e opressio a que foram submetidos os aymarés, quéchuas e guaranis. Respeitamos, aclmiramos muitissimo a todos (08 setores, sejam profissionais ou nao profissionals, intelectuais ou info intelectuais, empresariais ou no empresariais. Temos dircito a viver essa vida, nessa terra, ¢ este resultado das eleigées nacionals 4, Justamente, a combinagio da consciéncia social com a capacidade profissional. Ai podemos ver que o movimento indigena origindrio no & excludente. Oxalé, oxald outros senhores também aprendam ‘conosco, Podemos seguir falando de nossa histéria, podemos seguir recordando como nossos antepassados lutaram: Tupac Katari para restaurar 0 Tahuantinsuyo, Simén Bolivar que lutou pela patria gran- de, Che Guevara que lutou por um novo mundo em igualdade. Essa uta democritica-cultural ¢ essa Revolucdo Cultural Democritica sao partes da luta de nossos antepassados. £ a continuidade da luta de “Tupac Katar. Essa luta e esses resultados sfo a continuidade de Che Guevara. Estamos aqui, inmios e irmas da Bolivia ¢ da Américe La- tuna. Vamos continuar até conseguir 2 igualdade em nosso pats. Nao 6 importante concentrar o capital em poucas mos para que muitos: ‘morram de fore. Isso tem de mudar. Mas tem de mudar pela de- mocracia, E por que falamos em mudar 0 Estado colonial? Temos de acabar com ele. Imagine: depois de 180 anos de vida democtitica republicana, recém podemos chegar & Presidéncia, ao parlamento ¢ as prefeicuras, Antes, nfo tinhamos direito a isso, ssbdade do auto: * Thameon Fie, Mi; Harton POs dale sobre mam @ hr agun apes inernaconas, ir Perera ht d2M:Ard, J Usoseatusne da stoi a? een. Rode lao: POV, 2010, PT, | Tjaorsion, Eve Oscrao de Posesion col presents Juan Evo Morales Aya enol Congreso Ne ‘nol ce Bova, 22-01-2008, daponvel em Mipsis pesidanca gob colassursoe| prpeads, Seesto emjan 2012 288 avuet Prine 0& Anavs0 Inerugoes Sus-Awancanns no Teo Peescure 289 Henry Rousso afirma que a meméria é uma reconstrusio psiquica e intelectual que leva a uma representacio seletiva do passado ou & prépria presenga do passado. As representades do pasado observadas em deter- minadas épocas ou lugares constituem a manifestacio mais evidente da meméria coletiva.” Nio abjetivamos nesse trabalho debater o cardter individual ou coleti- vo da meméria, mas pensar que sua evocacio, no que concerne as lutas de independéncia, convém aos movimentos revolucionérios nesse inicio do século XXI, pois consiste numa fermenta itil 4 edificacgo da identidade nacional e ao surgimento de novas culturas/ideologias dominantes. A construgio de simbolos, mitos, @ evocago dos herdis nacionais e as ceriménias piblicas intencionam solidificar no imaginério social tradigBes politicas que associem as liderangas politicas 4 transformagdo social e se- dimentem 0 apoio as revolugées em andamento. A construcio desse ima- gindrio ocorre através de discursos politicos que pretendem “f...] ser, em seu propésito, um discurso de verdade que diz qual é o sistema de valores ‘em nome do qual deve se estabelecer o elo social [..]". Nos processos politicos atuais presenciamos a invengio de novas tra- digdes, que 6 uma marca dos fenémenos politicas de massas. Segundo Hobsbawm, esse elemento esteve presente na construgio das sociedades europeias na segunda metade do século XIX. Tal como nese perfodo, te- mos na América do Sul a invenedo de tradicées que buscam née apenas consolidar no imaginério social os ditos processos revolucionérios, mas também a noglo de “reconstrucio das repiblicas”, derivada da realizasio das assembleias constituintes. A reestruturagao das relagbes sociais ¢ politicas nos trés paises estu- dados ocorre com a utilizagao de instrumentos que assegurem identidade © coesdo social. Hi “invengdes oficiais", como debatidas por Hobsbawm, que so chamadas de politicas, pois surgem de movimentes sociais ¢/ou politicos organizados."? Essas novas tradigSes objetivam a sustentacZo dos cortentes processos revoluciondrios, pelo fato de eles apresentarem novos valores sociais, politicos e formas de agir politico. Rousse, H Arnona nao 6 mais 0 que era. tn Ferri, M, ce M: Amado, J, Usoe # atusoe a histria oral 2relne. Rio de dante. FGV, 2010, p.98.98 " Charaudeau, P, Disa glia 4, simp. S80 Paulo: Contd, 2008, p 190. " Hoospawn & Aprosunso om marea de rastes Europe, 1870-1014. In: Hobebow, E: Ranger ‘Alnongio das fadgoes ra. Cana Carden Cavaco. S80 Pia Paz ea, 2008 p27 290 Parnes Pissing o¢ Anaos0 Por “tradigo inventada” entende-se um conjunto de priticas, regula- das por regras técitas ou abertamente aceitas. Essas priticas, rituais ou ;mbélicas, intencionam inculear valores e normas de comportamento, que sistematicamente se apresentam como uma continuidade do passado; por isso as constantes referencias & hist6ria. A intencionalidade das tradigoes 6a invariabilidade. O pasado real ou forjado 2 que elas se referem impée préticas fixas, tais como a repeticZo. Sua fungdo é dar a qualquer mudanca desejada a sensagao do precedente, a continuidade histéricae, igualmente, direitos naturais, conforme expresso na histéria.” Hobsbawm apresenta trés categoriais de tradig6es inventadas: 1. as que estabelecem ou simbolizam a coesio social ¢ as condigées de admissio de um grupo ou de comunidades reais e artificiais; 2. as que estabelecem ou legitimam instituigbes, status ou relagdes de autoridade e 3. aquelas cujo propésito principal é a socializagdo, a inculcacao de ideias, de sistemas de valores ¢ padres de comportamento."* © chavismo, © correismo e o evismo associam suas banderas politi- cas nacionalistas ¢ transformadoras 20 passado revolucionério, Essa liga- cdo ocorre com a utilizacéo nos discursos politices de teméticas politicas anilogas as do pasado, tais como: anticolonialismo, soberania nacional, liberdade, dignidade e conscrugo de uma identidade nacional pautada por simbolos e valores locais. As imagens do passado sio utilizadas como “le- gitimadoras das acSes e cimento da coesio social”.* A historia das lutas almeja o despertar de um sentimento nacionalista fomentado pelos discursos proferidos pelas liderancas politicas com um contetido reivindicatério da soberania nacional e anti-imperialista. As variadas “falas” possibilitaram 0 reaparecimento de uma consciéncia de classe que ganhou dimenses cfvico-nacionais, pois estabeleceu a associa- cdo das melhorias socioeconémicas com a implantacio de um conjunto de “tarefas nacionais", tais como nacionalizaéo dos recursos naturais e de empresas estratégicas, desenvolvimento produtivo e distribuigo de renda. A radicalizagZo politica das bases sociais em tomo desses movimentos revoluciondtios reforgou o potencial da consciéncia nacional. Poderfamos afirmar, como argumentado por Hobsbawm, que a América do Sul vive um Figen. p10 tae. 17, om, p21 Inarauigbes Sut-Anenieauas 0 Tero Passeane 291 momento potitico que tne a revolugao social ¢ o sentimento patriético.* Os discursos politicos buscam a ligagfo constante da incluso social e da distribuigio de renda com a ocorréncia de politica estatais nacionalistas soberanas. © sentimento anti-imperialista ¢ a proposicio de maior integragdo da regio, materializada na criagfo da Alianga Bolivariana para as Américas (Alba) ¢ na Unido das Nagées Sul-Americanas (Unasul),ilustram a bus- ca da independéncia politica e econémica perante os interesses externos. Como afirmado por Chivez: “[..] a Alba surge como um mecanismo de integracSo novo. E uma novidade marcada pela solidariedade. Junto com © Mercostl ea Unasul, faz parte da grande revolugéo Iatino-americana”.”” ‘Aascensio do nacionalismo sul-americano também esté associada 20 corrente processo de globaliza¢do. A rea¢o ao dominio econdmico e polf- tico das transnacionais ¢ instituig6es financeiras internacionais, organiza- ddas em grandes redes empresariais e financeiras, desperta nos paises-alvo dessa exploragSo a preocupasio com as identidades primétias, algo que pode ser visto no forcalecimento de insticuig6es que as expressam. A as- censo do nacionalismo aspira 8 reconstrugio das identidades, por isso 2 utilizagao das imagens do passado e a germinacdo de uma nova consciéncia nacional, (Os processos revolucionérios sul-americanos apresentam outro ponto fundamental: 2 construsio de uma identidade coletiva através da relacéo ‘entre o Iider e suas bases sociais. Essa identidade advém da conformasao de um programa politico edificado na relagao dialogal entre governos & centidades sociais. Contribuem também os discursos transformadores, a priticas polfticas marcadas pela reivindicagio da participacio popular e a ctiago/ compartilhamento de elementos simbélicos revolucionétios. ‘Além disso, o carisma das liderancas politicas e o atendimento das de- ‘mandas sociais possibilitam um continuo crescimento da sua popularida- de, 0 que acaba por incrementar sua relago com as massas. A construséo de um sujeito coletivo é um ato politico e, nesse caso, a lideranga cumpre papel fundamental. Ela deve identificar as demandas polt- ticas dos variados grupos sociais, despertando, através de suas falas e atos, otsbanim © Ngo naclonatemo: desde 1789, So Pao: Paz Tera, 192, 9.185178, "Chives, H. Gor on fe ONU: Nada pod detnar i Revoucn en América Latins, pani Msn avec og vetenas dacirechevescndepecedetee-ecucranees- 292 araus Poeine o¢ Aeaoio 2 consciéncia coletiva. A construcio da identidade nacional perpassa, neces satiamente, a ligagdo entre a lideranea politica e o movimento social organi- zado, sendo ~ justamente ~ resultado da relagio dialética entre ambos."* Para além da construgo de novas identidades nacionais, os discursos politicos desses mandatirios almejam a edificagio de novas ideias, de uma nova ética e de um novo conceito politico. Este advém de uma interaco complexa entre discursos, aces e poder (politico, mididtico e cidado),” que produz uma nova consciéncia cidadd, uma nova opinifo publica. Em nossos objetos de estudos, tais fatores pleiteiam a perpetuaga dos proces- 50s revoluciondrios, Segundo Charaudeau, a construgdo da opinigo publica origina-se pela composigio de dois elementos: a essencializacdo ¢ a fragmentaséo, Esta decorre da multiplicagio/superposicao de opini6es coletivas, que entram em conflito e criam antagonismos, muitas vezes justificados na histéria ou na membéria coletiva. J aquela converte uma opinido relativa, passivel de discusséo, numa opinifo coletiva absoluta, fazendo-o em nome de uma rxfo identi © desenvolvimento da consciéncia revolucionétia nos variados grupos sociais desses patses deriva, justamente, da relagio dialética realizada com 25 “miltiplas memérias” das lutas emancipatéras, a qual & construtora de uma identidade nacionalista e anti-imperialista que almeja tomnar-se abso- lta nessas sociedades. Pocemos afirmar que essa consciéncia € atraves- sada, ao mesmo tempo, pelos intimeros imaginérios presentes nos atores politicos e sociais de cada nacao, Essa consciencia, como afirmado por Charaudeau, € composta pelos “imagindrios fundadores” (dlemocracia, soberania nacional, participacio popular) propagados pelos grupos de opinifo dos movimentos revolucio- nérios presentes nessas sociedades. £ através da relagdo entre imaginarios sociais ¢ o posicionamento dos grupos de opinigo que se constitui a cons- ciéncia politica, objetivo dtimo do discurso politico" Nesse sentido, corroboramos Charaudeau quando ele afirma que 0 “imagindrio é efetivamente uma imagem da realidade, mas imagem que in- ‘Raby, D. Damocrcia revolugso: América Latina y el scilsmo hoy. Coscss: Monte Avia LstoAmencane, 2008, 380.6% " caraudeau,P Discurso polio, 1 rep, Sto Pave: Conerto, 2008, p. 250254 idem, p25, 2 idem, p. 253. Insriuigoee Sus-Auencnuas ne Truro Pnesente 293 ‘erpreta arealidade, que a faz entrar em um universo de significagoes, [..], area- lidade tem, portanto, a necessidade de ser percebida pelo homem para significar [.u] € essa atividade de percepso significante que produz os imagindtios” 2" Os discursos politicos proferidos pelos mandatérios e liderangas sociais das nagées estudadas so materializados em slogans, panfletos e imagens que agem com 0 intuito de confirmé-los através da racionalizaczo discursiva. Os “varlados imagindrios” almejam a persuasSo e a adlesfio aos processos revolu- cionarios em curso. Por isso, as representagbes sociais construfdas por esses discursos reivindicam valores e simbolos identificados com a transformago socioeconémica presente em cad nacZo estudada. Nesses discursos, a sobera- nia nacional, o igualitarismo e a solidariedade so invocados como elementos fundamentais a serem utilizacos para o desenvolvimento de uma nova identi- dade nacional e da ideologia revolucionétia, Nas palavras de Chévez: ‘So cinco as rafzes da revolugio, da dialética e da concentragio de ideias: Miranda, Suere, Zamora, Bolivar e Simon Rodriguez [..] A Universidade Militar Bolivariana também poder formar profissio- nais civis em soberania, seguranca, defesa e quantas formas de saber que tem que ver com as carefas de defesa nacional, de desenvolvi ‘mento nacional [..] nossa academia nasceu em plena efervescéncia revolucionéria, para servir & revolugio. [..] Estamos aqui duzentos anos depois, em revolucSo, como nascemos e como seremos de agora em diante e para sempre, escola de revolucionstios, de patriotas.® 1H o constructo de distintas ideologias no bolivarianismo e no indigenis- ‘mo. Elas derivam de diferenciadas utilizagdes da meméria, que so mobi- lizadas para a reivindicagSo identitéria. Seus distintos usos se intercalam nas expresses piiblicas e na reivindicasao de identidade, que, unidas, de- senvolvem o fenémeno da ideologia. Para Ricoeur, as ideologias se conetroem a partir da campreansa prépria do mundo. Esta distorce a realidade, busca a legitimacao clos sistemas de poder ‘¢de integragao a0 mundo comum a partir de sistemas simbélicos imanentes & ago. Um primeiro aspecto do fendmeno ideolbgico reside na constituigio de ‘uma estrutura intransponivel de ago, mediada pelo simbolismo, pelas moti- ‘vases da agZo humana e pelas estruturas hereditétias dos comportamentos, ® coves Discurso dol presidente Hugo Chaves ane aco conmemorate des 200 aos do ‘Ase itr de Vnezica, piel em nip hv chavez og vleasiaarirsoiacador 294 Raraet Poneine 0 Aaaise ‘Outra fungio da ideologia consiste na justificativa de um sistema de cordem ou poder. A legitimasio da autoridade, dos governos e da relagdo hierérquica entre governantes e governados consiste em outros aspectos presentes na construcdo ideolégica** As ideologias bolivariana e indigenista almejaram conscientizar poli- tcamente os grupos sociais sobre a necessidade de apoio aos processos revolucionérios em curso, Com isso, buscaram a geracio de um apara- to ideolégico que se contrapusesse A ideologia dominante em cada pais, propiciando a hegemonia politica dos grupos sociais ligados aos correntes rocessos revolucionérios. arraigado cardter nacionalista desses processos materializou-se na utilizagdo dos simbolos da resisténcia & colonizagiio espanhola e dos heréis da independéncia do século XIX para a sedimenta¢o das variadas ideolo- gias revolucionérias no imaginério social de cada pais. Os processos revolucionérios tém como um de seus elementos prin- cipais 2 reformulaco moral ¢ intelectual da sociedlade. Além das modifi- cages econdmicas e sociais contidas nessas “novas independéncias”, tais, como a nacionalizacio dos recursos naturais ou a diminuigso da pobreza, acreditamos que a transformacio cultural constitui outro acontecimento essencial. As revolucées alteram néo apenas a estrucura econémica, mas também as superestruturas* politica, moral eideol6gica dessas sociedades. A modificago do modo de pensar ¢ essencial para esses processos poli- ticos. A realizagio da hegemonia advém da emanagao de um terreno ideo- légico, que determina a geragao de novas consciencias e de novas diresdes politicas. A juncio de alteragées na estruturs e na superestrutura realiza 0 momento méximo da politica para Gramsci, “que é a revolugfo, a criagdo de um novo Estado, de um novo poder e de uma nova saciedade” ** As imagens do passado, as bandeiras revolucionérias e o.agir politico interagem para criar novos sistemas de representacSes societarios. Estes se constroem a partir da utilizagdo do passado e das préticas sociais que, Ricoeur P Amanda, 2 nats © 0 esquedimente. 3. rein, Canpine: Unica, 200, 960 96 ® Para Kar Mane Fredrch Engels, 2 atutura economics ca soiedede (a base ov ainacstr) ‘ondsiona a esetnca eas formas do Estado e da conscena sa a superestus. Esta no Ssuténomae tam fundemento ne relagSes de produdes src. © conunto patel de reaches Soonomleesdetrmina a eutencla de formas eopecticas deslado@ de cone socel Gun #80 ‘dequndas seu funconameno, © qualquer tanstamaeao a bass sconces de ume soeaade leva varetrmacss ca superestwura, © moso ce produce da da malta condone 9 procseso 4a via social police lacl om gra Vor o concn ce bee nyperesnsare or Batonors ‘T Besondno do pensamanto manta, Pao co Jano. Jorge Zaher 2004 2728 * Gruppl, LO conceto de hepemana em Gramac Rio de ano: Graal, 1978, 4 ‘arrugocs Sut-Auesiunae na Teure Patetart, 295 associadas, intencionam o surgimento de vinculos sociais, de identidades ‘miitiplas e da busca do poder. As representagées guardariam “o inventério das préticas sociais que re- ‘gem os lagos de pertencimento a lugares, territérios, fragmentos do espaco social, comunidades de filiagao [..]” 2" Nos fenémenos politicos analisados, co pasado é usado com 0 intuito de legitimar as agGes revolucionérias, com o fortalecimento da soberania nacional. Como afirmado por Rafael Correa: [..] Nao haverd retrocesso neste processo porque somos figis 20 ppensamento de Bolivar. O Libertador foi o primeito @ impor, como ‘também fizemos, a elevar 20 grau de Generala a sua Manuela Séenz. Bolivar esteve na vanguarda da ressurteicdo americana [..]. N6s seguimos os passos do Libertador na construgio do que ele chamava de nagies, nacOes iris, que desfrutarso de soberania, segundo consciéncia.® (grifos do autor) A construgdo das novas sociedades nos paises estudados passa pelo emprego dos simbolos da Iuta emancipatéria. Mais do que referencias po- liticas, seus usos almejam desenvolver uma nova ideologia dominante, que se basefe na construcdo cultural reivindicativa da meméria das lutas de independéncia. Segundo dizeres de Rafael Correa: [J sabemos que ndo hé culturas sem memérias, que ndo hi de- senvolvimento sem povos entusiasmados por suas identidades. Por sso, agora, inauguramos um pafs qué se ancora em politicas cultu- ris que favorecem 0 dislogo entre os diversos, a crlagdo cultural ¢ artistica. Para nés, a cultura ndo & um feito decorativo, é um bem social. E nfo pouparemos nenhum neste caminho.” (© passado € utilizado no apenas para justificar as lutas politicas. Ele propicia a construcéo hegem6nica dos grupos politicos revoluciondrios, auxiliando na disseminagio da nova cultura dominante. As imagens do pasado sio reivindicadas para o surgimento da nova ideologia, que objeti- vva representar os novos grupos sociais no poder. F Ricoeur PA moma histéie © 0 esquecinenta 2. reimp. Campinas: Uniam, 2010, p 240 * Correa, R. Discurso conmemracis stale Simén Bolivar, lponivel sm Nip eresidena. goucolsucutsos07 24-07% 20Dicuteo’20Netalco20deth 201 beracor26Suneco E3920 Botk6%eADvaredt scone emf 2017 ™ Corea, R Inevencién del presente ce ia Repibica, Rafael Correa, durante la posesion preaiencisl duo, 10 de agosto ae 2009, ceponivel om Mipsfnwn:pesiancs gov enascur foert0-10-09%20Diszurs0%20poneshiCoMBan%zoPresidencal pa acoso om fa 2D, 296 Furnes Praneino o¢ Arabia A revolugao ¢ os novos movimentos politicos Independentemente das mudangas efetivas ocorridas e das que esto Por acontecer nos tr€s paises, acreditamos que ambos os processcs $40 revoluciondrios. Eles apentam para a ideia de ruptura com 0 passado do- ‘minado pela oligarquia e para a implantago de um novo, marcado pela participaso popular e pela transformago social. (Os dados a seguir demonstram as mudangas nas condligbes de vida da populagdo de cada pafs realizadas pelos processos revolucionérios. O in- tervencionismo estatal propiciou o combate & pobreza e a manutengio do crescimento econdmico, que contou com a colabora¢o do aumento do va- lor das matérias-primas exportadas (soja, gas natural, petréleo, alimentos, etc.) por esses paises na primeira década do século XXI, ‘Tabola 9.2. Bolivis, Equador ¢ Venezuela indice de pobreza €@ variagso do PIB (1999-2010) +899] 2000] 200% [2002 [ 005 | 2004] 2008 [ 2008 [207 | 2008 2008 | 20v0| Botivie = os.a7[oese]ss.r2]sasa] — | — |soes]ss.a[sorolsraafsnay] — roma pobreza] 0.70|45,20|3620[30.50] — | — |>ae|s7a|arr0|sore|25 00] — fvenarsocome | — [2s |s7|2a|or | 22|2s|ae|er| aa] se | a0 [Equador lesrora poveza] — | — | — [ee{—]-|-|-]-|—-]—-|ee [verapao co Pie | — #3 [42 [2a] 70 [466] [| or] 2s [venezuela eens 420] 04] 900] 486] 651 [+70] 79] 908] 206] 278 [207] aoa Jexwera pebrezal 20.1 [160] 160 [250| 200 | 226| 70] na] o@ | a2 | 7a | oe jvesarao comm | — [a7 | o4 | a0 | oa| sea] ee |eo]ea] se [as] so Copal rcs soment dacs soc fe ronios esse pals nos aos ndessos natal Axifiomages foam coeutadas et go So 2012 nos segues aes: hp re goo bofndeatstadlaieaSoialaspccodgo=20601, Mp inane Sdorenctras comltas inecpotrezanrifapp=t73870Sraelecednder0. htplmainnsoSve! Index phgtoptnecom_conten\Svew-catepanyed=iO4alamantar, nipivwiiecaccipcasone! ameyass90. 6625118. pt ptm copa erpubicaconeshon 82071 CG281Sb 2 Insnruigacs Su.-Antmenuas no Tero Peeseure 237 |A associagio com o processo revolucionirio do século XIX anseia, as- sim, e teivindicago de um presente de Iutas sociais que busca de forma indelével a segunda independéncia ou a consolidagio desse processo. ‘Como destaca Reinhart Koselleck, 0 conceito de revolugiio, em sua con- cepeio moderna, incorpora, para além de uma mudanga politica, a ideia de transformagdo da estrutura social. Ap6s a Revolugo Francesa, esse con- ceito se comou uma espécie de coletivo singular que concentra em si todas as revolugdes particulares, assumindo com isso um carter meta-histérico, que permite sua constituicgo em um argumento puramente retérico den- ro de uma realidade hist6rica especifica* Nos vigentes processos sul-americanos, a expresso “mudanga revolu- cionéria” enseja a nolo de radicalidade, que versa sobre o desaparecimen- co das antigas estruturas societérias dominadas pelas oligarquias ¢ pelo rnascimento de novas composigSes sociais,lideradas pelos mandatérios em unio com 0 movimento social organizado. A sensacio de que a “velha ordem foi varrida” do mapa da histéria sul-americana alimenta o furor revoluciondrio das bases sociais bolivarianas. Como defendido por Arendt, o conceito de revolucio esta ligado & no- fo de que 0 curso da histéria comesa de repente sob uma forma inteira- mente nova, em que algo desconhecido ou jamais contado esta prestes a desenvolver-se. Sua concep¢iio de revolucéo extrapola a necessidade do uso da violéncia ou mesmo da subversdo das estruturas politicas. Isso porque implica em efetivas mudangas sociais, na geracdo de um sentido de liberda- de ¢, como citado anteriormente, na constituigo de um “novo comeso”.*? As revolugdes em andamento na América do Sul procuram a invengZo de um novo sentido de liberdade, associado ao protagonismo popular, que faz das calles um espaco prioritério do agir politico. Com isso, se aspira a um presente de Iutas que objetiva transformagées sociais ¢ econémicas. ‘Segundo Hugo Chavez: [4] Certamente, a politica revolucionétia, se quer ser digna de cal rome, se faz nas ruas, junto ao povo. Pessoalmente, fui sacudido pela interpelagdo popular. Durante toda esta semana voltei a sen- tir sua intensa forca hist6rica, no Porto Santa Rosa, no Chivo, no [i fonatack, A Fito paseado: contibugto semintic dos tempos Netirios. Ria de Jen ‘contapentiPUC-Rl, 2005, . 68. pcan H. De revoligse S80 Pale: AcIUNB, 1808 298 Raraet Pisin oe Roane Fuerte Tiuna, na Casa Amarilla, no Paldcio Blanco, na Playa Gran- de. E ereio estar cumprindo com 0 dever que a mesma me exige: promové-la e abrir canais para que se expresse sem nenbuuma forma de desincentivo. Nada substitui o contato direto com 0 pov (.] Insisto num ponte: é necessario que 0 povo nos intezpele, nos exija, nos desafie. © exercicio da obediéncia do poder comeca precisa- ‘mente por ali Essas revolugées busca 2 continuidade da emancipaco sul-america- na iniciada no século XIX. Concretizados nos ideais de solidariedade, da justiga social, da coletividade e da integragio sul-americana, os correntes processos politicos almejam a construgo do Socialismo do Século XI € da Patria Grande sul-americana. Segundo Hugo Chavez: [..1 24 de juho, 227 anos do nascimento do “pai Bolivar", dia de bilo para a patria toda, nfo s6 para a Venezuela, mas para a Pétria Grande, para esses povos de nossa América, que duzentos anos depois de iniciada a revolugao de independéncia, que por esses dias esté por completar duzentos anos, hoje, igual a ontem, seguem Iutando, continuam batathando pela plena independéncia e pela chavez, H. Discurso de prosdenta do la Replbice Batvarane de Venszua, Hugo Chavez, en 101 27 anveranio el natalio go Simin liar p.2© a, ceporivel em Pip fant ch OG 8! ‘haveelncas-chavesivva-bolvar belt ive, ecnaco om feu 201 Iusiraigoes Sut-Auenicanas wo Teuo Passeure 299 'g opuaasaza sins opA 9 sapues oz8 soodnjoxos syezou seghnjonay “oduim op sagSnjonat ogg “soonyfodoa8 a sooy -piB008 sossa2oud ogg “oatfoloapr o wrapusssuen onb saginjonar fs sepmut yea ogu anb apeprfear eumn 9 onbiod aijave se 2 eunsse sv ‘vfan se opunu o anb onpssa5u J “aque ou a eURET E>EUY eu ‘Ing op ra1pury eu sagSnjonar FH “orSnjonar eum Fy DAIUOUS ‘yp ms ov anb s924p ered ojmap 9ssau 9 opyseD0 esau quate atu ["] anyyo OBR, rod opeunnye owod “apepazos ep opSeuuoysuen & ered (epuassa owuaK -nunsu 9 [eqeise eminnsa wp eismbuo> & 2 ‘orueysuo> 2 aiuauuLed 9 O11 -yuoppnjoaas ossazeid © “w>e1ourep # opus B ureraajoauisep sossspoid so anb jpaySour ‘onb snmois 0 woo exmidna ap sojupmssa sou 1A OBSUDDSE E WHOD Opt xr se anb syeu tog Se HgUA sep apnmaza wo ‘syereise seaMINNs9 Se 1090 ureqtian Ogu wastusBIpUr 9 eUELTEAHIOG soOSmy 1x9 epis e anb o2uauiow! ronbyené wre a axred son foqos essou ‘apepruip #ssou sopuajop wed ‘onesu ome ® wanbyjdxo onb seruapaooiue ronbar onbiod 498 sped ezpuoronjonay opSe eumyuout anb ‘owe wn ze ‘soure}ZIC] reani0 [aeyey 10d opet -aye owod “(eonsiod oxSeznuapssucs) soanatqns 2 (stepos segsypesues) soana(go sauo%j ap opSeurnife ep nonTAp sogsnjosa1 sep OBO Y “soupuoronyons: sossonoud sop ogso[99 v ‘oss} so “opSedipueitia erapduso> ens ep [PPOs OF -uowntaous ojad wasn bu tzezeaap svanyfod 9 steD0s segsypentioa se a1qos 2 pends op opseroydxs y opSeja: wo eIoUgPSUOD Y ‘288EP ap E>Ug!ISUO? vped eperdns 9 sourayfeqns soni sop ,opseusyfe © anb we oyLouioU 02 -22 OU O1UBUITATOAUBSaP ap sagStpuOS ENUICDUD ‘XTeW] [EY OpuNBas “PIS, ‘apepemos & reuuoysuen eed sepezt|nn ogs steveisa seiminnsa sy wey 008 ‘ica value crea 0} =po0. snsaenjog gob BouEnesIE may 2 yoda O06 “fio eran “espun ssucoan sev ely Soon OF BraoN a aeT=N ep Osos 3 SEAN ouejiorenbs opersa op vunsosoz vpuryoud v syed syeur o aquauupoaesord seur souous a orp syour oypeqenn © Jo) 289 eplapp wg “ossy ered aquoUrenpre soureyTeqesy,“soTUEUTL -op s9sse[> sep onsonbas op s1anb yy jenb o wed “winu0> wag op opdumny wo vf anb ‘awua}oyp opeisy win ap speprssa20u 9 yaapuopsonbuy Q “eisyeise oust[eP20s op sfenu=> so1z9 Sop wn toy ors uipeeus sepusraid owo> wysse “jexaqujoou ayyou aisin 2 eBE| pp sopinsqp sopues sop win 1oj opersy op oBSe B zeZIUNTUIWH JepuR aig ‘eopytod opSe v ep ¥359 [enb ep spaene ‘9peperros ep epezi| -euoppmpsuy opbeiuasaidar ¥ 9 anb ‘opeasg op erouruzodust © [~] sw9100 opunas ‘eamio[oo ope e zeiussaicas ap apnuita ura sfepos sagSeuuiossuen se ered 2 vojuquose opsedPuews ei9jduioo v wsed oyuture> o erpidoxd anb ogSense ‘ons artioueren{ 9 sjod ‘opeospuraror 9 jereiso oulsiuODUaAZaIU o 2 opeBau 0s o1UsUAOAUSap oUa|d o ered OFSe: 9 svinanunse sep opSe8 198 ered sope[apouras ops s95t sopezyteuzeu ‘sepyappxo soyjou © 9 anb unde jure sesso 10d 3028) souropod on npowop 9 oayyped wbuepatt ap ossas0xd assep red seprun sagSen se anb axon “opSepunyjat ap: ‘jpiquiossy eiso sod opuessode soumasg vsyeamanunso 9 soatuiguose 08 seua|qoxd so 1anjosay ureasnq anb saioxe so souusas exed yes -ouaja ean] wan v feunue> 9 feaxpuls ‘[e!I0s ean] ep essed souNPHoeP sruouuzyiag “[~"] sonod sev o1po ‘ozaudsap 0 wio zeqe2e exed ‘opm -aiqos ‘ewyjog sepunysy “opSeumurtsip & sopneuiqns oprs sourEYL -2y anb epure ‘sounre8ura sou ered opt 8 ‘op sogiax se ‘stePoe saxoras so 10Ujau jo #0 44un ered sepunyos eu soursg ‘seayed 2 sraneDouIep sepSeunoysuen sepuryord sepenq P soureSouzoo eyed nou! we anb ‘eropyseud ioUUES ‘sepeB medida que passem os dias os meses. [..] Esses processos bro- tam das cidades ¢ das massas, Sio revolugbes de massas, pacificas e democréticas, profundamente democriticas. Néo tenham medo da democracia.” 0 desenvolvimento desses processos revolucionirios ocorre com a dis- sipacio de bandeiras democréticas, traduzidas ndo sé no fomento & maior participagio popular, via democracia patticipativa, mas também em refor- ‘mas sociais. A construgdo do socialismo do século XXI ocorre, assim, com a composigdo de mudaneas politicas e sociais, num processo revolucioné- rio permanente. (© conceito de revoluedo permanence se aplica 20s processos revolucio- nérios estudados. A soberania popular é construida através da unio das bandeiras democraticas ¢ do processo de transforma¢ao social. A Revolu- fo, a democracia e as bandeiras socialistas se combinam, dessa forma, nos processos revolucionarios, que so permanentes.® ( bolivarianismo eo indigenismo A ascenso de Hugo Chavez & Presidéncia venezuelana em 1999 mar- cou mais uma fase do uso da figura de Simén Bolivar na Venezuela. Com a eclosio dos outros processos revoluciondrios em paises sul-americanos, no s6 a sua imagem, mas de outros artifices das lutas emancipatérias, tais como Simén Rodriguez, Manuela Séenz ¢ Miranda foram utilizadas para dar um sentido revolucionirio ¢ transformador aos processos poli ticos em curso. O passado das revolugdes liberais da segunda metade do século XIX, sobretudo no correismo, também foi apropriado para legitimar os fendmenos politicos. No caso venezuelano, a imagem do Bolivar utilizada pelo chavismo ndo € a do heréi isolado, mas 0 do mito opulente ¢ verdadeiro her6i da Iuta contra a colonizagao espanhola. Temos 0 uso do “Bolfvar revolucionsrio” e integrador, que nutriu durante parte da sua vida o sonho da unio dos povos hispanicos. “Wohavez Hi Ghiver cn le ONU: Neda posts dotener ia Revolvoin en Amérea Latha p16 4, de Denim ps caves. vetanstdaestostcaver omnes pou Ser iovhio™ “Taser 4. Revolurdo edemocracis am Man: Engels Rls de Janet UFRU, 2006, . 184-188, 302 Paras Pinwcino o€ Anasse © chavismo se apropria do “Bolivar revolucionério" para legitimar um “Ene 2002-20040 chaise vives eu maior petodo de depuis poli com a oposite, Dest ‘amos os soguintes acontecmentoe nesses ones um gpa ge Exag0 conva Chaves & Bt de 2002, ur are empresa a patraa ene dexeroro Go 2002 efeverero de 2008 © um eerondo ‘eval do mandate pesidancll de Chavez em agosto Ge 200%. Insrirogoes Sut-Ausnicanes uo Teno Pasaeure 303 pela resisténcia cultural. © bolivarianismo funciona como uma amélgama de elementos ideolégicos, gerado pela oportunidade de uma conjuntura histérica vinculada & necessidade de impulsionar a justiga social, a igualda- de, a liberdade ¢ o desenvolvimento integral do povo venezuelano. © “bolivarianismo chavista” recupera pontos especificos do discurso de Sim6n Bolivar. O autoritarismo ¢ conservadorismo presentes nas falas do “her6i" da independéncia so propositadamente “esquecidos”. Tzvetan, ‘Todoroy, 20 discutir os usos politicos da memiéria e os esforgos de reme- ‘moragdo realizados pelo aparato dle propaganda dos governos, ressalta que ‘esquecimento é uma opgio, um afastamento de detalhes que, por alguma razio, interessam ou nio. Longe de se opor 4 meméria, o esquecimento é um de seus tragos cons- tiuinces. A memiéria se configura no contraste e na interaedo entre a su- pressiio e a conservaco de determinados fatos ou acontecimentos.%* Essa selegio certamente envolve critérios, conscientes ou ndo, que orientam variadas formas de urilizagio do pasado. © “Bolivar revolucionério" utilizacio por Chavez almeja legitimar a ideolo- sia bolivariana, Esta é ancorada na adogio de um discurso politico de ruptura com 0 status quo, apontando para o desenvolvimento da integracio regional ¢ para.a construcio de um novo sacialismo, o socialismo do século XI Para isso, as imagens das lutas do passado cumprem um papel funda- mental. A ntilizacan da histévia independentis pode ser protagonista da propria histéria. Além disso, ela evidencia que as Iutas contra o imperialismo, as oligarquias e a construcdo de um modelo de societiade so possiveis. demonstra que 9 pove As imagens dos préceres da independéncia da América hispanica sio utilizadas pelo bolivarianismo chavista para apontar uma continuidade en- tre as lutas da revolugdo de independéncia no século XIX ¢ 05 processos politicos desse infcio do século XXI. Segundo Villafafia: Nao é um Marx desconhecido e distante das maiorias sociais quem convoca agitando as bandeiras da luta contra a injustiga social. © préprio Bolivar, em companhia de Simén Rodriguez e Ezequiel Zamora, quem se descobre como agitador, propagandista, organiza ‘Satara, L Revatetn en ls revolicin,Caraces El Pero La Rana, 2007.69. “ Tedorow, 7 A.conservagso do passa. In: Todor, Meme do ma, tent do bem: indege ton scbre 9 s8to 500 Sto Pauls ARN, 2008 p18 ee 2 304 arate Ponte 9 Aaaov0 dor estrategita do nosso processo de libero a histéria que dignitica e compromete[..] onde o impuls>ideolégico conduz of povos a mobilizag [J mas a stisfasdoecletiva dese sentir parce da resistencia indigena; das lucas de independéncia com Bolivar & frente ede sucessives conftontagdes contra os inimigos da ptria 20 longo da nossa hisséria.* © passado de embates contra o colonizador também € usado para de- monstrar que o Exército venezuelano cumpre um papel revolucionsrio e é um aliado da populacio: Pudera dizer que nés somos e ~ certamente é assim ~ herdeiros do Exército de Bolivar, 0 Exército libertador. Mas isso no basta por- que aqui passamos por fases nas quais os militares também assu- :miram ditaduras contra o povo, massacraram 0 povo [...] Em todo caso havia antecedentes distantes que é necessario ¢ justo invocar. Em verdade 0 nosso Exército nasceu das mos de orientagdo boliva- riana, é um Exército libertador, E assim se chamou desde a origem: © Exército Libertador. Essa marca tem um peso histérico que nao se pode negar.* ‘As imagens do passado no so utilizadas apenas para dar um sentido revolucionério aos processos politicos em curso. Elas so, igualmente, apro- veitadas para dar sustentacio a sima alianca essencial ao chavismo, ou sea, a dda populagio com o Exército. Essa associacdo ocorre ndo apenas por sua com- posicio social ~ a totalidade da oficialidade advém de estratos sociais baixos ‘ou médios da sociedade -, mas também pelo passado da luta emancipatéria. ‘A comemorasio do bicentendrio das independéncias na Venezuela, no Equador e na Bolivia almeja ligar as lutas emancipatérias do século XIX 0 chavismo e a0 correismo, pois esses processos consubstanciariam as novas batalhas emancipat6rias. Essa ligagfo pade ser visualizada na come- moragio pelo governo equatoriano dos 186 anos da Batalha de Pichincha, ‘iltimo grande confronto da independéncia do pats. Os poves criallo e mestico venceram em Pichincha, em 24 de malo de 1822. Igual que a0 que fizeram em Csrabobo e Boyaci e um {7 afta, L Revolsén on fe evoluctin.Careca: El Paro yLa Rana, 2007, p. 6 + chives H bao. Chives y fe revoucin bowarians:coworeaiones con Lu bso, Busros 305 pouco mais tarde em Junin e finalmente, em Ayacucho. Nessas glo- losas batalhas de nossa primeira independéncia, brigamos unidos quitefos, guayaqullefios, venezuelanos, argentinos, peruanos, boli- vianos, colombianos (..] todos com a causa da liberdade. Para além do entusiasmo, do brilhantismo e do triunfo, houve quem sabia- mente anunciou com assombrosa evidéncia nos muros quitefios: “ltimo dia do despotism e primeiro do mesmo", evidenciando, assim, desde aquele momento, a tarefa pendence de nossa segunda ‘edefinitiva independéncia, (Outro aspecto do discurso bolivarianista reside no pleito da integragéo regional. A prioridade dada ao processo de integragio sul-americana desses governos faz que 0 pleito de Simén Bolivar de uma unio pan-americana, apresentado no século XIX, seja retomado para forjar entre as liderancas americanas nesse inicio de século XX1 ideais de solidariedade, pacifismo ¢ relagdes intemacionais harmoniosas. Segundo Chavez: L.-J temos presente que este convénio foi a pedra fundacional da Alba, Cuba e Venezuela tracaram um caminho comum e compar- tilhado que vai para além da integracio, para retomar e reivindicar plenamente a bandeira histérica que nos chegou através de nossos libercadores: a unidade, A unidade fraterna que se baseia na coope- sagdo, na complementacdo, na interdependencia e no apoio miituo ena plena identificacdo na causa do socialismo: do socialismo nao como receita, como dogma, mas como construclo coletiva e, para dizé-lo como Maridtegui, como criacio histérica de cada povo* No século XIX, 0 bolivarianismo apresentou aos paises hispanicos emergidos das lucas emancipatérias a possibilidade de unio, com a cons- tituigdo de uma confederaco que buscasse um futuro de gléria e liberdade .. Com isso, Bolivar objetivou impossibilitar anseios interven- para a re cionistas por parte dos espanhiis e possiveis aliados europeus, bem como contrabalancar a influéncia dos Estados Unidos. Por mais que sonhasse com a unio de toda a América hispinica, Boli- var sabia que esse projeto dificilmente seria concretizado, em virtude dos interesses conflitantes dos grupos criollos presentes nas dlstintas 4reas co- * Ghves i Soda apovlemitaunchover ca vthaventneae chaves/iC 2M eoKsado- sivriano nen acesso 8m dee 2210. 306 Favaet Paneite o¢ Anaoso lonizadas pela Espanha.® O sonho de unidade regional de Bolivar se faz presente nos projetos bolivarianistas, buscando a integraglo sul-america- nna, A reivindicarZo de unio encontra sua justificasio nos textos ¢ falas de Bolivar. Segundo Correa: “Para nés, a pitria € América”, disse Bolivar, e aquela sentenca, ‘que parecia ut6pica, sempre traida pela resignagio ou submissio dos governos do continente aos poderes abrangentes, se est fa- zendo realidade. Hoje caminha unido até o exercicio da verdadeira democracia ¢ a aucéntica soberania [...] Esse alento de soberania e dignidade esté presente na criago do Banco do Sul ena perspectiva dda nova arquitetura financeira do continente, para a qual, insist 6 se requer nossa decisio politica, Companheiros presidentes: as palavras de Bolivar retumbam em Buenos Aires e me permito citar outra sentenga bolivariana que pode servir de epigrafe a essa nova poca que hoje celebramos: “a legitimidade de um governo somen- ce devem examiné-la seus stiditos, e nfo os estrangeiros. Nao sei realmente a obrigagio que temos de entregar nossa certidio de nnascimento a nenhum governo”. Pelo libertador Bolivar, pelo gene- ral San Martin, por Eloy Alfaro, pelos préceres e libertadores, pelo futuro soberano e altivo de nosso continente, pelo Banco do Sul e pela nova arquiterura financeira regional * 0s prinefpios revolucionstios, 0 discurso pré-integracSo regional e as banderas soberanas encontram no passado de luas suas justifeativas para 8 aplicagdo no presente. Como trouxemos no inicio desse texto, cada e=- colha dos homens & confrontada com acontecimentos passados. As evo- lugbes em curso se uilizam das diversas memérias decorrentes das lutas emancipatérias para expicar e sedimentar processos politicos que bus quem a segunda independéncia da América do Sul Na Bolivia, 0 passado de Tuta contra Espanha €utilizado com um sen- tido anlogo ao do Equador e da Venezuela. A intencionaidade principal @ ade propiciar um aspecto de continuidade das Iutas presents com as passadis, Segundo o vice-presidente boliviano Alvaro Garefa Linera: “Ver Carta da Jamatca. In: Pérez Via, M. Sinn Bolivar lbertedor. Caracas: Ayacucho, 2007. p66, Corea, R.Iniaroncion Jl prosidante ce is Repsbca, Rafal Cores. en la cemona de ‘a fudacionl el Banco el Gur p. 2 © 7 sporivel ih hip prestdonca gov ste Sou 1208-07 z0DIecurso%iz0ers20eeremeniaysfoacsysoundaconatc0barco3s0de%208U" af scesso cm fey 2047 307 [uJ © Estado integral, 0 Estado plurinacional, consiste em que ne- rnhuma dessas forsas vitals marginalize, nem anule uma @outra. Mas {que se complementem, como se complementaram nossos herdis da independéncia, nossos heréis da emancipagao, um nio substitut 0 ‘outro, Antes, neste hemiciclo, estavam nossos libertadores mesti- 08, mas no estavam nossos herbis independentistas indigenas, dos quais nds bolivianos também nos sentimos orgulhosos.** Como vimos ao longo desse t6pico, bolivarianismo ¢ indigenismo al- mejam construir um presente de iutas e uma nova ideologia transformado- ra se ancorando no passado. Por isso, as imagens dos préceres da emanci- pacio e suas “falas” so correntemente utilizadas. Elementos como integragio regional, cidadania, justica social, sobera- nia, democracia, entre outros, encontram eco nos “espiritos do passado” nas justficativas para sua implementacio nos processos revolucionsrios em curso. Os discursos politicos de bolivarianistas e indigenistas utilizam 0s discursos indigenistas para justificar 0 hodiemno processo de transfor- magdo politica e social. 0 sacialismo do século 1: teoria e imaginério social na América do Sul A politica sul-americana se transformou na primeira década do século XXI, Presenciamos um conjunto de processos insurrecionais que fizeram ds novos movimentos sociais (indigenas, sem terra, sem teto, mulheres e outros) 0s protagonistas das lutas politicas na regio. Na Bolivia, Equador e Venezuela o recrudescimento da luta de classes cul- ‘minou na ascensio do primeiro presidente ind{gena da Bolivia, Evo Morales, 1na chegada do economista de viés nacionalista Rafael Correa a0 governo equa- toriano @ na ascensdo do coronel Hugo Chavez a Presidéncia da Venezuela, ‘Tais processos simbolizaram um novo ciclo revoluciondrio. Diferente- ‘mente do perfodo anterior de lutas, nessa nova fase ptesenciamos 0 aban- dono da luta armada. A via institucional ¢ reivindicada como caminho mais plausfvel para a construgio das revolucSes. ® Ger, A, G. Bel Estado apsreie al Estado integra la constuccion damceriica det sods tno camino, p12 sponta em hup:tww.eepresisenets gob balGipdisicursos_paneh- eaiepat,acsece em jan 2013, 308 Paruee Posing oe Anaose A utilizagao da institucionalidade nao significou adaptasio ao sistema democritico burgués, mas inaugurou uma fase em que “o velho fot enter- rado para a construgio do novo". Este foi edlficado com a utilizagdo de dois instrumentos: assembleias constituintes e democracia participativa (compreendida pela utilizagio de referendos, plebiscitos e das calles como formas/espagos priortarios do agir politico). Esse novo perpassa 2 construcdo do socialismo do século XI. A pro- posta comecou a ser difundida na Venezuela entre 2004-2006, com a radi- calizagio da Revolucio Bolivariana. A consolida¢io do chavismo e a to das insurreicSes populares sul-americanas possibilitaram a difusto do novo socialismo. A intensificaggo das lutas populares na Bolivia e Equador fez que a proposta do socialismo do século XXI também fosse defendida pelos mo- vvimentos saciais, partidos e liderangas politicas desses pafses. Como veremos ao longo deste texto, a reivindicagiio do novo socialismo nesses paises é mais imagindria e simbélica. Ambos os processos possuem tum viés nacionalista e esquerdista, resgatanclo uma tradigiio hist6rica pre- sente em outros perfodos, como o nacional-desenvolvimentismo, entre as décadas de 1930 e 1950, e 0 socialismo cubano. ‘AVenezuela @ 0 soctalismo do século XI © socialismo do século XXI néo foi um projeto do chavismo desde sua chegada ao poder. © polo patridtico, frente partidiria e de movimentos sociais organizados em tomo da figura de Chavez na época da eleiglo, era composto por um conjunto de organizacées sociais e partiérias marcados por variadas iceologias e formas de pensamento. ‘A prioridade do movimento eraarealizaao de uma assembleia constituin- te. Chavez, naquele momento, coadunava com principios da tercsira via. A radicalizagio do bolivarianismo ocorreu somente aps 2004. Segundo Chavez: © decreto de convocaté ia do referendo nacional para a Consti- tuinte abriu 0 caminho & revolucio na paz. Assim vieram os anos 1999 ¢ 2000. Vou Ihes resumir assim: 0 ano de 1999 foi o ano da consticuinte ¢ do nascimento da Constituigo Bolivariana; 0 ano 2000 foi o ano da legitimas3o e nascimento da V Repiiblica; 2001 foi o ano das leis habilicantes revolucionérias, 2002 foi o ano Isrivorgoes Su.-Auemennas ne Tenro Paeseare 309 dda desestabilizagfo contrarrevolucionsria ¢ imperialista; 2003 foi © ano de inicio da contraofensive revolucionéria; 2004 foi o ano da grande vitéria popular, revoluciondria e de aprofundamento da revolugio. Este ano foi também o ano em que a revoluggo decla- rou seu carter anti-imperialista, porque esta revolusio, para ser verdadeira, deve ser anti-imperialista. Dissemos: Nao ao imperia- lismo! Nao & exploragZo! O ano de 2005 seré de desenvolvimento endégeno e do salto adiante no econdmico e na social. Internamente, a revolugio se consolidou com a superagéo de um in- tenso processo de luta de classes. Entre 2002 e 2004 o chavismo passou por um grave periodo de crise econémica e politica, derivada da ascensio da contrarrevolugao. As principais ages opositoras foram as seguintes: 1 Golpe de Estado em abril de 2002; 2, Boicote produtivo, simbolizado no paro petroleio, entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003; ¢ 3. Referendo revogatério do mandato presidencial em agosto de 2004. © exito do chavismo nesses processos, sustentado no apoio da popu- lacao mais pobre, associado a vitéria eleitoral de Chévez nas eleigdes pre- sidenciais de 2006, mudou a correlacdo das forcas politicas, propiciando o infcio da proposta de construgo do nove socialismo. ‘Tornou-se constante nos discursos de Chavez a proposta de edificaao do socialismo do século XXI, que passou a ser vista como inevitével & fundamental. A proposta da terceira via foi rechacada pelo presidente ve- nezuelano. Segundo ele: [.-] depois de muitas reflexdes, depois de todas esses anos, de tudo o que passévamos, depois de ler, reler e olhar o mundo, me fiz socialista. B isso é parte, sem dividas, da tomada de consct- encia, ce um incremento das reflexées, do conhecimento, sobre © que esta passando no mundo. Durante um tempo, me con- fessei seguidor de uma tese que foi uma farsa, ainda que nunca tenha a seguido a fundo. Somente fiz alguns comentarios, nunca me inscrevi nela, no participei de evento algum, mas li algo, @ terceira via, a chamada terceira via, Em uma ocasifo comentei que me parecia interessante buscar uma terceira via entre 0 ca- Graver: Olsurso da present de is Ropubica Bolvarana de Venezuela, Hugo Chive Fils, on move dea esebrarién deo sis aos del gbie balvarano, falcon de Puebla, Pasco de Mise. {3 Caracas, 2 dearer do 2005 2008 aha del cao adelarta Hac consuccendel sss (atsigo XX Gotiemo boiviane Ao. Caracas: Ponders dle Rpcblen 2008, p11. 310 Ravate Poneto 9¢ Anause pitalismo € 0 socialismo, Ao longo do tempo, me convenci de que nao hé alternativas. Anelisando o capitalismo, vemos que cle pe em primeiro lugar o interesse do dinheiro, promoven- do egofsmos. O capitalismo coloca o homem, 0 ser humano, a mulher e a crlanga em dltimo lugar. Nao importa o ser huma- no, © capitalismo 6 Judas. O capitalismo é capaz de vender sua pétria e sua prépria mae pelo ganho econémico. O capitalismo ‘explora e massacra. Joo Paulo Il o qualificou de selvagem. O ccapicalismo, entre esse caminho ¢ o caminho do socialismo, que pée o ser humano em primeiro Iugar, que apregoa @ igualdade social, a justiga social, que coloca em primeiro lugar, repito, os valores supremos do ser humano, e que pSe em segundo lugar © capital, o ganho econdmico, pois nio hé dividas, 0 caminho 64 socialismo. Vamos pelo socialismo! Vamos pelo caminho do socialismo, mas h4 que inventar 0 socialismo do século XX1, jum novo socialism, & altura desse século, & altura dos novos tempos, & altura da sabedoria de nossos povos."* No Discurso da Unidade, em dezembro de 2006, 0 mandatério vene- zuelano afirmou: [Lal queremos construr o socialismo na Venezuela. E temos claro que © socialismo do século XXI niio podieré ser construfdo sem transfor- maco econémica, sem democracia participativa e protagénica (si) no Ambico poltico, sem ética socialista. O amor, a solidariedade, a igual- dade entre 05 homens e as mulheres, entre todos, sfo os elementos Fundamentais do socialism, do nosso socialismo em construgio.** Presenciamos nesses discursos de Chavez trés elementos fundamentais para o socialismo do século XXI: 1. Reconstrucio dos valores éticas e mo- rais da sociedade; 2. Utilizasio da democracia participativa como instrumen- to fundamental do agir politico; e 3. Transformagio do modelo produtivo. Os novos valores sacietarios perpassam pelo rechaco 20 individualismo @ & desvalorizagio do coletivo, marcas das sociedades contemporaneas. O repulso & légica produtivista-mercantilista, que faz os homens serem va- chavs su pron da Repo Baan de nun. Hap Che Fs. {ana in 2008 Gl sto sds: Has la coacsen Gl stam da go XX Gobero Botvatane Ato: Garces Pressel do Roblin, 2005: p. 28-257 caves, HO decurso da unidade.Eaonee Svealome ao Século XX 9.1, Caras, jn, 2007 Insrragoes Sut-Ancricaaas wo Touro Paeseu a ele 52°82 9951 se422 26or ‘aur 9p 2 "eUED HmUDENT BnNID # FWD cneHH PEN, epEEHOpOUNpK EprEMeYeN O 7 UeLIeG e ‘saueurwop eamn> ‘sojuosaur saz0qea sop opsmmnsep 8 euopuaru anb vyeieq bun ap “9peproA ur ‘9S-B1e4y, “OW!STTEBOS onOU o eiUDUIEpUTY oysedPpuEUO Ep sar—s9Id sojad Soprpunytp so20]eA sop 2 wioSeurT vp ayeBsa92 © “owUs}{eIDOS OAOU Op stesItIOD sonodse wa ais}suo eupiapos epepauepy eum ap 9 BimrIN> EAD LUN ap onuoutoy © vopseuayqe B axequIOD ojad 2 1oplumnst0D oBU Op oESNIPx9 EP APIAIPUT Op opSeztioea e essedrad 19 Sx0TeA Sop ovSNsuODDL se SOpEEDSOp OBS ,s010p “Hunsuo> pu, so ‘oumnstio> o ered ogpnde p upeuoefar 9 9 apepraqg] ap ‘osti9s ou a1sisuoa ezamd e owo> “,eplmowor J9s v vurafns v, OBS 9 PUa|q ~oid un tempstios ‘sora>ueuy sosmoax So wrazey[ej ay] ap ore] ofad ope> ~1our oe sapuodsar ap sozedeaur sarss ‘soupey Salopzumsu09 sO “oumstio> op zedionsed ered oppnde eu esroa ezaind ep o1gip9 0 ‘ueumeg Bit ‘9pepmuzapowt-sod ep stenusp seo1eur sep Btu 2s-ewO) z0preumsuo> ‘opeaiau op sasuediorized o8U srepos sowuawi8os ap oBsnppxo & ‘openb assopy “Texide> ap oxny op 2 oxSnpoid ep ‘oumsuo> op aruessto> epUpLIEUd ead ‘opeoreur 9 opunut oss9 owustTeroqyToat ON ‘oopUNpE axdutes ered 9 onrapiad op ~inur un 9p eidom ep vasng eu wranout as seouprodur.ue> sopepapos sy ‘apeprusopoursod wp ,soyuensa {ns & opubui0} ‘sopmypxe o¥s sozoprumnsue> opw 50 9 so1ommpoxd jer08e oduray, ojad 2 sannposd apeproojaa expe efod opeareut “pe kr ON “OBSeUDITe v 9 OIUIUIEYTENISS O wErEZTeDUMIOd opeAd|a id 0 9 owstumsuo> o ‘erHopeaiow ep aLpRa} O ‘oesezTEqo[s va joqy|0attO Wo> epequasex 10} ,e"OPE219Ww-WWaMLOY,, OFSIPUOD Y ‘oursiqeaide> oad eyiop P2291 Uowoy op opSeuLIOysuEN ep [aapIoxoUy epDuaNbasuo> eu r ns v 9 oxSeatsalgo ens ¥ ead] PLEOpE2i9Ur yen Op oxSnpar y “wawoY oe a>uaUIed opU oYfEqEN O ie> op ste1pos sooSepas sep o1nsy “ooyuguoDa ossa20xd lumn 9 e[o ‘xreyy Wg ‘opSeuaife © sour oruaureyueNse op epeauaq, ‘wouersixa ens vied ofeur oaur wn seUL ‘euBtuNY eIDUDSSD ep feItA BSE ‘bun opu e1oqey apeprane ep ze] “eDugsUOD ep opmiA wi ‘onuoureYLEN -S9 © "T9S0u 9 aruapuadapuy opSe eu 9 seur e>ISY 2 emiEatdsa apeprat ‘ns th Bs194 OBL OUTEqeN © ‘oUNpr=yoxd oP aauDzad opt anb “eyUENsa 9 ovseuaye nu zie 08 # 007 ews ocusteg ined OFS “acypsayropuece ]UDETUEN > “ARH opSe euint azsysuo9 apepiane vssq “oyreqen op eannnposd ovsejas y °Z ‘tpsoy9 au anb 9 viuoyye © anb opuntu um ap ezamieu ep sorafgo s0 10> 2 Tpajsues Jouan%9 opunus © wrod ‘oduion owsaus o& “ox1000 opsefal essa, s9 o7a(go 0 uio> 2 oyfeqen op oinpord o woo sopeyeqen op O83 “PREY "T ssontota[9 stop tra xUI8120 os wowoy op o1uameyuEns O esTPnde> op orujwiop 0 qos e249 souaus smssod ‘soralgo ste znp oad onb eprpata ¥ “wewoy o 2p ores ou apysaz zies eng “owuaureyuesise 0 ‘ureza8 soning ojed oujeqen ap eSioy ep opbeudosde e 2 oprenpoid aytsut Bru su09 198 & O19{go oF oPIAI9s e ‘oureqen op oper|nsar op epiad Y ‘urouioy| op oYfeqean ap vbroy e eaduio> amb fe> oF seu Sopeyeqen ‘08 aouparod ogu anb ona{qo un 9p ogSnpord eu ezipeyorew 2s oypeqen O01 “npoid op ,2t=puadepur s9pod, wan ‘,oywenss Jos, winu aisisuo> (onpoxd nas) oueqen ou opeur8110 or2(G0 © “eopeaiow etn owt oLsjo1d oF 2 ott SoU js © znpoud seu ‘seopeasout ap zompord axou win 9 oft oupeqeN O rpoid ezanbur stew o1uenb aiqod sreut ones eui01 as, anb ‘epiopeasot aA “Eago wssaNy “oUsHTedIdeD somadse sop screwy ey 10d Iuguozs sososmueyy SON opeztqeas ‘a1eqop 0 soureraussard sooyoso ‘seubumny sapepiane a soralgo so sejropearow 9 2110 @pepmurepour y en1deo op ogSnpoucias e 9 erpea-sieur ep opdnposd v en ‘stenpiaipur sopepissa2ou sep ozSuysnes e sepeuorsanp sepept “woo BU seHopeorau ap ozSnpord B 9 oueqen O “seUOP “IBALIOD stiLIOY Sop S995" sv 2 soralgo so owreD LUN 9 seUELLNY sapepiane sep opSeztUEDraU V ‘stossod sv aznua opSejar v ‘opmioigos ‘9 sye;20s se1ayso sepeLes 5 opueuoripuo> ‘eodurr a5 e>yuiquos9 apeplfeuores ‘Osst MOD svAtol “9 ® seanalqns sooSe[ar se optisipaur ‘srePos sogsefaz sep opSesminns9 (A wo ‘opesrou ap eur px Bp sou 11 F OD!tIQUOID O ¥INDUEA anb ste;D0S s2Ose 818 um sod opeoreur 9 seur ‘{nucoromt entHoUoDa wer ade eaniap ou oursyTende> © “jes opSepas eum 9 ,yerIde> 0, seep EN, 2od opneqap oop ‘soradse sungje essediad ,n9 op opSnmstosas, y sossavaid sossap virpuojanjaaas e¥Boroop ead epriedas 9 ‘.,epos sms, ojad a 102, ofad *,eougDye,, Ens Zod sopy Na obra de Antonio Gramsci, observamos que a construslo da hege- ‘monia burguesa derivou da utilizagio da forca conjugada a lideranga moral ¢ intelectual. Essas foram aliadas as concessées politicas e econémicas aos grupos subaltemos, sobretudo nos periods de intensificagao da luta de classes. A hegemonia da burguesia foi construida e reconstruida através de uma tela de in: contou com a soci L A difusio da ideologia burguesa foi fundamental para sua hegemonia, pois servit & organizago das instituigées sociais propiciadoras de seu do- minio. Como a ideologia é um campo aberto e nio é determinada apenas pelas forcas dominantes, a possibilidade de “batalhas ideol6gicas” consiste da teoria gramsciana. as cujo desenvolvimento ‘num aspecto cent Gramsci afirma que 05 trabalhadores ¢ grupos revolu mesmo de ologia dominante, di histérico” a ser conformado por grupos sociais que ndo se com os sistemas de valores culturais difundidos pela burguesia. indo seus novos valores e construin lasse perpassa as atuagées da A primeira é responsavel ps coergdo e dominio, enquanto a segunda aglutina um conjunto de organi ‘mos, ustalmente considerados privados, que possil 2 diregfo inte- lectual e moral da sociedade, mediante a constituicéo do consenso e da adesdo das massas. A sociedade civil é constituida por inémeras entidades sociais, que ‘Sides begnarie aig or uma css ornare queso Cramsclee blo histo rad ‘Como eciogia ds asse crontab 108 da ieolgi, os ata& canis; 2 Como ‘concep de mundo, dundds em toes as camad soca com © tuto do vu iss 8 asne 314 cumprem papéis de carter culeural, educt nOmico. Através del da classe que domina o Estado, organizando 0 consentimento e a adesio dos grupos dominados. O poder das classes dirigentes nao seria exercido apenas pla repressfo, mas pela difsio de suas normas valores compor- tamentais através da sociedade ci religioso, politica e eco- © dominio politico de um grupo nfo deriva apenas da imposiggo do poder, mas também pelo fomento do consenso. Esse se associa & produsio spiritual da sociedade, conformando-a a seus interesses. Essa concep¢io amplia os campos do “} © ataque aos centros detentores de violencia, jento das normas e valores de quem domina obra de Gramsci ressaltou qh rico-econdmica e a revolucdo. A inter-relagdo entre os fatores objetivos ivos foi ressaltada como aspecto essencial para a ocorréncia das revolugdes. Com isso, devemos compreender a relevancia dos fatores espi- rituais nos pracessos histéricos. A hist6ria é vista como a arena da atividade consciente, da vontade Disso decorreu 0 no que diz res- level das trans- politica, da intervenco subjetiva e da iniciativa ps entendimento concemente a relativa autonomia do p peito & economia, derivando no rechaso a associag2 Formagées sociais e politicas as crises econémicas. © aspecto cultural era fundamental para Gramsci. Segundo ele, uma classe ou um grupo pode exercer seu dominio sobre o conjunto social ndo 86 por impor dominio através da forca, mas por fazer que os variados grupos sociais 0 aceitem como legitimo. © poder dos grupos dominantes consiste na capacidade de dirigir toda 4 produgio espiritual para a consecucao de seus interesses, A classe domi- nante obtém e mantém o poder sobre a sociedade, controlando nao apenas (0s meios de produgZo e os instrumentos repressivos, mas principalmente 315 Insriuigace Sut-Auencanas vo Tena ‘a capacidade de organizagio do consenso e de dirego politica, intelectual e moral da sociedade. Por isso, a luta revolucionéiia deve antever a criagio de uma ideologia contradominante, a ser disputada no interior da socie- dade civil. A:relevincia do aspecto cultural na obra de Gramsci ¢ importante para pensarmos a construgdo do novo socialismo, como afirmado por Hugo (Chavez. Em virtude disso, a disputa com a ideologia dominante se faz pre- sente. Por isso, seus discursos ressaltam a necesséria edificagio de uma nova ideologia, que se afaste do individualismo competitive difundido pela cultura capitalista dominance. Conforme Chavez: Nunca esquego © momento em que conversivamos em Cuba so bre o bolivarianismo. Na ocasigo, comegévamos 2 dar sustentacio a nossa tese ideol6gica central, que agora esti, certemente, muito ‘ais desenvolvida ¢ convertida em projeto nacional ¢ internacional de integrasao, 0 projeto de Bolivar. Recordo © que Fidel dizia na Universidade de Havana numa noite em dezembro de 1994: “Ché- vez, vocés falam de socialismo para buscar a justica social. Aqui nés falamos de socialismo ¢ voeés falam de bolivarianismo.” Respon. dia: “estou de acordo”. Fidel agregou mais uma observaglo: “in- Clusive se falaré do cristianismo, também estou de acordo”, quer dizer, o novo pensamento deve articular nossas culturas profundas, tum socialismo nosso, americano, martiniano, bolivariano. Temos de construt-lo, pois o capitalismo destroca as sociedades. O capita- lismo defend os valores do individualismo, do egofsmo e da des- tuicdo. # a causa das guerras, da miséria, da fome e das grandes desigualdades sociais que flagelam os nossos povos.” Presenciamos nesse trecho que a batalha ideol6gica constitui um aspec~ to central do bolivarianismo. A conformagao de um novo blaco histérico @ perpassa. A desconstrucio dos valores do capitalismo e o ataque as maze- las sociais se fazem permanentes. A desconstrugo da cultura dominante fica mais evidente neste outro discurso: A descolonizacso eniitaral da sociedade venezulana & um dos ‘grandes objetivos da Revolucio Bolivariana. Néo esquesamos que 5 Graven Ha inegracn os nusats bender animperiasa, elspoive! em hi ‘og volchovoztinas-chavelinopracon-es nuestandors-atimperasa, asso em an 2072 316 FasacsPoeveine a Anaov0 fenguanto o colonialismo segue vivo ¢ influenciando as mentes, © velho ndo terminara de morrer ¢ 0 novo néo acabati de nascer As batalhas ideologicas e politicas do chavismo foram essenciais para 2 conscientizagio das massas. A construgio do novo socialism no & pos- sivel sem sua elevasio. A superagio da alienacio e a luta de classes posi bilitaram a radicalizago do processo bolivariano, derivando na proposicio do novo socialismo. A politizagao dos venezuelanos foi derivada de um duplo ciclo. © pri- ‘meio, no final da cécada de 1980, ancorado pelo desgaste popular com as consequéncias socioecondmicas do neoliberalismo ¢ o esfacelamento do sistema de puntofij, que desencadcou a crise de legitimasao dos partides politicos AD (Alianga Democritica) e Copei (Partido Social-Cristio). Esse ciclo levou a eleiso de Hugo Chavez e 0 proceso constituinte, fundanéo aV Repablica. © segundo momento proveio da crise politica deflagrada pelo golpe de Estado em abril de 2002, sendo “encerrado” com a vitéria do chavismo no referendo revogatério de mandato eletivo em agosto de 2004. As batalhas dlesse periodo demonstraram o apoio popular ao chavismo e a conscienti- zagdo dos venezuelanos. Segundo Hugo Chaves: Simén Rodriguez dizia em seus escritos de 1840 e 1850: “[..] nfo hnos enganemos. Aqui ndo ha repiblicas porque no hé povos”, e agregou: “a forga material esté na massa e no movimento de mas- sas, Ela tem de ser consclente e bem orientada, seguindo um pro. jeto estratégico”. Essas sio as ideias que devemos difundir nas ruas, em todos 0s povos, sedimentando, difundindo, fortalecendo © convertendo tals ideias em bandeiras de luta (..] aqui na Vene- 2uela, estamos construindo com 0 povo a frente uma alternative 20 ‘modelo capitalista, a0 neoliberalismo ¢ esse projeto esté contido za Constituisao Bolivariana da Venezuela, ¢ estamos trabalhando duramente para o avango do projeto [...] a participacio coletiva é fundamental para lograrmos as mudangas que queremos.** veunadre-santemaeanalseaste oman 2012" “ chives, H. iscurso del presidente de la Rep Bavarana de Venezuela, Hugo Chéves Fla, ‘2 mova del acto de nauguracén de ls IV Cuntre de a Deuds Social y Caria Socal oe as Ane "eas In 2006: ano del sto adelante. Haca la conebuccién del soca dol XX" Goble Bovine. Ajo. Caacas readers de la Rapes, 2008p 175-177 Insriuigace Sut-Aumennas no Tawra Preseur 317 A-superasiio do capitalismo somente pode ocorrer com a consciéncia de classe dos trabalhadores. Nisso, a auto-organizacdo popular cumpre papel fundamental. Na Venezuela, as miss6es sociais ¢ os consejas comunales (con- selhos comunitérios) sdo essenciais na construct do novo socialism. Ambos materializam a participago popular, a edificagao da democracia participativa ¢ so entusiasticamente propagados pelo chavismo. A democracia participativat* almeja superar os limites da democracia representativa. Na visio do bolivarianismo, esse sistema apresenta limites e contradigGes. As eleigdes periédicas, o parlamento e a estrutura partidé- ria serviriam no as massas, mas aos grupos dominantes. Com o neolibera- lismo, a preponderancia do mercado fez que a democracia se afastasse cada vez mais do atendimento das demandas coletivas, ¢ os partidos politicos servissem cada vez mais aos grupos dominances. A representacio deixou de “servir A populago”. Com a intensificagio da corrupgio, do clientelismo e do beneficia cada vez maior aos dominan- tes, a edificasao da democracia participativa se apresentou necesséria para a construcfo de uma nova sociedade.** Segundo Chaver: Trabalhemos intensamente nos préximos anos para que o velho ‘modelo imoral, a falsa democracia, a democracia das elites e do untofujismo seja superada, Para que © capitalismo, 0 neolibers- lismo e a soctedacle egofsc, que excluem as minorias, verminem nunca mais surjam no horizonte venezuelano. Para que a demo- cracia participativa e procagonista se consolide com cada vez mais conteido popular e poder para o povo. Essa é uma das consignas centrais dessa revolugio. Poder para 0 povo, dar poder a0 povo, para que ele faca a verdadeira democracia.** © protagonismo popular é essencial para a existéncia do socialismo. Re- ferendos, plebiscitos e assembleias pablicas sfo instrumentos fundamentais para 0 aprofundamento da democracia. As misses sociais e os conselhos rerum po propre pare o debate da demccracia partlpsbva em nossa tse, Cont, Do emos de nos refer ace conasinoscomuntanos« miesOee soca, part» cstv do Nowe fells, cecroe roar um brave debate nes part do tabaho 1 Troud, H: Monede, J.C. Empresas de Produesin Socio netrumanto parse socialise de silo YR. Caracas: Canta intemaccnal Miranda (ei, 2008, p. 35°35 ‘chavez, H Diecut del presidente cof Repbtea Bavaana de Veneavsa, Hugo Chives Fas ‘con mauve saicion cl Encuorve Munda de sobdoredaa con a Revohicn Belvarons In: 2008 ano al eae adelrt. Hac a consruclin ce aniarno da ipo X81. Govtems bol "no. Ano. Caraces. Preigencs dela enusicn, 2008.23 318 rane Poeine 0& Anaose ‘comunitérios expressam nao apenas os meios para a radicalizasao da demo- cracia, mas o préprio caminho para a construcao do socialismo. Além dos aspectos discutidos anteriormente, as Empresas de Produgio Social (EPS) so fundamentais, pois materializam a transicéo do modelo produtivo. Elas também simbolizam a organizacio das comunidades e dos trabalhadores. A radicalizagao da participagao popular potencializa, assim, © construeto do socialismo do século XI. EPS, capltalismo de Estado e o novo modelo produtivo ‘A transigio para o socialismo ndo ocorrerd com a inexisténcia de um novo modelo produtivo. Se esse caminho nao for trilhado, a edificagio do socia lismo no acontecer, ficando numa construgdo mais simbélica que priica, Nos objetos de nosso estudo ocorreu a nacionalizacio clos recursos naturais ‘© empresas, fruto do combate histérico as privatizagées e a0 neoliberalismo tealizadas pelos partidos e movimentos sociais. No entanto, a passagem para © socialismo ainda esta na teoria. O setor privado ainda € forte nesses paises, ainda que tenha havido nacionalizagbes em serores-chave da economia. Na Venezuela, 0 Proyecto Nacional Simén Bolivar ~ Primer Plan Socia- lista de Ia Nacién (2007-2013) sistematizou as direttizes chavistas para a construgio do socialismo do século XI. A transformaggo do modelo produtivo foi apresentaca como fundamental para seu desenvolvimento. © Estado cumpre papel fundamental nesse projeto. As nacionalizacSes dos recursos naturais e empresas privadas, o fornento A organizagio comu- nivéria, a criagdo da controladoria social e das EPS sio vistas como realiza- ‘gOes fundamentais para a transigao a0 novo socialismo. sistema produtivo no novo socialismo estar baseado no fim da divi- sio do trabalho e no direcionamento produtivo & satisfaco das necessida- des humanas. O Estado ter o papel de guia e gestor desse projeto: (sistema produtivo promovers o trabalho com satisfagdo, se orien- tando até a eliminagZo da divisio social do trabalho. Sua estrutura hhierdrquica e a eliminago do dilema entre satisfaco das necessi- dades e producto das riquezas serd almejado. © modelo produtiva responder as necessidades humanas ¢ estaré menos subordina- do a reprodugéo de capital [...]. © Estado controlard as atividades produtivas que sejam estratégicas para o desenvolvimento do pals, Isirgoes Sut-Aucncnnas we Teura Paaseure 319 para as necessidades capacidades produtivas do individuo.** © modelo produtivo se baseard em formas de geragio, apropriagto ¢ distribuigéo dos excedentes econdmicos. O projeto prevé a combinacéo centre a atuagio estatal, 2 organizacdo das comunidades e dos trabalha- dores. Sem essa configuracio nao é possivel a transformacio do modelo produtivo, Para o chavismo: © estabelecimento de um novo modelo produtivo socialista deve estar adequado a0 funcionamento de novas formas de geracio, aproprlagio © distribuigio dos excedentes. A existéncla da nova istribuicSo da renda petroleira refletiré o avanco substancial da mudanga de valores do coletivo, da forma de relacionar-se com os individuos, comunidade, natureza e meios produtivos [..]. A dire- ‘lo a ser seguida perpassard a coesto das forcas sociais em prodiu- tores associatos, fazenco-as responsaveis pelas préticas produtivas administrativas de autogestio, substituicio da concentragio & centralizagio da tomada de decisées por uma genuina autonomia que alcance as comunidades locais [...” A distribuigo da renda petroleira materializou a reparticéo dos exce- dentes econdmicos estatais. A nacionalizagdo do petréleo, associada a ele- vagdo do prego internacional do barril no p6s-2003, propiciou a geracio de divisas. Com 0 consequente crescimento do PIB, chavismo teve condi- 66es de financiar programas sociais e produtivos. O Estado, dessa forma, passou a ser um agente fundamental para o desenvolvimento sociaecond- mico, enquanto, paralelamente, desenvolveu no imaginério simbélico da populagao 0 novo socialism. A natureza capitalista do Estado venezuelano néo fol transformada. Por ‘mais que a atuaco do setor piblico na economia consista numa marca do chavismo, nem mesmo o desenvolvimento do capitalismo de Estado" Froyede Netra Simin Bova: mer Pan Sei dea Nac 20072013) Caaces Pro ‘sidencia de le Republica, 2007, p. 60-81. a : om 9.002 "0 capa oo Eto ae reo ce na aed capo mo Est mse cana tea expat arent testa ect Ears papa So Caan pa cootraro da Sto tetas, staves Goose Gps ee fos do str pin, cosa cave tarbamo opal Se sane dos sears odes ans rr ta cpstonopnsapan mon Gotan ses pronae Inatos puso benefice Geos apoptosis Tanere ‘Sao a prodgdow satu pao nace gue ane unas pea spas pes ‘sitana a mean este se xtra ca tees Sesarees ove sean opens 320 Fazaee nnn 0 Anaaio 7 | ‘ocorreu, embora o bolivarianismo venha caminhando nessa direso, como se evidencia nas nacionalizagSes de empresas e de recursos naturais. Confirmamos 0 predominio de empresas privadas na economia vene~ zuelana nos dados do IV Censo Econ6mico (2007-2008). Das 471.922 unidades econdmicas ativas, 93,2% pertencem ao setor privado.”* Eviden- ‘temente, em tais estabelecimentos continuam a predominar a busca do lueto, a explorasao dos trabalhadores e a apropriagio do excedente produ- tivo, tipicas do capitalismo. H& no Censo Econdmico um aspecto que denota a possivel transito- riedade venezuelana em diresfo ao novo socialismo. Isso pode ser notado na relagdo entre o niimero de empresas estatais e as misses sociais. Ha 31.937 unidades econémicas pablicas no pais. Dessas, 28.400 consistem tem empresas vinculadas as missGes sociais. Esse nfimero expressa a possi- bilidade de descentralizago produtiva ¢ 0 incentivo & organicidade popular na Venezuela. ‘Apesar das tratativas do governo almejando a descentralizagio produ- tiva, o proprio chavisme incentiva a existéncia do setor privado, sob a au- réola da unidade trabalhadores, Estado e empresas privadas. Tal aspecto contribuiu para a presenca da boliburguesia’ no interior do processo cha- vista e nas dificuldades para a transitoriedade ao socialismo do século XX. Nas palavras de Chavez: Esse governo se sente de todos, para todos e quer ouvir a todos. Contemplamos desde os mais ricos até os mais pobres, desde © mais negro até o mais branco, passando pelas criancas, mulheres, homens, camponeses, jovens e anctios. Meu compromisso é com todos. O éxito do crescimento econdmico nio & do governo. E dos trabalhadores dos setores piiblico e privado. & dos verdadeiros ge- ‘enolco pisico, Coma amas anferarnta,o cplaiame da Eta prodormnca nos reginet Sovarsias do Lstle Europeu ea pépia Unio Sales Ver vorsies “Capua ronopotsia de lace “Peiadizag do caper em Batons, Dlsondro do pensamentomarista, lose Ssnoro: Joga 2ahar 2001, 5-56.6 284286, 71 Genao Ecantmico 20072008: primaire resutaos, p10, tsponivl em haw ine gov ve! ‘dooumentostEconomiaiVCensoEzonomicspainformelVCE pa, sceste oman 2012, A bosburquesia cosiste na fermagto do uma olgaruiaprépria do chavem, que se Denes ‘conomiarronte da Revolugo Bolverana € formada po ndvdson eum coo de empraras {ue se aprocmaram Go chaviemo buscando ee aprovtay dos nvetmentos soc, em aos! {Use as rondes poyoleran do pale, No nteor dn rvatueso,prsenciamos forts teas ao N20 ‘ombete ease pro po’ Chdver. Para 0 aprohindarienio desse dobar, ver argo este autor Seaup, RA bolouuesa eas convadoes de bolvaransme venezualane,dsponivel em ‘ish tmpopresentecginaex2 prpoptonscom.contenado_ per 321 Inariuigors Suc-Anemennas wo Tero rentes piblicos e privados, dos empresirios privados, piblicos dos investidores honestos que s40 a maioria. Deixo aqui o meu reconhecimento e aplauso para todos eles [..]. Quero ratificar mi- ‘nha mensagem ao setor privado nacional: nés queremos conquistar uma ago coordenada entre 0 governo, Estado, setor privado e tra- balhadores para continuar esse processo de reindustrializasio, de democratizagio econémica, de impulso a um modelo econémico, produtivo e diversificado, como manda a soberana Constituicéo. Isso nos permitiré a geragZo de riqueza suficiente para distribul-la ‘todos (..]."* As EPS so fundamentais para a transigao venezuelana ao socialismo. Elas permitirSo a existéncia do novo modelo produtivo, propiciando novas relagdes sociais e produtivas. Segundo o Projeto Nacional Simén Bolivar: [AS EPS sio entidaces econOmicas dedicadas & produsio de bens ou: servigos, nas quais o trabalho tem significado préprio, nio alienado fe auténtico, Inexistird diseriminacio social no trabalho, bem como contra qualquer tipo de trabalho, nfo havendo privilégios associa- dos & posigo hierdrquice, com igualdade substantiva entre 08 seus integrantes, baseadas numa planificacio participativa e protagonis- ta. Nas EPS os trabalhadores se apropriario do excedente econd- ico produzido, que sera repartido em proporcio & quantidade de trabalho aportado. A gestio ser democrética, participativa e0 peso relative da participagio sera com base na pessoa, no se referin- do ao capital aportado. As EPS surgirio 2 partir da mulciplicaggo © crescimento de experiéncias exitosas decorrentes das unidades associativas existences, as quais se estabelecem como resultado da aslo do Estado, bem como da transformagio de empresas do Esta- do ou de empresas capitaistas privadas em EPS.” © fomento das EPS é perpassado pelo estimulo estatal. Por isso, a expor- tagdo de petréleo é fundamental. A Petréleos de Venezuela Sociedade Anéni- * chavez, H,Discurao del presidente deta Repos Bolverana de Venez ‘com mative el menasie anual 2008 n 2008 sto sone Botvarano, Ato. Caracas Pres Caves Fie arbiea naconel Palacio Logis, Caracas, de enero oo ris. Hac a constvclen de acter dt sigo WX GoDeno fonda dete Replica, 2005, p 1:28, Prayecio Nana Sin Bova. Primer Plan Socata de Nacion (2007-2013). Caracas: Pre ‘sida dela Rpcbiea, 2007p. 6269, and 322 aract Preine o¢ Anadse ma (PDVSA) financia os variados nticleos descentralizadores da produgio.7* ‘Como a formagio das EPS é perpassada pela auto-organizacio dos trabalha- dores, as miss6es sociais ¢ 0s conselhos comunitérios so fundamentais Como mencionamos, a Venezuela continua capitalista. O fortalecimen- to do setor puiblico no derivou no capitalismo de Estado e na produso social, mas apanas fortaleceu o intervencionismo estatal na economia. Mesmo as nacionalizagées nfo vieram para conformar a proeminéncia do Estado na exploracio dos hidrocarbonetos, pois foram desenvolvidas “en presas mistas", marcadas pela associacio entre a estatal petroleira eo setor privado intemecional, com o intuito de elevar essa exploracio. O nacio- nalismo econémico fez que a atuaclo estatal na exploracio dos recursos naturais fosse Zortalecida e controlada, mas néo derivou no afastamento por completo do setor privado. De acordo com Wallace Moraes, 0 chavismo nfo rompeu com 0 capita- lismo, mas apenas com 0 neoliberalismo. Tal elemento derivou da neces- sidade do atendimento as reinvindicagses reformistas da populacso, em virtude do desgaste socioeconémico propiciado pelas politicas neoliberais a década de 1990.” Segundo o filésofo Vladimir Garcia, a dualidade chavista € exemplitica- anna atuagio ca PDVSA. Ao mesmo tempo que reconhece a possibilidade de transitoriedade pacifica para o socialismo, ele critica a dualidade da Re- volugio Bolivariana, exemplificada na atuagio da estatal petroleira. Esse aspecto pode ser visualizado no fato de os recursos financeiros provenien- tes da exportacio de petréleo servirem & construcio dos programas sociais do governo e, concomitantemente, & ampliagao da acumulagio de capital de setores da barguesia nacional venezuelana.”* Essa dualidade do chavismo expressa a perpetuacio da estrutura eco- ‘némica herdada da década de 1990. Como a Revolugdo Bolivariana é pact cae democritica, 0 combate & burocracia e as transformacées na estrucura estatal ocorre vagarosamente. A permanéncia da burocracia anterior 20 chavismo gera consequéncias para o processo revolucionétio, 5 Score os presraras socioscondmics do chavo 80 apco da POVSA, ver (=> Desert 60 pagenvisaizaraianae, oasso at ez 201 Insrruigoes Sut-Aucmenuss no Toure Preseae 337 O socialismo do século XX! no Equador A histéria equatoriana no inicio do século XI se assemelha & da Bolt via € Venezuela. Assistimos no Equador a um conjunto de reformas neoli- berais nas décadas de 1980 ¢ 190 que deterioraram as condigSes de vida dda populagao, desencadeando insurreigées populares e crises politicas que se intensificaram no inicio do século XI. A eleicéo do nacionalista Rafael Correa & Presidéncia foi fruto desse Proceso. Entre 1996 ¢ 2006 cinco presidentes tiveram 0 mandato inter- rompido por conta das mobilizages populares. Como na Bolivia, as ruas foram o cenitio da revolucio. No Equador dirigido por Corea presenciamos a proposta do socalismo do bem-viver. Como na Bolivia e Venezuela, ela é ancorada no fortalecimento da in- tervencfo estatal na economia e na radicalizagio da democracia. O socialismo aparece como um elemento simbélico que propicia o apoio popular 20 combate do neoliberalismo e para legitimar a realizacdo de reformas socioeconémicas, As bandeiras principais do correfsmo giram em tomo da radicalizagao da democracia equatoriana, através da construcéo da participacio cidada e da refundagio da reptiblica. Ambas so identificadas como elementos de- sencadeadores do fortalecimento da soberania nacional ¢ da construgio de um novo socialismo. A promogéo da igualdade social, o combate & pobreza € a recuperasao produtiva também so essenciais para 0 correismo. Sobre 0 abandono dos paradigmas neoliberais e 2 transformagao na estructura produtiva, Correa afirma: L.-J resistimos e lutamos contra o neoliberalismo. Decidimos zom- Per com esse modelo de desenvolvimento que gerou desigualdade, pobreza € morte. Findamos com a triste e longa noite neoliberal (© govemno da Revolucdo Cidad8 estd desenvolvendo um programa econémico, social ¢ politico enraizado em novos valores. Estamos aplicando uma politica cujo centro & 0 ser humano e que busca rec= perar a patria alva, digna e soberana. No neoliberalismo imperou a supremacia do capital sobre o trabalho. J& para nés 0 ser humano seu trabalho se encontram no centro da vide em sociedade."” Soe, R mere esas de a Replica ata Corson epson 2a _obiemo, isponivel om ntp:ipresizencia gob aacirse/%-15-00Diocutse, sugundonnioGeoicn Bot acessa em fen 2011 a 338 Faract Piuina 9 Anawse A concepeio de socialismo na Revolugo Cidadi se assemelha & dos ¢a- 50s boliviana e venezuelano, O Estado exerce um papel fundamental, pois ‘tem a prerrogativa do controle dos recursos naturais e das empresas piibli- cas estratégicas. Paralelamente, o governo almeja fomentar a acio coletiva dos trabalhadores, com a formagio de empresas populares. As empresas privadas continuariam a atuar no pafs, mas o controle estatal seria maior. Nas palavras de Correa: [.-] Como esté em nossa Constituigo, propomos a exiséncia de trés tipos de economia para organizar um novo sistema econdmico: eco- rnomia popular, economia privada capitalists e economia pls. A economia sociale soidéria ndo nega o mercado, masa sociedade deve regulélo [.] propomos uma nova arquitetra financeira que garanta a independéncia,aautonomiae asoberania de todos os pases" Nos discursos de Correa socialismo & um elemento simbélico. Ha a remissfo & harmonia entre os homens, & humanizacSo das relagSes de trabalho e o fomento a coletivizagdo das decisdes politico-econdmicas a serem propiciadas pelo socialismo. No entanto, o incentivo estatal para a socializagao da produgdo e seu controle pelos trabalhadores é incipien- te. Como na Bolivia, 0 socialismo do bem-viver nfo aponta para o fim da reproducio do capital, mas para a maximiza¢lo da distribuicio de renda. Segundo o mandatério equatoriano: [.-] no interior dos nossos paises, em lugar da competiividade de ‘vemos incentivar a aco coletiva para harmonizar nossas politicas labors e nfo sacifcar nossos trabalhadores. Outra caracterstca do novo sistema econdmico e do socialismo do século XXI 6 0 res- gate da relevancia da aco coletiva para 0 desenvolvimento. Diante dos problemas coletivos, devemos dar respostas coletivas (.].™ (© socialismo do século XXI se converters na expresso mais avan- «ada do pensamento humane. &,efetivamente, uma doutrina nas- ida da necessidade, das vitérias e da experiéncia das derrotas dos povos em busca de justica. © socalismo do século XXI deverd ser ‘Garren, RL newencién del reader de a Repibica, Rae! Cores, eno 40 srvesiri de Rvaucion Cubana, p. 24-3, dponivel om RipJnw prosienci gov elsecurou0¥ 0600320 Dieursostansaxabaniversarck20Cuba pal, acess om fv 2017 ‘Correa, R. Discurso de pasesin govenarentl del presidente Ratel Corea, pone lpon- \veten hapstnn resisenca goo eclecucenut-16:200/DunureoPecosonPresderialalahtar- ona essa mew 2017 Isnrigote Suc-Anenicanas no Tewre Prescare 339 we 0m senvonany-7ag oe yuo o2es0e yet anooe iovesienuenzx:esa2Ko=no=Ia azkso-to-lorcaonpieAob eptspandnnay cn sue enusdsp ‘ced "eueano UooMNSM Sp cupsonue Dg ue Sau09 jeje "eO}gOcEN | oP sivaPSON TP UPDUENEW eALOD O66 WEP! ew wo1i09 wivg “wunuoD wad op 2 ODzUIEUOD? 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Pretender minimizar sua im- portineia foi um dos grandes absurdos da longa e trie noite liberal Pretender maximizé-lo foi um dos erros tangenciais do socialismo estatista, O inquestionavel é a necessidade de um Estado eficiente, ‘que aja em Fungo do bem-estar comum, Devemos liberté-lo do “se {questro” das classes dominantes. Trabalhamos arduamente para isso, Esse fol o trabalho mais duro menos visivel, mas provavelmente 0 mais importante: a profunda reforma do Estado equatoriano.** Na Revolugio Cidadi o fortalecimento da ago estatal 6 fundamental, pois permite o fomento as mudangas socioeconémicas. Essa caracteristica permite o surgimento de uma nova organizagao produtiva, além de ser es- sencial para a ocorréncia de reformas sociais que diminuam a inépia social Annova Carta Magna equatoriana estabeleceu a intervened estatal na economia, incorporou a meritocracia e no as indicagdes politicas como condicio para o acesso & burocracia estatal. Congregou também a obrigato- riedade da prestago de contas pelas autoridades pablicas e a possibilidade de revogagdo de mandatos eletivos, inclusive do presidente. A descentrali- aco politico-administrativa, beneficio as comunidades indigenas ¢ aos ‘municfpios equatorianos, a plurinacionalidade e o caréter intercultural do Estado equatoriano também se fizeram presentes." ‘A nova Constituigio, como 2 boliviana aprovada em 2009, agrupou as principais reivindicacées das entidades indigenas. Se em 1998 houve o re- conhecimento de seus direitos coletivos e a plurinacionalidade do Estado ‘equatoriano, o Texto Constitucional de 2008 incorporou simbolos indige- nas e a descentralizacio do poder, permitindo que as comunidades indi- ‘genas tivessem a possibilidade de gestéo auténoma sobre seus recursos. Mais do que reconhecimento/preservagio da cultura indigena, a incor- porago € 0 respeito a seus simbolos ¢ valores culturais na Constituigo so aspectos fundamentais da refunda¢io da replica equatoriana, ligan- do seu processo revolucionério ao boliviano. Gore, R. Dmouiso e poseion govemamenta dt presente Ral! Corsa, clsponivel am hpshnwpresiencia gob sliscureouot- 162007 DiacutsoPoseslonPresencaliaahundo pt, Soeseo em fou 2071 "'censttctn paltca del Ecuador. 2008, ponivel em hit:iww meee 908 ecminisaricont- ‘uciones/2008 pot, acaseo em out 2010, 342, Fava, Pruning oF Ana Conclusso ‘Ao longo deste trabalho, comparamos 0 evismo, o correismo e o cha- vismo a partir de duas perspectivas: o bicentenitio das independéncias ¢ © socialismo do século XI. A pedo por essas teméticas se justificou pela necessidade de compreendermos 0 papel das imagens do passacio nesses processos politicos ¢ as caracteristicas principais do novo socialism. ‘As lutas independentistas almejam legitimar os processos revolucioné- Fios do inicio desse século. Ambos se reivindicam propulsores da “segunda independéncia” de seus pafses. O uso e a ressignificacio do passado funda- ‘mentam seu caréter revolucionério. A reivindicagio de bandeiras dos préce- res da emancipagio, como autonomia e soberania nacional, tem por objetivo sedirmentar na populagéo o apoio ea sustentaco politica das revoluges © socialismo do século XXI consiste no objetivo estratégico desses pro- cessos revolucionérios. Sua construcio € para o futuro. A reivindicago do novo socialismo, nesse momento, muito mais imagética e como uma contraposigdo direta aos preceitos neoliberais. Dessa forma, os processos esto mais préximos da tradicio nacionalista presente na regio que do socialismo. Nos trés casos a socializagio da produgio € bem incipiente. Hé o for- talecimento da importéncia estatal na economia € uma regulaco maior do setor privado, A descentralizacio produtiva se faz presente através da reivindicacio das EPS (Venezuela) e do comunitarismo indigena (Bolivia ¢ Equatior). Mas a praticidade da socializacdo produtiva ainda 6 distante. Constatamos que a reivindicagio da democracia participativa é um ele- mento fundamental dessas revolugGes. O pleito direcionado a partcipago cidada, através de plebiscitos, referendos e do uso das calles como espaco prioritério do agir politico consiste na principal inovagao desses processos, Ressignificar a democracia é fundamental no novo socialismo. ‘Acreditamos que um estudo sistemético e continuo desses processos & fundamental. Longe de esgotarmos tais tematicas, o que trouxemos aqui foram impress6es e conclusées de alguns aspectos de tais processos dint imicos e que so “reinventados” diariamente. Assim, a perpetuagio de um olhar comparativo sobre as dinamicas politicas dessas revolugées em curso é essencial para a Histéria do Tempo Presente sul-americana Insreugoes Sut-Aneicanas no Teneo Prtaure 343 Bibtiogratia ACANDA, Jorge Luis. Sociedade civil ehegemonia. Trad, Lisa Stuart. Rio de Janei- to; UFRJ, 2006. [ALIANZA PAIS: principio y programa. Disponivel em: bitp://revolucionciuda- ddana.com.ec/wp-coment/uploads/Principios_ Programa pdf ALTHUSSER, Louis. Aparelhos idoligicos de Estado Trad, Valter José Evangelis- ta; Matia Laura Viveiros de Castro. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985 ALVAREZ, Vitor Del Estado burordtc al Estado comunal la transicin al soc smo de la Revolucion Bolivariana. Caracas: Centro Internacional Miranda, 2010, ALVAREZ, Vietor, RODRIGUEZ, Davela. Guia teérzoprtcn para laceacin de EPS (Einpresas de Prodcién Socata). Caracas: Fundacién La Pupila Insomme, 2008, MOSSY, Ruth, Imagens de sino discus: a construsio do ethos. 1. reimp. So Paulo: Contexto, 2008. 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